SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE – ANO B
A Solenidade
que hoje celebramos é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família,
que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de
amor.
Na primeira leitura (Deut 4,32-34.39-40), Jahwéh
revela-se como o Deus da relação, empenhado em estabelecer comunhão e familiaridade com
o seu Povo. É um Deus que vem ao encontro dos homens, que lhes fala,
que lhes indica caminhos seguros de liberdade e de vida, que está
permanentemente atento aos problemas dos homens, que intervém no mundo para nos
libertar de tudo aquilo que nos oprime e para nos oferecer perspectivas de vida
plena e verdadeira.
Trata-se de
um Deus capaz de amar os homens e de aceitar, com misericórdia, as nossas
falhas. A Solenidade da Santíssima Trindade é, antes de mais, um convite a descobrir
o verdadeiro rosto de Deus.
Esta leitura
dá-nos algumas pistas para perceber Deus
e para reconhecer o seu verdadeiro rosto.
Por vezes,
ao longo da nossa caminhada pela vida, sentimo-nos sós e perdidos, afogados nas
nossas dúvidas, misérias e dramas, assustados e inquietos face ao rumo da
vida. Mas a certeza da presença amorosa, salvadora e reconfortante de Deus
deve ser uma luz de esperança que ilumina o nosso caminho e que nos permite
encarar cada passo da nossa existência com alegria e serenidade.
Só n’Ele o
homem encontra a verdadeira vida e a verdadeira liberdade. Esta afirmação
convida-nos a reflectir sobre o papel que outros “deuses” desempenham na nossa
existência: o dinheiro, o poder, a fama, o sucesso, o reconhecimento social.
As propostas
de Deus são o caminho seguro para a felicidade e para a realização plena do
homem. Os mandamentos não são propostas destinadas a limitar a nossa liberdade ,
mas são sugestões de um Deus que nos ama, que quer a nossa felicidade e
realização plena e não desiste de nos indicar o caminho para a verdadeira vida.
A segunda leitura (Romanos 8,14-17) :o Deus
em quem acreditamos é um Deus que acompanha com paixão a caminhada da
humanidade e que não desiste de oferecer aos homens a vida plena e
definitiva.
O nosso Deus
é o Deus
da relação, apostado em vir ao encontro dos homens, em oferecer-lhes
vida, em integrá-los na sua família, em amá-los com amor de Pai, em torná-los
herdeiros da vida plena e definitiva.
Há, na nossa
vida, momentos de solidão e de desespero, em que procuramos Deus e não
conseguimos descortinar a sua presença; mas, sobretudo nesses momentos dramáticos, é
preciso não esquecer que Deus nunca desiste dos seus filhos e que
nenhum de nós Lhe é indiferente.
Os membros
da comunidade cristã pelo Baptismo integram a família de Deus. O fim último da
nossa caminhada é a pertença à família trinitária.
Esta
“vocação” deve expressar-se na nossa vida comunitária. A nossa relação com os
irmãos deve reflectir o amor, a ternura, a misericórdia, a bondade, o perdão, o
serviço, que são as consequências práticas do nosso compromisso com a
comunidade trinitária.
No Evangelho (Mt
28,16-20) Jesus dá a entender que ser seu discípulo é aceitar o convite
para se vincular com a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Os
discípulos de Jesus recebem a missão de testemunhar a sua proposta de vida no
meio do mundo e são enviados a apresentar, a todos os homens e mulheres, sem
excepção, o convite de Deus para integrar a comunidade trinitária.
Este texto
evangélico foi escolhido para o dia da Santíssima Trindade, pois nele aparece
uma fórmula trinitária usada no baptismo cristão (“em nome do Pai, do Filho e
do Espírito Santo”).
Sugere,
antes de mais, que ser baptizado é estabelecer uma relação pessoal com a comunidade
trinitária… No dia em que fomos baptizados, comprometemo-nos com Jesus
e vinculamo-nos com a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Quem acolheu
o convite de Deus (apresentado em Jesus) para integrar a comunidade trinitária,
torna-se testemunha, no meio dos homens, dessa vida nova que Deus oferece. O papel dos discípulos é continuar
a missão de Jesus, testemunhar o amor de Deus pelos homens e convidar
os homens a integrar a família de Deus.
A missão que
Jesus confiou aos discípulos é uma missão universal: (as fronteiras, as raças,
a diversidade de culturas). Todos os homens e mulheres, sem excepção, têm lugar
na família de Deus.
“Eu estarei
convosco até ao fim dos tempos”. Esta certeza deve alimentar a coragem com que
testemunhamos aquilo em que acreditamos.
A celebração
da Solenidade da Trindade deve ser, sobretudo, a contemplação de um Deus que é
amor e que é, portanto, comunidade.
A natureza
divina de um Deus amor, de um Deus família, de um Deus comunidade, expressa-se
na nossa linguagem imperfeita das três pessoas. O Deus família torna-Se
trindade de pessoas distintas, porém unidas. Chegados aqui, temos de parar,
porque a nossa linguagem finita e humana não consegue “dizer” o indizível, não
consegue definir cabalmente o mistério de Deus.
Fonte: Adaptação local de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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