sábado, 31 de março de 2018

VIGÍLIA PASCAL NOITE SANTA


1. PÁSCOA. Este é o Dia em que o Senhor nos fez! Aleluia! «Por isso, estamos exultantes de alegria» (Salmo 126,3).

2. A CRIAÇÃO. Este é o Dia em que contemplamos e sentimos com amor as maravilhas que Deus fez por nós: percorrendo e meditando algumas das páginas fundamentais da Bíblia desde a Criação até à Páscoa. É assim que lemos e compreendemos que em Jesus Cristo tudo foi criado»  «e sem Ele nada foi feito».

Lemos e compreendemos que Jesus Cristo, não foi Sim e não, mas unicamente Sim total ao plano do Pai».

Mas já no jardim da  Criação boa e bela encontramos o primeiro NÃO a Deus. Criação inteira, cada um de nós, tem também de ser Sim, Sim, Sim, ao plano de Deus e nunca não como o de Adão e Eva.

3. A LIBERTAÇÃO. Meditamos depois o Egipto opressor e a libertação do teu Povo Senhor., fazendo-nos atravessar a pé enxuto o mar Vermelho. Também ainda hoje, neste Dia admirável da  Ressurreição, cantamos outra vez com inefável alegria: «Minha força e meu canto é o Senhor! A Ele devo a minha liberdade!» (Êxodo 15,2).

4. O EXILIO. Meditando os profetas Isaías e Ezequiel, recordámos  as paisagens tristes e sombrias do nosso exílio de cada dia (tristezas, doenças, provações de toda sorte), mas também da admirável protecção de Deus, nosso Pais. Ele caminha connosco, não nos deixa sós. o exílio verdadeiro consiste simplesmente tornar-se indiferente e insensível, sem causas, sem sonhos e sem esperas, gastando o nosso dinheiro com aquilo que não alimenta, e esquecendo o  convite do Senhor. Ouvi-me, ouvi-me, e comei o que é bom». Era assim que andámos tantas vezes, perdidos longe de Deus e longe dos irmãos e até longe de nós próprios.

 Mas Deus ainda fez connosco uma Aliança nova, e deu--nos um coração novo e um espírito novo, nova alegria.

6. A RESSURREIÇÃO. E assim chegamos à Ressurreição de Cristo. Àquele Jesus Cristo, Crucificado, Morto e Sepultado, segundo as Escrituras.

A pedra barrava a entrada e a saída do sepulcro era muito grande. Quem a pode retirar? A pedra da morte é sempre intransponível para as nossas forças. Tem, por isso, de ser trabalho de Deus. É assim que as mulheres que vão de madrugada ao sepulcro, veem com espanto a pedra do sepulcro para sempre retirada , e, entrando, veem, com não menor espanto, um Anjo vestido de brancosentado do lado direito.

7. A pedra muito grande retirada, representa a porta da habitação da morte para sempre aberta e revela que um tal operar é coisa só Deus. O Anjo pergunta:

«Procurais Jesus de Nazaré, o Crucificado? Ressuscitou; não está aqui (…). Ide dizer aos seus discípulos e a Pedro que Ele vos precede na Galileia. Lá o vereis, como vos disse».

Ao mandar levar a notícia aos seus discípulos. Fica ainda claro que Ele nos precede sempre, e que, portanto, o nosso verdadeiro lugar é sempre «atrás d’Ele», que permanece sempre o único Senhor e caminho único da nossa vida.

8. O relato evangélico é rico e denso. O fulgor da Luz deste mistério, simultaneamente ilumina e esconde. É por isso que a Paixão é um relato, mas a Ressurreição, que põe fim ao relato, só nos pode chegar como Notícia, vinda de fora, como a Aurora.

9. É por isso que esta Noite é uma fulguração de Luz e Lume novo. Desde as brasas acesas, ao Círio Pascal aceso, ao nosso coração aceso como o dos discípulos de Emaús. É também por isso que o Batismo começou por ser chamado «Iluminação», sendo a Vigília Pascal também a grande Noite Batismal. E cada batizado levará para sempre a arder dentro de si este Lume, de que não pode fugir, e ninguém pode apagar.

