sábado, 29 de julho de 2017

17º Domingo do Tempo Comum – Ano A



17º Domingo do Tempo Comum – Ano A

17º DOMINGO DO TEMPO COMUM

A liturgia deste domingo convida-nos a reflectir nas nossas prioridades, nos valores sobre os quais fundamentamos a nossa existência. Sugere, especialmente, que o cristão deve construir a sua vida sobre os valores propostos por Jesus.

A primeira leitura  81 Reis 3,5.7-129, apresenta-nos o exemplo de Salomão, rei de Israel. Ele é o protótipo do homem “sábio”, que consegue perceber e escolher o que é importante e que não se deixa seduzir e alienar por valores efémeros.

A Leitura sublinha a “qualidade” da resposta de Salomão: ele não pede riqueza nem glória, mas pede as aptidões necessárias e a capacidade para cumprir bem a missão que Deus lhe confiou. Salomão aparece aqui como o modelo do homem que sabe escolher as coisas importantes e que não se deixa distrair por valores efémeros.

Dizer que a súplica de Salomão “agradou ao Senhor” (vers. 10) é propor aos israelitas que optem pelos valores eternos, duradouros e essenciais.

Algumas pessoas e grupos procuram vender a ideia de que a realização plena do indivíduo está num conjunto de valores que decidem quem pertence à elite dos vencedores, dos que estão na moda, dos que têm êxito… Em muitos casos, esses valores propostos são realidades, materiais, secundárias, relativas. Quase sempre, por detrás da proposição de certos valores, estão interesses particulares e egoístas… 

O “sábio”, contudo, é aquele que está consciente destes mecanismos, que sabe ver com olhar crítico os valores que a moda propõe, que sabe discernir o verdadeiro do falso. O “sábio” é aquele que consegue perceber o que efectivamente o realiza e lhe permite levar a cabo a missão que lhe foi confiada:

Como é que eu me situo face a isto?
O que me seduz e que eu abraço é o imediato, o brilhante, o sedutor, na família ou na minha comunidade cristã?

A figura de Salomão interpela também todos aqueles que detêm responsabilidades na comunidade (seja em termos civis, seja em termos religiosos). Convida-os a uma verdadeira atitude de serviço: o seu objectivo não deve nunca ser a realização dos próprios esquemas pessoais, mas sim o benefício de toda a comunidade, a concretização do bem comum.

A segunda leitura (Rom 8,28-30), convida-nos a seguir o caminho e a proposta de Jesus. Esse é o valor mais alto, que deve sobrepor-se a todos os outros valores e propostas. O texto que nos é proposto como segunda leitura continua a reflexão de Paulo sobre o projecto de salvação que Deus tem para oferecer aos homens. Esse projecto não é um acontecimento casual, mas algo que, desde sempre, está previsto nos planos de Deus.

Aos que aderem a esse projecto, Deus chama-os a identificarem-se com o seu filho Jesus, liberta-os do egoísmo e do pecado e fá-los, com Jesus, chegar à vida nova e plena.

 Paulo fala “daqueles” que Deus “conheceu” de antemão, que “predestinou” para viverem à imagem de Jesus, que “chamou”, que “justificou” e que “glorificou”. O projecto salvador de Deus está aberto a todos aqueles que querem acolhê-l’O. O que Paulo sublinha aqui é que se trata de um dom gratuito de Deus e que esse dom está previsto desde toda a eternidade.

Este texto convida-nos a tomar consciência de que Deus nos ama, vem continuamente ao nosso encontro, aponta-nos o caminho da vida plena e verdadeira, desafia-nos à identificação com Jesus, convida-nos a integrar a sua família. 

Nós, os crentes, somos convidados a conduzir a nossa vida à luz desta realidade; e somos convocados a testemunhar, com palavras, com acções, com a vida, no meio dos irmãos que dia a dia percorrem connosco o caminho da vida, o amor e o projecto de salvação que Deus tem.

A vida plena está no acolhimento desse “valor mais alto” que é o seguimento de Jesus e a identificação com Ele. É esse o “valor mais alto”, o “tesouro” pelo qual eu optei de forma decidida no dia do meu baptismo? Tenho sido, na caminhada da vida, coerente com essa escolha?

No Evangelho  (Mt 13,44-52), recorrendo à linguagem das parábolas, Jesus recomenda aos seus seguidores que façam do Reino de Deus a sua prioridade fundamental. Todos os outros valores e interesses devem passar para segundo plano, face a esse “tesouro” supremo que é o Reino.

