SOLENIDADE
DA SANTÍSSIMA TRINDADE
A Solenidade
que hoje celebramos não é um convite a decifrar o mistério que se esconde por
detrás de “um Deus em três pessoas”; mas é um convite a contemplar o Deus que é
amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer
comungar nesse mistério de amor.
Na primeira leitura (Ex 34,4b-6.8-9), o Deus da comunhão e da aliança, apostado em estabelecer laços familiares com o homem, auto-apresenta-Se: Ele é clemente e compassivo, lento para a ira e rico de misericórdia.
Na segunda leitura, Paulo expressa – através da
fórmula litúrgica “a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão
do Espírito Santo estejam convosco” – a realidade de um Deus que é comunhão,
que é família e que pretende atrair os homens para essa dinâmica de amor.
• Deus é
sempre, para o homem, o mistério que a “nuvem” esconde e revela: detectamos a
sua presença, mas s
em O ver; percebemos a sua proximidade, sem conseguirmos definir os contornos do seu rosto. A ânsia do homem em penetrar o mistério de Deus leva-o, com frequência, a inventar rostos de Deus; mas, muitas vezes, esses rostos são apenas a projecção dos sonhos, dos anseios, das necessidades e até dos defeitos dos homens e têm pouco a ver com a realidade de Deus. Para entrarmos no mistério de Deus, é preciso estabelecermos com Ele uma relação de proximidade, de comunhão, de intimidade que nos leve ao encontro da sua voz, dos seus valores, dos seus desafios (“subir ao monte”). Procuro, dia a dia, “subir ao monte” da “aliança” e estabelecer comunhão com Deus através do diálogo com Ele (oração) e da escuta da sua Palavra?
em O ver; percebemos a sua proximidade, sem conseguirmos definir os contornos do seu rosto. A ânsia do homem em penetrar o mistério de Deus leva-o, com frequência, a inventar rostos de Deus; mas, muitas vezes, esses rostos são apenas a projecção dos sonhos, dos anseios, das necessidades e até dos defeitos dos homens e têm pouco a ver com a realidade de Deus. Para entrarmos no mistério de Deus, é preciso estabelecermos com Ele uma relação de proximidade, de comunhão, de intimidade que nos leve ao encontro da sua voz, dos seus valores, dos seus desafios (“subir ao monte”). Procuro, dia a dia, “subir ao monte” da “aliança” e estabelecer comunhão com Deus através do diálogo com Ele (oração) e da escuta da sua Palavra?
• No nosso
texto, Deus apresenta-Se. Fundamentalmente, Ele define-Se como o Deus da
relação e da comunhão. Deixa claro que é um Deus “com coração” – e com um
coração cheio de amor, de bondade, de ternura, de misericórdia, de fidelidade.
Apesar de o seu Povo ter violado os compromissos que assumiu, Deus não só
perdoa o pecado do Povo, mas propõe o refazer da “aliança”: é que, acima de
tudo, este Deus do amor preza a comunhão com o homem: o seu objectivo é integrar
os homens na família de Deus. É este Deus em que eu acredito? É deste Deus que
eu dou testemunho?
• Deus, da
sua parte, faz tudo para viver em comunhão com o homem. No entanto, respeita,
de forma absoluta, a liberdade do homem. Eu sou livre de aceitar, ou não, a
proposta de “aliança” que Deus me faz. Como é que eu respondo ao Deus da
“aliança”? Eu aceito esta vontade que Ele manifesta de viver em relação de
comunhão comigo? O que é que eu faço para responder a este desafio?
• A
comunidade cristã é convidada a descobrir que Deus é amor. A fórmula “Pai,
Filho e Espírito Santo” expressa essa realidade de Deus como amor, como
família, como comunidade.
• Os membros
da comunidade cristã, que pelo baptismo aderiram ao projecto de salvação que
Deus apresentou aos homens em Jesus e cuja caminhada é animada pelo Espírito,
são convidados a integrarem esta comunidade de amor. O fim último da nossa
caminhada é a pertença à família trinitária.
