Teve lugar na manhã de hoje, 27 de Agosto, na casa Diocesana, o II encontro de Dom Inácio Lucas com o Clero Diocesano. Tratou-se de um encontro de partilha e reflexão, enquanto membros de um Presbitério chamados a construir a Igreja que está no Gurúè. Participaram neste encontro, 24 Padres Diocesanos oriundos das quatro Regiões Pastorais que compõem a nossa Diocese de Gurúè. O encontro comportou de dois momentos: No primeiro momento, foi convidado o Reverendo Padre Renato Comastri, dos Sacerdotes do Coração de Jesus, que apresentou uma reflexão espiritual sobre o ministério sacerdotal. Tratou-se de uma reflexão que se desenvolveu em torno de 3 verbos: CELEBRAR, ACOMPANHAR e TESTEMUNHAR, tendo como base de fundo, o encontro que o Papa Francisco teve com os Clero, Religiosos e Seminaristas na Catedral de Palermo no dia 15 de Setembro de 2018.
sexta-feira, 27 de agosto de 2021
II ENCONTRO DE S.E.R. DOM INÁCIO LUCAS, COM O CLERO DIOCESANO
Teve lugar na manhã de hoje, 27 de Agosto, na casa Diocesana, o II encontro de Dom Inácio Lucas com o Clero Diocesano. Tratou-se de um encontro de partilha e reflexão, enquanto membros de um Presbitério chamados a construir a Igreja que está no Gurúè. Participaram neste encontro, 24 Padres Diocesanos oriundos das quatro Regiões Pastorais que compõem a nossa Diocese de Gurúè. O encontro comportou de dois momentos: No primeiro momento, foi convidado o Reverendo Padre Renato Comastri, dos Sacerdotes do Coração de Jesus, que apresentou uma reflexão espiritual sobre o ministério sacerdotal. Tratou-se de uma reflexão que se desenvolveu em torno de 3 verbos: CELEBRAR, ACOMPANHAR e TESTEMUNHAR, tendo como base de fundo, o encontro que o Papa Francisco teve com os Clero, Religiosos e Seminaristas na Catedral de Palermo no dia 15 de Setembro de 2018.
quinta-feira, 26 de agosto de 2021
Catequese do Papa Francisco na Audiência da Quarta feira 25.08.2021
Irmãos e irmãs, bom dia!
A Carta aos Gálatas
relata um acontecimento bastante surpreendente. Como ouvimos, Paulo diz que
repreendeu Cefas, ou seja, Pedro, perante a comunidade de Antioquia, porque o
seu comportamento não era bom. O que aconteceu de tão grave para que Paulo se
dirigisse a Pedro em termos tão severos? Será que Paulo exagerou dando
demasiado espaço ao seu carácter sem saber como se conter? Veremos que este não
é o caso, mas que mais uma vez está em questão a relação entre a Lei e a
liberdade. E devemos insistir sobre isto muitas vezes.
Escrevendo aos
Gálatas, Paulo menciona deliberadamente este episódio que tinha acontecido em
Antioquia anos antes. Ele pretende recordar aos cristãos dessas comunidades que
eles não devem absolutamente escutar aqueles que pregam a necessidade de serem
circuncidados para ficar “sob a Lei” com todas as suas prescrições. Recordemos
que foram estes pregadores fundamentalistas que chegaram lá e criaram confusão,
e privando aquela comunidade da paz. Pedro foi criticado pelo seu comportamento
à mesa. A Lei proibia que um judeu partilhasse refeições com não judeus. Mas o
próprio Pedro, noutra ocasião, tinha ido a Cesareia, à casa do centurião
Cornélio, apesar de saber que estava a transgredir a Lei. Então afirmara: «Deus
mostrou-me que nenhum homem deve ser chamado profano ou impuro» (At 10,
28). Quando regressou a Jerusalém, os cristãos circuncidados que eram fiéis à
Lei mosaica repreenderam Pedro pelo seu comportamento, mas ele justificou-se
dizendo: «Recordei-me então da palavra do Senhor, quando Ele dizia: “João
batizou em água; vós, porém, sereis batizados no Espírito Santo”. Se Deus,
portanto, lhes concedeu o mesmo dom que a nós por terem acreditado no Senhor
Jesus Cristo, quem era eu para opor-me a Deus?» (At 11, 16-17).
