70 ANOS DA PRESENÇA EM MOÇAMBIQUE DOS
SACERDOTES DO CORAÇÃO DE JESUS
MALUA 1947 – 2017
DEHONIANOS: 70 ANOS DE
PRESENÇA EM MOÇAMBIQUE (Malua, Alto Molócuè 1947 – 2017).
No passado Domingo, 24 de Setembro do corrente ano, os
Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos),
celebraram os 70 anos de presença em Moçambique.
Os primeiros quatro missionários dehonianos em Moçambique
foram Pe. Pedro Comi, Pe. Agostinho De Ruschi, Pe. Rafael Pizzi e Pe. Luis
Pezzotta, que chegaram a Malua (Alto Molócuè, no 27 de Março de 1947,
A celebração, presidida
por D. Francisco Lerma, Bispo de Gurúè e concelebrada por D. Cláudio Dalla
Zuanna, Arcebispo, da Beira, pelo Pe.
Renato Comastri, Provincial dos Dehonianos
e por numerosos sacerdotes religiosos e do clero diocesano de Nampula, Quelimane,
Beira, Maputo e Gurúè, realizou-se na Igreja Paroquial de N. S. Rainha da Paz,
Pista Velha, Alto Molócue, com o seguinte programa:
1.
Palestra sobre a História dos Dehonianos em
Moçambique, a cargo dope. Toller.
2.
Discursos e testemunhos celebrativos.
3.
Celebração da Eucaristia.
4.
Convívio e parte recreativa.
REFLEXÃO
DE D. FRANCISCO LERMA
Os
primeiros quatro missionários: Pedro Comi, Agostinho de Ruschi, Rafael Pizzi e Luís
Pezzota.
Os
Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) celebrais os 70 anos de presença em
Moçambique, Uma etapa de uma longa caminhada de evangelização rumo ao futuro, à
plenitude do Reino.
O
Projecto de Jesus é muito mais amplo –para Deus “mil anos são como o dia de
ontem que já passou”, mas para os homens esta gota de água, este grão de areia
por pequeno que ele seja, está carregado de muito trabalho e dedicação, de
muito sacrifício e doação, mas também tem páginas gloriosas na Hª da
evangelização. De facto, a árvore boa conhecer-se-á pelos seus frutos. E aqui
estão os frutos desta vossa etapa de evangelização: esta jovem Igreja local, a
Diocese de Gurúè, que nasce adulta, com o seu milhão de católicos
aproximadamente; as 25 paróquias com as suas 2.000 pequenas
comunidades cristãs; os mais de 10
animadores dos vários ministérios laicais, o mais de um centenar de padres, religiosos e religiosas pertencentes às mais
variadas congregações espalhadas por esse Moçambique fora; e a presença de
comunidades dehonianas nas Dioceses irmãs de
Quelimane, Nampula, Beira e Maputo.
Deus
serviu-se da colaboração de tantas pessoas, homens e mulheres, membros da
família do Coração de Jesus: Padres, Irmãos, Mulheres Consagradas e Leigos
missionários e voluntários.
Muito
foi planeado e muito também foi realizado durante estes 70 anos.
Chegaram
a Moçambique onde os sinais da evangelização partiram de longe. Já nos meados
do século XVI deram-se os primeiros contactos com o Evangelho.
Mas
a evangelização sistemática e continuada demorou em concretizar-se.
A
evangelização nestas sete décadas da vossa presença, acompanhou a caminhada
deste povo, caminhada repleta de opressão, escravidão, humilhação, sofrimento e
morte. Mas também estavam presentes frutos de alegria e de esperança, frutos de
crescimento i de idade adulta.
A
Igreja também foi crescendo nestes setenta anos. Cresceu e deu um salto epocal,
da chamada missionação ao nascimento e consolidação da Igreja local; de uma
pastoral pre-conciliar a uma pastoral post-conciliar renovadora; de uma igreja
tipo piramidal a uma igreja povo de Deus e ministerial, de pequenas comunidades
cristãs, de ministérios livremente oferecidos, uma igreja inserida no coração
do povo (I Ass. Nacional de Pastora, Beira 1977, Conclusões, Introdução).
Hoje,
esta Igreja que servil desde há 70 anos, ainda é muito jovem, encontra-se numa
fase de consolidação, de formação qualificada dos seus animadores, precisa da
vossa colaboração, não já como antes quando os missionários eram os
protagonistas, mas em pé de igualdade, caminhando juntos, com espírito
evangélico de serviço e de interajuda.
Hoje
surgem novas realidades, surgem novos desafios pastorais das novas situações
sócio- culturais, políticas e económicos. Na era das multinacionais, dos
megaprojectos, da economia neoliberal e capitalismo selvagem, de corrupção globalizada.
Na
pastoral das nossas comunidades: o fortalecimento dos ministérios, o
enquadramento dos movimentos apostólicos, a pastoral juvenil, a família, a
formação de um clero qualificado e em número proporcional às necessidades
pastorais, a pastoral de conjunto perante aparecimentos de numerosas
congregações religiosas, a inculturação profunda e harmoniosa. Ai está o futuro
da vossa Congregação nesta Igreja local. Estes desafios devem encontrar em vós
discernimento, disponibilidade e doação renovada, inspirando-vos no zelo
apostólico dos vossos pioneiros Comi, De Ruschi, Pizzi e Pezzota, por sò citar
os primeiros. (Lembremos todos os que jazem no sono da paz em Milevane e outros
nas suas terras de origem).
Renovai
o vosso serviço generoso da primeira hora, cheio de fé e de disponibilidade
evangélica, como quando o Pe. Leon Dehon enviava os seus missionários aos
lugares mais difíceis (“As Missões, dizia ele, salvaram a nossa obra”).
Esta
hora é também oportunidade de superar os erros que por ventura encontreis no
vosso meio com espírito e decisão de conversão e de renovação interior,
individual e comunitária no serviço do reino:
“
Caritas Christi urget vos!”.
O
que importa é olhar com confiança o futuro, conscientes de que o Espírito é o
protagonista da evangelização; é Ele quem guia a Igreja, ontem, hoje e amanhã!