sábado, 19 de agosto de 2017

SUBSÍDIO PARA O XX DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO "A"



20º Domingo do Tempo Comum – Ano A

A liturgia do 20º Domingo do Tempo Comum reflecte sobre a universalidade da salvação. Deus ama cada um dos seus filhos e a todos convida para o banquete do Reino.

Na primeira leitura (Is 56,1.6-7), Deus garante ao seu Povo a chegada de uma nova era, na qual se vai revelar plenamente a salvação de Deus. No entanto, essa salvação não se destina apenas a Israel: destina-se a todos os homens e mulheres que aceitarem o convite para integrar a comunidade do Povo de Deus.

O que caracterizará essa nova era é a presença da salvação e da justiça. A salvação que Deus vai oferecer não se destina apenas a Israel, mas também aos estrangeiros. É o próprio Deus que quer oferecer a sua salvação a todos os povos.

Nós vivemos num mundo de contradições. Por um lado, o intercâmbio de ideias, de experiências, de notícias, o contacto fácil, rápido e directo com qualquer pessoa, em qualquer canto do mundo, contribuem para nos abrir horizontes, para nos ensinar o respeito pela diferença, para nos fazer descobrir a riqueza de cada povo e de cada cultura.

Por outro lado, o egoísmo, a auto-suficiência, o medo dos conflitos sociais, o sentimento de que um determinado estilo de vida pode estar ameaçado, provocam o racismo e a xenofobia e levam-nos a fechar as portas àqueles que querem cruzar as nossas fronteiras à procura de melhores condições de vida… No entanto, Deus convida-nos a abrir o nosso coração à universalidade, à diferença. Os outros homens e mulheres – estrangeiros, diferentes, com outra língua, com outra cultura, com outros valores ou com outra religião – são irmãos nossos, que devemos acolher e amar.

A segunda leitura (Rom 11,13-15.29-32), sugere que a misericórdia de Deus se derrama sobre todos os seus filhos, mesmo sobre aqueles que, como Israel, rejeitam as suas propostas. Deus respeita sempre as opções dos homens; mas não desiste de propor, em todos os momentos e a todos os seus filhos, oportunidades novas de acolher essa salvação que Ele quer oferecer.

O nosso texto convida-nos a ter sempre presente que a misericórdia de Deus não abandona nenhum dos seus filhos, mesmo aqueles que numa determinada fase da caminhada rejeitam as suas propostas. Deus respeita sempre as opções livres dos homens; mas não desiste de propor oportunidades infindáveis de salvação, que só esperam o “sim” do homem.
Esta leitura  convida-nos  a não nos arvorarmos em juízes dos nossos irmãos. Por um lado, porque o comportamento tolerante de Deus nos convida a uma tolerância semelhante; por outro, porque aquilo que nos parece estranho e reprovável pode fazer parte, em última análise, dos projectos de Deus.

O Evangelho (Mt 15,21-28), apresenta a realização da profecia de Isaías. Jesus entra numa região pagã e demonstra como os pagãos são dignos de acolher o dom de Deus. Face à grandeza da fé da mulher cananeia, Jesus oferece-lhe essa salvação que Deus prometeu derramar sobre todos os homens e mulheres, sem excepção.

Diante de Jesus apresenta-se uma mulher “cananeia”. O apelativo “cananeia” designa, no Antigo Testamento, uma mulher pagã.
O apelo da mulher  vai no sentido de que ela possa, também, ter acesso a essa salvação que Jesus veio propor. Jesus passará por cima dos preconceitos religiosos dos judeus e oferecerá a salvação a esta pagã: ela merecerá a graça da salvação.

Jesus dá à mulher a possibilidade de demonstrar a firmeza e a convicção da sua fé e Jesus conclui: “Mulher, grande é a tua fé. Faça-se como desejas”. A afirmação de Jesus significa: “na verdade tu estás disposta a acolher-Me como o enviado do Pai e a aceitar o pão do Reino, o pão com que Deus mata a fome de vida de todos os seus filhos. Recebe essa salvação que se destina a todos aqueles que têm o coração aberto aos dons de Deus”.
A proposta de Jesus é para todos. A comunidade de Jesus é, verdadeiramente, uma comunidade universal. Aquilo que é decisivo, no acesso à salvação, é a fé – isto é, a capacidade de aderir a Jesus e à sua proposta de vida.

