sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

4ª FEIRA - III SEMANA- T C - ANOS ÍMPARES -30 JANEIRO 2019


4ª FEIRA - III SEMANA-  Parte superior do formulário
Parte inferior do formulário
T C - ANOS ÍMPARES -30 JANEIRO 2019
Primeira leitura: Hebreus 10, 11-18
As reflexões do autor continuam centradas na superioridade do sacerdócio e do sacrifício de Cristo relativamente a todos os sacrifícios oferecidos pelo sacerdócio de Aarão. Dirigindo-se a judeo-cristãos que passam por um momento de crise e de saudade do antigo culto, o autor estabelece uma relação directa entre os sacerdotes do templo e Cristo.
Os primeiros apresentam-se submetidos a uma permanente e vã repetição de ritos que não chegam a purificar as consciências e a libertar do pecado. São sacrifícios externos, apenas sombra do verdadeiro sacrifício. Ergue-se diante deles a figura majestosa de Cristo que, tendo oferecido «uma só vez» a sua vida em obediência ao Pai, está «agora» na sua presença e «sentado» à sua direita, à espera que amadureçam todos os frutos da obra de salvação realizada.
Agora está aberto, e assim permanece para sempre, o acesso ao verdadeiro «Santos dos santos». Assim, segundo o autor da Carta, realiza-se a profecia de Jeremias (31, 33ss.) sobre a «nova aliança»: Deus escreveu a sua lei no coração do homem e perdoou os seus pecados.
Agora, cada homem é potencialmente filho de Deus, no Filho muito amado. A Igreja, ao oferecer todos os dias o sacrifício eucarístico, não repete o evento da paixão-morte de Jesus, mas renova para todo os homens, cada dia, aquele único sacrifício. Assim, oferece a cada um a possibilidade de entrar livremente em comunhão vital com Cristo e tornar-se membro vivo do seu corpo místico.
Evangelho: Mc 4, 1-20
O reino de Deus é proclamado pela palavra. Marcos, na secção que hoje abre, oferece-nos uma teologia da palavra do reino. Jesus começa a falar «em parábolas». Era o método usado pelos rabinos.
As parábolas são «histórias» aparentemente simples, mas com um elemento-surpresa e uma conclusão inesperada que convidam a procurar um segundo significado, para além do imediato.

A parábola começa e termina com dois imperativos: «Escutai» (v. ). Em sentido bíblico, «escutai» significa «obedecei», isto é, dai a vossa adesão (ob-audire). Jesus quer entrar em relação viva com as pessoas a quem se dirige. Começa por centrar a atenção dos ouvintes na generosa sementeira. Mas logo a centra na semente. Vem, depois, a tipologia dos terrenos que recebem a semente. Há um evidente exagero ao falar da «boa terra». A imagem da colheita sugere o fim dos tempos. A parábola, ao fim e ao cabo, diz-nos que o Messias está próximo e descreve a abundância de graça do Reino messiânico.

