sábado, 24 de março de 2018

DOMINGO DE RAMOS



DOMINGO DE RAMOS

Iniciamos, neste domingo, a semana mais importante do ano litúrgico, rememorando a entrada de Jesus em Jerusalém antes da sua morte redentora para concluí-la celebrando o triunfo absoluto do Senhor na sua Ressurreição. São dias muito especiais. Neles poderemos reviver e manifestar nossa fé e devoção participando activamente das celebrações junto com a comunidade cristã.

O triunfo de Jesus passa pela humilhação da cruz (1ª leitura).
A sua atitude de profunda humildade perpassa, como pano de fundo, todas as celebrações da Semana Santa (2ª leitura).
A leitura completa da Paixão (evangelho) nos permite contemplar em profundidade o amor de Jesus por nós e o mistério da nossa Redenção.
Evangelho: Marcos 11,1-10
Jesus é o Rei-Messias que vai confrontar-se com o centro de poder da sociedade judaica, simbolizado pela cidade de Jerusalém e pelo Templo, sede do poder econômico, político, ideológico e religioso. Ele não entra na cidade de forma triunfal, como rei, montado num vistoso cavalo de guerra. Entra como simples homem, humilde e pacífico, montado num jumento, animal de trabalho, e identificando-se com os pobres.
À diferença do Messias que esperavam, Ele traz consigo a inversão de um sistema social apoiado na força, no poder e na violência, defendendo os privilegiados e desprezando os humildes. Montado num jumento, está claro que Ele não vem para dominar, mas para servir!

1ª leitura: Isaías 50,4-7
A missão do “Servo de Deus” é aqui apresentada como forma de “ajudar os desanimados com uma palavra de coragem”. Ele mesmo se torna discípulo obediente e não se opõe à vontade do Pai nem se protege do sofrimento que envolve sua missão num mundo dominado pela injustiça e o egoísmo. Em meio ao sofrimento na realização do seu ministério, sente a presença do Senhor que o defende e o renova (“o Senhor Javé me ajuda”). Por isso, não recua diante das dificuldades e ataques dos adversários e oferece uma resistência passiva. Essa foi a atitude de Jesus e essa é a característica fundamental de seus seguidores diante da violência injusta por causa da fé.

Salmo responsorial 21(22),8-9.17-18a.19-20.23-24
O Salmo é uma súplica a Deus numa hora de sofrimento e abandono. Salmo de grande intensidade, expressa em imagens vigorosas, em pedidos insistentes, e também numa esperança triunfante.
O limite do sofrimento é sentir o abandono de Deus, que parece não ouvir a oração.

2ª leitura: Filipenses 2,6-11
Cristo como modelo da humildade.
Embora tivesse a mesma condição de Deus, Jesus se apresentou entre os humanos como simples homem tornando-se apenas um ser humano obediente a Deus, submeteu-se à experiência mais difícil, que é a morte. Jesus se entregou até o fim, aceitando a desonra da morte numa cruz, como se fosse um malfeitor.
Marcos 14,32-52
Ao assumir sobre si o pecado de toda a humanidade, sentia-se angustiado, frágil e com verdadeiro medo de morrer :”Pai! Tudo é possível para ti! Afasta de mim este cálice!”). Por outro lado, estava ali, como Filho de Deus, para cumprir a sua missão (”Contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres”).
O que se passava no íntimo de Jesus? Uma confrontação dramática, entre a necessidade de apoio e a solidão “Simão, você está dormindo?... eles não sabiam o que dizer a Jesus”). Naquele momento, Jesus estava, realmente, só!
É nessa solidão que Jesus bebe o cálice amargo, antes de sua morte física. Mas é também, na oração e na vigilância, que se reanima. No momento em que aceita a vontade do Pai, recupera a sua força e determinação. Agora vai enfrente, sem temor, até o fim (”Basta! Chegou a hora! Eis que o Filho do Homem vai ser entregue ao poder dos pecadores. Levantem-se! Vamos! Aquele que vai me trair já está chegando”).

A oração de Jesus no Getsémani é a quinta-essência da oração. Por um lado, em quanto homem, reconhece diante do Pai que está apavorado; por outro, como Filho de Deus, aceita a vontade do Pai.
Olhando este seu exemplo podemos sentir, na prática, a profundidade da oração.
 A vontade de Deus é que deve prevalecer sempre; não a nossa. Mas, como evitar ficarmos com medo diante do sofrimento, da provação e da morte?: “Contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres”.
Quem teve de passar por momentos difíceis na vida e fez suas as palavras de Jesus, na oração, sabe o que é isso. É sentir o medo e a repulsa de beber o cálice amargo, mas sem ficar desesperado diante da provação e aceitando de antemão, com fé e confiança, a vontade do Pai. É reconhecer que nós não temos o controle de nossa vida.