O texto pode ser dividido em três partes:

a).Na primeira parte: a questão principal é a da descoberta do valor e da importância do Reino. Os cristãos são, antes de mais, aqueles que encontraram algo de único, de fundamental, de decisivo: o Reino. Ora, quando alguém encontra um “tesouro” como esse, deve elegê-lo como a riqueza mais preciosa, o fim último da própria existência, o valor fundamental pelo qual se renuncia a tudo o resto e pelo qual se está disposto a pagar qualquer preço. O cristão é confrontado, a par e passo, com muitos valores e opções; mas deve aperceber-se de que o Reino é o valor mais importante.

b).Na segunda parte: a parábola de uma rede que, lançada ao mar, apanha diversos tipos de peixes (vers. 47-50).O Reino não é uma realidade fechadoa onde só há gente escolhida e santa, mas é uma realidade onde o mal e o bem crescem simultaneamente. Deus não tem pressa de condenar e destruir. Ele não quer a morte do pecador; por isso, dá ao homem o tempo necessário e suficiente para amadurecer as suas opções e para fazer as suas escolhas.

c).A terceira parte apresenta um breve diálogo entre Jesus e os discípulos (vers. 51-52). Ora, “compreender” significa “prestar atenção” e comprometer-se com o ensinamento proposto.
 Os cristãos são, pois, convidados a descobrir a realidade do Reino, a entender as suas exigências, a comprometerem-se com os seus valores

O cristão está permanentemente mergulhado num ambiente em que a força e o poder aparecem como o grande ideal; mas ele não pode deixar que o poder seja o seu objectivo fundamental, porque o Reino é serviço. O cristão faz a sua caminhada num mundo que exalta o orgulho, a auto-suficiência, a independência; mas ele já aprendeu, com Jesus, que o Reino é perdão, tolerância, encontro, fraternidade… O que é que comanda a minha vida? Quais são os valores pelos quais eu sou capaz de deixar tudo? 

Que significado têm as propostas de Jesus na minha escala de valores?

A decisão pelo Reino, uma vez tomada, não admite meias tintas, tibiezas, hesitações, jogos duplos. Escolher o Reino não é agradar a Deus e ao diabo, pactuar com realidades que mutuamente se excluem; mas é optar radicalmente por Deus e pelos valores do Evangelho. A minha opção pelo Reino é uma opção radical, sincera, que não pactua com desvios, com compromissos, com hipocrisias e incoerências?

Mais uma vez o Evangelho convida-nos a admirar os métodos de Deus, que não tem pressa nenhuma em condenar e destruir, mas dá tempo ao homem – todo o tempo do mundo – para amadurecer as suas opções e fazer as suas opções. 
Sabemos respeitar, com esta tolerância e liberdade, o ritmo de crescimento e de amadurecimento dos irmãos que nos rodeiam?

Fonte: resumo e adaptação de um texto de: <dehonianos.org/postal/liturgia>

sexta-feira, 28 de julho de 2017

29.07.17: S. MARTA. sUBSÍDIO PARA A MEDITAÇÃO



S. MARTA. SUBSÍDIO PARA A MEDITAÇÃO
29 Julho 

Marta é irmã de Maria e de Lázaro de Betânia. No evangelho aparece em apenas três episódios (Lc 10, 38-42; Jo 11, 1-44; Jo 12, 1-11). É uma mulher dinâmica, que acolhe desveladamente Jesus. Maria, também aparece apenas três vezes em cena, nos evangelhos, (Lc 10; Jo 11; Mt 26). É a mulher atenta e contemplativa, que dá mais atenção ao Senhor do que às “coisas do Senhor”. De Lázaro sabemos apenas o que dele se diz no evangelho de João (11, 1-14; 12, 1-2). Os três são amigos e hospedeiros do Senhor.

Primeira leitura: 1 João 4,7-16

“Amor com amor se paga”. “Deus é amor” e amou-nos por primeiro; “Amemo-nos uns aos outros”. São os pensamentos centrais deste texto. No capítulo III da sua carta, João abordou o tema do amor do ponto de vista negativo: quem não ama, comete pecado, e o pecador não pode ver a Deus. Agora expõe o mesmo pensamento, mas do ponto de vista positivo: o amor é necessário porque Deus é amor, “porque o amor vem de Deus”.
O nosso amor a Deus é sempre resposta ao seu amor por nós. O amor de Deus manifestou-se, historicamente, em Cristo. A família de Lázaro de Betânia experimentou esse amor, e correspondeu-lhe acolhendo Jesus com delicadeza e generosidade.

