sexta-feira, 2 de março de 2018

SÁBADO – 2ª SEMANA DA QUARESMA 3 Março 2018



SÁBADO – 2ª SEMANA DA QUARESMA
3 Março 2018

Primeira leitura: Miqueias 7, 14-15.18-20
Regressado do exílio em Babilónia, o povo de Israel confrontou-se com grandes dificuldades e teve saudades da fartura das terras da Transjordânia, tal como, ao regressar do Egipto, perante as dificuldades do deserto, teve saudades do peixe, dos pepinos, dos melões, dos alhos porros, das cebolas e dos alhos que comia no Egipto (cf. Nm 11, 6). Nesta situação, Miqueias ergue um lamento, quase que uma elegia fúnebre (v. 14): «Mostra-nos os teus prodígios, como nos dias em que nos tiraste do Egipt(J» (v. 15). E entra em cena Aquele que é o protagonista dos grandes eventos salvíficos: Deus preparou um lugar deserto onde, Ele mesmo, apascenta o seu rebanho disperso, que só n ‘ Ele encontra segurança e só n ‘ Ele confia. Então, o profeta entoa um hino cheio de emoção a Deus que perdoa (w. 18-20). Deus é como um pai que se comove diante do sofrimento dos filhos que erraram e sofrem as consequências dos seus erros (v. 19). Como nos tempos do êxodo, levado por um instinto quase materno, Deus usa de compaixão para com o seu povo, apaga as suas culpas e lança-as ao mar, do mesmo modo que nele afogou o faraó e os seus exércitos (cf. Ex 15). A sua fidelidade manifesta-se na gratuidade do perdão, para que o «resto» do seu povo possa manter-se fiel à Aliança (v. 20).
Evangelho: Lucas 15, 1-3.11-32
As parábolas da misericórdia (Lc 15) revelam-nos o rosto do Pai bom, disposto a perdoar, a acolher e a fazer festa com os filhos que reconhecem o seu pecado. Hoje, escutamos a parábola do filho pródigo. Este decide organizar a sua vida segundo os seus projectos, rejeitando os do pai. Por isso, exige ao pai a sua herança. Este termo equivale a vida (v. 12) ou a património. Obtido o que pede, parte e esbanja «tudo quanto possuía (a sua riqueza).. Este filho perde os bens, mas perde, sobretudo, a si mesmo. A experiência da miséria (v. 17) fá-lo cair em si e dar-se conta da desgraça a que o levara a sua vida de estroina. Decide, então, regressar a casa e recomeçar uma vida nova. O pai esperava-o (v. 20), porque nunca tinha deixado o seu coração afastar-se daquele filho. Recebe-o comovido e de braços abertos, restituindo-lhe a dignidade perdida (w. 22-24).
Com esta parábola, Jesus revela o modo de agir do Pai, e o seu, em relação aos pecadores que se aproximam e dão um sinal de arrependimento. Mas os fariseus e os escribas, recusam-se a participar na festa do perdão, como o filho mais velho (v. 29), sempre bem comportado e que, por isso, até se julga credor do pai. O pai não desiste, nem diante deste filho malévolo. Por isso, sai de casa, revelando a todos o amor que sabe esperar, procurar, exortar, porque todos quer abraçar e reunir na sua morada.
Esta parábola é claramente dirigida aos fariseus e escribas que criticavam Jesus pelo modo como lidava e tratava com os pecadores (cf. w 1-3). A intenção principal de Jesus vê-se no fim da narração, na reacção do filho mais velho e nas palavras do Pai, que são a chave de interpretação de toda a parábola. Todos podemos ver-nos num ou noutro filho, no pecador assumido ou no justo presumido. O pai sai sempre ao encontro de um e de outro, quer venha da dispersão, como o filho pródigo, quer venha das regiões de uma falsa justiça ou de uma falsa fidelidade, como o filho mais velho. O importante, para nós, quer venhamos de uma ou de outra situação, é que nos deixemos acolher e abraçar pelo Pai bom, que quer a felicidade de todos os seus filhos.
Talvez seja relativamente fácil ver-nos no filho pródigo. Pode ser mais difícil dar-nos conta de que pensamos e reagimos como o filho mais velho, que contabiliza o que dá ao Pai e o que não recebe d ‘ Ele, tal como contabiliza o que irmão mais novo recebeu, sem dar nada em troca, e até ofendendo o Pai. E clamamos pela injustiça. Pode-se
julgar anormal manifestar tanta bondade a quem cometeu o mal. Mas o Senhor quer fazer-nos compreender que, para quem é fiel a Deus, está reservada uma recompensa ainda maior: não a alegria de receber, mas a alegria de dar. «A felicidade está mais em dar do que em receber» (Act 20, 35).
Esta é, por excelência, a parábola da misericórdia. Mais que «parábola do filho pródigo», deve ser chamada «parábola do Pai misericordioso», do Pai pródigo em misericórdia. Como Ele, havemos de aprender a abrir o coração a todos os irmãos, a estarmos com Ele para acolher os pródigos ou os pretensos justos, a vermos a todos do seu ponto de vista, que não é a justiça fria e cega.
