SOLENIDADE DO PENTECOSTES
O tema deste
domingo é o Espírito Santo. Dom de Deus
a todos os crentes, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói
comunidade e faz nascer o Homem Novo.
Na primeira leitura (Actos 2,1-11), Lucas sugere que o
Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que
os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une
numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.
Temos, neste
texto, os elementos essenciais que definem a Igreja: uma comunidade de irmãos reunidos por
causa de Jesus, animada pelo Espírito do Senhor ressuscitado e que testemunha
na história o projecto libertador de Jesus. Desse testemunho resulta a
comunidade universal da salvação, que vive no amor e na partilha, apesar das
diferenças culturais e étnicas.
Perguntemo-nos: A Igreja de que fazemos parte é uma comunidade de
irmãos que se amam, apesar das diferenças?
Antes do Pentecostes, tínhamos apenas um grupo fechado
dentro de quatro paredes, incapaz de superar o medo e de arriscar, sem a iniciativa
nem a coragem do testemunho; depois do
Pentecostes, temos uma comunidade unida, que ultrapassa as suas limitações
humanas e se assume como comunidade de amor e de liberdade.
Para se tornar cristão, ninguém deve ser espoliado da própria cultura: nem os africanos, nem os europeus, nem os sul-americanos, nem os negros,
nem os brancos; mas todos são convidados, com as suas diferenças, a acolher
esse projecto libertador de Deus, que faz os homens deixarem de viver de costas
voltadas, para viverem no amor.
Na segunda leitura, (1 Cor 12,3b-7.12-13), Paulo avisa
que o Espírito é a fonte de onde brota a
vida da comunidade cristã. É Ele que concede
os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para
benefício pessoal, mas devem ser postos ao
serviço de todos.
Temos todos consciência de que somos membros
de um único “corpo” – o corpo de Cristo – e é o mesmo Espírito que nos
alimenta, embora desempenhemos funções diversas?. No entanto, encontramos, com
alguma frequência, cristãos com uma consciência viva da sua superioridade e da
sua situação “à parte” na comunidade (seja em razão da função que desempenham,
seja em razão das suas “qualidades” humanas), que gostam de mandar e de
fazer-se notar.
Às vezes,
vêem-se atitudes de prepotência e de autoritarismo. Os “dons” que recebemos não podem gerar conflitos e divisões, mas
devem servir para o bem comum e para
reforçar a vivência comunitária.
Perguntemo-nos:
As nossas comunidades são espaços de
partilha fraterna, ou são campos de batalha onde se digladiam interesses próprios,
atitudes egoístas, tentativas de afirmação pessoal?
É preciso ter
consciência da presença do Espírito: é Ele que alimenta, que dá vida, que
anima, que distribui os dons conforme as necessidades; é Ele que conduz as comunidades na sua marcha pela história. Ele
foi distribuído a todos os crentes e reside na totalidade da comunidade.
O Evangelho (Jo 20,19-23) apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas consequências.
A comunidade cristã só existe de forma consistente, se está centrada em Jesus. Jesus é a sua identidade e a sua razão de ser. É
n’Ele que superamos os nossos medos, as nossas incertezas, as nossas limitações,
para partirmos o compromisso de testemunhar a vida nova do Homem Novo.
Identificar-se
como cristão significa dar testemunho diante do mundo dos “sinais” que definem
Jesus: a vida dada, o amor partilhado.
Perguntemo-nos:
É esse o testemunho que damos? Os homens do nosso tempo, olhando para cada
cristão ou para cada comunidade cristã, podem dizer que encontram e reconhecem
os “sinais” do amor de Jesus?
As comunidades
construídas à volta de Jesus são animadas pelo Espírito. O Espírito é esse
sopro de vida que transforma o barro inerte numa imagem de Deus, que transforma
o egoísmo em amor partilhado, que transforma o orgulho em serviço simples e
humilde… É Ele que nos faz vencer os medos, superar as cobardias e fracassos,
derrotar o cepticismo e a desilusão, reencontrar a orientação, readquirir a
audácia profética, testemunhar o amor, sonhar com um mundo novo. É preciso ter consciência da presença
contínua do Espírito em nós e nas nossas comunidades e estar atentos aos seus
apelos, às suas indicações, aos seus questionamentos.
Fonte: resumo e adaptação local de um texto em: <dehonianos.org/portal/liturgia>