COMUNICADO
DA CONFERENCIA EPISCOPAL DE MOÇAMBIQUE
Assunto:
situação tensa na Província de Cabo Delgado
A Conferência Episcopal
de Moçambique vem seguindo com apreensão, relatos graves e fidedignos sobre a
situação de instabilidade que se tem estado a viver em determinados distritos
do litoral da Província de Cabo Delgado. Trata-se de actos gratuitos de
violência, protagonizados por pessoas até aqui sem rosto, designadamente em
Mocimba da Praia, Palma, Quissança e Macomia, em consequência dos quais
numerosos compatriotas têm vindo a perder a vida, com os seus bens a serem
saqueados, vandalizados e queimados.
Como protagonistas
desses actos têm vindo a ser apresentados alguns jovens, tidos por capturados
ou arrependidos que voluntariamente se apresentaram às autoridades, de cujos
depoimentos parece estar-se perante um cenário de logro, quando do seu
recrutamento, pois muitos confessam terem sido aliciados em diferentes partes
das Províncias de Nampula e Cabo Delgado, com promessas de enquadramento
laboral ou de acesso a bolsas de estudo. Tais promessas são facilmente aceites,
tendo em conta a fragilidade económica e social das pessoas envolvidas e da
ausência de perspectivas para um número crescente de cidadãos.
Perante este quadro, os
Bispos Católicos de Moçambique vêm expressar a sua profunda preocupação e
solidarizar-se com as vítimas desta tragédia que, ainda que localizada em
determinadas partes da Província de Cabo Delgado, atinge e enluta todo o nosso
País. Encorajam as Autoridades competentes a saberem encontrar mecanismos de
defesa das populações, e a buscarem soluções de enquadramento de um cada vez
maior número de jovens actualmente desocupados, muitos dos quais até com um
apreciável grau de escolaridade.
Aos jovens pedimos
cautela e discernimento quando abordados por tentadoras ofertas de emprego e
estudo apresentadas de modo verdadeiramente informal, ademais para longe das
suas terras de origem. Aos fiéis das nossas Comunidades e Paróquias pedimos o
empenho na oração pela Paz no País, e para que o Espírito Santo ilumine aqueles
que têm nas suas mãos os destinos do Povo Moçambicano, conduzindo-os por
caminhos de sabedoria e de inteligência na busca do bem comum. Aos mesmos Fiéis
recomendamos a assunção de gestos concretos de solidariedade, acudindo às
necessidades dos deslocados, muitos dos quais, tendo fugido para salvar a vida,
nos locais de refúgio se apresentam com grandes carências materiais. Para estas
carências, pedimos o apoio do Governo, através das instituições públicas vocacionadas
para tanto, e no mesmo sentido apelamos aos nossos Parceiros de Desenvolvimento
e Organizações da Sociedade Civil.
Que Maria Imaculada,
Padroeira de Moçambique, nos obtenha do Príncipe da Paz a graça da Paz para o
Povo Moçambicano e para todos os Povos em provação de conflitos.
Maputo, 22 de
Junho de 2018
Assinado: D.
FRANCISCO CHIMOIO
Arcebispo de
Maputo e Presidente da CEM