21º Domingo do Tempo Comum – Ano A
No centro da
reflexão que a liturgia do 21º Domingo do Tempo Comum nos propõe, estão dois
temas à volta dos quais se constrói e se estrutura toda a existência cristã: Cristo e a Igreja.
A primeira leitura (Is 22,19-23) mostra como se deve concretizar o poder “das chaves”. Aquele que detém “as chaves” não pode usar a sua autoridade para concretizar interesses pessoais e para impedir aos seus irmãos o acesso aos bens eternos; mas deve exercer o seu serviço como um pai que procura o bem dos seus filhos, com solicitude, com amor e com justiça.
Uma história para-nos entendermos melhor o Evangelho que nos é hoje proposto. Define em que consiste o verdadeiro serviço “das chaves”, o serviço da autoridade: ser um pai para aqueles sobre quem se tem responsabilidade e procurar o bem de todos com solicitude, com amor, com justiça.
A primeira leitura (Is 22,19-23) mostra como se deve concretizar o poder “das chaves”. Aquele que detém “as chaves” não pode usar a sua autoridade para concretizar interesses pessoais e para impedir aos seus irmãos o acesso aos bens eternos; mas deve exercer o seu serviço como um pai que procura o bem dos seus filhos, com solicitude, com amor e com justiça.
Uma história para-nos entendermos melhor o Evangelho que nos é hoje proposto. Define em que consiste o verdadeiro serviço “das chaves”, o serviço da autoridade: ser um pai para aqueles sobre quem se tem responsabilidade e procurar o bem de todos com solicitude, com amor, com justiça.
Uma reflexão
sobre a lógica e o sentido do poder. O poder é um serviço à comunidade. Quem
exerce o poder, deverá fazê-lo com a solicitude, o cuidado, a bondade, a
compreensão, a tolerância, a misericórdia, e também com a firmeza com que um
pai conduz e orienta os seus filhos. Nessa perspectiva, o serviço da autoridade
não é uma questão de poder, mas é uma questão de amor. É esta mesma lógica que
os cristãos devem exigir, seja no exercício do poder civil, seja no exercício
do poder no âmbito da comunidade cristã.
O exercício
do poder em geral pode aparecer associado à corrupção, à venalidade, ao
aproveitamento do serviço da autoridade para a concretização de finalidades
egoístas, interesseiras, pessoais. A Palavra de Deus que nos é proposta vai em
sentido contrário: o exercício do poder só faz sentido enquanto está ao serviço
do bem comunitário… O exercício de um cargo público supõe, precisamente, a
secundarização dos interesses próprios em benefício do bem comum.
A segunda
leitura (Rom 11,33-36)né um convite a contemplar a riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus que, de forma
misteriosa e às vezes desconcertante, realiza os seus projectos de salvação do
homem. Ao homem resta entregar-se confiadamente nas mãos de Deus e deixar que o
seu espanto, reconhecimento e adoração se transformem num hino de amor e de louvor
ao Deus salvador e libertador.
Deus é sempre
“mais” do que aquilo que o homem possa imaginar. Ao homem resta reconhecer a
sua própria pequenez, os seus próprios limites, a sua própria finitude, a sua
própria incapacidade de compreender totalmente esse Deus desconcertante e
incompreensível. ao homem resta atirar-se com confiança para os braços de Deus,
acolher humildemente a sua Palavra e procurar seguir, com simplicidade e amor
os seus caminhos.
O verdadeiro
crente é aquele que, mesmo sem entender o alcance total dos projectos de Deus,
se entrega confiadamente nas suas mãos e deixa que o seu espanto,
reconhecimento e adoração se transformem num hino de louvor: “glória a Deus
para sempre”.
Esse Deus
omnipotente é um pai, preocupado com a felicidade dos seus filhos e com um
projecto de salvação que Ele pretende que os homens acolham. É verdade que
muitas vezes não percebemos o alcance desse projecto; mas se virmos em Deus o pai bom cheio de amor, aprenderemos a não nos
fecharmos no orgulho e na auto-suficiência e a acolhermos, com gratidão, os
seus dons – como um menino que recebe do pai a vida, o alimento, o afecto, o
amor.