No diálogo com «os que o rodeavam», a semente é claramente identificada com a Palavra, e os terrenos correspondem às diferentes reacções suscitadas pela pregação dos apóstolos. Jesus veio realizar a missão de semear a Palavra.
Semeou com generosidade, movido pelo excessivo amor que tudo crê, também que o deserto há-de florescer. Assim nos faz compreender também que a Palavra deve ser pregada a todos, sem desânimo, sem medo de fracassar. A seu tempo dará fruto.
O mistério de Cristo é o mistério de uma natureza humana «tornada perfeita» por meio do sofrimento: «Convinha que aquele por quem e para quem existem todas as coisas, querendo levar muitos filhos à glória, levasse à perfeição, por meio dos sofrimentos, o autor da sua salvação» (Heb 2, 10).
Depois desta afirmação, o autor descreve os sofrimentos de Cristo e conclui: Jesus «tornado perfeito, tornou-se para todos os que lhe obedecem fonte de salvação eterna, tendo sido proclamado por Deus Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedec» (Heb 5, 9-10).
Pode parecer-nos estranho aplicar a Cristo a expressão «tornar perfeito» que, no Antigo Testamento, só é usado em referência à consagração dos sacerdotes, cujas mãos, e toda a sua pessoa, hão-de ser tornadas perfeitas para oferecer a Deus o sacrifico. Cristo foi transformado pelo seu sacrifício para se tornar o sacerdote absolutamente perfeito.
Mas a consagração sacerdotal de Cristo, obtida no seu sacrifício, vale para Ele, mas também para nós: «com uma só oferta, Ele tornou perfeitos para sempre os que são santificados» (v. 14). Aqui está a grande novidade: o autor aplica aos cristãos o mesmo verbo que aplicou acerca de Cristo «tornar perfeito».
Cristo recebe a consagração sacerdotal e, ao mesmo tempo, confere-a a nós. Com o seu sacrifício, Cristo tornou-nos, também a nós, capazes de nos apresentar a Deus em atitude sacerdotal, apresentando ofertas. Por isso, graças ao sacrifico de Cristo, podemos aproximar-nos com toda a confiança diante de Deus, entrar no santuário mais secreto.
Na afirmação: «com uma só oferta, Ele tornou perfeitos para sempre os que são santificados» (v. 14), podemos distinguir dois aspectos: somos verdadeiramente consagrados a Deus e podemos oferecer o sacrifício; a nossa santificação é apenas um começo que exige desenvolvimento, crescimento: «tornou perfeitos para sempre os que são santificados» (v. 14).
A santificação recebida no baptismo há-de desenvolver-se cada dia, aplicando à nossa pessoa o sacrifício de Cristo, mas também revivendo-o, de modo especial, nos nossos próprios sofrimentos e tribulações.
A presença misteriosa do cristão em Cristo morto e ressuscitado é expressa por Paulo com a simples expressão «en Christo» (in Christo) usado 164 vezes nas suas cartas, com diferentes matizes. Na Primeira Carta a Timóteo fala do mistério de Cristo como o grande mistério da piedade (3, 16).
Fonte: “dehonianos.org/portal/liturgia/”