Torna-se membro da comunidade de Jesus quem aceita a sua oferta de salvação, quem acolhe o Reino, adere a Jesus e ao Evangelho. O que é determinante, para integrar a comunidade do Reino, não é a raça, a cor da pele, o local de nascimento, a tradição familiar, a formação académica, a capacidade intelectual, a visibilidade social, o cumprimento de ritos, a amizade com o pároco, mas a fé. Para mim, o que é que é ser cristão? O que está no centro da minha experiência cristã é a pessoa de Jesus e a sua proposta de salvação? 

O verdadeiro crente é aquele que se apresenta diante de Deus numa atitude de humildade e simplicidade, acolhendo com um coração agradecido os dons de Deus e a graça da salvação. 

Os homens e as mulheres, os casados e os divorciados, os pobres e os ricos, os instruídos e os analfabetos, os conhecidos e os desconhecidos, os bons e os maus, os novos e os velhos, todos são acolhidos na comunidade cristã sem discriminação e todos são convidados a pôr a render, para benefício dos irmãos, os talentos que Deus lhes deu? O que é que eu faço para que a minha comunidade cristã seja um espaço de fraternidade, onde todos se sentem acolhidos e amados?

O convite que Deus nos faz é que vejamos em cada pessoa um irmão, independentemente das diferenças de cor da pele, de nacionalidade, de língua ou de valores.

Fonte: Resumo e adaptação local de um texto de:
<dehonianos.org/portal/liturgia>
 

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

A PALAVRA HOJE, PALAVRA VIVA. REFLEXÃO PARA O SÁBADO DA XIX SEMANA DO TEMPO COMUM



A PALAVRA HOJE, PALAVRA VIVA
Sábado - XIX Semana -Tempo Comum – Anos Ímpares 

Primeira Leitura: Josué 24, 14-29

A aliança de Siquém conclui-se com três momentos essenciais.
Primeiro, é o convite de Josué ao povo para que adira totalmente ao Senhor, renunciando aos ídolos. O chefe dá exemplo em nome da sua casa e da sua tribo: «eu e a minha casa serviremos o Senhor» (v. 15). O povo responde com uma grande purificação da memória e com a renúncia colectiva aos ídolos para servir o Senhor. 

Segue-se o segundo momento: Josué anuncia a realeza do Deus de Israel, Deus da Aliança, que é santo e cioso, como demonstrou em diversos momentos ao longo da caminhada pelo deserto. Não falta uma ameaça: «Quando abandonardes o Senhor para servir a deuses estranhos, Ele voltar-se-á contra vós e far-vos-á mal; há-de destruir-vos, após ter-vos feito bem» (v. 20). 

Finalmente, num terceiro momento, por duas vezes, ecoa a profissão de fé do povo, com uma promessa de aliança concreta em palavras e obras: «Nós serviremos o Senhor nosso Deus, e obedeceremos à sua voz» (v. 24). A história sucessiva mostrará que, apesar desta força na adesão ao Senhor, a fraqueza humana virá ao de cima. Mas Deus será fiel.

O discurso de Josué ao povo, na assembleia de Siquém, deixa-nos perplexos. Primeiro, ordena-lhes que temam e sirvam o Senhor: «Temei o Senhor, e servi-o… Afastai esses deuses» (v. 14). 

Depois, deixa ao povo escolher a quem quer servir: «se vos desagrada servi-lo, então escolhei hoje aquele a quem quereis servir» (v. 15).
Finalmente, quando o povo já tinha escolhido servir o Senhor, «serviremos o Senhor» (v. 18), Josué, em vez de aprovar a decisão, inicia um discurso dissuasivo: «Vós não sereis capazes de servir o Senhor» (v. 19). Será perigoso servi-l´O, porque, em caso de infidelidade, «voltar-se-á contra vós e far-vos-á mal» (v. 20).

Como se explica esta atitude de Josué? Provavelmente porque quer evitar um compromisso superficial, por parte dos Israelitas, um compromisso que não resistiria à primeira dificuldade.

Aceitar entrar em aliança com Deus não é coisa de pouca monta, não é uma simples formalidade. Tem consequências na vida que não podemos ignorar ou esquecer. É um compromisso que envolve toda a pessoa, em todas as suas actividades, em todos os seus pensamentos, em todas as suas aspirações.
 O homem é livre de optar por Deus ou por seguir outros caminhos. Deus não impõe compromissos, porque isso seria indigno do homem, e indigno do próprio Deus. Somos livres de escolher. Mas quem se compromete com Deus, deve fazê-lo seriamente. 

