Sábado depois das Cinzas -17 Fevereiro
2018
Primeira leitura: Isaías 58, 9b-14
Depois da forte
denúncia dos pecados do povo (Is 58, 1), a pedido de Deus, o profeta passa à
exortação. Exorta àquilo que hoje se poderia chamar a caridade fraterna (vv. 9-
10a), motivada pela promessa da comunhão com Deus e da restauração do país (vv.
10b-12). Vem, depois, a exortação ao respeito pelo sábado, agora visto a partir
dos direitos de Deus (v. 13) e a consequente promessa de felicidade no Senhor
(v. 14). Por outras palavras: primeiro Deus pede que seja afastado tudo o que
divide o povo em si mesmo (opressão, falsas acusações em tribunal, difamação).
Em
consequência, Deus promete a comunhão Consigo e a prosperidade. A reconstrução
da justiça social é condição para que também sejam restauradas as antigas
ruínas. Depois, vem a exigência de abandonar o eficientismo e retomar o sentido
do repouso sabático, com a consequente promessa de saborear a alegria do Senhor
e dos seus bens.
Evangelho: Lucas 5, 27-32
A conversão de
Levi concretiza a afirmação de Jesus: «Não foram os justos que Eu vim chamar ao
arrependimento, mas os pecadores.» (v. 32) e sintetiza toda a anterior acção de
Jesus: a chamada dos primeiros discípulos, homens simples e rudes; a cura do
leproso, sem medo da impureza legal. O perdão dos pecados e a cura do
paralítico. Agora, Jesus convida ao seguimento um homem duplamente desprezível
porque é um explorador profissional e um colaboracionista do ocupante romano.
Jesus revela a
liberdade total das suas escolhas. Trata-se de uma liberdade que liberta,
porque nasce do amor. Levi, «deixando tudo», pesos, amarras, «levantou-se» e
seguiu-o». A libertação e a vida nova estão orientadas para o seguimento de
Jesus, para o discipulado.
Levi, libertado
e tornado discípulo, quer fazer da sua experiência um acontecimento de graça
para outros. Por isso, organiza um banquete em sua casa (v. 29).
«Não são os que
têm saúde que precisam de médico, mas os que estão doentes. Não foram os justos
que Eu vim chamar ao arrependimento, mas os pecadores» (vv. 32-33).
Jesus veio ao
mundo para chamar o homem pecador à conversão e à comunhão com Deus. Mas, para
experimentarmos a Misericórdia, devemos reconhecer-nos doentes e pecadores.
Mas, por vezes, não é fácil colocar-nos entre os pecadores, porque, temos
consciência de, por graça de Deus, não ter cometido faltas graves. Mas esta
resistência em nos considerarmos pecadores, já é sinal de orgulho e de egoísmo.
Cada um de nós
há-de reconhecer-se nos doentes a quem Jesus cura e em Levi a quem Jesus
perdoa. Só então poderemos experimentar a felicidade da Misericórdia que cura e
perdoa.
Há que
sentir-nos pecadores, solidários com os outros pecadores e dispostos a carregar
os seus pesos, tal como Jesus se fez solidário connosco e se dispôs a carregar
sobre Si o nosso pecado.
Pela boca de
Isaías, Deus exorta-nos à solidariedade e à partilha com os irmãos. Jesus é,
para nós, o exemplo perfeito dessa solidariedade e dessa partilha. Ele
partilhou a nossa vida e a nossa condição. Assumiu as nossas limitações e o
nosso pecado. Passou fazendo o bem a todos e acolhendo a todos. Reconhecendo a
misericórdia que usou para connosco, só a Ele havemos de procurar,
solidarizandonos com Ele na obra da redenção do mundo.
O Evangelho é
realmente Boa Nova para todos quantos nos sentimos carecidos da misericórdia de
Deus que nos cura e nos perdoa. É também Boa Nova para toda e qualquer pessoa
humana, cuja dignidade defende de modo intransigente, especialmente quando se
trata de gente espezinhada pelos outros, os pobres, os marginalizados (os
leprosos), as pessoas desprezadas (os pecadores, publicanos, prostitutas).
"O sábado foi feito para o homem – diz Jesus – e não o homem para o
sábado" (Mc 2, 27). Para realçar a dignidade da pessoa humana, Jesus
realiza muitos milagres ao sábado (cf. Mc 3, 1-6; Lc 14, 1-6; Jo 5, 1-14). Para
Jesus, fazer bem ao homem é o melhor modo de santificar o sábado.
;Não são os que têm saúde que precisam do médico, mas sim os enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Mc 2, 17). "Em verdade vos digo: os publicanos e as meretrizes precedervos-ão no reino de Deus" (Mt 21,31).
;Não são os que têm saúde que precisam do médico, mas sim os enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Mc 2, 17). "Em verdade vos digo: os publicanos e as meretrizes precedervos-ão no reino de Deus" (Mt 21,31).
Senhor, Tu
podias separar-Te dos pecadores, porque não precisavas de penitência, nem de
experimentar o sofrimento. Mas quiseste misturar-te com os pecadores e com os
doentes para sobre todos derramares a tua misericórdia que salva e cura. Como
Tu, quero colocar-me entre os pecadores, para sofrer e reparar pelos meus
pecados, para sofrer e reparar pelos deles. Quero sentar-me à mesa dos
pecadores para os ajudar a converter-se. Quero sentar-me à cabeceira dos
doentes para os confortar. Quero estar junto de uns e de outros para ser sinal
do teu amor e da tua misericórdia.
Perdoa-me se,
tantas vezes, fechei as mãos e o coração à indigência material e espiritual de
quem me rodeia, por me julgar melhor que os outros. Quero abandonar as minhas
falsas seguranças, e seguir-Te no caminho novo que abriste aos indigentes e
pecadores, para, com eles, participar na festa da tua Misericórdia.
Fonte: resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”.