SÁBADO DEPOIS DA EPIFANIA - 12 JANEIRO 2019

SÁBADO DEPOIS DA EPIFANIA - 12 JANEIRO 2019 Primeira leitura: 1 João 5, 14-21 Ao terminar a sua carta, João retoma os temas da segurança da fé e a coerência na vida do cristão, acrescentando o da oração confiante. A oração que o crente dirige ao Pai tem por finalidade obter a vida para aqueles cujos pecados «não conduzem à morte» (vv. 16-17). Há pecados que conduzem à morte: os que rompem definitivamente a comunhão com Deus. Mas há pecados que não rompem essa comunhão definitivamente e não levam à morte. João diz que é bom rezar por estes últimos, para que sejam readmitidos à comunhão com Deus. O importante é que esta oração seja feita de acordo com a vontade de Deus, e não segundo os próprios interesses. Ao terminar carta com três afirmações do apóstolo que sublinham a certeza que ele tem acerca do ensinamento que deu aos crentes: quem nasceu de Deus não peca e escapa ao domínio de Satanás (v. 18); o crente pertence a Deus e não ao mundo, porque se trata de duas realidades opostas e inconciliáveis (v. 19); a certeza da vinda de Jesus até nós dá-nos a possibilidade de escaparmos do mal e de entrarmos na comunhão com Deus e com o seu Filho. A carta encerra com o apelo de João a que os cristãos recusem o culto aos ídolos para possuírem a verdade que é Jesus. Evangelho: João 3, 22-30 Enquanto a actividade missionária de Jesus e a do Baptista florescia, surge um episódio que perturba os discípulos de João: uma discussão com alguém que provavelmente tinha recebido o baptismo da mão dos discípulos de Jesus. O tema em discussão é o valor da purificação do baptismo dado pelos rabis e a relação entre os dois ritos. A resposta do Baptista sublinha um princípio geral válido para todo o homem que realiza uma missão: na história da salvação ninguém pode apropriar-se de uma determinada função, se ela não lhe for conferida por Deus (v. 27); além disso, afirma a superioridade de Jesus (v. 28). E, para explicar melhor a relação que tem com Jesus, explica a superioridade da missão própria de Jesus com um exemplo tirado do ambiente judaico: a relação entre o amigo do esposo e o esposo durante a festa nupcial (cf. Is 62, 4-5; Mt 22, 1-14; Lc 14, 16-24). Nesta comparação, João Baptista não tem dificuldade em reconhecer Jesus no papel de Messias-esposo, vindo para celebrar as núpcias messiânicas com a humanidade, e, portanto, aponta a si mesmo como discípulo-amigo do esposo. Ele pôde conhecer o Messias que dá início à sua missão e recolhe os primeiros frutos do seu trabalho. Por isso, se alegra, pois constata a realização definitiva do projecto salvífico de Deus. E compreende que chegou o momento de se retirar: «Ele é que deve crescer, e eu diminuir» (v. 30). É admirável verificar como João Baptista manifesta alegria numa circunstância em que nós, geralmente, manifestamos tristeza. Jesus estava a ter mais sucesso do que João. Os discípulos do Baptista andam preocupados e manifestam essa preocupação: «Rabi, aquele que estava contigo na margem de além-Jordão, aquele de quem deste testemunho, está a baptizar, e toda a gente vai ter com Ele.» (v. 26). A carreira de João está a chegar ao fim. E ele reconhece que é essa a sua vocação: «Vós mesmos sois testemunhas de que eu disse: ‘Eu não sou o Messias, mas apenas o enviado à sua frente. O esposo é aquele a quem pertence a esposa; mas o amigo do esposo, que está ao seu lado e o escuta, sente muita alegria com a voz do esposo. Pois esta é a minha alegria! E tornou-se completa! Ele é que deve crescer, e eu diminuir.»(v. 28-30). Estas palavras enchem-nos de admiração, certamente. Mas é preciso irmos mais além. Na relação uns com os outros: quantas invejas! Quantos ciúmes! Na relação, particularmente, com Cristo: somos mensageiros, precursores, servos do Senhor! E nada mais! Não é em nós, ou nos nossos interesses, que aqueles que evangelizamos se devem fixar. É em Cristo. O apóstolo há-de ser transparente como o vidro para que, olhando-o, os fiéis vejam mais além, vejam o Senhor. Quantas vezes, na nossa vida de apóstolos acontecem coisas que noscontrariam. Não bastam aguentar, sofrer! É preciso acolher com alegria! São essas coisas que nos tornam semelhantes a Jesus. As próprias doenças, as humilhações, são chamamentos de Jesus. Há que reconhecê-los como manifestação da sua vontade. Não quer que soframos, certamente! Mas quer que soframos como Ele! Então a nossa alegria será plena! Se todo sofrimento tem uma sua misteriosa fecundidade apostólica, com maior razão a tem a «cruz do apóstolo», os inúmeros sofrimentos que acompanham toda a acção apostólica e que, por vezes, são coroados com a morte, com o martírio. Que centrou a sua vida e a sua acção na união à oblação de Cristo, até à imolação, aceita todos os sofrimentos como graça. A morte é a sua suprema graça, pois nela se realização a oblação total, a imolação. Nessas circunstâncias realiza-se para o apóstolo, como para Cristo, a parábola do “grão de trigo caído na terra: se… não morrer, permanece só; se, pelo contrário, morrer, produz muito fruto” (Jo 12, 24). É mesmo a morte que revela a autenticidade profunda da vida, para além dos sucessos e dos insucessos; revela como vivemos e para quem vivemos: para Cristo e como Cristo, sacerdote e vítima, mais ainda, sacerdote porque vítima. Fonte: “dehonianos.org/portal/liturgia”

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

11 JANEIRO 2019 - – SEXTA-FEIRA DEPOIS DA EPIFANIA

11 JANEIRO 2019 - – SEXTA-FEIRA DEPOIS DA EPIFANIA Primeira leitura: 1 João 5, 5-13 A vitória do cristão sobre o mundo é a fé. Para alcançar essa vitória, precisa de enfrentar uma luta interior e exterior contra tudo o que é mundano e realizar a vontade de Deus. A certeza da vitória vem da força da vida divina e da união com Deus. Portanto, é a fé em Cristo, Filho de Deus, o único meio para vencer o mundo (v. 5; cf. Jo 20, 30-31). Jesus veio para dar a vida e, quem acredita nele, tem a vida eterna (cf. v. 21). Esta vida eterna, que Jesus trouxe à humanidade é certa, porque Ele a ofereceu no começou da sua vida pública pelo baptismo («água») (cf. Jo 1, 31), e o fim da sua existência terrena pela morte na cruz («sangue») (cf. Jo 6, 51; 19, 34), e sempre actualizada na Eucaristia. É sobre este testemunho tríplice e concorde que se funda a manifestação de Deus em Cristo, seu Filho ( vv. 7-8). Há aqui reflexos da polémica do Apóstolo contgra os gnósticos que afirmavam que a divindade de Jesus se uniu à humanidade n o baptismo, mas na morte se separou da humanidade, de tal modo que apenas morreu o homem Jesus. Quem refuta este testemunho do Espírito de Deus, recusa a fé em Cristo, que é esta união de vida e de morte. A acção do Espírito entretece a vida sacramental (baptismo, confirmação, eucaristia), por meio da qual o crente é inserido no mistério de Cristo e é~e capaz de dar testemunho dele e viver em comunhão com Deus (vv. 11-13). Evangelho: Lucas 5, 12-16 Jesus cura um leproso e mando-o ao sacerdote para fazer a oferta pela purificação (cf. Lv 14) e para servir de testemunho a todos da sua presença messiânica no meio do povo. O judaísmo, de facto, considerava a cura da lepra um dos sinais d a vinda do Messias (cf. Lc 7, 22). A cura é descrita com alguns elementos típicos: o pedido do doente («Senhor, se quiseres, podes purificar-me»: v. 12), a resposta positiva de Jesus, que toca o doente e o cura («Quero, fica purificado.»: v. 13), o envio ao sacerdote («Vai mostrar-te ao sacerdote…»: v. 14). O leproso, marginalizado da comunidade, depois de curado é reinserido nela. Esta cura é também símbolo do perdão e da misericórdia de Deus, e é fundamento da vida da Igreja (cf. Jo 20, 23). Uma nota final de Lucas apresenta um aspecto particular da pessoa de Jesus: depois da cura, e no meio da fama que se espalha, Jesus retira-se a sós para rezar. É da oração que vem a força de Jesus e o seu fascínio irresistível. A oração serve-lhe também para rever a sua missão à luz do projecto do Pai. Jesus é, não só mestre, mas também modelo de oração. S. Lucas é o evangelista que mais se compraz em apresentar Jesus em oração, especialmente sobre os montes e em lugares solitários: “Jesus… foi conduzido pelo Espírito ao deserto” (Lc 4, 1; cf. Mt 4, 1; Mc 1, 12); “Jesus retirava-se para lugares solitários a fim de rezar” (Lc 5, 16; cf. 9, 18; 11, 1; 22, 40-46); “Jesus subiu ao monte para rezar e passou toda a noite em oração” (Lc 6, 12; cf. 9, 28; Mc 6, 46; Jo 6, 15). S. Lucas recorda também duas orações de Jesus na cruz sobre o Calvário: “Pai, perdoa- lhes porque não sabem o que fazem” (23, 34) e “Pai, nas tuas mãos entrego o Meu espírito” (23, 46). É evidente a predilecção de Jesus pelo silêncio e pela solidão, a fim de mergulhar na contemplação. A oração é o lugar do Seu repouso, do Seu encontro com o Pai. Pensemos numa oração muito simples, feita de amoroso silêncio, com uma única invocação: “Abbá, Pai”. Rezar não é tentar obter de Deus o que nos agrada, o que julgamos importante para os nossos próprios projectos. Rezar leva-nos a entrar na perspectiva de Deus, partindo do seu amor. É contemplar o rosto do Pai que ternamente olha os seus filhos. É encontro com alguém que nos ama, e deixar-nos apanhar pelo Seu amor. Não é fácil rezar. Exige aprendizagem, trabalho exigente, não porque é superior às nossas forças, mas porque é uma experiência que jamais se esgota, um caminho onde sempre permanecemos discípulos. A oração não é tanto um exercício de amar a Deus, mas de se deixar amar por Ele. É acolhimento do Seu amor, da Sua palavra, dos Seus projectos, dos Seus desejos. É experimentar silenciosamente e serenamente a Sua presença, como Maria a experimentava no seu seio. Mas a oração é também resposta ao dom que Deus nos faz de si mesmo e de todas as suas graças e bênçãos. A oração é louvor, acção de graças, oferta, intercessão, festa e liturgia da vida. Levar a vida à oração. Levar a oração à vida. O coração da oração cristã é entrar no mistério da filiação divina: estar em Deus no Espírito pelo Filho, como o Filho está no mistério do Pai. Fonte: “dehonianos.org/portal/liturgia”