O Evangelho (Mt 16,13-20), convida os discípulos a aderirem a Jesus e a acolherem-n’O
como “o Messias, Filho de Deus”. Dessa adesão, nasce a Igreja – a comunidade
dos discípulos de Jesus, convocada e organizada à volta de Pedro. A missão da
Igreja é dar testemunho da proposta de salvação que Jesus veio trazer. À Igreja
e a Pedro é confiado o poder das chaves – isto é, de interpretar as palavras de
Jesus, de adaptar os ensinamentos de Jesus aos desafios do mundo e de acolher
na comunidade todos aqueles que aderem à proposta de salvação que Jesus
oferece.
Quem é Jesus? O que é que “os homens” dizem de Jesus? Muitos dos
nossos conterrâneos vêem em Jesus um homem bom, generoso, atento aos
sofrimentos dos outros, que sonhou com um mundo diferente; outros vêem em Jesus
um admirável “mestre” de moral, que tinha uma proposta de vida “interessante”,
mas que não conseguiu impor os seus valores; alguns vêem em Jesus um admirável
condutor de massas, que acendeu a esperança nos corações das multidões carentes
e órfãs, mas que passou de moda quando as multidões deixaram de se interessar
pelo fenómeno; outros, ainda, vêem em Jesus um revolucionário, ingénuo e
inconsequente, preocupado em construir uma sociedade mais justa e mais livre,
que procurou promover os pobres e os marginais e que foi eliminado pelos
poderosos, preocupados em manter o “status quo”.
Estas visões
apresentam Jesus como “um homem” – embora “um homem” excepcional, que marcou a
história e deixou uma recordação imorredoira. Jesus foi, apenas, um “homem” que
deixou a sua pegada na história, como tantos outros que a história absorveu e
digeriu?
Para os discípulos, Jesus foi bem mais do que “um
homem”. Ele foi e é “o Messias, o Filho de Deus vivo”. Defini-l’O dessa forma
significa reconhecer em Jesus o Deus que o Pai enviou ao mundo com uma proposta
de salvação e de vida plena, destinada a todos os homens. A proposta que Ele
apresentou não é apenas uma proposta de “um homem” bom, generoso, clarividente,
que podemos admirar de longe e aceitar ou não; mas é uma proposta de Deus,
destinada a tornar cada homem ou cada mulher uma pessoa nova, capaz de caminhar
ao encontro de Deus e de chegar à vida plena da felicidade sem fim. A diferença
entre o “homem bom” e o “Messias, Filho de Deus”, é a diferença entre alguém a
quem admiramos e que é igual a nós, e alguém que nos transforma, que nos renova
e que nos encaminha para a vida eterna e verdadeira.
“E vós, quem dizeis que Eu sou?” É uma pergunta
que deve, de forma constante, ecoar nos nossos ouvidos e no nosso coração.
Responder a esta questão não significa papaguear lições de catequese ou
tratados de teologia, mas sim interrogar o nosso coração e tentar perceber qual
é o lugar que Cristo ocupa na nossa existência… Responder a esta questão
obriga-nos a pensar no significado que Cristo tem na nossa vida, na atenção que
damos às suas propostas, na importância que os seus valores assumem nas nossas
opções, no esforço que fazemos ou que não fazemos para o seguir… Quem é Cristo para mim?
É sobre a fé
dos discípulos que se constrói a Igreja de Jesus.
O que é a Igreja? O nosso texto responde de forma clara: é a comunidade
dos discípulos que reconhecem Jesus como “o Messias, o Filho de Deus”. Que
lugar ocupa Jesus na nossa experiência de caminhada em Igreja? Porque é que
estamos na Igreja: é por causa de Jesus Cristo, ou é por outras causas?
A Igreja de
Jesus não existe, no entanto, para ficar a olhar para o céu, numa contemplação
estéril e inconsequente do “Messias, Filho de Deus”; mas existe para O
testemunhar e para levar a cada homem e a cada mulher a proposta de salvação
que Cristo veio oferecer. Temos consciência desta dimensão “profética” e
missionária da Igreja?
A comunidade
dos discípulos é uma comunidade organizada e estruturada, onde existem pessoas
que presidem e que desempenham o serviço da autoridade. Essa autoridade não é,
no entanto, absoluta; mas é uma autoridade que deve, constantemente, ser amor e
serviço. Sobretudo, é uma autoridade que deve procurar discernir, em cada
momento, as propostas de Cristo e a interpelação que Ele lança aos discípulos e
a todos os homens.
Fonte: ressumo e adaptação local de um texto de
“dehonianos.org/portal/liturgia”.