sábado, 21 de julho de 2018

XV SEMANA – SÁBADO – TEMPO COMUM – ANOS PARES – 21 JULHO 2018


XV SEMANA – SÁBADO – TEMPO COMUM – ANOS PARES –
 21 JULHO 2018
Primeira leitura: Miqueias 2, 1-5

No contexto social e religioso da segunda metade do século VIII a. C., tal como Isaías, o profeta Miqueias denuncia os pecados sociais, cometidos pelos chefes, nomeadamente a casa real, os sacerdotes e os profetas, que acabam por arrastar para os mesmos crimes todo o povo. O profeta não faz uma lista exaustiva desses pecados, mas aponta alguns, que ilustram bem a malícia imperdoável da opressão dos fracos.
O justo juízo de Deus é inevitável e não tardará. Infelizmente, as situações denunciadas por Ezequias, continuam actuais no mundo em que vivemos

O profeta usa expressões muito duras contra aqueles que praticam tais actos, ameaçando inclusivamente com o exílio, simbolizado pelo jugo ignominioso anunciado ao seu povo: «Tenho planeado um mal contra esta raça, do qual não livrareis o pescoço». «Nesse dia», o dia concreto que não tardará a tornar-se escatológico, a desgraça converter-se-á em motivo de sátiras e lamentações. Será a completa humilhação. Os grandes e poderosos roubaram terras e haveres aos pobres, e perderão a Terra Prometida, com todos os bens. 
O castigo será feito da mesma matéria que o pecado do homem. Mas, um pequeno «resto» conservou íntegra a fé. Por causa deles, Deus voltará a ter compaixão do seu povo, dar-lhe-á uma nova fecundidade, que lhe garantirá a subsistência.

Evangelho: Mateus 12, 14-21

Jesus atreveu-se a pôr em causa o absoluto da lei sobre o repouso sabático. Isso só não Lhe custou a vida, porque, ao saber que os seus adversários tinham decidido matá-lo, saiu dali, continuando noutros lugares a sua actividade taumatúrgica e missionária.

Os milagres narrados por Mateus, logo depois da cura, ao sábado, do homem que tinha a mão paralisada (Mt 12, 10ss.), provam a autenticidade do amor misericordioso de Deus, que Jesus veio anunciar, e que é o centro e o sentido do seu ministério. Mateus vê realizada em Jesus a profecia de Is 42, 1-4, onde é apresentada a figura do Servo de Javé. Escolhido e enviado por Deus, que o encheu do seu Espírito, o Servo realizará a missão de dar a conhecer a todos os povos a verdadeira relação entre Deus e os homens. O estilo do Servo, manso e humilde, alheio a conflitos e a barulhos, atento a valorizar toda a possibilidade de vida, realiza-se totalmente em Jesus «manso e humilde de coração» (Mt 11, 29), e que pede silêncio sobre as suas obras (cf. Mt 12, 16).
Mateus, mais uma vez, acentua que, em Jesus se realizam as esperanças judaicas, ajuda a interpretar o evento-Jesus, a compreender-lhe o significado, e apresenta-O como modelo de obediência à palavra do Pai.

Os profetas do Antigo Testamento com muita frequência se atiram contra as prepotências dos ricos em relação aos pobres, por sensibilidade social, com certeza, mas, sobretudo, por sensibilidade teológica: as injustiças entre os homens quebram a relação com Deus. O mal que se faz ao homem é mal feito a Deus.

O império da lei da prepotência, dos que são economicamente mais poderosos, continua tragicamente actual. As tragédias que a ganância de poucos provocam, com indizíveis sofrimentos para muitos, repetem-se diariamente, por toda a face da terra. O dinheiro revela-se uma arma mais letal do que as ogivas nucleares, quando usado unicamente em vista dos interesses de alguns. Quando o dinheiro se torna o objectivo da vida, não admite rivais. Quem se entrega ao dinheiro, não consegue ver mais ninguém senão a si mesmo. É por isso que Jesus disse que, ou se serve a Deus, ou se serve ao dinheiro. Não há compromisso possível.