10 JANEIRO 2019 - QUINTA-FEIRA DEPOIS DA EPIFANIA

10 JANEIRO 2019 - QUINTA-FEIRA DEPOIS DA EPIFANIA Primeira leitura: 1 João 4, 19- 5, 4 O amor cristão conhece três relações: o amor de Deus para connosco, o nosso amor para com Deus e o nosso amor para com os irmãos. O amor a Deus e aos irmãos estão intimamente ligados: «quem ama a Deus, ame também o seu irmão» (v. 21). Mais: o verdadeiro amor a Deus manifesta-se no amor aos irmãos: «aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê» (v. 20). O amor cristão tem a sua origem em Deus, porque «Ele nos amou primeiro» (v. 19), como verdadeiros filhos. Pertence-nos agora corresponder ao amor e gerar amor. Não foi o homem que alcançou a Deus com o seu amor, mas o contrário: Deus veio ao nosso encontro, em Jesus. Se amamos os outros, temos a prova real de que Deus nos alcançou. É fácil ser tentado a refugiar-se no amor de Deus, esquecendo os irmãos. Refugiar-se na esfera do divino, desinteressando-se pela esfera humana, era praticados gnósticos. É pela fé que sabemos que Deus nos ama. O fiel amado, que «nasceu de Deus» (v. 1), ama o Pai e o Filho, mas também todos os irmãos, nascidos de Deus. Só a fé e o amor, nascidos da filiação divina, permitem ao cristão vencer tudo quanto se opõe a Cristo, vivendo os seus mandamentos (vv. 3-4). Evangelho: Lucas 4, 14-22a A actividade evangelizadora de Jesus na Galileia caracteriza-se pela força do Espírito, pelo entusiasmo das pessoas que O escutam e pela sua fama que se espalha por toda a parte. Na sinagoga de Nazaré, lê e interpreta Is 61, 1-2, aplicando o texto à sua pessoa, e fazendo dele o texto programático da sua acção como Messias. Com Ele começa, de facto, o ano jubilar (cf. Lv 25, 10); com Ele desceu o Espírito de Deus sobre a terra, que traz a salvação a humanidade: «Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir» (v. 21). O Espírito consagrou Jesus como Messias. O Reino que anuncia será a verdade, a liberdade e a novidade do mundo, que fará nascer naqueles que O escutam e seguem. O povo fica admirado com as suas palavras e dá testemunho dele~ (v. 22). A libertação trazida por Jesus destina-se particularmente aos pobres, aos oprimidos, aos prisioneiros e aos cegos, porque são os mais disponíveis para acolher a sua mensagem, e a acção do Espírito de Deus. A palavra de Jesus é «alegre notícia» de vida nova para todos os homens. Mas é uma palavra exigente, que comporta a cruz e a ressurreição. É no mistério pascalque o crente encontra a plenitude e a comunhão com Deus. É este o êxodo que todo o homem deve realizar na sua vida, se quer também colaborar na libertação dos irmãos, viver no Espírito e participar na glória de Jesus Cristo ressuscitado. «Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir.» A liturgia faz-nos tomar consciência da situação privilegiada em que nos encontramos, em relação aos habitantes de Nazaré. Verdadeiramente, o mistério de Cristo cumpriu-se. Quando Jesus pronunciou o seu discurso em Nazaré, a transformação do homem estava apenas a começar. Depois veio a morte e a ressurreição do Senhor pelas quais se cumpriu toda a Escritura. E nós vivemos o tempo da plenitude, ainda que não vejamos Jesus com os olhos da carne. João continua a insistir na união entre o amor a Deus e o amor aos irmãos. Todo o evangelho é anúncio do amor de Deus tornado visível na pessoa do Verbo Encarnado, Jesus de Nazaré. Amar a Deus é colocar-se na sua perspectiva. Ele ama todo o ser criado e não hesita em entregar o próprio Filho unigénito para a salvação de todos os homens. Viver para os outros, dar-se, sacrificar-se pelo seu bem é viver como Deus, é actuar o que Jesus quer que façamos. Esta fé anima a nossa caridade cristã, mas também se torna uma enorme força de luta contra o pecado que é a exploração, a intolerância, a injustiça, a violência e o egoísmo. Mas o mal belo testemunho do amor a Deus e aos irmãos é manifestar, não só com palavras, mas também com obras, que estamos no coração de Deus. Ao encarnar, o Verbo, fez-Se de tal modo solidário com os homens que esvazia ”a Si mesmo” (Fil 2, 7) da glória que possuía na preexistência junto do Pai (cf. Jo 17, 5). Preferiu recebê-la do Pai, como exaltação pelo seu sacrifício (cf. Fil 2, 9), por meio da Ressurreição: “Servo” (Fil 2, 7) torna-Se “Senhor” (Fil 2, 11). Quanto a S. João, a relação “solidariedade” – revelação é o princípio chave de interpretação do seu Evangelho, a começar pelo Prólogo que nos apresenta “o Verbo feito carne” (1, 14), de Quem “vemos a… glória”, isto é, o amor nas palavras e nas obras, na morte e na ressurreição. No amor de Cristo, experimentamos o amor do Pai (cf. Jo 1, 18; 1Jo 4, 9-10). Em Cristo “conhecemos e cremos no amor que Deus nos tem” (1Jo 4, 16). Esta experiência e esta fé leva-nos a amar com e como Cristo: em união com Ele e à maneira d´Ele. Fonte: Dehonianos.org/portal/liturgia”