10. Lume novo,  aceso esta Noite na nossa Diocese, nas nossas paróquias e comunidades, nos nossos corações. Com o testemunho da nossa vida devemos comunicar aos nossos irmãos esta grande notícia da ressurreição: que o  Senhor Vivo e Ressuscitado ilumina as trevas da nossa vida, ilumina os nossos corações entristecidos, ilumina Igreja Santa, e os este novos filhos que hoje nascem na fonte batismal.

Os nossos passos sejam sempre firmes, que andemos sempre na Luz da verdade, na Luz da liberdade, na luz da Justiça, na Luz da Fraternidade e o nosso coração seja sempre fiel. Vem, Senhor Jesus! Aleluia!
Fonte: Resumo e adaptaçã local de um texto de D. António. Couto.

sexta-feira, 30 de março de 2018

SÁBADO – SEMANA SANTA


SÁBADO – SEMANA SANTA

31 Março 2018
Sábado – Semana Santa

O LUTO DE MARIA E DOS APÓSTOLOS E A PROVAÇÃO DE MADALENA

E viu dois anjos vestidos de branco, sentados, um à cabeceira e outro aos pés, onde jazera o corpo de Jesus. Disseram-lhe eles: Mulher, porque choras? Porque levaram o meu Senhor, respondeu, e não sei onde O puseram (Jo 20, 12-13).
A Santíssima Virgem exprime a sua dor com calma em casa de S. João. Madalena, mais agitada, corre a comprar perfumes e vai ao sepulcro.
O luto, compaixão e amor, tais são as disposições de que devo penetrar-me hoje para cumprir a minha missão de discípulo.

1º.- Luto de Maria, de S. João e de Madalena.
 
Durante o grande luto do sábado, Maria, os discípulos e as santas mulheres permaneceram em casa, por causa do Sabbat (Lc 23, 56).

Para Maria, havia um outro motivo: Era costume entre os Judeus que a pessoa mais estreitamente unida ao defunto, a sua mãe, a sua esposa, a irmã permanecesse em casa durante o grande luto, enquanto que os outros membros da família iam visitar o sepulcro. 

A casa para Maria, era em casa de João. Tinha-a tomado consigo por ordem de Nosso Senhor. Pedro também estava lá, não deixava João naqueles dias.

Nós podemos facilmente pensar que Madalena permaneceu também junto de Maria. Unidas ao pé da cruz, estavam unidas no luto. A presença de Maria adoçava o luto de Madalena. A presença de Madalena, que tinha sido toda regada pelo sangue de Jesus, era para Maria como um resto de Jesus mesmo.

Maria abandona-se menos à dor do que Madalena. A sua fé não lhe deixa perder de vista os ensinamentos da Escritura.
Ela sabe que a alma santa de Jesus não será abandonada nos infernos e que Deus não permitirá que o corpo do Santo conheça a corrupção: Ela espera a sua próxima visita. Medita sobre a grandeza do sacrifício e do amor de Jesus e sobre os felizes frutos que a sua Paixão há-de produzir.

2º.- Amor e fidelidade.
 
Madalena ela também nos dá um grande exemplo de fidelidade e de perseverança no amor de Nosso Senhor. Ela não tem repouso, não pode viver longe do seu Bem-Amado. Faz-lhe falta o seu Deus, procurá-lo-á. O seu tesouro está no sepulcro, lá também está o seu coração. As provações não extinguiram as chamas do seu amor.

o seu amor foi purificado no cadinho dos sofrimentos. É preciso que a sua fidelidade reduplique: o seu Bem-Amado foi tão cruelmente traído, abandonado! É preciso que a sua dedicação seja verdadeiramente reparadora.

Logo que a lei de Deus o permite, sai com as outras duas Maria para comprar perfumes (Mc 16, 1). Por modéstia, não sai sozinha, consulta Pedro, João e Maria, como lhes irá prestar contas quando tiver encontrado o túmulo vazio. A obediência à Igreja e a união a Maria são as marcas do verdadeiro espírito de Deus. Depois da compra dos perfumes, Madalena faz uma visita ao sepulcro com uma só companhia.

Toma o caminho do Calvário, ainda é escuro, revê em espírito todas as cenas da sexta-feira. Tem medo de pisar aos pés o precioso sangue. A cruz está ainda lá, é terrível no meio das sombras da noite. O sepulcro está solitário, os guardas dormitam. Madalena senta-­se e chora. A hora da consolação não chegou. Nosso Senhor deixa-a nas suas angústias e, todavia, fortifica a sua coragem. Volta para a casa de dor, não encontrou o seu Bem-Amado. Quando tivermos perdido a presença de Nosso Senhor, procuremo-lo assiduamente como Madalena.