Recordemos que o Espírito Santo veio naquele momento à casa de Cornélio quando
lá estava Pedro.
Um facto semelhante
também tinha acontecido em Antioquia, na presença de Paulo. Antes, Pedro estava
à mesa sem qualquer dificuldade com os cristãos que tinham vindo do paganismo,
mas quando alguns cristãos de Jerusalém – aqueles que provinham do judaísmo –
circuncidados, chegaram à cidade, ele já não o fez, para não incorrer nas
críticas deles. É este o erro: era mais atento às críticas, a dar uma boa
impressão. Isto é grave aos olhos de Paulo, até porque Pedro estava a ser
imitado por outros discípulos, antes de todos Barnabé, que com Paulo tinha
evangelizado os Gálatas (cf. Gl 2, 13). Sem querer, o
comportamento de Pedro – um pouco assim, aproximativo, nem claro nem
transparente – criava uma divisão injusta na comunidade: “Eu sou puro… sigo por
esta linha, faço assim, isto não se pode…”
Na sua repreensão –
eis o núcleo do problema – Paulo usa um termo que permite entrar nos méritos da
sua reação: hipocrisia (cf. Gl 2, 13). Esta é
uma palavra que se repete muitas vezes: hipocrisia. Penso que todos
nós compreendemos o que significa. A observância da Lei por parte dos cristãos
levou a este comportamento hipócrita, que o Apóstolo pretende combater com
força e convicção. Paulo era reto, tinha os seus defeitos – muitos, o seu
caráter era terrível – mas era reto. O que é a hipocrisia? Quando dizemos:
estai atentos que aquele é um hipócrita: o que queremos dizer? O que é
hipocrisia? Pode-se dizer que é o medo da verdade. A
hipocrisia tem medo da verdade. As pessoas preferem fingir do que ser elas
mesmas. É como pintar a alma, como pintar as atitudes, o modo de proceder: não
é a verdade. “Tenho medo de proceder como sou e disfarço-me com estas
atitudes”. Fingir impede a coragem de dizer a verdade abertamente, e assim
facilmente se evita a obrigação de a dizer sempre, em todo o lado e apesar de tudo.
Fingir leva-te a isto: às meias-verdades. E as meias-verdades são uma ficção:
pois a verdade ou é verdade ou não é verdade. Mas as meias-verdades são este
modo de agir não verdadeiro. Prefere-se, como disse, fingir em vez de ser como
se é, e a ficção impede aquela coragem, de dizer abertamente a verdade. E
assim, não cumprimos a obrigação – e isto é um mandamento – de dizer sempre a
verdade, em todos os lugares e apesar de tudo. Num ambiente em que as
relações interpessoais são vividas sob a bandeira do formalismo, o vírus da
hipocrisia propaga-se facilmente. Aquele sorriso que não vem do coração, aquele
procurar estar bem com todos, mas com ninguém…
Há vários exemplos na
Bíblia onde a hipocrisia é combatida. Um bom testemunho para combater a
hipocrisia é o do velho Eleazar, a quem foi pedido que fingisse que comia carne
sacrificada a divindades pagãs para salvar a sua vida: fingir que a comia, mas
não a comia. Fingir que comia a carne suína, mas os amigos tinham-lhe
preparado outra. Mas o homem temente a Deus respondeu: «Não é próprio da
minha idade, respondeu ele, usar de tal fingimento, não suceda que muitos
jovens, julgando que Eleazar, aos noventa anos, se tenha passado à vida dos
gentios, pelo meu gesto de hipócrita e por amor a um pouco de vida, se deixem
arrastar por minha causa; isto seria a desonra e a vergonha da minha velhice» (2
Mc 6, 24-25). Honesto: não entra no caminho da hipocrisia. Que bela
página sobre a qual refletir para se afastar da hipocrisia! Os Evangelhos
também registam várias situações em que Jesus repreende fortemente aqueles que
parecem justos no exterior, mas no interior estão cheios de falsidade e
iniquidade (cf. Mt 23, 13-29). Se tiverdes um pouco de tempo
hoje lede o capítulo 23 do Evangelho de São Mateus e vede quantas vezes Jesus
diz: “hipócritas, hipócritas, hipócritas”, e revela o que é a hipocrisia.