A dignidade da pessoa humana está precisamente na capacidade de assumir compromissos sérios. Assim foi renovada a aliança em Siquém.

Evangelho: Mateus 19, 13-15

Na época de Jesus, o rito da imposição das mãos e da bênção das crianças era frequentemente usado. Faziam-no os pais, mas também os rabinos famosos, a quem se pedia a bênção. É nesse contexto que se deve entender o episódio narrado hoje por Mateus, e que não deve ser confundido com o que ouvimos na terça-feira passada. Aí tratava-se do apelo à conversão, que exige tornar-se como crianças. Aqui fala-se de Jesus. Perante o “zelo” dos discípulos, Ele manifesta a intenção de não afastar ninguém do Reino. Quando diz «delas» (v. 14b), não se refere à idade, mas quer evidenciar «os que se assemelham a elas». 

Na antiguidade, as crianças não eram consideradas significativas na sociedade. Mas Jesus faz delas privilegiadas no reino de Deus, admite-as com agrado na comunidade cristã.

A atitude dos discípulos em querer afastar as crianças revela a sua falta de compreensão pelo ministério de Cristo. Jesus é Aquele que acolhe os pequenos para lhes oferecer o Reino. A imposição das mãos sobre as crianças e a oração é um gesto de bênção (vv. 13.15). Mas é também um sinal de que a salvação é comunicada a todos os que podem identificar com elas: os pequenos, os pobres, os humildes.

Os cristãos são chamados a renovar, cada ano, na Vigília Pascal, os próprios compromissos baptismais. São chamados a acolher a luz de Deus na própria vida, o desejo de Deus sobre a sua existência, o amor de Deus. Somos convidados a fundamentar tudo na nossa relação com Deus, que dá verdadeira liberdade interior, nos torna acolhedores, capazes de relações mais sinceras, mais cordiais com os outros.

O evangelho apresenta-nos Jesus, que, sendo completamente disponível para o amor que provem do coração do Pai, é acolhedor com todos, particularmente com as crianças.

Vivendo os nossos compromissos baptismais, vivendo como filhos de Deus, caminhamos na caridade de Cristo que nos amou e se entregou por nós.

Fonte: resumo e adaptação local de um texto de:
<dehonianos.org/portal/liturgia>

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

PALAVRA VIVA. REFLEXÃO PARA A VI FEIRA DA XIX SEMANA DO TEMPO COMUM



A PALAVRA HOJE, PALAVRA VIVA.

Sexta-feira – XIX Semana – Tempo Comum – Anos Ímpares.

Primeira Leitura: Josué 24, 1-13

A jornada de Siquém é o acontecimento mais importante de todo o livro, e assinala uma das datas chave de toda a história bíblica, o nascimento de Israel como povo. A assembleia de Siquém, presidida por Josué, tem como objectivo a conclusão do pacto entre as tribos de Israel e Javé. Tudo acontece num clima de memória, reconhecimento e gratuidade. Josué traça as grandes linhas da história de Israel, sempre presidida por Deus. 

Transmite a memória das obras admiráveis realizadas pelo Senhor, em seu nome, como história feita pelo próprio Deus com os seus servos.
Essa história começa com os antepassados, como Abraão, e chega ao momento presente, em que se vêem realizadas as promessas que foram feitas a ele, o amigo de Deus, o pai na fé. Com uma síntese vertiginosa, recordam os grandes pais e patriarcas na da história do povo: Abraão, Isaac, Jacob e os seus filhos que desceram ao Egipto.

Depois lembra-se a libertação miraculosa do Egipto, como evento chave da história de Deus com o seu povo, a entrada na terra prometida e as dificuldades ultrapassadas contra os habitantes de Canaã. 

Em tudo, o povo deve dar-se conta do amor de predilecção gratuito por parte de Deus. E, com esses sentimentos, termina professando a sua fé, memória histórica das obras de Deus.