Todo o evangelho de Jesus é uma mensagem de alegria, sobretudo para os pobres, para os infelizes, para os pecadores. A alegria por causa de um pecador que se arrepende é alegria de Deus. "As parábolas de Lc 15 são uma trilogia do perdão e da misericórdia divina e mostram-nos a estreita ligação que há entre o perdão e a alegria, entre a conversão e a festa. Tal como a ovelha tresmalhada ou a dracma perdida são causa de alegria para quem as encontra, assim também exulta de alegria o coração de Deus, quando um dos Seus filhos regressa a Ele. Mais ainda, todo o céu faz festa por um pecador que se converte, porque se trata de um irmão que estava morto e volta à vida, estava perdido e foi encontrado".
Pai misericordioso, que estás sempre à nossa espera, para nos acolher, nos abraçar, nos perdoar e nos restituir a dignidade de filhos, acende em nós a saudade de Ti, do teu amor. Faz-nos voltar à tua intimidade, quer sejamos pródigos dispersos, quer sejamos justos presumidos. Queremos fazer festa Contigo e com todos os teus filhos, nossos irmãos. Queremos aprender que há maior alegria em dar do que em receber. Queremos aprender a ser pródigos em misericórdia para com todos os nossos irmãos, para não termos inveja dos dons que lhes fazes, para sabermos desculpar e perdoar as suas faltas, para sabermos alegrar-nos com eles e Contigo, quando manifestarem algum sinal de arrependimento, alguma vontade de regressarem à casa que, connosco e com eles, queres partilhar.
Fonte:
Resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”

SEXTA-FEIRA – 2ª SEMANA DA QUARESMA - 2 MARÇO 2018



SEXTA-FEIRA – 2ª SEMANA DA QUARESMA - 2 MARÇO 2018
Primeira leitura: Génesis 37, 3-4.12-13a.17b-28
A história de José é mais um exemplo de como Deus escolhe os «pequenos» (v. 3) para realizar os seus projectos de salvação. Essas escolhas de Deus suscitam, muitas vezes, o ódio e a inveja (v. 4) que levam ao afastamento, se não mesmo à eliminação, do predilecto (w. 20.28).
A história tem evidentes objectivos didácticos. A sua composição, a partir de legendas com origem em diferentes tradições literárias da Bíblia explica algumas divergências como a iniciativa de salvar José ora atribuída a Ruben (v. 21), ora atribuída a Judá (w. 26s.). Há, em toda a história, um horizonte de optimismo e universalidade (v. 28): dentro das intrigas e contendas tribais, actua a invisível providência de Deus (cf. 45, 7; 50, 20), que conduz o seu eleito por aparentes caminhos de morte, mas que acaba por ser salvo e salvar a todos. José é um homem permanentemente atento aos sinais da vontade de Deus, mesmo durante os sonhos, que aprende a interpretar (cf. v. 19). A túnica de príncipe separa-o dos irmãos, cavando uma profunda incomunicabilidade entre eles (v. 4).
José é figura de Cristo: a sua perseguição e o seu sangue são o preço que o pai tem de pagar para abraçar, num só amplexo, todos os filhos, já não unidos pela corresponsabilidade no mal (v. 25), mas pelo beijo de paz que, com o perdão (cf. 45, 15), lhes é oferecido pelo irmão inocente.
Evangelho: Mateus 21, 33-43.45-46
Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos são os vinhateiros que têm o privilégio de cultivar a vinha predilecta de Deus, o povo de Israel. No momento da colheita, em vez de apresentarem os frutos ao dono, que é Deus, querem apropriar-se deles e maltratam os profetas que lhes são enviados. «Finalmente, Deus envia-lhes o seu próprio Filho, que é Jesus que lhes está a falar. É a última oportunidade que Deus lhes oferece para que se tornem seus colaboradores na obra da salvação. Mas acontece exactamente o que a parábola dizia sobre os vinhateiros malvados: compreenderam que eram eles os visados e procuravam prende-a ‘O (cf. vv. 45-46). E, conduzidos habilmente por Jesus, são eles mesmos que tiram as consequências de um tal acto: o dono, que é Deus, «Dará morte afrontosa aos malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros que lhe entregarão os frutos na altura devida» (v. 41).
Quando Mateus escreve este evangelho, já se tinham verificado a alegoria de Isaías e a profecia de Jesus: os chefes do povo de Israel tinham efectivamente matado o Filho fora da vinha – fora dos muros de Jerusalém – e a cidade santa já tinha sido destruída por Tito, no ano 70, e caído em mãos estrangeiras, o império romano. Os novos vinhateiros, os pagãos convertidos, cultivavam a nova vinha, a Igreja, dando a Deus abundantes frutos, com adesões cada vez mais numerosas à fé cristã.
José, de quem nos fala a primeira leitura, é uma impressionante figura de Jesus, tal como o filho herdeiro de que nos fala o evangelho. Em ambas as leituras escutamos já o «Crucifica-O». «Eis que se aproxima o homem dos sonhos. Vamos matemo-lo», disseram os irmãos de José; «Este é o herdeiro. Matemo-lo», disseram os vinhateiros malvados. O único protagonista é, portanto, Jesus, escondido na figura de José e na figura do filho herdeiro da parábola. Estes textos fazem-nos pensar nos sofrimentos do Coração de Jesus, morto por inveja, como nos referem os relatos da paixão. Foi a inveja que mobilizou a má vontade dos irmãos contra José e a dos vinhateiros contra o filho herdeiro da parábola.
