sábado, 6 de outubro de 2018

SÁBADO – XXVI SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES – 06.10.2018

SÁBADO – XXVI SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES – 06.10.2018 Primeira leitura: Job 42, 1-3.5-6.12-17 O livro de Job termina com expressões de confiança e abandono em Deus. Job fizera a sua primeira confissão de fé ao contemplar a criação e as suas maravilhas. Agora, reconhece a desordem da sua mente, mas confessa a sabedoria e a omnipotência de Deus.: «Sei que podes tudo e que nada te é impossível» (v. 2) Job fez uma longa caminhada. Passou por situações de desespero, pela noite dos sentidos e do espírito, numa experiência das mais terríveis da existência. Compreendeu que Deus se esconde para se fazer procurar e ser encontrado: a aceitação disto sublinha o seu caminho místico, o grande dinamismo da sua vida espiritual. Pôde, pois, afirmar: “Agora vêem-te os meus próprios olhos», enquanto «antes conhecia-te por ter ouvido falar de Ti» (cf. 42, 5). Agora conheço-Te; entrei no mais profundo do teu mistério – pode dizer Job. O santo varão já não conhece Deus por ter ouvido falar d´Ele. Aproximou-se do mistério divino e procurou tornar-se semelhante ao Filho de Deus que deu a sua vida pelo homem. E ficamos a perceber que o problema de Job é, sobretudo, um problema de grande amor. É o problema de quem, sentindo-se rejeitado, não desiste de procurar e gritar a Deus a sua fidelidade. Satanás tinha apostado com Deus que não havia amor gratuito. Job consegue provar que, quando o amor do homem é atraído pelo de Deus, sabe chegar à doação total. Evangelho: Lucas 10, 17-24 Os setenta e dois discípulos voltam «cheios de ale¬gria» (v. 17) e Jesus revela-lhes o conteúdo profundo daquilo que fizeram. O tema é tratado em duas secções ligeiramente diferentes, mas unitárias (vv. 17-20 e vv. 21-24). Temos, em primeiro lugar a missão, considerada pelos 72 discípulos uma vitória na luta contra Satanás (v. 18); depois, a vitória sobre Satanás, que evidencia a capacidade dos discípulos em vencer o mal que há no mundo. Por isso são chamados «Felizes» (v. 23) e os seus nomes estão «escritos no Céu» (v. 20); em terceiro lugar, o evangelho faz notar que «os pequenos» (v. 21) estão abertos ao mistério e recebem a verdade de Jesus; finalmente, Jesus louva o Pai pelo dom concedido «aos pequenos» e revela a união de amor entre Ele e o Pai: «Tudo me foi entregue por meu Pai; e nin¬guém conhece quem é o Filho senão o Pai…» (v. 22). Pode dizer-se que a missão é irradiação do amor que une o Pai e o Filho. Este amor, revelado «aos pequenos» é a força que destrói o mal. Os discípulos são «felizes» (v. 23) porque vêem e saboreiam desde já o amor do Pai e do Filho. Meditatio Terminamos, hoje, a leitura do livro de Job. No começo, Satanás tinha apostado com Deus que o homem não era capaz de um amor gratuito. Na conclusão, verificamos que, ainda que não saibamos se o homem é ou não capaz de um amor gratuito por Deus, uma coisa é certa: Deus ama-nos e dilata o nosso coração provando-o no fogo incandescente do seu amor. Deus espera que nos entreguemos a Ele, com confiança e perseverança, tal como Job. Se amamos a Deus, o nosso amor encontrará em si mesmo a sua riqueza. É este amor incrível e atraente que nos envolverá e conduzirá a saborear o dom inaudito do amor trinitário. O Cântico dos Cânticos diz-nos que Aquele que procuramos existe e nos ama. Havemos de encontrá-lo um dia, se perseverarmos na busca contemplativa. E seremos repletos de alegria. Mas é preciso procurá-lo desde já, sem desânimos. Job, no fim da sua caminhada dramática, pode afirmar: «os meus olhos vêem-te» (Jb 42, 5). Só quem viu e ouviu, como Pedro (cf. 2 Pe 1, 16-19), pode anunciar, pode fazer apostolado. Tudo o que podemos dizer sobre Deus deriva da contemplação: da contemplação feita por Jesus, pela Igreja e por nós. Graças ao amor, que o firmou numa autêntica relação com Deus, Job alcança a bênção de Deus, muito mais alargada do que antes. Meditámos, nos últimos tempos, sobre o mistério da provação e do amor. Viver a oblação de amor, a vida de vítima, quando se está alegre, com saúde, em prosperidade, não levanta particulares problemas, se houver uma fé viva, espírito de oração e de intimidade com Deus. Árduo é quando temos de enfrentar o sofrimento ou a provação. A experiência da dor é perturbadora e difícil de viver. Ela perturbou o próprio Cristo (cf., Lc 7, 13; Jo 11, 33-34). Chocou-O profundamente (cf. Mt 26, 37-38; Mc 14, 3 3-34; Lc 22, 43-44). Ao mistério da dor e do mal, que para a razão é um absurdo, a fé responde com outro mistério, o de Cristo na cruz. A fé não responde às interrogações sobre cada um dos sofrimentos, mas dá-lhes um sentido, infunde uma luz e força que permitem vivê-los com amor. Para quem não tem fé, o sofrimento, especialmente o dos inocentes, não tem sentido, não tem resposta; falta a luz e a força de Cristo crucificado, vítima inocente de expiação e de redenção. O sofrimento é uma das possíveis realidades da nossa vida. E tantas vezes nos bate à porta! É preciso falar dele com realismo e discrição. Só deveria falar dele quem o experimenta ou já o experimentou. Às vezes encontram-se pessoas com uma fé maravilhosa que, embora sofrendo, consolam e dão força a quem as desejaria consolar. Neles é uma realidade, com simples heroísmo, a oferta dos sofrimentos, levados «com paciência e abandono» à vontade de Deus, «mesmo na noite escura e .na solidão, como eminente e misteriosa comunhão com os sofrimentos de Cristo pela redenção do mundo» (cf. Cst n. 24) O tempo do sofrimento, tanto o das provações morais e espirituais, como o da doença e o da velhice, se for vivido como um tempo de «eminente e misteriosa comunhão» com a oblação de sofrimento de Cristo, torna-se um tempo de «disponibilidade pura», de «pura oblação». Se for vivido com Cristo crucificado, o sofrimento é um tempo, não só de purificação dolorosa, mas de abertura à acção do Espírito, de puro abandono, de união amorosa à Vítima divina. Então, o tempo do sofrimento torna-se uma interiorização profunda, um encontro e comunhão com uma Presença misteriosa que nos ama. Senhor, ensina-me a entender melhor o sentido do sofrimento. Do sofrimento físico, do sofrimento moral, do sofrimento espiritual. Ensina-me, sobretudo, a vivê-lo unido a Ti, Crucificado de Lado aberto e Coração trespassado, como sinal supremo do amor gratuito, do amor oblativo com que o Pai, e Tu próprio, nos amastes e continuais a amar-nos. Que, nessa contemplação, encontre luz e força para olhar o tempo do sofrimento como ocasião de «eminente e misteriosa comunhão» com a Tua oblação, como tempo de «disponibilidade pura», de «pura oblação». Torna-te, Tu mesmo, uma torrente em mim, para que o correr dos meus dias, me conduza ao teu amor e possa ajudar muitos irmãos a atingir a mesma meta. Que, como Paulo, possa dizer com verdade: “Alegro-me nos sofrimentos suportados… e completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo seu Corpo, que é a Igreja" (Col 1,24). Fonte: F. Fonseca em “dehonianos.org/portal/liturgia”