3º.- Ardor de Madalena e as suas provações. – O coração amante de Madalena não conhece nem atraso nem desânimo. Logo que isto é possível: Valde mane, valde diluculo, cum adhuc tenebrae essent (Mc, Lc, Jo), Madalena sai com as outras duas Marias para voltar ao Calvário. Ela adianta-se, corre. 

Durante esta noite, ela dizia com o Salmista: «A minha alma suspira por vós, ó meu Deus, como o veado sedento pela água das fontes. Quando vos tornarei a ver, Ó meu Deus? Quando hei-de comparecer diante da vossa face? Enquanto derramo lágrimas inextinguíveis, os meus inimigos riem-se e dizem-me: Onde está o teu Deus? … Ó minha alma, espera mesmo assim, porque ainda o hás-de louvar, o teu Senhor e o teu Deus» (SI 41).

Mas Nosso Senhor quer provar ainda mais a sua fidelidade e a sua constância.
Chegando ao Calvário, Madalena vê que a pedra foi retirada e que o sepulcro está vazio. Não pensava na ressurreição, procurava o corpo magoado e dilacerado do seu Salvador para lhe prestar o piedoso dever de uma sepultura digna dele. Mesmo esta esperança é desenganada. Não lhe resta mais nada senão chorar pelo seu Jesus! É como se fosse fulminada. Todavia, ela não sucumbe à sua dor, adora, humilha-se, recorda-se dos seus pecados que justificam esta privação do seu Jesus, do seu Salvador bem-amado.

Maria, João, Madalena e as santas mulheres são os nossos modelos nesta jornada de compaixão e de reparação. São os únicos amigos fiéis  de Jesus. Unir-me-ei a eles hoje e todos os dias. Procurarei o meu Jesus como Madalena, todas as vezes que tiver perdido a sua presença sensível. Não desanimarei nunca na minha fé, na minha confiança e no meu amor.

Fonte: resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”

quinta-feira, 29 de março de 2018

SEXTA-FEIRA – SEMANA SANTA


SEXTA-FEIRA – SEMANA SANTA
30 Março 2018 

O CORAÇÃO DE JESUS ABERTO PELA LANÇA

Mas um dos soldados perfurou-lhe o lado com uma lança e logo saiu sangue e água. Aquele que o viu é que o atesta… E isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura: nem um só dos meus ossos se há-de quebrar. E ainda: Hão-de olhar para aquele que trespassaram (Jo 19, 34-36).

 O último acto da Paixão de Cristo, a abertura do seu lado, explica e resume toda a vida do Salvador. Tomou um Coração para o abrir como a fonte de todas as graças.
Dai-nos, Senhor, a graça de beber nas fontes da santidade e do amor.

PRIMEIRO PONTO: A ferida.
 
Vamos ao Calvário, depois da morte de Jesus. A multidão afastou-se, os amigos ficam. Alguns soldados vêm verificar ou, se é o caso, apressar a morte dos pacientes, para que o espectáculo do seu suplício prolongado não entristeça o dia do sábado.

Um dos soldados adiantou-se, portanto, e abriu o lado de Jesus com uma lança. É um grande mistério da história sagrada, onde tudo é mistério e acção divina. A ferida exterior é aqui a revelação simbólica da ferida interior, a do amor. O amor, eis o algoz de Jesus! Cristo morreu porque quis, foi o amor quem o matou … É assim que a Igreja canta, para saudar o Coração trespassado do seu esposo: «ó Coração vítima de amor, Coração ferido por amor. Coração morrendo de amor por nós! 

Nosso Senhor permitiu este golpe de lança para chamar a nossa atenção para o seu coração, para nos fazer pensar no seu amor que é a fonte de todos os mistérios da salvação: as promessas do Éden, as profecias e as figuras da antiga lei, a acção providencial sobre o povo de Deus, a incarnação, a vida, os ensinamentos e a morte do Salvador. A abertura do lado de Jesus, é como a fonte que regava o paraíso terrestre, é como a fenda do rochedo que deu a água para saciar o povo de Israel.