Mas, um dos sinais do nosso tempo, é também um crescente movimento contra as injustiças. Como cristãos, não podemos deixar de participar nele, com todos os homens de boa vontade. Mas o nosso verdadeiro modelo é Jesus. Ora o Senhor sabe juntar a força e a mansidão, que não levanta contendas e não grita, que não faz gestos espectaculares, mas também não volta atrás e que, se se afasta dos adversários, é para ajudar quem precisa: «Muitos seguiram-no e Ele curou-os a todos» (v. 15).
É esta a luta que Jesus leva por diante com mansidão e amor para com todos, sabendo que isso O levará à morte.

Como cristãos devemos ser contrários a toda a forma de luta violenta, mas também agir energicamente com todas as iniciativas não violentas, para afirmar a justiça, o respeito pelos direitos humanos e a caridade no mundo, como sugere o Segundo Sínodo dos Bispos sobre a Justiça no mundo, tendo presente os ensinamentos da História acerca da conquista não violenta da liberdade e da independência política.

Senhor, livra-me de cometer a injustiça, de aceitá-la contra os outros, mas também de a querer combater por meios violentos. Tu, manso e humilde de coração, ensina-me a não-violência, porque a violência é já injustiça, mãe de outras violências e injustiças piores. Tu, que quiseste ser pobre por meu amor, faz-me compreender que não posso enriquecer de qualquer modo e a qualquer custo, mesmo à custa do respeito e dos direitos dos meus irmãos. Tu, que estás atento a todos, ajuda-me a esquecer-me de mim, e a cuidar carinhosamente de todos os irmãos, particularmente dos mais frágeis e carenciados.
Fonte: adaptação local de um texto de F. Fonseca em “dehonianos.org/portal/liturgia

quarta-feira, 18 de julho de 2018

QUINTA-FEIRA – XV SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 19 JULHO 2018


QUINTA-FEIRA – XV SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES -
19 JULHO 2018

Primeira leitura: Isaías 26, 7-9.12.16-19

Este texto integra-se num bloco de capítulos (24-27) do livro de Isaías. São versículos extraídos de uma oração (Is 26, 7-19), que faz parte do chamado «Apocalipse de Isaías». 

O profeta começa com um grito de rectidão e justiça legal, que é todo um programa de vida: «O caminho do justo é recto; é o Senhor quem prepara o caminho do justo» (v. 7). A comunidade reunida em solene liturgia responde, afirmando a sua confiança na justiça de Javé. 

Isaías serve-se provavelmente de algum salmo popular, retocando-o e incorporando-o no cântico triunfal dos versículos anteriores. Os justos buscam o nome de Javé, isto é, o próprio Deus, na medida em que é possível à limitação humana conhecê-lo, compreendê-lo, amá-lo. Nada poderá desviá-los desse centro de gravidade. Deus realiza as suas obras no meio dos povos, para que todos possam conhecê-lo e viver de acordo com a sua vontade. 

Sem Deus, todo o empreendimento humano é abortivo. Só na comunhão com Deus podemos alcançar todos os bens e ter sucesso nas nossas iniciativas: «és Tu que realizas todos os nossos empreendimentos» (v. 12). A intervenção de Deus dará novamente a vida a um povo de «mortos», para uma nova e alegre existência (v. 19). O orante proclama uma esperança segura, expressão de fé n´Aquele a quem tudo pertence.

Evangelho: Mateus 11, 28-30

Depois de ter dado graças ao Pai pela revelação recebida, e de ter anunciado o conteúdo dessa revelação (Mt 11, 25-27), Jesus dirige um convite-chamamento a todos «cansados e oprimidos» (v. 28). A imagem do «jugo» (v. 29) fazia parte, primeiramente, da relação «escravo-senhor». Depois foi aplicada à relação «discípulo-mestre». As alianças humanas, também com a divindade, exprimiam-se em categorias de submissão-obediência. 

A lei de Moisés, tal como a aplicavam os escribas (cf Mt 23, 4), era um «jugo» particularmente duro, um «jugo insuportável» (Heb 12, 10). Cada mestre tinha que impor um «jugo» aos seus discípulos. Os discípulos de Jesus são convidados a pôr-se ao lado d´Ele, a carregar o mesmo jugo, a levar o mesmo estilo de vida: o dos mansos e humildes, dos pobres e pequenos, que compreenderam o mandamento novo da obediência a Deus e do serviço aos irmãos. O jugo, em si mesmo, é pesado. Mas, levá-lo com Jesus, é causa de doçura. O amor exige pesada renúncia aos próprios instintos egoístas. Mas abre os horizontes da verdadeira vida.