Evangelho: Lucas 10,38-42

Amar o próximo, como Jesus ensinou na parábola do bom samaritano (Lc 10, 25-37), é necessário. Mas não basta, como verificamos logo a seguir, em Lc 10, 38-42. Jesus entra em casa de Marta e Maria. Marta entrega-se ao trabalho por Jesus; Maria, sentada aos pés do Senhor, escuta-O. Marta protesta, e Jesus diz-lhe: “Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.” (v. 41s.). Não se trata de opor acção e contemplação. Marta apenas representa aqueles cuja acção não se baseia na palavra de Jesus; Maria, pelo contrário, representa os que dão atenção à palavra, que necessariamente deve traduzir-se em serviço amoroso a Deus e ao próximo.

Santa Marta é a mulher eficiente e segura de si mesma. Por isso, se deixa levar excessivamente pelo que deve fazer, perdendo de vista a motivação do seu trabalho. No confronto com Jesus, percebe que a eficiência não é o valor mais alto, e que só é importante na medida em que for equilibrado pelo acolhimento, pela atenção ao outro e pelo “temor de Deus”, isto é, movido pelo amor. Se assim não for, a acção pode tornar-se activismo, que descuida o essencial e se torna fonte de ansiedade e de fragmentação.

O episódio que hoje escutamos levou Santa Marta, não só a fazer coisas pelo Senhor, mas, sobretudo, a colocar-se diante d´Ele em verdade e diálogo. Dessa atitude resultou aquela fé segura com que, ainda que chorosa e desiludida com a morte do irmão Lázaro, se dirigiu ao Senhor: “Senhor, se Tu cá estivesses, o meu irmão não teria morrido. Mas, ainda agora, eu sei que tudo o que pedires a Deus, Ele to concederá.” (Jo 11, 21s.). Marta deixou-se conduzir por Jesus no caminho do sofrimento que a levou a conhecer melhor a Jesus e a si mesma.

Maria é exemplo do discípulo que descobre a Palavra de Deus em Jesus Cristo e a acolhe com atenção. Ela não é um místico que se eleva até Deus, mas um crente que está atento à palavra concreta que Deus lhe dirige, e a procura pôr em prática.

Lázaro é o chefe de família que acolhe Jesus, Palavra de Deus feita carne, e se deixa transformar por ela. O amor de Jesus fê-lo regressar da morte à vida. E Lázaro, com as suas irmãs, souberam corresponder ao amor de Jesus, acolhendo com entusiasmo, delicadeza e generosidade em sua casa: “Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde vivia Lázaro, que Ele tinha ressuscitado dos mortos. Ofereceram-lhe lá um jantar. Marta servia e Lázaro era um dos que estavam com Ele à mesa. Então, Maria ungiu os pés de Jesus com uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, e enxugou-lhos com os seus cabelos. A casa encheu-se com a fragrância do perfume.” (Jo 12, 1-3).

Fonte: de um texto de <dehonianos.org/portal/liturgia>

quinta-feira, 27 de julho de 2017

REFLEXÃO PARA A SEXTA-FEIRA – XVI SEMANA


REFLEXÃO PARA A SEXTA-FEIRA – XVI SEMANA –

Primeira leitura: Êxodo 20, 1-ss
A leitura de hoje apresenta-nos a primeira formulação do Decálogo, a norma pela qual o povo de Deus se guia, o meio pelo qual responde à incumbência de ser o que é ou de se tornar naquilo que deve ser.
Encontramos, no Antigo Testamento, diversas formulações do Decálogo, conforme as diferentes escolas de teologia que as redigiram. A presente versão é de redacção sacerdotal, como se nota pelo desenvolvimento dado aos mandamentos sobre o culto e sobre o dia de sábado, consagrado ao Senhor.
Os dez mandamentos fazem parte da bagagem moral inserida no coração de todos os homens pelo Criador. Exprimem a chamada “lei natural”, sentida e admitida por todas as morais. Foi Deus quem pôs no coração humano estes princípios, estas tendências e este sentido de bem e de mal, no que se refere às nossas relações com Deus e com o próximo. Por isso, são comuns às diversas culturas do Médio Oriente. E não só! Israel teve o privilégio de os receber directamente de Deus, na teofania do Sinai. Foi um acto de predilecção de Deus para com o seu povo, que também pressupõe maior responsabilidade e fidelidade no seu cumprimento.
Na primeira leitura escutamos os dez mandamentos dados por Deus ao seu povo no Sinai. É uma página de grande utilidade também para nós, homens do século XXI, pois nos lembra o que devemos fazer e as prioridades com que havemos de agir. Os três primeiros mandamentos são os mais expostos à crítica e aos ataques de muitos homens do nosso tempo. É fácil menosprezá-los, esquecê-los, talvez até para sublinhar uma presumida maior importância de outros.

