segunda-feira, 13 de novembro de 2017

COMUNICADO DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL DE MOÇAMBIQUE

COMUNICADO DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL DE MOÇAMBIQUE

Às Comunidades cristãs e a todos os homens de boa vontade, paz e alegria no Senhor ressuscitado. Desejamos-vos a mesma paz e alegria que o Senhor, repetidas vezes, desejou e deu aos seus discípulos.

Queremos, através deste meio, exprimir a nossa comunhão convosco, manifestar-vos a nossa presença espiritual e partilhar convosco o fruto das nossas reflexões e deliberações sobre a nossa vida eclesial e social deste tempo.

De 7 a 12 de Novembro de 2017, nós, os Bispos Católicos da Conferência Episcopal de Moçambique, estivemos reunidos no Seminário Interdiocesano Filosófico de Santo Agostinho na Matola, na II Sessão da Assembleia Plenária de 2017.

Estiveram presentes todos os Bispos Diocesanos e dois Bispos Eméritos, Sua Eminência o Cardeal D. Júlio Duarte Langa e D. Januário Machaze. Participou pela primeira vez o Reverendo Padre Sandro Faedi, Administrador Apostólico da Diocese de Tete.

Na abertura da Sessão, D. Francisco Chimoio, Arcebispo de Maputo e Presidente da CEM, saudou todos os Bispos. O Senhor Núncio Apostólico, D. Edgar Peña Parra, no seu discurso de saudação transmitiu uma mensagem de encorajamento da parte do Santo Padre e partilhou alguns temas de particular importância para serem submetidos à consideração da CEM.

A primeira parte, a partir da leitura dos relatórios das Dioceses e das Comissões Episcopais e do Secretariado Geral da CEM e ajudados pela reflexão de um economista, consistiu na análise e reflexão da realidade sócio – política e económica do nosso País no momento presente.

CLIMA SOCIAL

Entre as várias feridas que fazem sofrer o nosso povo verificamos a prevalência da corrupção e a violência generalizada; o aumento da pobreza em contraste com a acumulação da riqueza nas mãos de poucos; a falta de esclarecimento das dívidas ocultas e a devida responsabilização dos autores; o abuso nos recursos da natureza pela desflorestação, mineração e conflitos de terra; o desemprego que aumenta a instabilidade e desesperança na juventude; a fragilidade da paz, sinal de falta duma verdadeira reconciliação baseada na justiça, respeito dos direitos humanos e na participação de todos os moçambicanos; e o excessivo números de mortes por causa dos acidentes de viação.

Da leitura dos relatórios constatámos a necessidade de potenciar a Catequese, a formação ética, moral e espiritual, o trabalho pela reconciliação, a promoção da formação em doutrina social da Igreja e o testemunho de uma vida cristã coerente.

A JUVENTUDE, A ANIMAÇÃO VOCACIONAL E OS SEMINÁRIOS

Reflectindo sobre a problemática juvenil, damos graças a Deus pelo aumento significativo do número de seminaristas nos seminários maiores e nas casas de formação das congregações religiosas. Entretanto, ficamos preocupados por constatarmos uma desorientação generalizada da juventude, talvez como consequência da degradação da vida familiar, que também conhece momentos muito difíceis.

PRÓXIMOS EVENTOS

Olhando para o futuro, apelamos a todos os fiéis a orar pelo sucesso dos próximos eventos eclesiais e a participar activamente em cada um deles.

Em 2018, celebraremos os seguintes:
- O 30º ano da Visita Papal de S. João Paulo II ao nosso País;
- Os 50 anos do Seminário Maior São Pio X.
- A realização da XIX Assembleia Nacional da Caritas Moçambicana.

Iniciaremos também a preparação da IV Assembleia Nacional de Pastoral, momento de fortalecimento da comunhão, de renovação espiritual e de conversão pessoal e comunitária da Igreja em Moçambique. Exortamos a todos a dar o seu melhor para o bom sucesso deste evento muito importante para a nossa Igreja e para toda a família moçambicana.

Apelamos igualmente a todos a unirmos e rezar pela próxima Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a Juventude, que terá o seguinte tema: OS JOVENS, A FÉ E O DISCERNIMETO VOCACIONAL.

Nós pastores, unidos e solidários com o povo que sofre, exortamos a não perder a coragem mas caminhar na esperança que nasce da fé em Jesus Cristo Rei do Universo, como anuncia o profeta: “O Povo que andava nas trevas viu uma grande luz: sobre os que habitavam na sombra da morte resplandeceu a luz” (Is 9,2).

Com alegria do Nascimento do Salvador, desejamos Boas Festas de Natal e  Próspero Ano Novo.
                     Matola, 12 de Novembro de 2017       
+ Francisco Chimoio, ofmcap
Arcebispo de Maputo e Presidente da Conferência Espiscopal de Moçambique

domingo, 12 de novembro de 2017

VIVE HOJE A PALAVRA: «A SABEDORIA É UM ESPÍRITO BENEVOLENTE» (SB 1, 6).

Segunda-feira– XXXII Semana –Tempo Comum – Anos Ímpares
VIVE HOJE A PALAVRA:
«A SABEDORIA É UM ESPÍRITO BENEVOLENTE» (SB 1,
6).

Primeira leitura: Sabedoria 1, 1-7

O livro da Sabedoria. O autor começa por se dirigir aos reis da terra, mas, no fundo dirige-se a todos quantos querem participar no dom da sabedoria.
«Amai a justiça» (v. 1) é o primeiro convite. Amar a justiça implica a conformidade total, de pensamento, vontade e obras humanas, com a vontade divina, tal como ela se manifesta nos preceitos da Lei e na voz da consciência. O justo é sábio; o ímpio é insensato. Deus e a Sabedoria, e a insensatez/injustiça, repelem-se reciprocamente (cf. vv. 3.5). Os insensatos não acreditam e tentam pôr Deus à prova (v. 2ss.) Os «pensamentos perversos» levam os insensatos à morte, que a escolhem como amiga (cf. Sb 1, 16). Mas a sabedoria conduz à vida (cf. Jb 28, 28). A sabedoria é amiga dos homens (v. 6). Deus, que bem conhece o coração do homem, por Ele criado, é o único capaz de o guiar pelo caminho da vida, graças ao dom da Sabedoria.

Evangelho: Lucas 17, 1-6.

Lucas apresenta-nos três temas da pregação de Jesus: o escândalo, o perdão, a fé. É preciso considerá-los de modo unitário.
O discípulo deve ter a preocupação de não provocar escândalo, que leve alguém a afastar-se do caminho iniciado. Trata-se do caminho evangélico. Por isso, Jesus lança um dos seus «ai». O Mestre não pode aceitar o comportamento de quem põe em risco a sua salvação e compromete a dos outros, sobretudo a dos «pequenos» (v. 2). Se é preciso evitar o escândalo, também é preciso conceder o perdão a todos, a todo o custo (vv. 3-4). O perdão é sinal de verdadeiro amor. É no perdão que se revela o amor de Deus para connosco. Jesus, que é a incarnação histórica do amor de Deus, também oferece o perdão àqueles que dele precisam.
Ao terminar o ensinamento, Jesus elogia a fé que, ainda que seja pequena, pode mostrar toda a sua força, mesmo com um milagre. Os discípulos pedem um aumento da sua fé. Jesus responde-lhes falando da eficácia de uma fé genuína (v. 6).

«A sabedoria é um espírito benevolente», diz-nos a primeira leitura (v. 6). Este espírito guia-nos com suavidade e força, ensinando-nos o caminho para chegarmos a Deus, e para estabelecermos uma relação correcta com os outros.

O evangelho apresenta-nos Jesus, Sabedoria de Deus, simultaneamente severo e indulgente: «Ai daquele que causa escândalos! Melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço uma pedra de moinho e o lançassem ao mar… Se o teu irmão te ofender sete vezes ao dia e sete vezes te vier dizer: ‘Arrependo-me’, perdoa-lhe.» (vv. 1-4).

Ao longo da nossa vida, é frequente deparar-nos com situações que exigem atitudes opostas. Nem sempre é fácil fazer um discernimento correcto sobre a altitude a tomar. Muitas vezes, o mais espontâneo é assumir atitudes exactamente opostas àquelas que o evangelho nos recomenda. Somos naturalmente indulgentes connosco. Quando provocamos escândalo, nem sempre nos damos conta disso. Mas, se nos dermos conta, facilmente nos desculpamos, dizendo que, afinal, não há motivos para escândalo. Mas, quando se trata dos nossos interesses, tornamo-nos muito severos. Se alguém nos ofende, achamos que se trata de uma enormidade, que naturalmente não podemos, nem devemos, tolerar nem perdoar. Também é fácil julgarmos, como coisa de pouca importância, aquilo que o Senhor julga com severidade. Pelo contrário somos severos com coisas que Ele olha com indulgência.

A Lei era estimada pelos Hebreus como um dos mais preciosos dons de Deus, que distinguia o Povo de Israel, pela sabedoria, de todos os outros povos, e que indicava o caminho da vida (cf. Sl 119(118). A nova lei, a lei do amor, dá ao novo povo de Deus uma sabedoria ainda maior, que lhe permite praticar sempre a justiça, porque «o amor é paciente, o amor é prestável, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará.» (1 Cor 13, 4-7).
Peçamos ao Senhor o dom da sabedoria para julgarmos correctamente, segundo os seus critérios, os critérios do amor.
Fonte: resumem e adaptação local de um texto de: "dehonianos.org/liturgia/portal"