Vários
acontecimentos eclesiais envolvem a nossa a nossa celebração hoje. A nível
local, a nível da Igreja em Moçambique e a nível da Igreja universal e a nível
do Ano Litúrgico.
I.- A NIVEL DO ANO LITÚRGICO
Estamos já
nas duas últimas semanas do Ano Litúrgico, no Domingo Trigésimo Terceiro do
Tempo Comum Ano A, a ele se serem as Leituras que serão proclamadas:
A liturgia
deste Domingo recorda a cada cristão a
grave responsabilidade de ser, no tempo histórico em que vivemos, testemunha consciente, activa e
comprometida desse projecto de salvação/libertação que Deus Pai tem para
todas as pessoas.
A primeira leitura (Prov
31,10-13.19-20.30-31), apresenta, na figura da mulher virtuosa, alguns dos
valores que asseguram a felicidade, o êxito, a realização. O “sábio” autor do
texto propõe, sobretudo, os valores do
trabalho, do compromisso, da generosidade, do “temor de Deus”. Não são só
valores da mulher virtuosa: são valores de que deve revestir-se o discípulo que
quer viver na fidelidade aos projectos de Deus e corresponder à missão que Deus
lhe confiou.
Na segunda leitura, (1 Tes 5,1-69), Paulo deixa claro que o importante não é saber quando virá o
Senhor pela segunda vez; mas é estar
atento e vigilante, vivendo de acordo com os ensinamentos de Jesus,
testemunhando os seus projectos, empenhando-se activamente na construção do
Reino.
O Evangelho (Mt 25,14-30), apresenta-nos dois exemplos opostos de como
esperar e preparar a última vinda de Jesus. Louva o discípulo que se empenha em
fazer frutificar os “bens” que Deus lhe confia; e condena o discípulo que se
instala no medo e na apatia e não põe a render os “bens” que Deus lhe entrega
(dessa forma, ele está a desperdiçar os dons de Deus e a privar os irmãos, a
Igreja e o mundo dos frutos a que têm direito).
II.- A NÍVEL
DA IGREJA EM MOÇAMBIQUE.
Na Segunda Feira passada, os Bispos de
Moçambique, concluímos a 2ª SESSÃO
PLENÁRIA DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL, e enviamos um COMUNICADO Às COMUNIDADES CRISTÃS E A TODOS OS
HOMENS DE BOA VONTADE,
<Preocupa-nos a situação
sócio – política e económica do nosso País no momento presente.
Entre as várias feridas
que fazem sofrer o nosso povo verificamos a prevalência da corrupção e a
violência generalizada; o aumento da pobreza em contraste com a acumulação da
riqueza nas mãos de poucos; a falta de esclarecimento das dívidas ocultas e a
devida responsabilização dos autores; o abuso nos recursos da natureza pela
desflorestação, mineração e conflitos de terra; o desemprego que aumenta a
instabilidade e desesperança na juventude; a fragilidade da paz, sinal de falta
duma verdadeira reconciliação baseada na justiça, respeito dos direitos humanos
e na participação de todos os moçambicanos; e o excessivo números de mortes por
causa dos acidentes de viação.
- Constatámos a
necessidade de potenciar a Catequese, a formação ética, moral e espiritual, o
trabalho pela reconciliação, a promoção da formação em doutrina social da
Igreja e o testemunho de uma vida cristã coerente.
Reflectindo sobre a
problemática juvenil, damos graças a Deus pelo aumento significativo do número
de seminaristas. Entretanto, ficamos preocupados por constatarmos uma
desorientação generalizada da juventude, talvez como consequência da degradação
da vida familiar, que também conhece momentos muito difíceis.
III.-
A NÍVEL DA IGREJA UNIVERSAL: O DIA
MUNDIAL DOS PIBRES com o lema: “”Não amemos com palavras, mas com obras” (1 Jo
3,18).
O Papa Francisco, no
termo do Jubileu da Misericórdia, estabeleceu para o Domingo Trigéssimo
Terceiro do Tempo Comum, o DIA MUNDIAL DOS POBRES, com o objectivo de que as
comunidades cristãs – cada cristão- se tornem cada vez mais e melhor sinal
concreto da caridade de Cristo. E Convida a Igreja inteira e os homes e mulheres de boa vontade, a fixar
o olhar em todos aqueles que estendem as suas mãos invocando ajuda e pedindo a
nossa solidariedade.
IV.
E ANÌVEL LOCAL DESTA NOSSA CELEBRAÇÃO, A ORDENAÇAÕ PREBITERAL DE FREI SÉRGIO
JOSÉ CÉSAR,
membro da ORDEM DOS IRMÃOS NENORES CAPUCHINHOS DA CUSTÓDIA GERAL DE MOÇAMBIQUE,
já diácono. Ele é chamado agora para ser
ordenado PRESBÍTERO da Igreja.