Dar o primeiro lugar a Deus, voltar-se para Ele, em atitude de fé e de oração, buscando a sua intimidade é algo de muito necessário e urgente. O mundo paganizado em que vivemos esquece Deus e o seu serviço. Precisamos de reviver estas grandes verdades da nossa fé. Podem ajudar-nos alguns pensamentos do Papa João Paulo II,: «Os Dez Mandamentos não são imposição arbitrária de um Senhor tirânico. Eles foram escritos na pedra, mas, antes, foram escritos no coração do homem como lei moral universal, válida em todo o tempo e em todo o lugar. Hoje, como sempre, as Dez Palavras da Lei oferecem a única base autêntica para a vida dos indivíduos, das sociedades e das nações. Hoje como sempre, elas são o único futuro da família humana. Salvam o homem da força destrutiva do egoísmo, do ódio e da mentira. Evidenciam todas as falsas divindades que o reduzem à escravidão: o amor de si mesmo até à exclusão de Deus, a avidez do poder e do prazer que subverte a ordem da justiça e degrada a nossa dignidade humana e a do nosso próximo… Observar os Mandamentos significa ser fiéis a Deus, mas significa também ser fiéis a nós mesmos, à nossa autêntica natureza e às nossas mais profundas aspirações. O vento que ainda hoje sopra no Sinai recorda-nos que Deus deseja ser honrado nas suas criaturas e no seu crescimento: a glória de Deus é o homem vivo…» (Alocução no mosteiro de Santa Catarina do Sinai, a 26 de Fevereiro de 2000).
Evangelho: Mateus 13, 18-23
Ao explicar a parábola do semeador, Jesus desvia a atenção do semeador que lança a semente para as causas da sua diferente recepção. Explicitando a comparação, passa-se da verificação do êxito, combatido mas surpreendente, da pregação do reino de Deus por Jesus e pelos continuadores da sua obra, para a consideração dos motivos que levam os ouvintes e fechar-se ou a abrir-se ao anúncio e, portanto, à conversão.

O evangelista faz uma releitura da parábola, fazendo realçar como a dureza de coração seja obra do maligno, que peca desde a origem (cf. 1 Jo 2, 22; 3, 8). O homem secunda a obra do maligno quando, deixando-se absorver pelos sofrimentos, pelas incompreensões, pelas riquezas, não permite à palavra de Jesus lançar raízes na sua existência. Pelo contrário, quem é dócil à palavra de Jesus, produz abundantes frutos e entra a fazer parte daqueles «bem-aventurados» e «pequeninos» aos quais são revelados os mistérios do Reino (cf. Mt 13, 16).
O evangelho apresenta-nos um texto muito conhecido, o que pode gerar em nós a ideia de que se trata de coisa repetida e sabida, com a sensação de algum aborrecimento. É uma verdadeira tentação contra a Palavra de Deus, que havemos de afastar. A Palavra de Deus não é objecto de curiosidade, mas palavra de vida. É uma semente, disse Jesus. Mas não podemos acolhê-la com a atitude de um naturalista que a observa, secciona, examina ao microscópio e que, satisfeita a sua curiosidade, a deita fora. A semente da Palavra tem por objectivo suscitar vida.
Também os Mandamentos não são palavra para estudar, simples leis morais, mas semente de vida, de vida de relação e de comunhão com Deus, vida de relação harmoniosa com os outros homens, nossos irmãos.
Acolher a Palavra de Deus é viver unidos a Ele, é tomar a sério a vida, oferecendo com simplicidade a nossa vida para que seja fecunda para todos.
Senhor, nosso Deus, no Sinai revelaste-nos o teu nome e deste-nos a tua lei como luz para os nossos passos. Escuta, hoje, a nossa oração e faz que nós, como Moisés e como o teu povo de Israel, reunidos à tua volta, acolhamos a tua palavra eterna, que hoje está centrada nos dez mandamentos, lei de vida, de liberdade e de respeito para com todos os homens. Que o teu Espírito Santo a faça frutificar em nós, para vivermos em íntima comunhão contigo e em fraterna harmonia com todos os homens. Amen.
Fonte: <dehonianos.org/portal/liturgia>

