4ª FEIRA – VIII SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 30.05.2018
Primeira leitura: 1 Pedro 1, 18-25
Pedro, falando do presente, do passado e do futuro,
apresenta-nos algumas verdades sobre a relação de Jesus Cristo connosco e sobre
a nossa relação com Ele. O Pai escolheu-O, ainda antes da criação do mundo,
para libertar a humanidade da «vã maneira de viver herdada dos vossos pais» (v.
18).
O presente cheio de esperança dos cristãos, radica no
passado da acção de Deus em Cristo para nosso benefício. Deus escolheu a
Cristo, «qual cordeiro sem defeito nem mancha» (v. 19) para, «pelo seu sangue
precioso» (v. 19), nos resgatar. Pertencemos a Deus porque Ele nos resgatou,
nos comprou, «não a preço de bens corruptíveis, prata ou ouro» (v. 18), mas
«pelo sangue precioso de Cristo» (v. 19)».
Acreditamos em Deus, acreditamos que Ele ressuscitou
Jesus de entre os mortos, e temos a possibilidade de ancorar a nossa fé e a
nossa esperança no Pai, por efeito da missão, da ressurreição e da glorificação
de Jesus Cristo.
O mistério pascal de Cristo garante-nos que Deus está
do nosso lado, que é a nossa favor. O nosso presente encaminha-se para um
futuro esperançoso. É possível viver a moral cristã e realizar a missão porque,
a nossa relação com Jesus, e, por Ele, com o Pai, no Espírito, estrutura a
nossa vida pessoal e comunitária, e dinamiza a missão.
Evangelho: Marcos 10, 32-45
O texto evangélico que escutámos refere diversos
episódios ocorridos durante a caminhada de Jesus para Jerusalém. Jesus avança
rodeado de discípulos apavorados e de pessoas cheias de medo. Pela terceira
vez, fala da paixão, que se aproxima. Fá-lo com muitos pormenores (vv. 33ss.).
Mas os discípulos parecem nada compreender.
Os filhos de Zebedeu continuam interessados em
alcançar uma boa posição no Reino: um quer ficar à direita de Jesus e outro à
esquerda (v. 37). Em Mateus, é a mãe que pede esses lugares para os filhos (cf.
Mt 20, 20).
Os outros discípulos estão preocupados com assuntos
que nada têm a ver com os do Senhor. Mas Jesus revela aspectos centrais
relativos ao discipulado: o essencial é a docilidade a Deus e ao seu projecto.
Ele próprio decidirá a posição de cada um no Reino. Em Mateus será o Pai a
tomar tal decisão (cf. Mt 20, 23).
Ser discípulo de Jesus é ser, como Ele, dócil ao Pai,
partilhar a missão que o Pai Lhe confiou: beber o mesmo cálice, mergulhar no
mesmo baptismo. É seguir o caminho do servo sofredor (Is 52, 13-53, 12), servir
a todos até ao dom da própria vida em resgate de muitos… O resgate é o preço a pagar por um prisioneiro de
guerra, por um escravo. Este resgate é pago, não a Deus, mas ao príncipe deste
mundo (Jo 12,31; 1 Jo 5, 19), ao deus deste mundo (2 Cor 4, 4), que mantém
escrava a humanidade. E Jesus resgata a humanidade, não para se tornar Ele
mesmo um «rei» opressor, mas paradoxalmente um «rei» servo. Também os cristãos
não podem contrapor ao «poder demoníaco» um «poder cristão», mas colocar-se de
modo amoroso e humilde ao serviço da humanidade.
A Palavra que hoje escutamos incita-nos à conversão,
isto é, a seguir o exemplo de Jesus Cristo, que padeceu por nós, deixando-nos o
exemplo, para que sigamos os seus passos (cf. 1 Pe 2, 21). Jesus foi enviado
pelo Pai para nos revelar a sua misericórdia. A Palavra de Jesus remete-nos
para o mistério escondido do Pai. O Pai procura a humanidade, e põe-na à
procura dele, por meio do exemplo de Cristo e daqueles que vivem nele. Jesus
não actua pela força, mas pelo amor; não influi pelo poder, mas pelo serviço.
Não se trata de um caminho fraco, mas cheio daquela força do amor que vence a
morte. O reino do Pai é composto por pessoas cuja criatividade é inspirada na
misericórdia que não se deixa vencer pelo mal, mas o vence na humildade e na
docilidade, e que desmascara a ignorância dos estultos. A Igreja só ajuda a
libertar a humanidade se tiver esta atitude de serva, e não se deixar apanhar
pelo cancro do poder, nem eclesiástico nem civil. Apenas como comunidade de
servos, sem ambições políticas, poderá ajudar eficazmente a humanidade a
libertar-se das forças que a oprimem.
Senhor, às vezes, sinto-me indignado com Tiago e João.
Tu revelavas-lhes o teu destino futuro, cheio de humilhações, e eles pediam-te
privilégios. Mas reparo que, também eu, muitas vezes, caio no mesmo erro, que,
também eu, me porto de modo inconsciente.
Quando me explicas o teu mistério, digo logo que percebi.
Mas, pouco depois, lá estou a pedir-te coisas completamente contrárias aos
desígnios do Pai. Mais ainda: como os outros discípulos, fico indignado quando
veja alguém cair no erro dos filhos de Zebedeu.
E não é por virtude, mas porque, também eu, sou ambicioso
e procuro lugares de honra, e temo que os dês a outros. Perdoa-me, Senhor.
Ensina-me a humildade do serviço. Ensina-me a verdadeira grandeza que é
sentir-me e actuar como último e como servo de todos.
Fonte: Adaptação local de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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