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

SEXTA-FEIRA – XXVI SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 5 OUTUBRO 2018

SEXTA-FEIRA – XXVI SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 5 OUTUBRO 2018 Primeira leitura: Job 38, 1.12-21; 40, 3-5 A passagem de Job pelo vale tenebroso do sofrimento baseou-se numa indestrutível esperança. Aquele que Job procura existe e ama-nos. A busca de Deus é penosa e marcada pelo sofrimento. Mas o encontro do rosto de Deus enche-nos de alegria, de paz, de entusiasmo. O livro de Job parece descrever o jogo do amor, feito de ausência e de encontro, de escondimento e de presença. A mãe esconde-se para que a criança tenha a alegria de a encontrar. Nas últimas palavras do poema, ecoa o tema do Cântico dos Cânticos: «O meu amado é para mim e eu para ele» (Ct 2, 16). Job apelou várias vezes para o juízo de Deus: «Oxalá eu tivesse quem me ouvisse!» (31, 35). Nos capítulos 38-42, Deus responde finalmente aos pedidos de Job. Mas é uma resposta que, por sua vez, é uma interrogação. Deus apresenta a Job a imensidão e a grandeza da criação. Mostra-lhe que o mundo é um imenso projecto divino que causa admiração pela sua grandeza e beleza. As perguntas de Deus a Job são também para nós. Deus criou o mundo movido apenas pela alegria de dar. Não se pode contemplar o mundo permanecendo fechados em cálculos egoístas, feitos à base de interesses pessoais. Job, que polemizou e lutou com Deus e com os amigos, fica agora silencioso e confuso. Renuncia à discussão. Reconhece ter falado demais e superficialmente. Job sempre foi sincero. Procurou seriamente, mas não encontrou. Mas pode finalmente dizer: «Agora vêem-te os meus próprios olhos»; antes, dizia: «Os meus ouvidos tinham ouvido falar de ti» ( Jb 42, 5). Tendo passado pela provação, e permanecido fiel, Job penetrou finalmente no mistério de Deus. Evangelho: Lucas 10, 13-16 O evangelho de hoje conclui a mensagem com que foram enviados os setenta e dois discípulos. Porque fala Jesus tão duramente das cidades de Corazim, Betsaida e Cafarnaúm? Que nos quer dizer Jesus? A condenação das três cidades deve se entendida a vários níveis. Em primeiro lugar, Jesus sublinha que estas cidades não acolheram a Palavra pregada por Ele, isto é, a graça do Evangelho, o apelo à conversão. Em segundo lugar, Jesus realça o abandono dos seus. Talvez se dê conta da hostilidade do povo. As cidades pagãs de Tiro e Sídon terão um juízo menos severo que o povo de Israel. Em terceiro lugar, Jesus prevê que o Evangelho ultrapasse as fronteiras da Galileia, que chegue aos gentios, enquanto as cidades que, por primeiras, ouviram a sua pregação permaneçam fechadas num judaísmo anticristão. Este evangelho é um aviso para todos aqueles que se excluem da graça do Senhor e caem na hipocrisia e na resistência sublinhadas pelos “Ai” de Jesus. Jesus lastima o maior dos pecados, o pecado contra o Espírito Santo: fechar os olhos às manifestações da graça, à oferta de perdão. É o grande risco da missão cristã. Jesus disse claramente: «Quem vos ouve é a mim que ouve, e quem vos rejeita é a mim que rejeita; mas, quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou» (v. 16). Diante dos males e das injustiças que nos rodeiam, facilmente somos tentados a protestar contra Deus. Foi o que fez Job, no meio do seu sofrimento: «Por que ocultas a tua face, e me consideras teu inimigo? Queres assustar uma folha levada pelo vento e perseguir uma palha ressequida? Pois escreves contra mim acusações amargas, e atribuis-me faltas da minha mocidade» (Job 13, 24-26). Mas, no fim do livro, ouvimos Deus que interpela Job: «Alguma vez na tua vida deste ordens à manhã e indicaste o seu lugar à aurora… Desceste até às fontes do mar e passeaste pelas profundidades do abismo? Abriram-se-te, porventura, as portas da morte? Viste as portas da morada tenebrosa?» (cf. 38, 12.16s.). Quantas coisas Job ignora! Quantas lhe escapam e não pode captar! Nem com a ciência mais refinada poderia conhecer muitas coisas. Job reconhece, por isso, a necessidade de permanecer pequenino e humilde diante de Deus: «Falei como uma criança; que posso responder-Te» (40, 3). Job reconhece que não sabe tudo. Só Deus possui toda a ciência. É preciso confiar n´Ele, abandonar-se a Ele. Renuncia a fazer perguntas: «Ponho a minha mão sobre a boca; falei uma vez, oxalá não tivesse falado; não vou falar duas vezes, nem acrescentarei mais nada» (Jb 40, 4s.). A humildade é o “não saber”, é estar sem pretensões diante de Deus. Só na humildade, em ponta de pés, podemos entrar no mistério de Deus. «Reflectia nestas coisas, para as entender – problema difícil para mim – até ao dia em que entrei no santuário de Deus e compreendi a sorte que os (aos ímpios) esperava… eu era um louco, sem entendimento, como um irracional diante de vós… porém, estarei sempre convosco» (cf. Sl 72, 16-23). Job ensina-nos que o mais importante é estar sempre com Deus. Precisamos de pedir ao Senhor «um espírito de sabedoria e de revelação para descobrir e conhecer verdadeiramente a Cristo Senhor Crucificado, de Lado aberto e Coração trespassado, para, no meio das provações da vida, compreendermos a esperança fomos chamados . Fonte: F. Fonseca em “dehonianos.org/portal/liturgia”

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

QUINTA-FEIRA – XXVI SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 4.10.18