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Reflexão para a Quinta-feira - XVI Semana –



Quinta-feira - XVI Semana –
Primeira leitura: Êxodo 19, 1-2.9-11.16-20
O texto que hoje escutamos prepara a grande teofania em que será concluída a aliança do Sinai. Esta é um pacto de confiança recíproca entre Deus e Israel, que supõe uma ligação especial, com obrigações mútuas, que caracterizarão esse povo e essa fé. O acontecimento é preparado com abundância de pormenores, que servem para realçar a majestade de Deus, a sua absoluta soberania, o respeito que inspira, a atitude de temor e de reverência que suscita no povo.

O Deus do Sinai é ainda um Deus que infunde temor: é preciso permanecer longe d´Ele, não se Lhe pode ver o rosto, está rodeado por trovões, relâmpagos e fogos. Todas estas imagens sublinham a transcendência de Deus, um Ser que permanece sempre para além e acima de nós, das nossas concepções e imaginações. Moisés conseguiu resistir na presença de Deus, solitário, no cimo do Sinai, depois de quarenta dias e quarenta noites de jejum.
Quão diferente é o Deus do Novo Testamento! É um Deus que revela outros aspectos da sua divindade, tais como a bondade, a graça, o perdão, a paternidade divina manifestada em Jesus.
Evangelho: Mateus 13, 10-17
Que pretendia Jesus, ao servir-se de parábolas que os seus ouvintes não podiam entender? Esta questão preocupava os cristãos das primeiras comunidades, que sentiam a necessidade de explicar e interpretar essa forma de anúncio inacessível de modo imediato e, por outro lado, enfrentavam a oposição e o escândalo do povo eleito que, em grande parte, não tinha acolhido o Messias. A resposta já foi apontada na parábola do semeador: há quem esteja disponível e há quem resista à palavra de Jesus. Essa atitude interior faz toda a diferença. Há quem se converta e atinja a bem-aventurança, e há quem não se converta, ouvindo sem compreender e vendo sem perceber. Deus anunciara a Isaías (6, 9s.) as dificuldades que o profeta havia de encontrar na sua missão. Tudo isso se verificou na vida do profeta, mas, sobretudo, na vida de Jesus e, depois d´Ele, na vida da Igreja. A Bíblia aponta a Deus como causa primeira dos eventos, mas não é Ele que determina a docilidade ou a dureza do coração do homem. Isso depende do próprio homem, chamado a assumir, em primeira pessoa, a responsabilidade pelas suas opções diante da palavra que lhe é dirigida.
As leituras Deus de hoje mostram-nos que Deus tem vários modos de Se revelar e de manifestar a sua vontade:
- No Sinai, manifesta-se na fúria da natureza, em «trovões e relâmpagos e uma nuvem pesada sobre a montanha, e um som muito forte de trombeta» (v. 16). Era neste cenário que «Moisés falava, e Deus respondia» (v. 19).
- No evangelho, Jesus fala de modo muito simples e humano, uma vezes explicitamente e outras em parábolas, conforme os ouvintes.
Verdadeiramente, como diz o autor da Carta aos Hebreus, «muitas vezes e de muitos modos, falou Deus aos nossos pais, nos tempos antigos, por meio dos profetas. Nestes dias, que são os últimos, Deus falou-nos por meio do Filho» (Heb 1, 1-2). Mas, como quer que a voz de Deus se faça ouvir, é fundamental estar atentos, e acolher a Palavra com docilidade: a esses «é dado conhecer os mistérios do Reino do Céu» (v. 11). Mas, os que fechas os ouvidos à Palavra, os que lhe resistem, estão condenados, porque «fecharam os olhos, não fossem ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, compreender com o coração, e converter-se, para Eu os curar», diz o Senhor. É fácil fazer ouvidos surdos ao Senhor, quando outras vozes nos agradam mais. Mas não passam de vozes, de ar em movimento!
A essência de Deus e da manifestação da sua vontade pertencem ao mundo divino, sobrenatural. Com as nossas forças, com a nossa razão, não podemos compreender ou ter uma ideia sobre a realidade divina.
Precisamos da iluminação de Deus, que nos permite ver mais além do que a nossa razão humana. Vem em nossa ajuda a fé, a capacidade dada por Deus ao homem, que lhe permite acolher com humildade e reconhecimento tudo quanto Deus lhe queira revelar.
Fonte: resumo e adaptação de  <dehonianos.org/portal/liturgia>