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

9 JANEIRO 2019 - TEMPO DO NATAL – QUARTA-FEIRA DEPOIS DA EPIFANIA

9 JANEIRO 2019 - TEMPO DO NATAL – QUARTA-FEIRA DEPOIS DA EPIFANIA Primeira leitura: 1 João 4, 11-18 Se «Deus é amor», isso tem consequências na vida cristã. É o que João afirma no texto que escutamos hoje. Primeiro, para possuir a Deus, o amor recíproco é o caminho mais excelente. Este amor é o meio mais eficaz para que o amor de Deus permaneça nos crentes como presença experimencial e seja perfeito à imitação do amor vivido por Cristo (cf. v. 12). Segundo, a posse do Espírito é dom que nos guia no nosso caminho interior de vida espiritual (cf. v. 13). Terceiro, a fé em Jesus Salvador do mundo: «Quem confessar que Jesus Cristo é o Filho de Deus, Deus permanece nele e ele em Deus» (v. 15). Só quem acredita no Filho de Deus feito homem, conhece e ama a Deus. Para que o amor a Deus cresça em nós, é preciso ultrapassar o temor (vv. 17-18). Quando chegar a hora do juízo final, o discípulo de Jesus terá uma certa familiaridade com Ele que lhe dará confiança (cf. v. 17), porque terá amado os irmãos com o mesmo amor com que foi amado por Jesus. Nisto consiste a perfeição do amor: confiar em Deusno dia do juízo, porque tratará os crentes como filhos muito amados. É uma confiança que se torna certeza de vitória. Evangelho: Marcos 6, 45-52 Depois da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus ordenou aos discípulos que passassem à outra margem, enquanto Ele ia rezar (cf. v. 46). Era frequente em Jesus esta oração a sós com o Pai, na solidão e no silêncio, mas que não deixava de ser solidária com os discípulos. Estes encontravam-se em dificuldades na travessia do mar da vida: surpreendera-os a noite e o vento contrário. Então Jesus vai ao encontro deles caminhando sobre o mar. Faz menção de passar adiante para não se impor com um milagre (cf. 48). Mas, diante da perturbação deles, ao ouvir o grito que lançaram, acalma o vento e diz-lhes: «Tranquilizai-vos, sou Eu: não temais!» (v. 50). O espanto dos discípulos, unido à falta de fé em Jesus, invadiu-lhes o coração, porque não tinham compreendido o sinal dos pães e a própria identidade do seu Mestre, como Messias e Filho de Deus. As perspectivas de Jesus e dos discípulos são diferentes: eles têm «o coração endurecido» (v. 52), tal como Israel no deserto. Para reconhecer o rosto do Mestre, a comunidade precisa de acolhê-lo na sua barca e confiar nele, invocando-o na oração, pois não faltarão momentos de provação, de tempestade. A multiplicação dos pães, em que os Apóstolos tinham participado activamente, deixou-os humanamente satisfeitos e eufóricos. Jesus teve de fazê-los aterrar. Para isso, mandou-os para o mar… As dificuldades encontradas, ao passarem para a outra margem, obrigam-nos a abandonar as suas demasiadamente humanas e enchem-nos de terror. É então que Jesus intervém: «Tranquilizai-vos, sou Eu: não temais». Retomada a confiança, compreendem que tem que avançar com Ele, como Salvador, mais para o alto: «pois ainda não tinham entendido o que se dera com os pães, pois tinham o coração endurecido». Jesus terá que falar-lhe várias vezes da sua paixão para os fazer avançar na fé e na disponibilidade ao seu chamamento. A primeira leitura faz-nos tomar consciência do amor infinito do Pai, que é amor, que «mandou o seu Filho como Salvador do mundo», e quer viver em comunhão connosco, seus filhos muito amados. A união perfeita entre Deus e o crente realiza-se, em primeiro lugar, no contacto com a Palavra de Deus e, depois, na participação na mesa eucarística. A nossa carne, o nosso sangue misturam-se, então, com a carne e o sangue de Deus. Somos transformados. Somos divinizados. «Não somos nós que transformamos Deus em nós», afirma Santo Agostinho, «somos nós que somos transformados em Deus». A Eucaristia é o lugar privilegiado para o encontro com Cristo vivo, fonte e cume da vida da Igreja, garantia de comunhão com o Corpo de Cristo e participação na solidariedade, como expressão do mandamento de Jesus: «Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei» (Jo 13, 34). O amor para com os irmãos é consequência e sinal do amor a Deus (cf. 1 Jo 4, 12). Também este aspecto da caridade fraterna tem a sua realização plena na Eucaristia: «Participando realmente no Corpo do Senhor ao partilhar o pão eucarístico, somos elevados à comunhão com Ele e entre nós» (LG 11). Este amor torna-se em nós uma força transformadora e operativa, capaz de afastar o temor, porque quem ama não teme e quem come o corpo e o sangue de Cristo tem a vida em plenitude. Obrigado, Jesus, por todos os teus dons, particularmente pelo da Eucaristia, que Te torna presente entre nós. Verdadeiramente, a Eucaristia realiza-se as palavras de João Evangelista: «fez-se carne e ergueu a sua tenda no meio das nossas» (cfr. Jo 1, 14). Na Eucaristia dás-Te a cada um de nós como alimento que dá a vida. Verdadeiramente, quem Te come, vive de Ti, da vida que de Ti recebe. Na Eucaristia, dás-nos como alimento o teu Corpo e Sangue, que nos enchem de força para caminharmos rumo ao encontro definitivo com o Pai. Quanto gostaria de corresponder a esse imenso dom do teu amor, dando-me, contigo e como Tu, aos meus irmãos, especialmente aos mais carenciados! Enche-me do teu Espírito para que, como Tu, me torne Eucaristia, pão puro para glória do Pai, e pão bom que os irmãos possam comer. Amen. A confiança na bondade de Jesus menino deve tornar-se para nós a confiança no Coração de Jesus. Todos os mistérios permanecem no Coração de Jesus. Ele apresenta-nos o céu mesmo, e particularmente na santa Eucaristia, as amabilidades, a simplicidade e os sacrifícios do seu nascimento. Ele pede-nos a mesma confiança quepediu a Maria e a José. É sob esta condição que a nossa oblação lhe agradará. Fonte: “Dehonianos.org/portal/liurgia!”

