3ª FEIRA – VIII SEMANA –TEMPO
COMUM – ANOS PARES
Primeira leitura: 1 Pedro 1, 10-16
Toda a revelação de Deus constitui uma unidade. O
mesmo Espírito que falava em Cristo, falou também através dos Profetas do
Antigo Testamento, e continua a falar naqueles que proclamam a salvação
oferecida a todos na ressurreição de Cristo.
Os primeiros cristãos tiveram plena consciência desta
realidade e, por isso, para descobrirem todo o alcance e toda a dimensão da
vida de Jesus, investigaram as Escrituras e encontraram nelas a chave do
mistério cristão.
Iluminados pelo Espírito, mandado sobre eles depois da
ressurreição de Jesus, os pregadores cristãos, particularmente os evangelistas,
descobriram essa chave e ofereceram-na aos leitores do Evangelho para os
introduzir no mistério de Cristo.
O Senhor ressuscitado está presente e actua na
história para dar pleno cumprimento à obra da regeneração da humanidade
realizada na Ressurreição.
A beleza deste anúncio, proclamado pelos arautos do
Evangelho, provoca alegria e admiração entre os próprios anjos, e leva os fiéis
a viverem em clima de páscoa, isto é, de «ânimo preparado para servir e vivendo
com sobriedade» (v. 13), estando vigilantes à espera da graça que lhes será
dada na parusia, quando Jesus se manifestar na sua glória.
Tendo passado da ignorância ao conhecimento de Deus,
os discípulos de Jesus já não se podem conformar com os antigos desejos vãos,
mas querem viver como filhos obedientes ao Pai, que os regenerou em Jesus, e
portar-se como santos. A vida de santidade é possível a quantos, tendo sido
baptizados, se tornaram participantes de vida de Cristo, da vida divina.
Evangelho: Marcos 10, 28-31
O discurso de Jesus, depois do colóquio com o homem
rico, deixou os discípulos apavorados. Pedro toma a palavra para tentar
clarificar a confusão que se abatera sobre todos: que será de nós que «deixámos
tudo e te seguimos»? (v. 28).
Jesus garante-lhes que Deus não se deixa vencer em
generosidade. Acolherá na vida eterna aqueles que, deixando tudo, O seguem; mas
também lhes permite usufruir, desde já, da riqueza dos seus dons, e está com
eles para os apoiar nas perseguições. Marcos faz uma lista detalhada dos bens
de que os discípulos podem, desde já, usufruir, e conclui com a máxima sobre os
primeiros e os últimos no Reino (cf. Mt 19, 30; 20, 26; Lc 13, 30). Há que
estar atento contra as falsas seguranças, e empenhar-se num permanente esforço
de conversão.
A vida das comunidades, que avançam pelos caminhos do
Senhor, preanunciada pelos Profetas, e na qual os pregadores do evangelho pedem
perseverança, está permeada de alegrias e de sofrimentos. É um caminho de
purificação e de confiança. Jesus promete àqueles que O seguem, não só a vida
eterna no futuro, mas também, já agora, o cêntuplo das coisas deixadas, com
perseguições à mistura.
A vocação cristã não é apenas renúncia, mas privilégio:
«quem deixar casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou campos por minha causa e
por causa do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, no tempo presente, em
casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, juntamente com
perseguições, e, no tempo futuro, a vida eterna» (vv. 29-30). O cêntuplo, com
perseguições, porque a terra ainda não é o céu!
Que é a vida eterna prometida por Jesus? É aquele de que fala João, quando escreve: «Esta é a vida eterna: que te conheçam a ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem Tu enviaste» (Jo 17, 3). É uma vida que começa na fé e termina na visão. A pobreza por causa de Cristo é condição para possuir tudo.
«Como filhos obedientes, não vos conformeis com os
antigos desejos do tempo da vossa ignorância; mas, assim como é santo aquele
que vos chamou, sede santos, vós também, em todo o vosso proceder, conforme diz
a Escritura: Sede santos, porque Eu sou santo» (vv. 15-16).
É Deus que nos chama à santidade. Mas, se não nos
abrirmos a esse chamamento, não darão fruto as graças que diariamente recebemos
de Deus com essa finalidade. E não nos pode tornar santos.
A Santidade é a finalidade para a qual tende a nossa
cristã, toda a nossa vida religiosa: «Com todos os nossos irmãos cristãos,
somos levados a seguir os passos de Cristo, para alcançar a santidade (cf. 1
Tes 4,7). «Para isto fostes chamados: o próprio Cristo sofreu por vós e
deixou-vos o exemplo para seguirdes os seus passos"»(1 Pd 2,21).
Senhor, faz-me compreender que a vida no Reino não
está privada de consolações dignas da minha condição humana.
Viver em Ti, que vives na tua Igreja, é partilhar a
tua condição de «pedra angular», preciosa para o Pai, mas rejeitada pela
humanidade.
Viver em Ti, é beber o teu cálice, receber o teu
baptismo, participar na tua Paixão, mas também participar na glória da tua
Ressurreição!
Tudo depende do modo como acolho o teu mistério pascal, na sua totalidade, e me situo nele. Deste-nos duas mãos: se numa escrever zero e noutra um, terei um, ou terei dez, conforme as colocar.
Assim as alegrias e sofrimentos da minha vida podem
servir para me perder ou para me santificar. Tudo depende do modo como os
encaro e situo na vivência do teu mistério pascal. Que a minha decisão
contribua sempre para enriquecer a santidade da tua Igreja.
Fonte: Adaptação local
de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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