Isaías convida os seus ouvintes à confiança no Senhor, sempre fiel às suas promessas, atento aos pobres e oprimidos. Do mesmo modo que Deus devasta as cidades pagãs, tornando impraticáveis os seus caminhos, assim também aplana a estrada daqueles que conformam a vida aos seus preceitos.

Os que esperam no Senhor, e desejam ardentemente estar em comunhão com Ele, serão saciados de todos os bens, simbolizados na paz.

O que os homens do Antigo Testamento desejavam e esperavam, foi-nos dado em Jesus Cristo: «Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos … e encontrareis descanso para o vosso espírito». Jesus experimentou os nossos cansaços. Por isso, nos compreende, como compreendeu os Apóstolos, quando, depois de um dia de missão, lhes disse: «Vinde e descansai um pouco» (Mc 6, 31). Ser compreendido já alivia o sofrimento.

Hoje muitos de nós experimentamos o cansaço e a opressão de uma vida intensa e exigente, muitas vezes marcada por duras tribulações. O Senhor permite-as para que O busquemos: «Senhor, na tribulação, nós recorríamos a ti» (v. 16). É este recurso ao Senhor que nos permite suportar os sofrimentos da vida e torná-los úteis e fecundos, para nós, para o mundo, para a Igreja. E melhor será, se soubermos escutar o convite do Senhor: «Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito» (v. 29). 

Parece uma contradição: carregar um jugo para descansar! Mas o jugo de Jesus é um jugo de amor. Estando sós, os nossos esforços são vãos, e o sofrimento aproxima-se do desespero, porque não vemos o sentido das nossas fadigas. Mas se aceitarmos o jugo de Jesus, e caminharmos com Ele, tudo ganha sentido, tudo se torna fecundo, e temos a certeza de caminhar para a luz e para a vida.

«Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração e encontrareis repouso para as vossas almas. O Meu jugo é suave e a minha carga é leve» (Mt 11, 29-30). Jesus não engana ninguém, e muito menos nos engana a nós, chamados a percorrer o seu próprio caminho. As exigências do amor evangélico são um “jugo”, uma “carga”. Podem, por vezes, exigir-nos heroísmo, como no caso do amor pelos inimigos, no fazer o bem a quem nos faz mal, no rezar pelos nossos perseguidores; mas o “jugo” de Jesus é “suave”, a sua “carga leve”, porque Ele o carregou antes de nós e agora o leva connosco. Faz-se presente a nós, particularmente no dom dos sacramentos, e na efusão do Espírito Santo, para ser o nosso amparo e guia no caminho das virtudes, possibilitando-nos exercê-las até de modo heróico, irradiando os Seus saborosos frutos na vida comunitária e no apostolado. Assim, podemos transmitir alegria e paz àqueles que encontramos. Assim, como Jesus, podemos vencer o mal praticando o bem. Assim, podemos semear esperança, e gritar aos nossos contemporâneos: «Despertai e rejubilai…! O teu orvalho é um orvalho de luz, que fará renascer os que não passavam de sombras» (v. 19).

Senhor, venho ao teu encontro carregando o peso do meu dia, com o peso dos sofrimentos que oprimem os que me são próximos. Mas dou Contigo a carregar a tua cruz e as cruzes de todos os homens, de quem Te fizeste solidário, irmão.
Obrigado Senhor! Como poderia levar sozinho a minha cruz, se nem posso comigo?
Obrigado pelo teu convite: «Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos». 