Mas também se fala de nós nas leituras que escutamos hoje. Jesus é o protagonista. Mas nós também entramos na sua história. Somos os irmãos, somos os vinhateiros malvados. Mas não devemos desesperar com os nossos pecados. Na história de José, a inveja foi maravilhosamente vencida: no Egipto, José não puniu os irmãos, mas salvou-os. Soube ler a história das suas tribulações, do seu exílio, como preparação, querida por Deus, para poder salvar os seus irmãos e todo o seu povo no tempo da carestia. Jesus também venceu a inveja aceitando tornar-se o último de todos. Quando O contemplamos na cruz, não podemos dizer que cause inveja a alguém! Pondo-se no último lugar, Jesus revelou o seu poder. O domínio que o Pai lhe prometeu é um domínio de amor, no serviço de todos.
Ao escutarmos as leituras de hoje, não devemos, portanto, sentir-nos condenados, mas devemos erguer os olhos mais alto, para o coração do Pai. Jesus veio revela-lo. É Ele, o Pai, que, por amor, envia Jesus, como fora enviado José, a «procurar os irmãos» (cf. Gn 37, 16). A predilecção de Israel por José, ou do Pai por Jesus, não é mais do que uma particular participação no amor paterno. É esse amor, que tem origem no coração do Pai, que os torna diferentes e capazes de vencer a inveja, o ódio e a rivalidade, com o perdão.
Senhor Jesus, quanto me impressionam a história de José e a parábola dos vinhateiros malvados! Em José, e no filho herdeiro, vejo-Te a Ti mesmo, enviado pelo Pai, a reunir os seus filhos dispersos, a procurar os teus irmãos. Eu também sou um desses filhos, um dos teus irmãos. Contemplo-Te, vítima da inveja e do ódio, e penso nos sofrimentos do teu Coração sensível e inocente. Contemplo o amor obediente com que realizaste o projecto do Pai e nos alcançaste o perdão e a graça de uma vida nova. Um amor verdadeiramente vencedor! Por isso, Te peço: purifica o meu coração de todo o sentimento de inveja e de ciúme, e enche-me de mansidão e humildade para, Contigo, estar ao serviço de todos os irmãos.
Quem vem? O irmão ao seu irmão culpado, para o reconduzir e lhe perdoar. – Sim, embora Deus, não se envergonhe de nos chamar seus irmãos:. S. Paulo exprime abundantemente a sua admiração sobre este assunto, nos primeiros capítulos da sua carta aos Hebreus. «Outrora, diz, Deus falou aos nossos pais pelos profetas, mas nos nossos dias foi pelo seu próprio Filho, que criou o mundo com ele e que o fez herdeiro de todas as coisas. Ele é o esplendor da sua glória e imagem da sua substância; tudo sustém pelo poder da sua palavra, e depois de nos ter purificado dos nossos pecados, sentou-se no mais alto dos céus, à direita da Majestade divina, sendo também elevado acima dos anjos que o seu nome comporta, porque quem é o anjo ao qual Deus tenha alguma vez dito: Vós sois meu Filho, hoje vos gerei, e ainda: serei o seu Pai e ele será meu Filho? … A Escritura diz dos anjos que Deus os fez seus ministros, mas diz ao Filho de Deus: o vosso trono, ó Deus, será um trono eterno … E, noutro lugar, reconhecendo-o como Criador de todas as coisas, ela diz-lhe: Senhor, criastes a terra desde o começo do mundo … Também, quem é o anjo ao qual o Senhor tenha dito: Sentai-vos à minha direita até que eu tenha reduzido os vossos inimigos a servir de escabelo? …
«Entretanto o seu Filho adorável, Deus tornou-o por um pouco de tempo inferior aos anjos, tornando-o passível e mortal, mas em seguida coroou-o de glória e de honra.
Era digno de Deus que, para conduzir à glória os seus filhos, consumisse pelos sofrimentos aquele de entre eles que devia ser o autor da sua salvação. Porque o Salvador e os resgatados são da mesma raça humana e não se envergonha de os chamar seus irmãos … ».
Fonte: Resumo e adaptação de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”

quinta-feira, 1 de março de 2018

QUINTA-FEIRA – 2ª SEMANA DA QUARESMA ~ 1 Março 2018

QUINTA-FEIRA – 2ª SEMANA DA QUARESMA ~ 1 Março 2018
Primeira leitura: Jeremias 17, 5-10
Jeremias oferece-nos duas sentenças sapienciais. Servindo-se da contraposição, aponta claramente onde está, para o homem, a maldição cujo resultado é a morte (w. 5- 8), e onde está a bênção cujo resultado é a vida. O ímpio é aquele que, ainda antes de praticar o mal, apenas confia no que é humano e se afasta interiormente do Senhor. O resultado só pode ser a prática do mal. Aquilo em que o homem põe a sua confiança é como o terreno donde uma árvore retira o alimento. Por isso, o ímpio é comparado a um cardo do deserto que não pode dar fruto nem durar muito (v. 6). O homem piedoso também se caracteriza, em primeiro lugar, pela sua atitude de confiança diante de Deus. Por isso, é comparado a uma árvore plantada junto de um rio: não há-de morrer de sede, nem será estéril (w. 9ss.).
Na segunda sentença, o profeta insiste na importância do «coração», centro das decisões e da afectividade do homem. Só Deus experimenta e avalia com justiça os comportamentos e os frutos de cada um dos homens, porque, só Ele conhece de verdade o coração do homem e o pode curar.
Evangelho: Lucas 16,19-31
S. Lucas recolhe, no capítulo 16 do seu evangelho, os ensinamentos de Jesus sobre as riquezas. A parábola, que hoje escutamos, ensina-nos a considerar a nossa condição actual à luz da condição eterna. A sorte pode inverter-se. E seguem algumas aplicações práticas (v. 25). Jesus fala-nos de um homem rico que «fazia todos os dias esplêndidos banquete» e de um pobre significativamente chamado Lázaro (termo que significa Deus ajuda). Atormentado pela fome e pela doença, permanece à porta do rico, à espera de alguma migalha. Os cães comovem-se com Lázaro; mas o rico permanece indiferente.
Chega porém o dia da morte, a que ninguém escapa. E inverte-se a situação.
Jesus levanta um pouco o véu do tempo para nos fazer entrever o banquete eterno, anunciado pelos profetas. Lázaro é conduzido pelos anjos a um lugar de honra, nesse banquete, enquanto o rico é sepultado no inferno. Do lugar dos tormentos, o rico vê Lázaro e atreve-se a pedir, por meio dele, um mínimo gesto de conforto (v. 24). Mas as opções desta vida tornam definitiva e imutável a condição eterna (v. 26). Nem o milagre da ressurreição de um morto, diz Jesus, aludindo a Si mesmo, podem sacudir um coração endurecido que se recusa a escutar o que o Senhor permanentemente ensina por meio das Escrituras (w. 27-31).
Hoje, tanto a primeira leitura como o evangelho, com imagens muito simples mas pintadas a cores fortes, nos colocam perante o facto de que é nesta vida que decidimos o nosso destino eterno, a vida ou a morte, sem outras possibilidades. Aquele que, nesta vida, põe a sua confiança nos meios humanos e nas coisas materiais e, sobretudo, aquele que se afasta do Senhor, e organiza a própria existência independentemente de Deus.
O apego a uma felicidade egoísta leva à cegueira, que não permite ver para além do imediato, do material. Não permite ver a Deus, nem a caducidade da nossa actual condição, como não permite ver as necessidades dos pobres que jazem à nossa porta. Aquele que confia no Senhor, reconhecendo a sua condição de criatura, dependente e amada por Ele, é «bendito», Leva no coração uma semente de eternidade que florescerá em felicidade e paz eternas.
Por outro lado, a verdadeira confiança em Deus é sempre acompanhada pela solidariedade com os pobres, com pobres que o são materialmente, com os que o são espiritualmente, mas também com os doentes, com vítimas de contrariedades e opressões de qualquer espécie. Tanto Jeremias como Jesus nos ensinam tudo isto, não de modo abstracto, mas com imagens expressivas como a da árvore plantada no deserto ou junto de um rio ou como o pobre Lázaro.
O pobre Lázaro caracteriza-se pelo silêncio, tanto diante das provações da vida como diante da falta de atenção daqueles de quem esperava ajuda. Não grita contra Deus nem contra os homens. Permanece silencioso e paciente no seu sofrimento físico, psicológico e espiritual, confiando em Deus.
Finalmente surge a morte e tudo se transforma. Levado pelos anjos para o seio de Abraão, continua em silêncio. No seu rosto, primeiro sereno e confiante, e agora glorioso, transparece outro Rosto, o de Jesus, que se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza. Sendo de condição divina, por nosso amor, assumiu a condição humana, para que pudéssemos participar da sua condição divina. Sendo rico fez-Se pobre, homem pobre, para que todos pudéssemos participar da sua riqueza.
Senhor Jesus, que sendo rico Te fizeste pobre por nosso amor, para nos tornar participantes da tua riqueza, dá-nos um coração de pobre que confie apenas em Ti e saiba ser solidário com todos os lázaros desta pobre humanidade. Que jamais caiamos na tentação de cortar relações com eles nesta vida terrena, para que possamos tê-Ias, com eles e Contigo, na vida eterna.
Durante esta Quaresma, queremos colocar-nos entre os pobres e pecadores, não para sermos coniventes e cúmplices no pecado, mas para sentirmos verdadeira necessidade da tua graça, e caminharmos para Ti certos de que seremos libertados das nossas culpas. Confiamos em Ti, Senhor, jamais seremos confundidos.
Quem vem? É o rico herdeiro de seu Pai, que vem despojar-se para nos enriquecer. – «Vós sabeis, diz S. Paulo, qual é a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo rico, se fez pobre por amor de nós, para que nos tornássemos ricos pela sua pobreza» (2Cor 8).
Senhor, sou um pobre mendigo todo coberto de úlceras, como este Lázaro que descrevestes no Evangelho (Lc 16). Esperava à porta do mau rico e teria sido feliz por receber os restos ou as migalhas do festim.