Reflictamos sobre o significado desta celebração.
O Senhor Jesus é o único Sumo Sacerdote do Novo
Testamento.
Todo o povo
santo de Deus foi constituído povo sacerdotal.
De igual modo, entre todos os seus discípulos,
o Senhor Jesus quer escolher alguns
deles em particular, para que exercendo publicamente na Igreja em seu nome o
ofício sacerdotal a favor de todos os homens, continuem a sua missão
pessoal de mestre, sacerdote e pastor. Foram eleitos pelo Senhor Jesus não para
fazer carreira, mas para prestar este serviço.
De facto, do mesmo
modo como Ele foi enviado para isto pelo Pai, assim Ele enviou por sua vez ao
mundo primeiro os Apóstolos e depois os Bispos e os seus sucessores, aos quais
por fim foram dados como colaboradores os presbíteros, os quais, a eles unidos
no ministério sacerdotal, estão chamados ao serviço do Povo de Deus: para
anunciar o Evangelho, apascentar o povo de Deus e celebrar os mistérios da
nossa fé
Quanto a ti, diácono FREI SÉRGIO, que estás para ser
promovido à ordem do presbiterado, considera que exercendo o ministério da
Palavra serás partícipe da missão de Cristo, único Mestre:
Dispensa
a todos aquela Palavra de Deus, que tu mesmo recebeste com alegria. Lê e medita
assiduamente a Palavra do Senhor, procura
crer o que lês, ensinar o que crês e viver o que ensinas”.
a)
Em consequência,
o teu ensinamento – alimento para o Povo de Deus- seja simples, como falava o
Senhor, que chegava ao coração: “Não faças
homilias demasiado intelectuais e difíceis de entender: fala de maneira
simples, fala aos corações” (Papa Francisco). Então a tua pregação e o
exemplo da vida serão verdadeiro alimento,
motivo de alegria e de amparo aos fiéis, porque a palavra sem o exemplo da vida para nada serve. A vida dupla é uma
péssima doença, na Igreja (Papa Francisco).
b)
Continuarás a
obra santificante de Cristo, porque unido ao sacrifício de Cristo,
pelas tuas mãos, em nome de toda a Igreja, é oferecido sobre o altar. Por conseguinte,
reconhece o que fazes, imita o que celebras. Esforça-te por fazer morrer em ti
todo o mal. “Um presbítero que talvez
tenha estudado muita teologia e obtido um, dois, três diplomas mas não aprendeu
a carregar a Cruz de Cristo, não serve. Será um bom académico, um bom
professor, mas não um sacerdote” (Papa Francisco).
c)
Com o Baptismo
agregarás novos fiéis ao Povo de Deus. Com o Sacramento da Penitência perdoarás
os pecados em nome de Cristo e da Igreja. Com palavras do Papa Francisco “Peço-te em nome de Cristo e da Igreja que
sejas misericordioso sempre; que não carregues sobre os ombros dos fiéis pesos
que não podem suportar, e nem sequer tu mesmo. Por isto Jesus reprovou os
doutores da lei, chamando-os hipócritas (Papa Francisco).
Com o óleo santo
darás alívio aos enfermos. Uma das tarefas do sacerdote é visitar os doentes.
Pratica-la. “Sim, é bom, disse o
Papa Francisco, que vão os fiéis leigos,
os diáconos, - os catequistas, os animadores- mas não descuides de tocar a carne de Cristo sofredor nos doentes:
isto santifica-te, aproxima-te de Cristo (Papa Francisco).
d)
Celebrando os ritos sagrados e rezando a Liturgia das Horas,
oração da Igreja, a oração de louvor e
de súplica em nome de todo o povo, mesmo quando rezares sozinho, lembra-te
de que foste assumido de entre os homens nas coisas que são de Deus, e
serás voz do Povo de Deus e da
humanidade inteira.
Realiza com
alegria e caridade sincera o ministério sacerdotal. E fá-lo jubiloso, nunca
triste: “ Com a alegria do serviço de Cristo,
até no meio dos sofrimentos, das incompreensões, dos próprios pecados” (Papa
Francisco).
e)
Tem sempre diante
dos olhos o exemplo do Bom Pastor, que não veio para ser servido mas para
servir.
E terminando também com palavras do Papa Francisco: “Não sejas «senhor», não sejas «clérigo,
funcionário da Igreja, mas pastor, pastor do Povo de Deus” (cfr. Papa
Francisco).