 Mais do que as chicotadas, mais do que os pregos, mais do que a cruz, o que deve ter doído em Jesus é a solidão diante do Pai, a traição de Judas e a covardia dos seus adversários, mandando prendê-lo escondido, à noite. Mais ainda, porém, deve ter sido carregar os pecados do mundo.
 Descobrimos, desta forma, até onde vai o amor de Deus por nós. A dor, o sofrimento e a cruz tem sentido quando se aceitam por amor, quando se vivem como forma de entrega pelas pessoas amadas. Cumpre-se o que disse o Senhor: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos” (João 15,13).
Fonte: adaptação de um texto de: padre Ciriaco Madrigal

sexta-feira, 23 de março de 2018

SÁBADO – 5ª SEMANA DA QUARESMA - 24 MARÇO 2018


SÁBADO – 5ª SEMANA DA QUARESMA - 24 MARÇO 2018
Primeira leitura: Ezequiel 37, 21-28
Ezequiel anuncia simbolicamente o regresso de Israel do exílio e a reunificação do povo sob a orientação de um só rei-pastor. Já aconteceu o castigo anunciado, a deportação para Babilónia, em 586 a. C. Mas trata-se de um castigo terapêutico e temporal, em vista da purificação da idolatria e da cura da desobediência. A promessa de Deus é uma aliança eterna. O Espírito do Senhor repousa sobre o povo, e o povo é chamado a repousar na terra do seu Deus, em paz e em prosperidade. Deus está para sempre no meio do seu povo. Assim todos ficarão a saber que é Javé, «o Senhor que santifica Israel» (v. 28), e quem é Israel, o povo santificado pela presença de Deus. Como diz o próprio Deus: «Serei o seu Deus e eles serão o meu povo (J» (v. 27), com a carga afectiva que manifestam os dois pronomes possessivos.
Evangelho: João 11, 45-56
Os chefes dos judeus estão de cabeça perdida. O «sinal» da ressurreição de Lázaro fez precipitar os acontecimentos, e decidiram matar Jesus, que se tornara demasiadamente incómodo e perigoso. As multidões já O tinham querido proclamar rei, declarando-o libertador da nação. Se continuar assim, os Romanos irão intervir e destruir o templo, coisa que, de modo nenhum, pode acontecer.
Jesus afirmara ser o novo templo, o ponto de convergência de todo o Israel e da humanidade inteira. Mas a sua palavra não foi compreendida. E aparece Caifás que intervém com toda a sua autoridade: a eliminação de Jesus é uma exigência de estado. O bem comum exige que seja eliminado. E tudo isto se torna profecia. A missão de Jesus consiste, de facto, em reunir os filhos de Deus dispersos e em fazer de todos os povos um povo novo, na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. É o que acontece, porque Ele dá a vida «pelos» homens. Enquanto os judeus levam por diante o processo histórico, o Pai vai realizando o seu desígnio de salvação, graças à adesão filial de Cristo à sua obra. O evangelista João passa habilmente da história à teologia.
Caifás afirma que Jesus deve morrer em nome dos superiores interesses da nação. O evangelista João acrescenta que deve morrer, não só pela razão invocada, mas também para reunir os filhos de Deus dispersos: «Não só pela nação, mas também para congregar na unidade os filhos de Deus que estavam dispersos». A morte de Jesus realiza, de modo inimaginável, aquilo que já fora anunciado por Ezequiel, quando da dispersão e do cativeiro em Babilónia: «Eu tomarei os filhos de Israel de entre as nações, por onde se dispersaram; vou reuni-los de toda a parte e reconduzi-los ao seu país».
Para realizar a unidade do povo de Deus, perspectivam-se dois caminhos: o dos Judeus, que passa pela morte de Jesus, para evitar a reacção violenta dos romanos contra o templo e contra a nação; o caminho de Deus, inconsciente expresso por Caifás: «convém que morra um só homem pelo povo ]». A morte de Jesus realiza a unidade e garante-a com a sua presença no meio de nós como verdadeiro Templo de Deus.
Estamos, de facto, dispersos entre as nações, mas também desunidos entre nós.
Mas Cristo está connosco para nos reunir e reconciliar, de acordo com o projecto do Pai. Para isso, morreu e ressuscitou. A obra da redenção, que realiza no coração do mundo, passa pela reconciliação e pela unidade do seu povo.
Ajuda-me a percorrer também esse caminho, para entrar na glória, que começa desde já. Que jamais eu ceda à tentação de fugir do combate, permitindo que a divisão se radique no mundo, e fazendo coro com os teus inimigos. Ajuda-me a aceitar generosamente a luta, confiando na tua graça, invocada na oração. Assim participarei, desde já, na vitória definitiva do amor e na alegria do Pai..
o Espírito Santo é o laço pelo qual Nosso Senhor nos une ao seu Pai e a si mesmo. Foi a graça que Nosso Senhor pediu para nós na sua oração depois da ceia. «Pedi por vós, diz aos seus apóstolos, e por todos aqueles que, esclarecidos e convertidos pela pregação evangélica, hão-de acreditar em mim, a fim de que todos formem um mesmo corpo, do qual eu sou o chefe, que eles sejam um, na unidade de uma mesma fé, de uma mesma esperança, de um mesmo amor, como o meu Pai está em mim e eu nele, para que vós também sejais um em nós e assim o mundo, tocado pelo divino espectáculo da vossa caridade fraterna e da vossa vida celeste, seja forçado a reconhecer no estabelecimento da Igreja uma obra divina e sobre-humana e acredite que meu Pai me enviou para salvar o mundo».
Fonte:
 Resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”