QUINTA-FEIRA – XXVI SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 4.10.18 Primeira leitura: Job 19, 21-27 O diálogo entre Job e os três amigos chega ao auge no capítulo 19. Os amigos não se tinham cansado de repetir que as provações que atingiam Job eram prova evidente das suas culpas diante de Deus. Job, pelo contrário, teimava em afirmar a sua inocência. O seu maior sofrimento era, agora, resistir às palavras dos amigos. Sentia-se e dizia-se inocente, mas não conseguia prová-lo, nem diante de Deus, nem diante dos amigos. Estava completamente extenuado: «Grito contra essa violência e ninguém responde, levanto a voz e não há quem me faça justiça. Deus fechou-me o caminho, para eu não passar, e encheu de trevas as minhas veredas» (19, 7-8). Então Job pensa escrever a sua defesa para que, um dia, alguém, talvez nós que lemos as suas palavras, pudesse fazer-lhe justiça: «Quem me dera que as minhas palavras se escrevessem e se consignassem num livro, 24ou gravadas em chumbo com estilete de ferro, ou se esculpissem na pedra para sempre!» (v 23 s.). Mas esta solução não o convence. Então apela para o supremo “vingador” para que lhe faça justiça: «Eu sei que o meu redentor vive» (v. 35). Depois de ter insultado a Deus, chama-o “Vingador, Redentor”. Nós, que conhecemos o Evangelho, apelamos para o amor, para a caridade, para Deus omnipotente, misericordioso, salvador. Evangelho: Lucas 10, 1-12 O sim cordial dos discípulos a Cristo torna-se a força da missão evangélica. Jesus manda os discípulos a fazer o que Ele mesmo fez. É o que a Igreja continua, ainda hoje, a fazer. Os Doze são o fundamento da missão da Igreja. Mas Jesus escolheu ao longo dos séculos, e continua a escolher hoje, muitos outros. A messe é grande e os operários são poucos. Os 72 de que nos fala o evangelho anunciam a mensagem do Reino. O número “Doze” evoca as doze tribos de Israel. O número “Setenta e dois” evoca os 72 povos da terra elencados em Gn 10. A missão dos discípulos é universal, destinada a toda a terra. Os Setenta e dois são sinal de todos quantos o Senhor da messe chama para o anúncio do Evangelho. Trata-se de uma empresa divina, do Reino, que só é possível realizar com a força de Deus, e não com as simples forças humanas. O verdadeiro operário do Reino, não é aquele que o anuncia, mas o próprio Jesus Cristo. É Ele que envia, que toma a palavra, que actua. Mais do que fazer, é preciso deixar Jesus fazer. O mais importante é ser como Ele, adoptar o seu estilo, com as suas vicissitudes e os seus frutos – e por isso com alegria. “Envio-vos como cordeiros para o meio de lobos» (v. 3). Não há que lamentar-se sobre as dificuldades da missão. Elas são o sinal do Reino. São obra do Espírito Santo. Jesus pede aos discípulos que não se preocupem: «Não vos preocupeis com o que haveis de dizer… Não sois vós a falar, mas é o Espírito do Pai que falará por vós» (10, 19 s). O Mestre não nos quer ver ansiosos. A missão é sempre um milagre do Senhor. A atitude de Job deixa-nos espantados. Depois de falar contra Deus, depois de ter amaldiçoado o dia em que nasceu, proclama, agora, a sua esperança: «Eu sei que o meu redentor vive …Eu mesmo o verei, os meus olhos e não outros o hão-de contemplar» (vv. 25-27). Primeiro foi a lamentação, o choro diante de Deus. Agora é o grito de vitória. Como chegou Job a este acto de fé tão profunda e de esperança em Deus? Como passou da angústia e do desejo de morrer a esta confiança em Deus? A resposta é: Job nunca deixou de lutar na oração: adorou, pediu, suplicou. No meio das maiores tribulações, manteve um diálogo íntimo e profundo com Deus. Lutou no meio da noite escura. Experimentou a Deus como desumano, como Aquele que leva a carne e os ossos, como Aquele que rouba mas, por fim, reconheceu-O como o tudo da sua vida. Do nada, ao tudo. Só nesta noite escura, nesta luta desumana é possível chegar a Deus. Em Job, verificamos como é espantoso atravessar o nada. Mas é através da noite que entramos no «mistério da luz infinita». A oração dos salmos de lamentação confirma esta experiência. O Sl 21 começa com um grito de desespero: «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? Como estais longe da minha oração?…» E termina com um grito de esperança: «Para Ele viverá a minha alma». Para chegar à ressurreição, é preciso passar pelo Getsémani. Para entrar na comunhão com Deus, é preciso não afastar-se d´Ele, continuar na sua presença, qualquer seja a situação, o vale tenebroso que tenhamos de passar. O sofrimento e a provação são tempos privilegiados na vida de vítima (cf. Cst 68). Para além de todo o sentimentalismo devocional, a experiência da dor é perturbadora e difícil de viver. O próprio Cristo foi perturbado (cf. Lc 7, 13; Jo 11, 33-34) e profundamente chocado com ela (cf. Mt 26, 37-38; Mc 14, 33-34; Lc 22, 43-44). Ao absurdo da dor e da morte, para a razão, a fé responde com um mistério: o de Cristo crucificado. A fé não responde ao porquê de cada um dos sofrimentos, mas dá-lhes um sentido, infunde-lhes uma luz e força, que permitem viver como amor a dura realidade do sofrimento. Fonte: Adaptação de um texto de F. Fonseca em “Dehonianos.org/portal/liturgia”

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

QUARTA-FEIRA – XXVI SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 3 OUTUBRO 2018