Apoiado por Ti, e em Ti, quero ajudar e levar alívio a tantos irmãos e irmãs, que sofrem muito mais do que eu. No amor, estou certo, todo o peso se torna leve.
Fonte: adaptação local de um texto de F. Fonseca em “Dehonianos.org/portal/liturgia”

terça-feira, 17 de julho de 2018

QUARTA-FEIRA – SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES – - 18 JULHO 2018


QUARTA-FEIRA – SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES –
- 18 JULHO 2018
Primeira leitura: Isaías 10, 5-7. 13-16

Este oráculo deve ser entendido no contexto da iminente ameaça da invasão assíria. O rei de Judá, Acaz primeiro, e o seu filho Ezequias, depois, adoptam políticas diferentes diante da super-potência estrangeira. Acaz opta por uma aliança-vassalagem; Ezequias, pela oposição. Mas ambos não escutam Isaías, que prega a fé em Deus, como garantia de estabilidade e de segurança para o reino de Judá. O profeta vê, cada vez mais, a Assíria como instrumento de punição usado por Deus para advertir o seu povo e chamá-lo à conversão. Assim, lança um dos pilares básicos da teologia bíblica: tudo está nas mãos de Deus. 

A criação e a história estão submetidas aos seus desígnios. Para melhor se fazer compreender, o profeta descreve antropomorficamente a Deus, como se fosse uma pessoa ofendida e ultrajada, e o seu povo espezinhado como pó dos caminhos. A situação não podia durar muito. Se Judá não compreendia o papel da Assíria nos planos divinos, menos ainda Assur o compreenderia. Nunca lhe passaria pela cabeça ser simples instrumento de um Deus estrangeiro. Mas enganou-se, diz Isaías, teólogo da história. A grandeza de um povo, Judá ou outro qualquer, não está na política ou sabedoria humanas, mas na fidelidade aos desígnios de Deus. A história veio a confirmar os oráculos de Isaías.



O texto que hoje escutamos é como que um meteorito caído do céu joânico. Jesus louva e dá graças ao Pai por actuar de modo tão diferente da lógica humana que exalta o poder e a força em qualquer âmbito da existência. Jesus verifica que são os «pequeninos» que beneficiam da revelação do Pai (v. 25).
 A revelação da paternidade divina, de que Deus é Pai, sobretudo de Jesus e, por meio d´Ele, dos crentes, é o núcleo fundamental da pregação de Jesus. Na paternidade divina está resumido tudo quanto poderia dizer-se da relação de Deus com os homens. Na filiação divina está resumido tudo o que poderia dizer-se da relação dos homens com Deus. É, pois, o melhor resumo do evangelho.
O evangelista aproveita a ocasião para declarar a consciência de Jesus e a fé da igreja no mistério das relações trinitárias.
 O Pai, por amor, dá tudo ao Filho que, por amor, tudo acolhe e tudo restitui ao Pai. O movimento eterno de dom recíproco entre o Pai e o Filho permanece incognoscível à criatura humana. Todavia, por obra do Espírito, efusão perene de amor, o Pai torna-se acessível no Filho e revela-se a si mesmo (v. 27). Tal manifestação é incompreensível à sabedoria humana. Só quem se torna «pequenino», disponível a entrar na lógica da gratuidade de Deus, pode compreendê-la.
O homem que recusa a Deus, fecha-se no gueto dos seus instintos, dos seus pontos de vista, de uma inteligência que, por muito que possa percorrer os espaços siderais ou penetrar nas mais pequenas partículas da matéria, não encontra o caminho da alegria, da paz, da plenitude interior. Do mesmo modo, o homem que se sente senhor do mundo, da sua existência e da existência dos outros, não atinge o âmago do que é viver, o seu significado último, que, só por si, lhe dá consistência. Pelo contrário, é isso que é revelado a quem aceita a realidade de ser criatura, pequena diante do Criador, mas tão preciosa para Ele, que a chama a participar da sua vida.

A primeira leitura apresenta-nos um «entendido» que erra completamente: «Foi pela força da minha mão que fiz isto, com a minha sabedoria, porque sou inteligente. Mudei as fronteiras dos povos, saqueei os seus tesouros… derrubei toda aquela gente» (v. 13). Julga-se inteligente, e não se dá conta de que é um simples instrumento nas mãos de Deus: «Ai da Assíria, vara da minha cólera, o bastão das suas mãos é o bastão do meu furor!… Um bastão não pode comandar um homem, é o homem que faz mover o bastão» (vv. 5.15b).

Ao contrário do «sábio e entendido» da primeira leitura, os «pequeninos» do evangelho, sobre os quais se inclina o olhar comprazido de Deus, entendem os mistérios do Reino: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos» (v. 25).