terça-feira, 25 de julho de 2017

PARA A REFLEXÃO: 26.07:S. Joaquim e S. Ana,



S. Joaquim e S. Ana, Pais de Nossa Senhora
26 Julho 

O evangelho de S. Tiago, escrito apócrifo do século II, reconstrói, decalcando a história de Ana, mãe de Samuel (cf. 1 Sam 1, 1-28), a história da Virgem Maria. Joaquim, idoso sacerdote do templo de Jerusalém, era casado com Ana, mulher estéril. Depois de uma aparição angélica, concebem a futura Mãe do Redentor, que oferecerão a Deus no templo (cf. 21 de Novembro). Mas não há qualquer referência a estes santos nos evangelhos canónicos. Na tradição da Igreja, Joaquim e Ana são protótipos dos esposos cristãos. De há uns anos para cá, a sua festa é também celebrada como “Dia dos Avós”.

Primeira leitura: Ben Sirá 44, 1.10-15
Ben Sirá evoca figuras ilustres que marcaram o passado da história de Israel, em ordem a infiltrar, com o seu exemplo, nova vida no presente e a projectar a esperança do povo na direcção do futuro. O bem praticado é um capital precioso e fecundo, que permanece, e de que se pode dispor. Quando é praticado em e por homens virtuosos, tece a verdadeira trama da história da salvação. Deus intervém nessa história, para redimir o homem, mas servindo-se do próprio homem. A fidelidade do Senhor tem o seu fundamento no céu, mas radica na terra, graças aos que permanecem fiéis às suas promessas.

Evangelho: Mateus 13, 16-17
Os discípulos de Jesus têm a sorte de ver a realização das promessas. Gerações de profetas e justos construíram, degrau a degrau, uma história de confiança, de espera e de esperança. Esses profetas e justos são ditosos porque, ainda que não tenham visto nem ouvido o que os discípulos veem e ouvem, acreditaram e apostaram a sua vida baseando-se na Palavra da aliança. Os discípulos são ditosos porque veem e ouvem a Palavra feita carne, Jesus Cristo nossa Vida e Salvação. Eles são o último elo da geração herdeira das promessas e o primeiro da que deve transmitir o testemunho da sua realização.

Sabemos muito pouco sobre os pais de Maria. Também eles estão sob a lei do silêncio e do escondimento que Deus aplicou à vida de Maria e à maior parte da vida histórica de Jesus.
Os evangelhos apócrifos falam das suas dificuldades. Um texto da igreja arménia do século XIII diz-nos que Joaquim e Ana eram justos e puros, levavam uma vida piedosa e um comportamento inocente e imune à calúnia. Eram zelosos na oração, no jejum e na abstinência. Eram uma família assídua ao templo, cheia de caridade, incansável no trabalho e, em consequência, rica de bens. Dividiam o rendimento anual em três partes: uma para o Templo e sustento dos sacerdotes; outra para os pobres, e a terceira para eles mesmos. É lógico pensar que Deus os tenha chamado a participar no mistério de Jesus, cuja chegada prepararam. Permanece a glória de terem sido os pais de Nossa Senhora.

S. Joaquim e S. Ana encorajam a nossa confiança: Deus é bom e na história da humanidade, história de pecado e de misericórdia, o que fica é a glória, é o positivo que construiu em nós.
Joaquim e Ana foram escolhidos entre o povo eleito, mas de dura cerviz, para que, entre esse povo, florescesse Maria e, dela, Jesus. É a maior manifestação do amor misericordioso de Deus.
Agradeçamos ao Senhor. Nós somos os ditosos, nós que vemos e ouvimos, o que muitos profetas e justos apenas entreviram na fé e na esperança.

Lembremos os nossos avós. Um provérbio africano afirma: “Das panelas velhas, tira-se a melhor sopa”. Os “avós” são verdadeiras preciosidades. Há que rodeá-los de cuidados e carinhos, e não desperdiçar o muito que têm para nos dizer e ensinar, particularmente a sua fé e a sua esperança.

Fonte. <dehonianos.org/portal/liturgia>