Mas eu sou mais feliz do que Lázaro, porque me dirijo a um bom rico, a um rico, cujo Coração está repleto de misericórdia e de generosidade. Vós sois este rico. Diante do tabernáculo, estou à vossa porta. Não são apenas as migalhas que me dareis. Ofereceis-me todo o tesouro dos vossos méritos. Despojastes-vos para me enriquecerdes, tudo sacrificastes por mim. Desposastes a pobreza, a humildade, os desprezos, os sofrimentos, para pagardes todas as minhas dívidas e para me enriquecerdes com os vossos sacrifícios.

Fonte: 
Resumo e adaptação local de um texto de "dehonianos.org/portal/liturgia"

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

QUARTA-FEIRA – 2ª SEMANA DA QUARESMA 28 Fevereiro 2018 Primeira leitura: Jeremias 18, 18-20 O versículo 18 situa o texto que hoje escutamos. Jeremias está novamente sob ameaça de morte (cf. Jer 11, 18s.). Agora são os próprios chefes de Israel que tentam reduzi-lo ao silêncio. Daí a dureza da invocação de vingança que, de acordo com a lei vetero-testamentária de Talião, sai da boca do profeta. Mas o nosso texto omite esses versículos, orientando-nos, sim, para a escuta do evangelho. Jeremias é tipo do Servo sofredor (cf. Is 53, 8-10) e é perseguido por causa da fidelidade à sua vocação e do seu amor ao povo. Jeremias abandona-se confiadamente a Deus, de quem espera a salvação. Tudo aquilo que o profeta faz por amor do seu povo, e diz na sua oração, irá realizar-se de modo perfeito no verdadeiro Servo sofredor, Jesus. Ele será morto pelos chefes do povo. Mas não pedirá vingança a Deus; pedirá perdão para os seus inimigos, e oferecerá livremente a vida em favor daqueles que O crucificam. Evangelho: Mateus 20, 17-28 Jesus sobe a Jerusalém consciente daquilo que lá O espera. Pela terceira, vez fala aos discípulos da sua paixão. Fala claramente. Para espanto e confusão dos seus contemporâneos, identifica-se com o Filho do homem, figura celeste e gloriosa esperada para instaurar o reino escatológico de Deus, mas também se identifica com outra figura, de sinal aparentemente oposto, a do Servo sofredor. Os discípulos não conseguem compreender e aceitar tais perspectivas e preferem cultivar as de sucesso e poder (vv. 20-23). Jesus explica-lhes, mais uma vez, o sentido da sua missão e o sentido do seguimento que lhes propõe: Ele veio para «beber o cálic(!» (v. 22), termo que, na linguagem dos profetas, indica a punição divina a reservada aos pecadores. Quem aspira aos lugares mais elevados no Reino, terá que, como Ele, estar pronto a expiar o pecado do mundo. É mesmo o único privilégio que pode oferecer, porque não Lhe compete distribuir lugares no Reino. Ele é o Filho de Deus, mas não veio para dominar. Veio para servir como o Servo de Javé, oferecendo a sua vida em resgate para que os homens, escravos do pecado e sujeitos à morte, sejam libertados. À mãe dos filhos de Zebedeu, que pensava que a vida vale pelos lugares que se ocupam na sociedade, pelo poder de que se dispõe, o profeta Jeremias e, sobretudo, Jesus oferecem o exemplo de uma vida gasta no serviço, por amor. Não é fácil compreender uma tal perspectiva. Jesus vê-se na necessidade de, por três vezes, preparar e anunciar aos discípulos a sua paixão, dizendo-lhes que será preso, condenado, escarnecido, crucificado. Mas eles continuam a procurar satisfazer as suas ambições. Hoje, são os filhos de Zebedeu que, por meio da mãe, tentam a sua sorte. Jesus tinha falado de humilhações. Eles pedem honras, lugares de privilégio: sentar-se «um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino. (v. 21). Isto mostra-nos a necessidade da paixão. Só ela poderia mudar o coração do homem. Não eram suficientes palavras, mesmo que fossem as de Jesus. A paixão de Jesus revela-nos onde se encontra a verdadeira alegria, a verdadeira glória, a verdadeira vida: servir, amar como Ele, até ao sacrifício da própria vida pelos outros vistos como mais importantes do que nós mesmos. Isto pressupõe a humildade, virtude que torna verdadeiro todo o gesto de amor e o liberta de equívocos, da busca dos interesses. Foi o caminho do profeta Jeremias. Só depois de o percorrer, descobriu o seu verdadeiro significado. Por isso, gritava a Deus: «É assim que se paga o bem com o met;» (v. 20). Também no caminho espiritual de cada um de nós, a provação é importante para nos transformar interiormente. Depois, dela já não ambicionamos a satisfação terrena que antes procurávamos. E, se a vivemos unidos a Cristo, d ‘ Ele recebemos a força para realizar o bem incondicionalmente, sabendo que não se perderá, mas que, a seu tempo, dará fruto: depois da paixão e da morte, vem a ressurreição (cf. Mt 20, 18ss.). O serviço humilde, até ao fim, motivado pelo amor, conduz à vida, a glória eterna. O Espírito faz-nos superar o nosso egoísmo ou amor de exigência e impele-nos para o amor oblativo; faz-nos ultrapassar a busca dos interesses e comodidades pessoais, para actuar conforme a justiça em relação a cada uma das