• Esta
“vocação” deve expressar-se na nossa vida comunitária. A nossa relação com os
irmãos deve reflectir o amor, a ternura, a misericórdia, a bondade, o perdão, o
serviço, que são as consequências práticas do nosso compromisso com a
comunidade trinitária. É isso que acontece? As nossas relações comunitárias
reflectem esse amor que é a marca da “família de Deus”?
No Evangelho (Jo 3,16-18) João convida-nos a contemplar um
Deus cujo amor pelos homens é tão grande, a ponto de enviar ao mundo o seu
Filho único; e Jesus, o Filho, cumprindo o plano do Pai, fez da sua vida um dom
total, até à morte na cruz, a fim de oferecer aos homens a vida definitiva.
Nesta fantástica história de amor (que vai até ao dom da vida do Filho único e
amado), plasma-se a grandeza do coração de Deus.
• João é o
evangelista abismado na contemplação do amor de um Deus que não hesitou em
enviar ao mundo o seu Filho, o seu único Filho, para apresentar aos homens uma
proposta de felicidade plena, de vida definitiva; e Jesus, o Filho, cumprindo o
mandato do Pai, fez da sua vida um dom, até à morte na cruz, para mostrar aos
homens o “caminho” da vida eterna… No dia em que celebramos a Solenidade da
Santíssima Trindade, somos convidados a conte
mplar, com João, esta incrível história de amor e a espantar-nos com o peso que nós – seres limitados e finitos, pequenos grãos de pó na imensidão das galáxias – adquirimos nos esquemas, nos projectos e no coração de Deus.
mplar, com João, esta incrível história de amor e a espantar-nos com o peso que nós – seres limitados e finitos, pequenos grãos de pó na imensidão das galáxias – adquirimos nos esquemas, nos projectos e no coração de Deus.
• O amor de
Deus traduz-se na oferta ao homem de vida plena e definitiva. É uma oferta
gratuita, incondicional, absoluta, válida para sempre; mas Deus respeita
absolutamente a nossa liberdade e aceita que recusemos a sua oferta de vida. No
entanto, rejeitar a oferta de Deus e preferir o egoísmo, o orgulho, a
auto-suficiência, é um caminho de infelicidade, que gera sofrimento, morte,
“inferno”. Quais são as manifestações desta recusa da vida plena que eu
observo, na vida das pessoas, nos acontecimentos do mundo, e até na vida da
Igreja?
• Nós,
crentes, devíamos ser as testemunhas desse Deus que é amor; e as nossas
comunidades cristãs ou religiosas deviam ser a expressão viva do amor
trinitário. É isso que acontece? Que contributo posso eu dar para que a minha
comunidade – cristã ou religiosa – seja sinal vivo do amor de Deus no meio dos
homens?
• A
celebração da Solenidade da Trindade não pode ser a tentativa de compreender e
decifrar essa estranha charada de “um em três”. Mas deve ser, sobretudo, a
contemplação de um Deus que é amor e que é, portanto, comunidade. Dizer que há
três pessoas em Deus, como há três pessoas numa família – pai, mãe e filho – é
afirmar três deuses e é negar a fé; inversamente, dizer que o Pai, o Filho e o
Espírito são três formas diferentes de apresentar o mesmo Deus, como três
fotografias do mesmo rosto, é negar a distinção das três pessoas e é, também,
negar a fé. A natureza divina de um Deus amor, de um Deus família, de um Deus
comunidade, expressa-se na nossa linguagem imperfeita das três pessoas. O Deus
família torna-se trindade de pessoas distintas, porém unidas. Chegados aqui,
temos de parar, porque a nossa linguagem finita e humana não consegue “dizer” o
indizível, não consegue definir o mistério de Deus.
Fonte: <dehonianos.com/org.>