O hipócrita é uma
pessoa que finge, lisonjeia e engana porque vive com uma máscara no rosto, e
não tem a coragem de enfrentar a verdade. Por isso, não é capaz de amar verdadeiramente
– um hipócrita não sabe amar – limita-se a viver pelo egoísmo e não tem a força
para mostrar o seu coração com transparência. Há muitas situações em que a
hipocrisia pode ocorrer. Muitas vezes esconde-se no local de trabalho, onde se
procura parecer amigos dos colegas enquanto a competição leva a golpeá-los
pelas costas. Em política, não é raro encontrar hipócritas que vivem uma vida
dupla entre a esfera pública e a privada. A hipocrisia na Igreja é
particularmente detestável, e infelizmente existe a hipocrisia na Igreja, há
muitos cristãos e ministros hipócritas. Nunca devemos esquecer as palavras do
Senhor: «Seja este o vosso modo de falar: sim, sim, não, não; tudo o que for
além disto procede do espírito do mal» (Mt 5, 37). Irmãos e irmãs,
pensemos hoje no que Paulo condena e que Jesus condena: a hipocrisia. E não
tenhamos medo de ser verdadeiros, de dizer a verdade, de ouvir a verdade, de
nos conformarmos com a verdade. Assim poderemos amar. Um hipócrita não sabe
amar. Agir de outra forma que não seja a verdade significa pôr em perigo a
unidade na Igreja, aquela pela qual o próprio Senhor rezou.
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Saudações:
Saúdo cordialmente os
fiéis de língua portuguesa: confiemo-nos à proteção de Nossa Senhora para que
não exista entre nós e tampouco em nossas comunidades a hipocrisia, que coloca
em risco a unidade da Igreja. Que Deus vos abençoe e vos proteja de todo mal!
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Apelo
Ontem, em Tóquio,
tiveram início os Jogos Paralímpicos. Envio a minha saudação aos atletas e
agradeço-lhes, por oferecerem um testemunho de esperança e de coragem. Com
efeito, eles manifestam como o compromisso desportivo ajuda a superar
dificuldades aparentemente insuperáveis.
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Resumo da
catequese do Santo Padre:
Ao mencionar aos
Gálatas a repreensão que fez a Cefas, isto é, Pedro, alguns anos antes, quando
estavam em Antioquia, o Apóstolo Paulo pretende recordar aos cristãos daquela
comunidade que não deviam dar ouvidos àqueles que pregavam a necessidade da
circuncisão e, portanto, de submeter-se a todas as prescrições da Lei Mosaica.
Ao reprovar a atitude de São Pedro que, ao chegarem a Antioquia alguns cristãos
vindos de Jerusalém e oriundos do judaísmo, havia deixado de tomar refeição com
os cristãos de origem pagã, São Paulo usa o termo hipocrisia.
Podemos dizer que a hipocrisia é o medo da verdade. É preferir fingir do que
agir de acordo com o que se é. Um belo testemunho que encontramos na Escritura
contra a hipocrisia é o de Eleazar, no segundo livro dos Macabeus, um
nonagenário que preferiu o martírio do que adotar uma atitude hipócrita. Também
nos Evangelhos vemos como Jesus repreende severamente aqueles que portam uma
aparência externa de justiça, mas por dentro estão cheios de falsidade e
iniquidade.