pessoas e em relação à comunidade, para não violarmos os seus direitos. O Espírito impele-nos a dar-nos aos outros, especialmente aos mais pobres e marginalizados, não só com aquilo que temos, mas também com aquilo que somos: tempo, capacidades, cultura, etc. O Espírito leva-nos à vida de amor e serviço desinteressado, mas também universal, porque deita por terra todas as barreiras de raça, de cultura, de sexo: "Todos os que fostes baptizados em Cristo, vos revestistes de Cristo. Não há judeu nem grego; não há servo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo’ (Gal 3, 27-28). Obrigado Senhor Jesus, porque, com doçura e firmeza nos conduziste pelo caminho da cruz. Quando nos apontas o Calvário, talvez nos escandalizemos como Pedro, talvez discutamos entre nós sobre quem é o maior, talvez Te apresentemos pedidos de privilégio e de poder. Tem paciência connosco, diz-nos e repete-nos que a verdadeira grandeza está em servir e em dar a vida pelos amigos e inimigos. Como bom pedagogo, conduz-nos pela mão pelas várias etapas, rumo à vida, à alegria eterna. Contigo saberemos passar pelas provações, beber o cálice e aguardar a recompensa que só o Pai nos destina e quer dar. O importante é aprendermos Contigo a amar e a servir até dar a vida para que todos experimentem a graça da para redenção. Tiago e João tinham um ardor exuberante. Nosso Senhor formou-os. Para os advertir dos seus defeitos, tratava-os como Tiago e João. Um dia propõem a Jesus que faça cair um raio sobre toda uma cidade de Samaritanos que não tinha querido receber o Salvador e os seus. «Não sabeis de que espírito sois, diz Nosso Senhor. Deus é paciente, espera os pecadores e trata-os com misericórdia». Noutro dia os dois irmãos vêm com sua mãe pedir a Nosso Senhor o primeiro lugar no reino de Deus. «Estas honras, diz Nosso Senhor, dependem dos desígnios da Providência; mas em todo o caso, para ter um bom lugar no reino de Deus é preciso beber o cálice do sacrifício». Fonte: Resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/pottal/liturgia”




QUARTA-FEIRA – 2ª SEMANA DA QUARESMA
28 Fevereiro 2018
Primeira leitura: Jeremias 18, 18-20
O versículo 18 situa o texto que hoje escutamos. Jeremias está novamente sob ameaça de morte (cf. Jer 11, 18s.). Agora são os próprios chefes de Israel que tentam reduzi-lo ao silêncio. Daí a dureza da invocação de vingança que, de acordo com a lei vetero-testamentária de Talião, sai da boca do profeta. Mas o nosso texto omite esses versículos, orientando-nos, sim, para a escuta do evangelho.
Jeremias é tipo do Servo sofredor (cf. Is 53, 8-10) e é perseguido por causa da fidelidade à sua vocação e do seu amor ao povo. Jeremias abandona-se confiadamente a Deus, de quem espera a salvação.
Tudo aquilo que o profeta faz por amor do seu povo, e diz na sua oração, irá realizar-se de modo perfeito no verdadeiro Servo sofredor, Jesus. Ele será morto pelos chefes do povo. Mas não pedirá vingança a Deus; pedirá perdão para os seus inimigos, e oferecerá livremente a vida em favor daqueles que O crucificam.
Evangelho: Mateus 20, 17-28
Jesus sobe a Jerusalém consciente daquilo que lá O espera. Pela terceira, vez fala aos discípulos da sua paixão. Fala claramente. Para espanto e confusão dos seus contemporâneos, identifica-se com o Filho do homem, figura celeste e gloriosa esperada para instaurar o reino escatológico de Deus, mas também se identifica com outra figura, de sinal aparentemente oposto, a do Servo sofredor.
Os discípulos não conseguem compreender e aceitar tais perspectivas e preferem cultivar as de sucesso e poder (vv. 20-23). Jesus explica-lhes, mais uma vez, o sentido da sua missão e o sentido do seguimento que lhes propõe: Ele veio para «beber o cálic(!» (v. 22), termo que, na linguagem dos profetas, indica a punição divina a reservada aos pecadores.
Quem aspira aos lugares mais elevados no Reino, terá que, como Ele, estar pronto a expiar o pecado do mundo. É mesmo o único privilégio que pode oferecer, porque não Lhe compete distribuir lugares no Reino. Ele é o Filho de Deus, mas não veio para dominar. Veio para servir como o Servo de Javé, oferecendo a sua vida em resgate para que os homens, escravos do pecado e sujeitos à morte, sejam libertados.
À mãe dos filhos de Zebedeu, que pensava que a vida vale pelos lugares que se ocupam na sociedade, pelo poder de que se dispõe, o profeta Jeremias e, sobretudo, Jesus oferecem o exemplo de uma vida gasta no serviço, por amor.
Não é fácil compreender uma tal perspectiva. Jesus vê-se na necessidade de, por três vezes, preparar e anunciar aos discípulos a sua paixão, dizendo-lhes que será preso, condenado, escarnecido, crucificado.
Mas eles continuam a procurar satisfazer as suas ambições. Hoje, são os filhos de Zebedeu que, por meio da mãe, tentam a sua sorte. Jesus tinha falado de humilhações. Eles pedem honras, lugares de privilégio: sentar-se «um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino. (v. 21).
Isto mostra-nos a necessidade da paixão. Só ela poderia mudar o coração do homem. Não eram suficientes palavras, mesmo que fossem as de Jesus. A paixão de Jesus revela-nos onde se encontra a verdadeira alegria, a verdadeira glória, a verdadeira vida: servir, amar como Ele, até ao sacrifício da própria vida pelos outros vistos como mais importantes do que nós mesmos. Isto pressupõe a humildade, virtude que torna verdadeiro todo o gesto de amor e o liberta de equívocos, da busca dos interesses. Foi o caminho do profeta Jeremias.
Só depois de o percorrer, descobriu o seu verdadeiro significado. Por isso, gritava a Deus: «É assim que se paga o bem com o met;» (v. 20).
Também no caminho espiritual de cada um de nós, a provação é importante para nos transformar interiormente. Depois, dela já não ambicionamos a satisfação terrena que antes procurávamos. E, se a vivemos unidos a Cristo, d ‘ Ele recebemos a força para realizar o bem incondicionalmente, sabendo que não se perderá, mas que, a seu tempo, dará fruto: depois da paixão e da morte, vem a ressurreição (cf. Mt 20, 18ss.). O serviço humilde, até ao fim, motivado pelo amor, conduz à vida, a glória eterna.
O Espírito faz-nos superar o nosso egoísmo ou amor de exigência e impele-nos para o amor oblativo; faz-nos ultrapassar a busca dos interesses e comodidades pessoais, para actuar conforme a justiça em relação a cada uma das pessoas e em relação à comunidade, para não violarmos os seus direitos.
O Espírito impele-nos a dar-nos aos outros, especialmente aos mais pobres e marginalizados, não só com aquilo que temos, mas também com aquilo que somos: tempo, capacidades, cultura, etc.
 O Espírito leva-nos à vida de amor e serviço desinteressado, mas também universal, porque deita por terra todas as barreiras de raça, de cultura, de sexo:
"Todos os que fostes baptizados em Cristo, vos revestistes de Cristo. Não há judeu nem grego; não há servo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo’ (Gal 3, 27-28).
Obrigado Senhor Jesus, porque, com doçura e firmeza nos conduziste pelo caminho da cruz. Quando nos apontas o Calvário, talvez nos escandalizemos como Pedro, talvez discutamos entre nós sobre quem é o maior, talvez Te apresentemos pedidos de privilégio e de poder.
Tem paciência connosco, diz-nos e repete-nos que a verdadeira grandeza está em servir e em dar a vida pelos amigos e inimigos. Como bom pedagogo, conduz-nos pela mão pelas várias etapas, rumo à vida, à alegria eterna.
Contigo saberemos passar pelas provações, beber o cálice e aguardar a recompensa que só o Pai nos destina e quer dar. O importante é aprendermos Contigo a amar e a servir até dar a vida para que todos experimentem a graça da para redenção.
Tiago e João tinham um ardor exuberante. Nosso Senhor formou-os. Para os advertir dos seus defeitos, tratava-os como Tiago e João. Um dia propõem a Jesus que faça cair um raio sobre toda uma cidade de Samaritanos que não tinha querido receber o Salvador e os seus. «Não sabeis de que espírito sois, diz Nosso Senhor.
Deus é paciente, espera os pecadores e trata-os com misericórdia». Noutro dia os dois irmãos vêm com sua mãe pedir a Nosso Senhor o primeiro lugar no reino de Deus. «Estas honras, diz Nosso Senhor, dependem dos desígnios da Providência; mas em todo o caso, para ter um bom lugar no reino de Deus é preciso beber o cálice do sacrifício».
Fonte:
Resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/pottal/liturgia”
Primeira leitura: Jeremias 18, 18-20
O versículo 18 situa o texto que hoje escutamos. Jeremias está novamente sob ameaça de morte (cf. Jer 11, 18s.). Agora são os próprios chefes de Israel que tentam reduzi-lo ao silêncio. Daí a dureza da invocação de vingança que, de acordo com a lei vetero-testamentária de Talião, sai da boca do profeta. Mas o nosso texto omite esses versículos, orientando-nos, sim, para a escuta do evangelho.
Jeremias é tipo do Servo sofredor (cf. Is 53, 8-10) e é perseguido por causa da fidelidade à sua vocação e do seu amor ao povo. Jeremias abandona-se confiadamente a Deus, de quem espera a salvação.
Tudo aquilo que o profeta faz por amor do seu povo, e diz na sua oração, irá realizar-se de modo perfeito no verdadeiro Servo sofredor, Jesus. Ele será morto pelos chefes do povo. Mas não pedirá vingança a Deus; pedirá perdão para os seus inimigos, e oferecerá livremente a vida em favor daqueles que O crucificam.
Evangelho: Mateus 20, 17-28
Jesus sobe a Jerusalém consciente daquilo que lá O espera. Pela terceira, vez fala aos discípulos da sua paixão. Fala claramente. Para espanto e confusão dos seus contemporâneos, identifica-se com o Filho do homem, figura celeste e gloriosa esperada para instaurar o reino escatológico de Deus, mas também se identifica com outra figura, de sinal aparentemente oposto, a do Servo sofredor.