QUARTA-FEIRA – XXVI SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 3 OUTUBRO 2018 Primeira leitura: Job 9, 1-12.14-16 Job responde às palavras de consolação de Bildad de Chua (cf. c. 8) que, tendo apontado a desproporção entre Deus e o homem, concluíra que não era possível uma discussão entre eles. A razão está sempre do lado de Deus. Job rebate as palavras do amigo, elogiando a sabedoria e a omnipotência de Deus que se contempla na criação. Se Deus é tão grande e inacessível nas suas obras – pensa Job – mais o será na ordem sobrenatural e moral: «Na verdade, eu sei que é assim: Como poderia o homem justificar-se diante de Deus?» (vv. 1s.). Depois, Job volta a lamentar-se da maneira arbitrária e prepotente de Deus na sua relação com os homens: «Se apanha uma presa, quem lha arrebatará? Quem lhe poderá dizer: ‘Por que fazes isso? ‘» (v. 13). Para Job, é inútil discutir com Deus: «Quem sou eu para lhe replicar e rebuscar argumentos contra Ele?» (v. 14). Job fala como é próprio de um homem que sofre e protesta porque nem consegue saber o que é ou não justo. Não aceita soluções que sejam simples reduções ao passado: seria preguiça e facilitismo. Job quer ver claramente. Mas, será isso possível? A questão continua em aberto, enquanto durar a nossa peregrinação sobre a terra. Mas, temos a cruz de Cristo e o seu grito ao Pai: «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?» (Mc 15, 33). Ao morrer, Jesus precipita-se no abismo da maldade humana. Jesus não suprime o sofrimento, mas projecta luz sobre o seu valor salvífico. Evangelho: Lucas 9, 57-62 Como vimos ontem, depois do ministério na Galileia, Jesus tomou a direcção de Jerusalém. Não se trata só de mudança de caminho em sentido topográfico, mas também em sentido teológico e místico. Este novo caminho culminará na morte ressurreição de Jesus. É uma perspectiva paradigmática também para os discípulos. A vida cristã passa necessariamente por um encontro com Cristo no Calvário. Não basta contemplar a glória de Cristo; é preciso fixar o nosso olhar também na cruz, onde Cristo atingiu perfeição e chegou à glória (cf. Heb 5, 8s.) Os diálogos referidos no evangelho dizem-nos que, além dos Doze, havia outros que queriam seguir Jesus, ainda que não soubessem claramente o que isso significava. As exigências do seguimento de Cristo só se tornaram claras depois da Páscoa. Lucas não nos diz quem são os três interlocutores. Mateus diz-nos que um era um escriba e outro, um discípulo (8, 19.21). Em Lucas, os três retraem-se atemorizados pela “nudez” exigida por Jesus a quem O quer seguir. O primeiro apresentou-se por sua iniciativa. Jesus mostra-lhe o esvaziamento que segui-l´O significa: «o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça» (v. 58). O segundo já é discípulo, como nos informa Mateus. Jesus ordena-lhe que O siga. Mas ele pede licença para ir enterrar o pai. Jesus responde-lhe: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos» (v. 60). Para o Senhor, está morto tudo o que não seja o Deus vivo (cf. Jo 14, 6). O terceiro fez um programa que apresenta a Jesus: «Eu vou seguir te, Senhor, mas primeiro permite que me despeça da minha família» (v. 61). Mas Jesus diz-lhe: «Quem olha para trás, de¬pois de deitar a mão ao arado, não é apto para o Reino de Deus» (v. 62). Não sabemos como acabaram estes episódios. O evangelho apenas refere o que Jesus oferece a quem o segue, isto, o caminho da cruz. É preciso coragem! Job ensina-nos um profundo respeito por Deus. Ninguém pode tentar resistir a Deus dirigindo-Lhe palavras de crítica, ou de recusa: «Quem lhe poderá dizer: ‘Por que fazes isso? ‘ Quem sou eu para lhe replicar e rebuscar argumentos contra Ele?». Pelo contrário, temos que confiar-nos a Ele e aceitar a sua grandeza infinita. Mas o Deus forte de que nos fala o Antigo Testamento fez-se homem, assumiu a nossa condição mortal e revelou-se no rosto pequeno, frágil e vulnerável de Jesus. De facto, no evangelho de hoje, contemplamos Jesus que, agindo com toda a autoridade de Deus, o faz com uma humildade que nos impressiona. Ao mesmo tempo que diz: «Segue-me… vai… deixa…», pede-nos para escolhermos corajosamente uma vida pobre e sofredora semelhante à d´Ele: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça» (v. 58). Vive a sua autoridade no máximo despojamento, como quem nada possui. Quem ousaria falar de uma tal autoridade e duma tal humilhação juntas na mesma Pessoa? Atingimos o coração da fé pedida ao discípulo. Como S. Paulo, podemos dizer: «Quando sou fraco, então é que sou forte» (2 Cor 12, 10b). Isto enche-nos de alegria. Todo o avanço no caminho do Espírito depende de uma renovada adesão à vida de Jesus. A misteriosa figura do Servo de Javé preparou-nos para o mistério de Cristo. Para Jesus, o tempo da paixão é o tempo mais puro e mais perfeito da sua oblação de amor ao Pai pelos homens. É também o tempo em que melhor se manifesta a Sua total confiança, o seu abandono, a sua disponibilidade. A oblação de amor de Cristo cresce no silêncio da paixão, até ao momento culminante do impressionante grito na Cruz: “Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?” (Mc 15, 34; Mt 27-45), grito que manifesta a dolorosa experiência da reprovação do pecado pelo Pai, que envolve Cristo por causa da Sua solidariedade com os pecadores. A humanidade de Cristo é arrasada pela dilacerante separação de Deus, que o pecado realiza no homem. Mas S. Lucas também nos recorda o supremo grito de confiança de Jesus, na Cruz: “Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito!” (Lc 23, 46). Esse grito manifesta a união de amor entre o Pai e o Filho, união que nunca foi quebrada, mesmo nas horas mais dramáticas, na sua “hora”. A adaptação da grandeza e do poder de Cristo à nossa fraqueza humana, pela escolha da humildade e da fraqueza, revela-se magnificamente na Eucaristia. Sob as espécies eucarísticas, Jesus consuma a Sua “Kénosis” ou aniquilamento. Este despojar-se das prerrogativas divinas, esta humilhação de Si mesmo, já Cristo a tinha realizado na Sua Incarnação, Paixão e Morte (cf. Fil 2, 6-8). Todavia esse esvaziamento não retirou à humanidade de Cristo aquele fascínio que encanta as multidões e atrai discípulos. Da Sua humanidade, desprende-se a infinita beleza da divindade, ou também a força divina dos Seus milagres, mesmo que não seja de modo extraordinário, tal como aconteceu na Transfiguração. A Sua incomensurável caridade, a delicada bondade do Seu coração, manso e humilde, aberto a todos, aos pequenos e aos grandes, aos ignorantes e aos dotados, aos pobres e aos ricos deixa entrever a grandeza do Seu Coração, que é o Coração de Deus. Fonte: F. Fonseca em “dehonianos.org/portal/liturgia/”

terça-feira, 2 de outubro de 2018

TERÇA-FEIRA – XXVI SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 2 OUTUBRO 2018