É preciso ser «pequeninos» para acolher o dom de reconhecer o mistério de Jesus, para entrar no conhecimento do Pai e do Filho, no segredo da sua vida, conforme é da vontade de Deus. Jesus bendiz o Pai por esta sua vontade, Ele que se fez «pequenino», humilde, manso, completamente disponível a realizar a sua vontade.

O verdadeiro poder do homem, não depende do que tem, dos meios de que dispõe, mas dos dons do Pai, que os dá a quem é suficientemente pobre para os receber: «Eu Te bendigo, ó Pai, porque revelaste estas coisas aos pobres…» (Mt 11, 25ss). A pobreza cristã, e mesmo a pobreza dos religiosos, não é algo de simplesmente negativo. É bem-aventurança: «Bem-aventurados os pobres» (Lc 6, 20). Bem-aventurados porque lhes é oferecido um encontro de conhecimento e de amor com Jesus e, por meio d
e Jesus, com o Pai. Bem-aventurados porque, nesse encontro-conhecimento, experimentam a alegria, a paz, o amor, que é Jesus, bem-aventurança de todas as bem-aventuranças.

Eu Te bendigo, ó Pai, porque nos destes o teu Filho Jesus e, n´Ele, nos revelastes quanto nos amas. Porque decidiste manifestar-Te a nós, posso, agora, falar-Te com a confiança e o atrevimento de um filho.

Renova no meu coração a certeza da presença do Espírito, que me garanta que és Pai, que Jesus é o Senhor, que sou chamado à bem-aventurança da comunhão Contigo. Sei que sou uma criatura pequena e frágil. Mas também sei que me amas. Que o teu Espírito de sabedoria e de piedade acenda em mim o gosto pela minha pequenez e pela simplicidade, para que possa sempre acolher-Te, qualquer seja o modo com que decidas manifestar-Te. 

Fonte: adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”

segunda-feira, 16 de julho de 2018

TERÇA-FEIRA – XV SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 17 JULHO 2018


TERÇA-FEIRA – XV SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 17 JULHO 2018
Primeira leitura: Isaías 7, 1-9

A partir dos anos 735-733 a. C. a independência política de Judá estava seriamente ameaçada, seja a partir da Assíria, seja a partir de Efraim, aliado à Síria. É com este pano de fundo que abre, no capítulo 7 de Isaías, o chamado «livrinho do Emanuel». Enquanto Acaz prepara a defesa de Jerusalém, e o seu abastecimento de água em caso de assédio, Isaías vai ao encontro dele, com o seu filho simbolicamente chamado «um resto há-de voltar». Não foi um encontro propriamente amistoso, dadas as posições opostas do rei e do profeta no que se referia a política de alianças. Enquanto o rei pretendia aliar-se à Assíria, contra Efraim e a Síria, o profeta opunha-se a essa ideia, insistindo na necessidade de confiar unicamente no Deus da Aliança e das Promessas. O rei pode levar por diante os seus intentos. Judá sofrerá as consequências. Mas Deus não vai faltar à aliança estabelecida com a casa de David. Sobrará «um resto», que garantirá o cumprimento das promessas. Os reis vizinhos são bem pouca coisa diante do rei de Jerusalém, que é o próprio Javé. Há, pois, que confiar plenamente n´Ele!
Acaz, céptico, deve ter sorrido às palavras de Isaías. O profeta, indignado, ameaça: «Se não o acreditardes, não subsistireis» (v. 9). Acaz devia saber que não era um rei semelhante aos seus vizinhos, mas apenas o representante de Javé, o verdadeiro rei de Jerusalém. Não aceitar essa condição era usurpar o lugar de Deus, era ser infiel à Aliança. Acaz despede-se com uma atitude diplomática de escuta. Mas o profeta não acredita nele.

Evangelho: Mateus 11, 20-24
«A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito será pedido» (Lc 12, 48). O texto que hoje escutamos ilustra bem esta afirmação de Jesus. Corazim, Betsaida e Cafarnaúm beneficiaram da primeira actividade taumatúrgica e missionária de Jesus (vv. 21.23). Mas não se converteram. Jesus aponta-as como protótipos da “geração caprichosa” , semelhante às crianças que, em vez de participarem no jogo que outras crianças organizam nas praças, ficam sentadas sem ligarem ao que se passa (cf. Mt 11, 16-19).