Os discípulos não conseguem compreender e aceitar tais perspectivas e preferem cultivar as de sucesso e poder (vv. 20-23). Jesus explica-lhes, mais uma vez, o sentido da sua missão e o sentido do seguimento que lhes propõe: Ele veio para «beber o cálic(!» (v. 22), termo que, na linguagem dos profetas, indica a punição divina a reservada aos pecadores.
Quem aspira aos lugares mais elevados no Reino, terá que, como Ele, estar pronto a expiar o pecado do mundo. É mesmo o único privilégio que pode oferecer, porque não Lhe compete distribuir lugares no Reino. Ele é o Filho de Deus, mas não veio para dominar. Veio para servir como o Servo de Javé, oferecendo a sua vida em resgate para que os homens, escravos do pecado e sujeitos à morte, sejam libertados.
À mãe dos filhos de Zebedeu, que pensava que a vida vale pelos lugares que se ocupam na sociedade, pelo poder de que se dispõe, o profeta Jeremias e, sobretudo, Jesus oferecem o exemplo de uma vida gasta no serviço, por amor.
Não é fácil compreender uma tal perspectiva. Jesus vê-se na necessidade de, por três vezes, preparar e anunciar aos discípulos a sua paixão, dizendo-lhes que será preso, condenado, escarnecido, crucificado.
Mas eles continuam a procurar satisfazer as suas ambições. Hoje, são os filhos de Zebedeu que, por meio da mãe, tentam a sua sorte. Jesus tinha falado de humilhações. Eles pedem honras, lugares de privilégio: sentar-se «um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino. (v. 21).
Isto mostra-nos a necessidade da paixão. Só ela poderia mudar o coração do homem. Não eram suficientes palavras, mesmo que fossem as de Jesus. A paixão de Jesus revela-nos onde se encontra a verdadeira alegria, a verdadeira glória, a verdadeira vida: servir, amar como Ele, até ao sacrifício da própria vida pelos outros vistos como mais importantes do que nós mesmos. Isto pressupõe a humildade, virtude que torna verdadeiro todo o gesto de amor e o liberta de equívocos, da busca dos interesses. Foi o caminho do profeta Jeremias.
Só depois de o percorrer, descobriu o seu verdadeiro significado. Por isso, gritava a Deus: «É assim que se paga o bem com o met;» (v. 20).
Também no caminho espiritual de cada um de nós, a provação é importante para nos transformar interiormente. Depois, dela já não ambicionamos a satisfação terrena que antes procurávamos. E, se a vivemos unidos a Cristo, d ‘ Ele recebemos a força para realizar o bem incondicionalmente, sabendo que não se perderá, mas que, a seu tempo, dará fruto: depois da paixão e da morte, vem a ressurreição (cf. Mt 20, 18ss.). O serviço humilde, até ao fim, motivado pelo amor, conduz à vida, a glória eterna.
O Espírito faz-nos superar o nosso egoísmo ou amor de exigência e impele-nos para o amor oblativo; faz-nos ultrapassar a busca dos interesses e comodidades pessoais, para actuar conforme a justiça em relação a cada uma das pessoas e em relação à comunidade, para não violarmos os seus direitos.
O Espírito impele-nos a dar-nos aos outros, especialmente aos mais pobres e marginalizados, não só com aquilo que temos, mas também com aquilo que somos: tempo, capacidades, cultura, etc.
 O Espírito leva-nos à vida de amor e serviço desinteressado, mas também universal, porque deita por terra todas as barreiras de raça, de cultura, de sexo:
"Todos os que fostes baptizados em Cristo, vos revestistes de Cristo. Não há judeu nem grego; não há servo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo’ (Gal 3, 27-28).
Obrigado Senhor Jesus, porque, com doçura e firmeza nos conduziste pelo caminho da cruz. Quando nos apontas o Calvário, talvez nos escandalizemos como Pedro, talvez discutamos entre nós sobre quem é o maior, talvez Te apresentemos pedidos de privilégio e de poder.
Tem paciência connosco, diz-nos e repete-nos que a verdadeira grandeza está em servir e em dar a vida pelos amigos e inimigos. Como bom pedagogo, conduz-nos pela mão pelas várias etapas, rumo à vida, à alegria eterna.
Contigo saberemos passar pelas provações, beber o cálice e aguardar a recompensa que só o Pai nos destina e quer dar. O importante é aprendermos Contigo a amar e a servir até dar a vida para que todos experimentem a graça da para redenção.
Tiago e João tinham um ardor exuberante. Nosso Senhor formou-os. Para os advertir dos seus defeitos, tratava-os como Tiago e João. Um dia propõem a Jesus que faça cair um raio sobre toda uma cidade de Samaritanos que não tinha querido receber o Salvador e os seus. «Não sabeis de que espírito sois, diz Nosso Senhor.
Deus é paciente, espera os pecadores e trata-os com misericórdia». Noutro dia os dois irmãos vêm com sua mãe pedir a Nosso Senhor o primeiro lugar no reino de Deus. «Estas honras, diz Nosso Senhor, dependem dos desígnios da Providência; mas em todo o caso, para ter um bom lugar no reino de Deus é preciso beber o cálice do sacrifício».
Fonte:
Resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/pottal/liturgia”