SEGUNDO PONTO: O sangue e a água.
E saiu sangue e água, diz S. João. O ferro ao retirar-se deixou jorrar uma dupla fonte de sangue e de água, na qual os Padres da Igreja viram o símbolo desta outra maravilha de amor, os sacramentos, canais preciosos da graça da salvação. – Rio de água que, no santo baptismo e no banho da penitência, lava a alma da mácula original; rio de sangue que cai todas as manhãs nos cálices dos altares, para se expandir pelo mundo fora, consolar a Igreja sofredora do Purgatório e reanimar a Igreja que combate sobre a terra; rio refrescante, onde o coração, ressequido pelos trabalhos e pelas tentações, vai saciar-se de piedade, de caridade e de santa alegria.
Senhor, concedei-nos beber desta água e deste sangue, para não mais tenhamos esta sede doentia das coisas do mundo que nos tortura, e que sejamos inebriados pelo vosso amor.

TERCEIRO PONTO: «Olharão para dentro daquele que trespassaram»

É a palavra do profeta Zacarias, recordada por S. João. O profeta disse: «Olharão para dentro daquele que trespassaram. S. João aplica estas palavras à abertura do lado de Jesus; devia pensar no interior de Jesus, no Coração mesmo de Jesus que ele pôde entrever pela chaga aberta do lado, no momento do embalsamamento.

Esta ferida entrega-nos e abre-nos o Coração de Jesus. Espiritualmente, nós aí lemos o amor que tudo deu, mesmo a vida. Neste amor mesmo, nós reconhecemos o motivo e o fim de todas as obras divinas: Deus criou-nos, resgatou-nos, santificou-nos por amor. No Coração de Jesus, é o fundo mesmo da natureza divina que nós penetramos na sua mais maravilhosa manifestação. «Deus é amor». S. João leu isto no Coração de Jesus.
Tenho necessidade de contemplar esta ferida para ver como eu sou amado e como por minha vez devo amar. Lá hei-de aprender como um coração amante deve agir, sofrer, tudo dar, até à morte, por Deus e pelas almas.

Vamos mais profundamente ainda, e vejamos tudo o que sofreu o mais delicado dos corações: os desprezos, as calúnias, as traições, os abandonos, as desistências. Todas as dores estão reunidas neste Coração e transbordam. Sentiu-as todas, a todas santificou. Nas nossas dores, por mais extremas que sejam, tenhamos confiança na simpatia e na compaixão deste Coração, que quis assemelhar-se a nós no sofrimento, para ser mais compassivo e mais misericordioso (Heb 2, 17).

Comecemos nós mesmos lamentar este amor que não é amado e por compadecer com as suas dores.
A abertura do Coração de Jesus recorda-nos o seu amor, a sua bondade, o seu sofrimento. Ele espera de mim o amor em troca, a gratidão, a compaixão. Eis­-me aqui, Senhor, para viver convosco e em Vós. Não permitais que eu jamais me separe de vós.

Fonte: adaptação de um texto d #dehonianos.org/portal/liturgia

quarta-feira, 28 de março de 2018

QUINTA-FEIRA – SEMANA SANTA


QUINTA-FEIRA – SEMANA SANTA
29 Março 2018 

A SANTA CEIA

Enquanto comiam, tomou Jesus o pão e, depois de pronunciar a bênção, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: Tomai, comei. Isto é o meu corpo. Tomou, em seguida, um cálice, deu graças e entregou-lhes dizendo:
Este é o meu sangue, sangue da aliança, que vai ser derramado por muitos para a remissão dos pecados … Ora um dos discípulos, aquele que Jesus amava, estava à mesa junto do peito de Jesus (Mt 26, 26-28; Jo 13, 12).
Primeiro Prelúdio. O Cenáculo. Jesus está como transfigurado no meio dos seus apóstolos. As fontes do amor vão abrir-se para darem ao mundo a Eucaristia.
Segundo Prelúdio. Obrigado, Senhor. Com S. João, agradeço-vos, amo-vos, dou-me todo a vós.
PRIMEIRO PONTO: A Eucaristia. – Ó prodígio inaudito! O Senhor supremo faz-se alimento da sua pobre e miserável criatura!
Enquanto comiam, nesta noite da última Ceia, Jesus estava sentado com os seus discípulos. – Ergue os olhos para o seu Pai e recolhe-se numa ardente oração. Está como transfigurado. – Consideremos o céu aberto acima da sua cabeça: os Anjos admirados tremem de alegria e de temor … de alegria: a Eucaristia inflamará e santificará tantos corações! Acenderá no seio da Igreja uma tal fogueira de dedicação e de amor!… de temor também: a Eucaristia encontrará tantos ingratos! Será profanada pelos Judas de todos os séculos!
Escutemos as palavras de Jesus: «Tomai e comei, isto é o meu corpo; bebei, isto é o meu sangue … ». – Eu vos saúdo, ó verdadeiro corpo, nascido da Virgem Maria!
Verei os apóstolos aproximarem-se, tomarem o seu lugar nesta primeira comunhão … Maria, a Mãe bem-amada de Jesus! Quem poderia dizer o ardor da sua caridade! É o seu Filho que ela recebe! É a carne, é o sangue que ela lhe deu! Correntes de amor sobem para o céu nos transportes desta casta união, destes santos arrebatamentos.
«Fazei isto em minha memória-, acrescenta Jesus, e os seus apóstolos são feitos sacerdotes para a eternidade. Unamo-nos ao seu acto de fé e de amor.
SEGUNDO PONTO: Judas! – A Paixão começa no Cenáculo, com a atitude de Judas tão cruelmente ofensiva para o Coração de Jesus. O traidor já vendeu o seu divino Mestre. Entretanto assiste hipocritamente à Ceia e à instituição da Eucaristia. Comunga sem dúvida sacrilegamente.
Nosso Senhor experimenta abatimento e piedade. Tenta ainda salvá-lo. Adverte-­o: «Um de vós, diz, que estais comigo a esta mesa, trair-me-á, Isto devia recordar ao traidor a lamentação de David: «Se um inimigo me tivesse ofendido, tê-lo-ia suportado, mas vó~ um amigo que vivia à minha mesa … »
Nosso Senhor deixa manifestar a sua tristeza, não por causa de si mesmo, Ele sabe que deve morrer: «No que diz respeito ao Filho do homem, diz, vai acontecer segundo o que foi determinado». Mas entristece-se por causa do crime do seu discípulo: «Ai daquele, diz, pelo qual o Filho do homem é traído: (Lc 22,22). Mas nada toca o pecador endurecido.
Ó Coração sagrado, vítima dos homens, peço-vos perdão pela traição de Judas e pelos crimes que vos hão-de afligir, humilhar, e ferir até ao fim dos tempos sobre todos os altares da terra; perdão pelos cristãos indignos, perdão pelos sacerdotes apóstatas!
TERCEIRO PONTO: S. João sobre o Coração de Jesus. – Entremos no Cenáculo no momento da acção de graças desta primeira comunhão da terra. S. João repousa com abandono e ternura sobre o Coração de Jesus. É a realização de um quadro do Cântico dos Cânticos: «O meu Bem-Amado é para mim e eu sou para ele … Eu sou para o meu Bem-Amado e o seu Coração volta-se para min» (Cant. 2).
Jesus compraz-se na sua imolação eucarística. Esta Páscoa fecunda, que Ele acaba de celebrar com os seus discípulos, renovar-se-á sobre o altar até ao fim dos tempos. É o maná do Novo Testamento, o pão da vida, o pão dos fortes, as delícias dos santos, o penhor da salvação e da ressurreição.
S. João, o apóstolo virgem, o amigo do Esposo, o familiar de Cristo, extasia-se com a comunhão que acaba de fazer, deixa cair ternamente a sua cabeça sobre o peito do seu Mestre querido. Ele é puro, e a castidade dos sentidos e do coração permite ao homem a intimidade com Deus. Atracção inefável que desprende o discípulo da terra e o eleva à região superior da beatitude e do amor.
O discípulo bem-amado apoia sobre o coração sagrado de Jesus os seus lábios donde brotarão os rios da teologia sagrada, a sua fronte que tantos raios maravilhosos de ciência e de sabedoria devem ornamentar, e cingir a auréola dos apóstolos, dos profetas, das virgens, dos mártires.
Cristo reservou a ele somente, porque é puro, escrever com a sua mão os mistérios da pureza incriada, do Verbo de Deus feito carne pela salvação do mundo.
S. João, discípulo bem-amado, atraí-nos convosco para o peito de Jesus quando estamos unidos a Ele na comunhão.
Resoluções. – Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou por eles para lhes assinalar o seu amor! E eu que farei para lhe dar amor por amor? Irei à Eucaristia com uma pureza e um fervor que me aproximam das disposições de S. João.