Evangelho: Mateus 19, 3-12

As discussões sobre o divórcio são mais velhas que o Evangelho, e tão antigas como o homem. No tempo de Jesus, a questão era polarizada por duas escolas:

a)   a permissiva, era do parecer que um homem, que encontrasse uma mulher mais atraente do que a sua esposa, e tivesse problemas por causa disso, podia repudiar esta para voltar a casar com aquela.
b)  b)Os rigoristas entendiam que a excepção do Deuteronómio se referia unicamente ao caso de adultério.

A questão, posta a Jesus pelos fariseus, não é mais do que uma cilada: querem obrigá-lo a tomar posição por uma corrente. Mas Jesus esquiva-se declarando-se contrário ao divórcio. Justifica a sua posição com dois textos da Escritura: Gn 1, 27 e 2, 24. Deus quer que marido e mulher permaneçam unidos como «uma só carne» (Mt 19, 5s.). Não separe o homem o que Deus uniu, mesmo que seja Moisés (v. 6b). 

O matrimónio é um contrato entre duas pessoas, é verdade. Mas, esse contrato também implica a vontade de Deus inscrita na complementaridade dos sexos. O divórcio não tem em conta uma das partes do matrimónio, o próprio Criador.

Na segunda parte do texto, os discípulos, a sós com Jesus, manifestam perplexidade e dificuldade em assumir tão graves responsabilidades do matrimónio. Mas Jesus afirma que só a responsabilidade pela difusão do Reino dos céus torna louvável a renúncia ao matrimónio. 

Nem todos compreenderão as palavras de Jesus. Hão-de compreendê-las «aqueles a quem isso é dado» (v. 11). Trata-se de uma inspiração interior dada aos apóstolos e àqueles que acreditam (Mt 11, 25 e 16, 17).

Talvez estejamos mais habituados a pedir graças ao Senhor do que a agradecer-lhas. Podemos prestar a Deus a homenagem de lhe apresentar os nossos pedidos. Mas também havemos de agradecer. A Sagrada Escritura apresenta-nos muitos exemplos de oração de acção de graças. A memória agradecida das obras maravilhosas de Deus, na história do seu povo, suscita a oração de louvor, bênção, de acção de graças. A oração de bênção dirigida a Deus é memória, ainda antes de ser súplica ou louvor.

A oração dos hebreus começa por ser narração, conta a história de Deus na história dos homens. Pelo contrário, a oração dos pagãos aos seus deuses era súplica interessada, invocação para obter benefícios, porque pouco tinham para narrar sobre coisas feitas pelos seus deuses, em seu favor.
Israel rezava narrando, pondo diante do Senhor e do povo as maravilhas de Deus, as grandes obras feita para Ele. É por isso que o “Credo” de Israel, que hoje escutamos na primeira leitura, é uma narração de obras de Deus. Reunida a assembleia em Siquém, é feita memória das maravilhas de Deus em favor do seu povo, desde Abraão até a tomada de posse da terra. Todas essas obras manifestam a acção de Deus, são sinais da sua fidelidade e do seu amor: 

«Não foi com a vossa espada, nem com o vosso arco. Dei-vos, pois, uma terra que não lavrastes, cidades que não edificastes e que agora habitais, vinhas e oliveiras que não plantastes e de cujos frutos vos alimentais’» (v. 12-13).

As grandes celebrações da Igreja, são memória, louvor, bênção, acção de graças pelas maravilhas de Deus, sobretudo em Cristo e por Cristo, em nosso favor. Mesmo quando celebramos os santos, celebramos as obras admiráveis de que Deus realizou neles e por meio deles.

As obras de Deus foram e são gratuitas. São fruto do seu amor oblativo. Só a partir do princípio da gratuidade de Deus podemos compreender os ensinamentos do evangelho sobre o matrimónio e sobre a virgindade. Ambos, no desígnio de Deus, são projectos de amor. Não são, em primeiro lugar, opções dos homens, mas projecto de Deus, um projecto complementar de duas vocações. Se fossem apenas resultado de escolhas humanas, estariam sujeitas a deformações e às suas veleidades. Assim, quem vive a graça do matrimónio, único e indissolúvel, aceita e respeita a vocação do próprio cônjuge. E, quem vive em virgindade pelo reino de Deus, não o faz por uma escolha egoísta ou por resignação perante a incapacidade de amar. Vive-a, tal como os que casam, a partir de Deus, como opção de amor e de serviço recíproco na comunidade que Jesus veio fundar.

Fonte: resumo e adaptação local de um texto de: <dehonianos.org/portal/liturgia>