Os milagres, que Jesus realizou nas cidades próximas do lago de Genesaré, levantavam o véu sobre a sua identidade. Eram prova da acção do Espírito, da vitória sobre Satanás, da misericórdia de Deus, que sempre convida o extraviado a regressar à casa paterna. Eram, por assim dizer, obras-palavra, acções pedagógicas, cuja finalidade era levar ao acolhimento de Jesus e da sua mensagem, na fé: «Convertei-vos e acreditai no evangelho» (Mc 1, 15b). Mas as cidades da Galileia não corresponderam ao dom recebido. Tal correspondência pressupõe uma disponibilidade que vem da consciência da necessidade de ser salvo, de ser libertado do mal. Por isso, as cidades pecadoras, tal como Tiro, Sídon e Sodoma, são potencialmente mais dispostas ao evangelho e à conversão.
Acaz pensava que a estabilidade do seu reino podia vir da sua política de alianças. Mas Isaías insiste que a única garantia de estabilidade é a fé, que põe à nossa disposição a força de Deus. Na iminência da invasão sírio-efraimita, o rei treme e agita-se «como se agitam as árvores das florestas impelidas pelo vento» (v. 2). Mas Deus, por meio do seu profeta, diz-lhe: «Tranquiliza-te, tem calma» (v. 4). Trata-se de um claro convite à fé e à confiança n´Aquele que pode salvar (cf. Heb 7, 25). Precisamos de regressar a esta atitude de fé e confiança em Deus. Os nossos bons propósitos valem se, em vez de confiarmos em nós, confiamos em Deus. A vida cristã não existe sem a fé, e não subsiste se a fé não for alimentada e não crescer cada dia, porque, sem a fé, é impossível o amor.
A fé, todavia, não afasta a lucidez da análise do que acontece à nossa volta. Pelo contrário, permite ver em profundidade e tirar as últimas consequências dos fenómenos políticos, sociais, familiares… A fé não impede a aquisição da necessária competência para tratar as questões contingentes. Pelo contrário, estimula-a, com a certeza de que nada se perde, nem mesmo as derrotas e os fracassos, porque Deus é o salvador de tudo quanto existe. A fé alarga os horizontes para além das aparências, e permite reconhecer a obra do Espírito Santo, que orienta o homem para a plena revelação do Pai em Cristo. Abrir-se a este reconhecimento é abrir-se à alegria, mesmo nas dificul
dades e sofrimentos que a vida nos apresenta.
Ao analisar a sociedade do seu tempo, com todos os problemas que a afligiam, o Pe. Dehon não o faz como um qualquer sociólogo. O seu olhar de teólogo e de místico, o seu olhar de fé, leva-o a observar a causa mais profunda dos males da sociedade e os remédios adequados para os combater. O mal-estar social é consequência da recusa do amor de Cristo, é consequência do pecado. Para remediar esse mal-estar, é preciso instaurar o Reino de Cristo nas almas e nas sociedades; «a solução da actual questão social» está na «reparação por meio do puro amor…». Esta afirmação do Fundador, perante os seus noviços, pode soar a espiritualismo. Mas a intensa acção social em S. Quintino, os congressos, o jornal, a revista, e os muitos livros de denúncia das injustiças e de divulgação da doutrina social da Igreja, dizem-nos que era um homem com os pés bem assentes na terra. Mas a sua fé mostrava-lhe que, para além de todas as medidas humanas, só a vivência do puro amor pode construir a tão suspirada “civilização do amo
Senhor Deus, vivifica em mim o dom da fé, para que possa vivê-lo e testemunhá-lo. Perdoa a dureza do meu coração, que, por vezes, me leva a viver como se Tu não existisses, ou a querer-Te diferente do que és. Perdoa-me escandalizar-me pelo modo como Te revelas na vida de Jesus, e, sobretudo, pelo modo como hoje Te queres revelar na vida da Igreja, e de cada um dos cristãos, também da minha, com todas as contradições, incoerências, fragilidades e infidelidades.
Dá-me suficiente humildade para acolher-Te no modo como Te queres revelar: no Pão, na Palavra, no irmão, nos acontecimentos da história. .
Fonte: adaptação local de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia”