20º Domingo do
Tempo Comum – Ano A
A liturgia do
20º Domingo do Tempo Comum reflecte sobre a
universalidade da salvação. Deus ama cada um dos seus filhos e a todos
convida para o banquete do Reino.
Na primeira
leitura (Is 56,1.6-7), Deus garante ao seu Povo a chegada de
uma nova era, na qual se vai revelar
plenamente a salvação de Deus. No
entanto, essa salvação não se destina apenas a Israel: destina-se a todos os homens e mulheres que aceitarem o convite
para integrar a comunidade do Povo de Deus.
O que
caracterizará essa nova era é a presença da salvação e da justiça. A salvação
que Deus vai oferecer não se destina apenas a Israel, mas também aos
estrangeiros. É o próprio Deus que quer oferecer a sua salvação a todos os
povos.
Nós vivemos num mundo de contradições. Por um lado, o intercâmbio de ideias,
de experiências, de notícias, o contacto fácil, rápido e directo com qualquer
pessoa, em qualquer canto do mundo, contribuem para nos abrir horizontes, para nos ensinar o respeito pela diferença,
para nos fazer descobrir a riqueza de cada povo e de cada cultura.
Por outro lado, o egoísmo, a auto-suficiência, o medo dos conflitos
sociais, o sentimento de que um determinado estilo de vida pode estar ameaçado,
provocam o racismo e a xenofobia e levam-nos
a fechar as portas àqueles que querem cruzar as nossas fronteiras à procura
de melhores condições de vida… No
entanto, Deus convida-nos a abrir o nosso coração à universalidade, à
diferença. Os outros homens e mulheres – estrangeiros, diferentes, com outra
língua, com outra cultura, com outros valores ou com outra religião – são
irmãos nossos, que devemos acolher e amar.
A segunda
leitura (Rom 11,13-15.29-32), sugere que a misericórdia de Deus se derrama sobre todos
os seus filhos, mesmo sobre aqueles que, como Israel, rejeitam as suas
propostas. Deus respeita sempre as opções dos homens; mas não desiste de
propor, em todos os momentos e a todos os seus filhos, oportunidades novas de
acolher essa salvação que Ele quer oferecer.
O nosso texto
convida-nos a ter sempre presente que a misericórdia
de Deus não abandona nenhum dos seus filhos, mesmo aqueles que numa
determinada fase da caminhada rejeitam as suas propostas. Deus respeita sempre
as opções livres dos homens; mas não desiste de propor oportunidades
infindáveis de salvação, que só esperam o “sim” do homem.
Esta
leitura convida-nos a não
nos arvorarmos em juízes dos nossos irmãos. Por um lado, porque o
comportamento tolerante de Deus nos convida a uma tolerância semelhante; por
outro, porque aquilo que nos parece estranho e reprovável pode fazer parte, em
última análise, dos projectos de Deus.
O Evangelho (Mt 15,21-28),
apresenta a realização da profecia
de Isaías. Jesus entra numa região pagã e demonstra como os pagãos são dignos de acolher o dom de Deus.
Face à grandeza da fé da mulher cananeia,
Jesus oferece-lhe essa salvação que Deus prometeu derramar sobre todos os homens
e mulheres, sem excepção.
Diante de Jesus apresenta-se uma mulher “cananeia”. O
apelativo “cananeia” designa, no Antigo Testamento, uma mulher pagã.
O apelo da mulher vai no sentido de que ela possa, também, ter acesso a essa salvação que Jesus veio propor. Jesus passará por cima dos preconceitos religiosos dos judeus e oferecerá a salvação a esta pagã: ela merecerá a graça da salvação.
O apelo da mulher vai no sentido de que ela possa, também, ter acesso a essa salvação que Jesus veio propor. Jesus passará por cima dos preconceitos religiosos dos judeus e oferecerá a salvação a esta pagã: ela merecerá a graça da salvação.
Jesus dá à mulher a possibilidade de demonstrar a firmeza e a convicção da
sua fé e Jesus conclui: “Mulher, grande é a tua fé. Faça-se
como desejas”. A afirmação de Jesus significa: “na verdade tu estás
disposta a acolher-Me como o enviado do Pai e a aceitar o pão do Reino, o pão
com que Deus mata a fome de vida de todos os seus filhos. Recebe essa salvação
que se destina a todos aqueles que têm o coração aberto aos dons de Deus”.
A proposta de Jesus é para todos. A comunidade
de Jesus é, verdadeiramente, uma comunidade universal. Aquilo que é decisivo, no acesso à salvação, é a fé – isto é, a
capacidade de aderir a Jesus e à sua proposta de vida.
Torna-se membro da comunidade de Jesus quem aceita a sua oferta de salvação, quem acolhe o Reino, adere a Jesus e ao Evangelho. O que é determinante, para integrar a comunidade do Reino, não é a
raça, a cor da pele, o local de nascimento, a tradição familiar, a formação
académica, a capacidade intelectual, a visibilidade social, o cumprimento de
ritos, a amizade com o pároco, mas a fé. Para mim, o que é que é ser cristão? O que está no centro da minha
experiência cristã é a pessoa de Jesus e a sua proposta de salvação?
O verdadeiro
crente é aquele que se apresenta diante de Deus numa atitude de humildade e
simplicidade, acolhendo com um coração agradecido os dons de Deus e a graça da
salvação.
Os homens e as
mulheres, os casados e os divorciados, os pobres e os ricos, os instruídos e os
analfabetos, os conhecidos e os desconhecidos, os bons e os maus, os novos e os
velhos, todos são acolhidos na
comunidade cristã sem discriminação e todos são convidados a pôr a render,
para benefício dos irmãos, os talentos que Deus lhes deu? O que é que eu faço
para que a minha comunidade cristã seja um espaço de fraternidade, onde todos
se sentem acolhidos e amados?
O convite que Deus nos faz é que vejamos em cada pessoa um irmão, independentemente das diferenças
de cor da pele, de nacionalidade, de língua ou de valores.
Fonte: Resumo e adaptação local de um texto de:
<dehonianos.org/portal/liturgia>