TERÇA-FEIRA – XXVI SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 2 OUTUBRO 2018 Primeira leitura: Job 3, 1-3.11-17.20-23 Depois de atingido por todas as provações, Job permanece sete dias e sete noites em grande prostração, acompanhado pelos três amigos, todos em silêncio. Por fim: «Job abriu a boca e amaldiçoou o dia do seu nascimento» (v. 1). Amaldiçoou o dia em que nasceu e lamentou que não lhe tivesse sido tirada a vida nesse momento. O sofrimento prolongado pode levar ao desespero. Job resistiu com docilidade à violência da provação durante sete dias e sete noites. Não amaldiçoou a Deus nem pediu a morte. Mas, agora, explode em imprecações e lamentos que não é fácil encontrar na Sagrada Escritura. Encontramos algo de semelhante em Jeremias (20, 14). Há neste texto um novo modo de enfrentar o sofrimento. Ele já não é visto simplesmente como uma prova para a gratuidade da nossa fé, mas como uma experiência que nos leva a penetrar no mais profundo do abandono, da angústia e da noite escura do Filho de Deus Crucificado. Encontrar estas expressões na Sagrada Escritura, portanto como palavra revelada, dá-nos consolação. Deus aceita quem, na obscuridade e na desolação da prova, fala sem saber o que diz. Os lamentos têm sentido, não são inúteis. Chegam mesmo a ser oração, «oração de lamentação». Job, em plena lamentação, não se afasta de Deus, não se esconde do seu rosto, não procura outro Deus que não o oprima, que não o esmague. Pelo contrário, entrega-se plenamente ao Deus que o desiludiu. A lamentação agita o coração e liberta-o. Evangelho: Lc 9, 51-56 Depois do ministério na Galileia, com todas as suas palavras, a sua mensagem, os seus milagres e o testemunho do seu amor, Jesus caminha decididamente para Jerusalém, para a realização do seu destino. O caminho de Jerusalém levará Jesus até à cruz e à ressurreição. É a sua «hora» (cf. Jo 12, 23;16, 32). A hora manifesta a vontade de Jesus e dar a vida. Essa vontade acompanhou-o toda a vida. Nele tudo tendia para o momento do dom. Nessa hora, Jesus acolhe todo o sofrimento dos homens e dá a vida para os salvar. A primeira parte do evangelho de Lucas (ministério na Galileia) visa a “compreensão” do Reino; a segunda visa a “realização” do Reino. Na primeira parte, o Reino é apresentado em parábolas, como um mistério que cresce no escondimento, um crescimento atribulado e fatigante; agora revela-se mais claramente como o mistério da morte e da ressurreição de Cristo. Ao falar deste itinerário, Lucas escreve que Jesus «se dirigiu resolutamente» (v. 51) para Jerusalém. Literalmente, «endureceu o rosto». É uma expressão do cântico do Servo: «Tornei o meu rosto duro como pedra» (Is 50, 7). Jesus vê claramente os sofrimentos que vai enfrentar. Mas abandona-se completamente à vontade do Pai. As palavras de Job expressam sentimentos comuns a quem sofre intensamente. Provavelmente também já experimentámos sentimentos idênticos. O grito dramático de Job é certamente semelhante aos gritos que nós próprios já libertamos em situações de grande sofrimento. Pode-se chegar mesmo ao sinistro desejo da morte. Mas é passando por semelhante provação que podemos encontrar Deus, ou perdê-lo! É Job quem o diz: «Os meus ouvidos tinham ouvido falar de ti, mas agora vêem-te os meus próprios olhos». (42, 5). Agora que Job está “nu” diante de Deus, pode conhecê-lo e amá-lo. É certo que se lamenta e grita. Mas fá-lo diante de Deus. É significativo que a Bíblia não tenha expurgado estas expressões, mas as tenha assumido e tornado oração de lamentação, de súplica e de súplica angustiada a Deus. O capítulo terceiro de Job ensina-nos a distinguir a lamentação da lamúria. Somos levados a lamuriar-nos muitas vezes e de tudo. Não somos capazes de nos lamentar com Deus, de chorar diante d´Ele. Nem sempre somos capazes de nos dirigir a Deus. Mas o terceiro capítulo de Job também nos ensina a olhar de frente as provações, para lhe quebrarmos o aguilhão. Quando chegamos à conclusão de que não podemos mais, então chegou o momento de exprimirmos a nossa gratuidade de amor. Jesus mostrou-nos a gratuidade do seu amor na cruz, no auge do sofrimento e do seu grito que, por um lado, exprime a suprema desolação mas, por outro, a total confiança no Pai (cf. Mc 15, 34). . Senhor, diante do teu amor crucificado, contemplo o infinito amor com que me falaste ao coração. Também queria amar-te, como tu me amaste. A minha alma tem sede de Ti. Mas não consigo chegar a Ti. Dá-me a graça de Te compreender e de compreender o teu amor, mesmo na tribulação, como o compreendeu o teu servo Job, verdadeiro crente, ainda que pagão. Ajuda-me a compreender as provações de Job, a entrar no seu sofrimento, para poder penetrar nas provações e no sofrimento de Jesus. Tu, Senhor, quiseste assumir os nossos sofrimentos para os purificar. Por isso me podes ajudar a contemplar a cruz, e a ler no Coração trespassado de Cristo todas as riquezas do mistério que Tu és. Fonte: F. Fonseca em “Dehonianos.org/portal/liturgia/”javascript:void(0);

VISITA PASTORAL Á PARÓQUIA DE MONEIA - DISTRITO DE GILÉ. DE 1 A 8 DE OUTUBRO 2018

VISITA PASTORAL Á PARÓQUIA DE MONEIA - DISTRITO DE GILÉ. DE 1 A 8 DE OUTUBRO 2018 De 01 a 08 de Outubro do corrente ano, D. Francisco Lerma, Bispo de Gurúè, acompanhado pelo Pe. Francisco Cunlela, Vigário Geral da Diocese, está a fazer a Visita Pastoral à Paróquia de N S. da Anunciação, localizada no Posto Administrativo de Moneia, ao Norte do Distrito de Gilé. Limites: ao Oeste o Rio Molócuè, ao Norte o rio Namirrue e ao Sul o rio Manibaua. A Paróquia foi fundada em 25 de Março de 1956, Actualmente a Paróquia é assistida pastoralmente pelos Missionários Claretianos, sendo o seu Pároco actual o Pe. Rony Sebastian Mamiyakuparayil, CMF, e Vigário Paroquial o Pe. Justine José Kuzhipla. Desde Fevereiro do corrente ano estão presentes as missionárias da Comunidade Católica “Árvore da Vida”: Ludmila Rocha Dorella, Ludmilla Guimarães Abreu, Maria Aparecida Fátima da Silveira e Sara Alves dos Santos. A Paróquia é composta por três Centros Pastorais, 9 Zonas e 56 comunidades. I.- ZONA PASTORAL DE MAREKA Comunidades cristãs: S. Marcos de Mareka; S. Cleia de Indalakasi; S. André de Muémia; I. Coração de Maria de Nakokopa. II.- ZONA PASTORAL DE MOKOLO Comunidades cristãs de Cristo Rei de Mokolo; S. Paulo de Muhoko; S. Pedro de Mrihiwa; N. S. de Fátima de Pakani; e S. Pedro de Welela. III.- ZONA PASTORAL DE NASIMA Comunidades cristãs: S. Cruz de BOane; S. Antonio Maria Claret de Mpilua; S. Lucas de Mahase; N. S. de Lurdes de Nasima; S. António de Yuluti; S. Tiago de Nahese. IV.- ZONA PASTORAL DE NIKOKOLO Comunidades cristãs: N. S. da Conceição de Nikokolo; Bom Pastor de Mwalile; S. Paulo de Mwiniwa; S. Carlos Lwanga de Malua; Centro de Catequese de N. S. da Consolata de Nanka. V.- ZONA PASTORAL DE NAHORA Comunidades cristãs: S. Lucas de Kamala; S. Pedro Claver de Natxuko; S. Tomé Apóstolo de Npepeso; S. Maria Madalena de Namarrokani; N. S. de Fátima de Mwakula; S. Clara de Assis de Namatxia; S. João Evangelista de Nahora. VI.- DE TENÍUA Comunidades cristãs: S. Pedro de Teníua; S. Paulo de Merotxoni; S. Lucas de Mulapuele; S. Miguel de Nanyipi; S. José de Miropane; Santa Maria de Metxopini. VII.- ZONA PASTORAL DE INRULE Comunidades cristãs: Imaculado Coração de Maria de Nrule; S. Paulo de Navere; S. José de Mamposa; Santa Maria, Mãe de Deus de Nahako; Bom Pastor de Namikonya; Santa Cruz de Namikay S. João de Deus deMuanolemwa; e Centro de Catequese S. José de Intxoka. VIII.- ZONA PASTORAL DE MONEIA (NPUA) Comundades cristãs: S. Luís Gonzaga de Namipaua; S. Coração de Jesus de Kapani; Santa Maria, Mãe de Deus de Mabujone; S. Pedro Claver de Mirela; Santo António Maria Claret (Sagrado Coração de Jesus) de Nahota; N. S. da Anunciação de Moneia; S. Luzia de Mahelatxo. IX.- ZONA PASTORAL MANA Comunidades Cristãs: S. Paulo de Mana; S. José de Miresse; Santa Maria Madalena de Nahôa; S. Paulo de Napila; Menino Jesus de Makula; S. Pedro de Wawa; S. Tiago de Mutxora; S. Maria de Nihanyaka; S. José de Muela Hipa.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

SEGUNDA-FEIRA – XXVI SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 1 OUTUBRO 2018

SEGUNDA-FEIRA – XXVI SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 1 OUTUBRO 2018 Primeira leitura: Job 1, 6-22 Sais que do sofrimento, o livro de Job trata do comportamento do justo na provação. É a provação que revela o coração do homem e a gratuidade da sua fé. A provação é para todos, também para os melhores. Job era «um homem íntegro e recto, que temia a Deus e se afastava do mal» (1, 1). Não havia razão para ser tentado. Mas a provação bateu-lhe à porta. Experimenta a sua fé. Mostra se Job procura a Deus com fé «pura» ou se, pelo contrário, busca a si mesmo. Job sai vencedor da provação: «Em tudo isto, Job não cometeu pecado» (v. 22ª). O texto começa por narrar uma assembleia de anjos no céu, descrita à maneira das assembleias reais nas cortes, ou à dos deuses nas montanhas. As personagens são três: Job, homem justo e rico, que vivia em Uz, fora de Israel, e que até ao momento tinha sido abençoado por Deus; Satanás, que se apresenta para acusar os homens; Deus, que acompanha os homens e as suas acções. – «Porventura Job teme a Deus desinteressadamente?» (v. 9) – pergunta Satanás. .» E acrescenta: «Se estenderes a tua mão e tocares nos seus bens, verás que te amaldiçoará, mesmo na tua frente» (v. 11). Verás se Job Te ama gratuitamente. Deus condescende com Satanás, mas não deixa de confiar em Job. Segue um rol de desgraças (vv. 13-22) que submetem Job a dura provação. Perde os bens, os filhos, os servos. Mas, com desgosto para Satanás, Job continua a bendizer a Deus e vence a prova. A sua fé não vacila. Prostra-se por terra e diz: «Saí nu do ventre da minha mãe e nu voltarei para lá. O Senhor mo deu, o Senhor mo tirou; bendito seja o nome do Senhor!» (v. 21). Satanás perde a aposta. Evangelho: Lucas 9, 46-50 O evangelho de hoje lembra-nos duas atitudes fraternas muito comuns na vida dos santos, também do Pe. Dehon. A primeira atitude é a da humildade, que se opõe a toda a ambição (vv. 46-48). Outra é a tolerância (cf. Vv. 49 ss.). São temas frequentes nos evangelhos que, no fundo, sublinham a necessidade de ultrapassar a auto-suficiência de quem aspira a títulos e dignidades, bem como o orgulho de grupo, que se pode encontrar em algumas comunidades cristãs e mesmo nas comunidades de consagrados. Põe vezes, pensa-se que os mais importantes são os que possuem mais dotes ou responsabilidades na gestão dessas comunidades. Por outro lado, é bastante espontâneo o desejo de ser o primeiro num grupo. Também os apóstolos caem nesse engano. Discutem sobre o lugar que ocupam e sobre quem é o primeiro entre eles. Mas Jesus não embarca nesse tipo de discussões. Toma uma criança e coloca-a ao seu lado, no lugar de maior dignidade, afirmando: «quem for o mais pequeno entre vós, esse é que é grande» (v. 48b). O pequeno é grande porque é fraco e pobre: é pequeno de corpo, precisa dos outros, não tem liberdade de acção, é inútil. É símbolo do discípulo último e pobre. Mas também é imagem de Jesus que se abandona nos braços do Pai: «Quem acolher este menino em meu nome, é a mim que acolhe, e quem me acolher a mim, aco¬lhe aquele que me envio» (v. 48ª) Perante a atitude ciumenta dos apóstolos, Jesus ensina a tolerância: «Mestre, vimos alguém expulsar demónios em teu nome e impedimo lo, por¬que ele não te segue juntamente connosco.» (v. 49). Mas Jesus não está de acordo: «Não o impeçais» (v. 50). O discípulo deve ter um coração aberto e tolerante. Deus envia quem quer a anunciar a palavra e a fazer o bem. Não tem necessariamente que pertencer ao grupo de Jesus ou que ser importante. Não conta o arauto: conta a mensagem, o evangelho anunciado. Deus tem muitos modos de falar aos homens. A contemplação de Jesus crucificado, a que somos convidados pelas leituras de hoje, tem consequências em toda a situação humana. De Job, aprendemos que a nossa verdadeira grandeza se revela em amar sempre, e em todas as situações, o «desmesurado amor» (Ef 2, 4) de Deus, mesmo no meio dos maiores sofrimentos. Job dá-nos um maravilhoso exemplo de adoração, numa situação de extremo sofrimento. É, talvez, mais fácil reconhecer a Deus, quando tudo corre bem, porque é mais espontâneo pensarmos num deus ao nosso serviço, do que em Deus em Quem podemos confiar e confiar-nos quando parece longe de nós, e até contra nós. Job sabe que depende de Deus e confia n´Ele na fortuna e na desgraça. Ao contrário do que pensa Satanás, é capaz de um amor gratuito. Por isso, despojado de todos os bens, confia-se totalmente a Deus: «Saí nu do ventre da minha mãe e nu voltarei para lá. O Senhor mo deu, o Senhor mo tirou; bendito seja o nome do Senhor!» (v. 21). Job resistiu à tentação e abriu o coração a Deus. Despojado de todos os bens, Job torna-se imagem viva da palavra de Jesus: «quem for o mais pequeno entre vós, esse é que é grande» (v. 48b). Só quando está completamente «nu» diante de Deus e do Amor Crucificado, é que o homem se torna realmente grande. Job ainda não o podia compreender completamente, mas permaneceu igualmente fiel. Nós, que já contemplamos Cristo Crucificado, podemos compreendê-lo e compreender o sentido da adoração. Só o pobre é capaz de adorar, como Cristo adorou na cruz. É certamente um ideal difícil. Mas é possível, com a força do Senhor. O importante é não esquecermos Jesus Crucificado Cada um de nós, cada uma das nossas comunidades, está sujeito a sofrimentos e a provações no corpo, no espírito, na comunidade, no apostolado. Cada um de nós está sujeito à experiência da fraqueza e da fragilidade. Mas, na medida em que nos abrirmos ao Espírito, poderemos, em qualquer circunstância da vida, experimentar os Seus preciosos dons, tais como a sabedoria e o santo temor de Deus, bem como os Seus saborosos frutos, tais como a caridade, a alegria, a paz, a paciência, a bondade, a benevolência, a mansidão, a humildade, a fidelidade a Cristo e o abandono de amor ao Espírito (cf. Gl 5, 22.25). Assim, podemos praticar as bem-aventuranças e tornar-nos, na nossa pequenez, antecipadamente, parte dos «novos céus» e da «nova terra», nos quais «habita a justiça» (2 Pe 3, 13). Fonte: adaptação local de um texto de F. Fonseca em “dehonianos.org/portal/liturgia/

domingo, 30 de setembro de 2018

26º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B 30 SETEMBRO 2018

26º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B 30 SETEMBRO 2018 A liturgia do 26º Domingo do Tempo Comum apresenta várias sugestões para que os crentes possam purificar a sua opção e integrar, de forma plena e total, a comunidade do Reino. Uma das sugestões mais importantes (que a primeira leitura apresenta e que o Evangelho recupera) é a de que os crentes não pretendam ter o exclusivo do bem e da verdade, mas sejam capazes de reconhecer e aceitar a presença e a acção do Espírito de Deus através de tantas pessoas boas que não pertencem à instituição Igreja, mas que são sinais vivos do amor de Deus no meio do mundo. A primeira leitura Nm 11,25-29 -recorrendo a um episódio da marcha do Povo de Deus pelo deserto, ensina que o Espírito de Deus sopra onde quer e sobre quem quer, sem estar limitado por regras, por interesses pessoais ou por privilégios de grupo. O verdadeiro crente é aquele que, como Moisés, reconhece a presença de Deus nos gestos proféticos que vê acontecer à sua volta. A comunidade do Povo de Deus é a comunidade do Espírito. O Espírito não é privilégio dos membros da hierarquia; mas está bem vivo e bem presente em todos aqueles que abrem o coração aos dons de Deus e que aceitam comprometer-se com Jesus e com o seu projecto de vida. Mesmo o irmão mais humilde, mais pobre, menos considerado da nossa comunidade possui o Espírito de Deus. • O episódio ensina também que o Espírito de Deus é livre e actua onde quer e como quer. Não está limitado por fronteiras, nem por regras, nem por interesses pessoais, nem por privilégios de grupo. Nenhuma Igreja tem o monopólio do Espírito, nenhuma instituição pode controlá-lo ou acorrentá-lo. Por vezes, somos testemunhas da acção do Espírito no mundo através de pessoas que não pertencem à nossa instituição religiosa… Não temos que sentir-nos melindrados ou ciumentos se Deus age no mundo através de pessoas que não pertencem à nossa Igreja; temos é de reconhecer a presença de Deus nos gestos de amor, de paz, de justiça, de solidariedade, de partilha que todos os dias testemunhamos (mesmo naqueles que se dizem ateus) e agradecer ao nosso Deus a sua presença, a sua acção, o seu amor pelos homens e pelo mundo • A certeza de que ninguém tem o exclusivo do Espírito obriga-nos a pôr de lado qualquer atitude de fanatismo, de intransigência ou de intolerância face às perspectivas diferentes com que somos confrontados. Os preconceitos, os esquemas egoístas, as condenações à priori, os julgamentos apressados, podem fazer-nos perder os desafios que o Espírito, pela voz dos irmãos, nos apresenta. • Moisés, o líder do processo de libertação que trouxe os hebreus da terra da escravidão para a Terra da liberdade, foi capaz de reconhecer a sua debilidade e a sua incapacidade de “fazer tudo” e aceitou a ajuda da comunidade. Não teve ciúmes, nem inveja, nem medo de perder o controle do processo, nem dificuldade em aceitar a partilha das tarefas que o Senhor lhe confiou. Com o seu exemplo, ele ensina os responsáveis das nossas comunidades a aceitar a ajuda dos irmãos, a partilhar com outros o peso da responsabilidade de conduzir a comunidade do Povo de Deus. Por vezes, temos a convicção de que só nós somos capazes de fazer as coisas bem e evitamos aceitar a ajuda dos outros; por vezes, sentimos que a intervenção de outras pessoas é uma ameaça ao nosso poder e rejeitamos qualquer ajuda; por vezes, queremos controlar o caminho da comunidade, porque não estamos dispostos a renunciar aos nossos sonhos, aos nossos projectos pessoais… Já pensámos que, quando não aceitamos partilhar responsabilidades, estamos a impedir os outros de crescer? Já pensámos que, quando somos nós a conduzir todo o processo, sem nos deixarmos confrontar com perspectivas diferentes, podemos estar a calar os desafios do Espírito? .A segunda leitura ~ Tg 5,1-6- convida os crentes a não colocarem a sua confiança e a sua esperança nos bens materiais, pois eles são valores perecíveis e que não asseguram a vida plena para o homem. Mais: as injustiças cometidas por quem faz da acumulação dos bens materiais a finalidade da sua existência afastá-lo-ão da comunidade dos eleitos de Deus • O autor da Carta de Tiago critica os ricos, em primeiro lugar porque eles vivem apenas para acumular bens materiais, negligenciando os verdadeiros valores. Fazem do ouro e da prata os seus deuses e centram toda a sua existência em valores caducos e perecíveis. No final da sua existência vão perceber que gastaram a vida a correr atrás de algo que não dá felicidade nem conduz o homem à vida plena; a sua existência terá sido, então, um dramático equívoco. O “aviso” do autor da Carta de Tiago conserva uma espantosa actualidade… A acumulação de bens materiais tornou-se, para tantos homens do nosso tempo, o único objectivo da vida e o critério único para definir uma vida de sucesso. Contudo, aqueles que apostam tudo nos bens perecíveis facilmente constatam como essa opção não responde, em definitivo, à sua sede de felicidade e de vida plena. O ouro, a conta bancária, o carro de luxo, a casa de sonho, dão-nos satisfações imediatas e, talvez, um certo estatuto aos olhos do mundo; mas não saciam a nossa sede de vida eterna. Nós, os cristãos, somos chamados a testemunhar que a vida verdadeira brota dos valores eternos – esses valores que Deus nos propõe. • O autor da Carta de Tiago critica os ricos, em segundo lugar, porque frequentemente a riqueza resulta da exploração e da injustiça. Acumular bens à custa da miséria e da exploração dos irmãos é, na perspectiva do autor do nosso texto, um crime abominável e que Deus não deixará impune. Não é cristão quem não paga o salário justo aos seus operários, mesmo que ofereça depois somas chorudas para a construção de uma igreja; não é cristão quem especula com os bens de primeira necessidade, mesmo que vá todos os domingos à missa e pertença a vários grupos paroquiais; não é cristão quem inventa esquemas para não pagar impostos, mesmo que seja muito amigo do padre da paróquia; não é cristão quem se aproveita da ignorância e da miséria para realizar negócios altamente rentáveis, mesmo que pense repartir com Deus os frutos das suas rapinas… • Uma coisa deve ficar clara: Deus não apoia nunca quem vive fechado em si próprio, no açambarcamento egoísta desses bens que Deus nos concedeu para serem postos ao serviço de todos os homens; e qualquer crime cometido contra os pobres é um crime contra Deus, que afasta o homem da vida plena da comunhão com Deus. No Evangelho - Mc 9,38-43.45-47-48 - temos uma instrução, através da qual Jesus procura ajudar os discípulos a situarem-se na órbita do Reino. Nesse sentido, convida-os a constituírem uma comunidade que, sem arrogância, sem ciúmes, sem presunção de posse exclusiva do bem e da verdade, procura acolher, apoiar e estimular todos aqueles que actuam em favor da libertação dos irmãos; convida-os também a não excluírem da dinâmica comunitária os pequenos e os pobres; convida-os ainda a arrancarem da própria vida todos os sentimentos e atitudes que são incompatíveis com a opção pelo Reino. O Evangelho deste domingo apresenta-nos um grupo de discípulos ainda muito atrasados na aprendizagem do “caminho do Reino”. Eles ainda raciocinam em termos de lógica do mundo e têm dificuldade em libertar-se dos seus interesses egoístas, dos seus esquemas pessoais, dos seus preconceitos, dos seus sonhos de grandeza e poder… Eles não querem entender que, para seguir Jesus, é preciso cortar com certos sentimentos e atitudes que são incompatíveis com a radicalidade que a opção pelo Reino exige. As dificuldades que estes discípulos apresentam no sentido de responder a Jesus não nos são estranhas: também fazem parte da nossa vida e do caminho que, dia a dia, percorremos… Assim, a instrução que, neste texto, Jesus dirige aos seus discípulos serve-nos também a nós. As propostas de Jesus destinam-se aos discípulos de todas as épocas; pretendem ajudar-nos a purificar a nossa opção e a integrar, de forma plena, a comunidade do Reino. • Antes de mais, Jesus mostra aos discípulos que a comunidade do Reino não pode ser uma seita arrogante, fechada, intolerante, fanática, que se arroga a posse exclusiva de Deus e das suas propostas. Tem de ser uma comunidade que sabe qual o seu papel e a sua missão, mas que reconhece que não tem o exclusivo do bem e da verdade e que é capaz de se alegrar com os gestos de bondade e de esperança que acontecem à sua volta, mesmo quando esses gestos resultam da acção de não crentes ou de pessoas que não pertencem à instituição Igreja. O verdadeiro discípulo não tem inveja do bem que outros fazem, não sente ciúmes se Deus actua através de outras pessoas, não pretende ter o monopólio da verdade nem ter o exclusivo de Jesus. O verdadeiro discípulo esforça-se, cada dia, por testemunhar os valores do Reino e alegra-se com os sinais da presença de Deus em tantos irmãos com outros percursos religiosos, que lutam por construir um mundo mais justo e mais fraterno. • Os discípulos de que o Evangelho de hoje nos fala estão preocupados com a acção de alguém que não é do grupo, pois temem ver postos em causa os seus sonhos pessoais de poder e de grandeza. Por detrás dessa preocupação dos discípulos não está o bem do homem (aquilo que, em última análise, devia “mover” os membros da comunidade do Reino), mas a salvaguarda de certos interesses egoístas. Nas nossas comunidades cristãs ou religiosas, há pessoas capazes de gestos incríveis de doação, de entrega, de serviço aos irmãos; mas há também pessoas cuja principal preocupação é proteger o espaço que conquistaram e continuar a manter um estatuto de poder e de prestígio… Quando afastamos (com o pretexto de defender a pureza da fé, os interesses da moralidade, ou tranquilidade da comunidade) aqueles que desafiam a comunidade a purificar-se e a procurar novos caminhos para responder aos desafios de Deus, estaremos a proteger os interesses de Deus ou os nossos projectos, os nossos esquemas interesseiros, as nossas apostas pessoais? • No nosso texto, Jesus exige dos discípulos o corte radical com os valores, os sentimentos, as atitudes que são incompatíveis com a opção pelo Reino. O discípulo de Jesus nunca está acomodado, instalado, conformado; mas está sempre atento e vigilante, procurando detectar e eliminar da sua existência tudo aquilo que lhe impede o acesso à vida plena. Naturalmente, a renúncia ao egoísmo, ao comodismo, ao orgulho, aos esquemas pessoais, à vontade de poder e de domínio, ao apelo do êxito, ao aplauso das multidões, é um processo difícil e doloroso; mas é também um processo libertador e gerador de vida nova. O que é que eu necessito, prioritariamente, de “cortar” da minha vida, para me identificar mais com Jesus, para merecer integrar a comunidade do Reino, para ser mais livre e mais feliz? • O apelo de Jesus à sua comunidade no sentido de não “escandalizar” (afastar da comunidade do Reino) os pequenos, faz-nos pensar na forma como lidamos, enquanto pessoas e enquanto comunidades, com os pobres, os que falharam, os que têm atitudes moralmente reprováveis, aqueles que têm uma fé pouco consistente, aqueles que a vida marcou negativamente, aqueles que a sociedade marginaliza e rejeita… Eles encontram em nós a proposta libertadora que Cristo lhes faz, ou encontram em nós rejeição, injustiça, marginalização, mau exemplo? Quem vê o nosso testemunho tem razões para aderir a Cristo, ou para se afastar de Cristo? Fonte: "dehonianos.org/portal/liturgia"