domingo, 6 de janeiro de 2019

SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR – ANO C

SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR – ANO C A liturgia deste domingo leva-nos à manifestação de Jesus como “a luz” que atrai a Si todos os povos da terra. Essa “luz” incarnou na nossa história, a fim de iluminar os caminhos dos homens com uma proposta de salvação/libertação. 1ª LEITURA Is 60,1-6 . A primeira leitura anuncia a chegada da luz salvadora de Jahwéh, que alegrará Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo. Outra vez se manifesta na caminhada do Povo de Deus a presença salvadora e libertadora de Deus, que não abandona o seu Povo. Esta “fidelidade” de Deus aos seus compromissos aquece-nos o coração e dá-nos a garantia de um Deus que não desiste, nunca, de nos proporcionar a salvação, a vida plena. * É preciso, sem dúvida, ligar a chegada da “luz” salvadora de Deus a Jerusalém com o nascimento de Jesus. O projecto de libertação que Jesus vem apresentar aos homens será a luz que vence as trevas e que dará um novo rosto ao mundo. Mais uma vez é preciso perguntar: essa luz libertadora chega, de facto, aos homens através do nosso testemunho? * Na catequese cristã dos primeiros tempos, esta Jerusalém nova, que já “não necessita de sol nem de lua para a iluminar, porque é iluminada pela glória de Deus”, é a Igreja – a comunidade dos que aderiram a Jesus e acolheram a luz salvadora que Ele veio trazer (cf. Ap 21,10-14.23-25). Será que nas nossas comunidades brilha a luz libertadora de Jesus? As nossas desavenças e conflitos, a nossa falta de amor, os ciúmes e rivalidades, não contribuirão para empanar o brilho dessa luz de Deus que devíamos reflectir? * Será que na nossa Igreja há espaço para todos aqueles que buscam a luz libertadora de Deus? As diferenças, próprias da diversidade de culturas, são vistas como uma riqueza que importa preservar, ou como uma ameaça à uniformidade? SEGUNDA LEITURA EF 3,2-3A.5-6. A segunda leitura apresenta o projecto salvador de Deus como uma realidade que vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos – a comunidade de Jesus * A presença salvadora de Deus no meio do seu Povo, já enunciada na primeira leitura, tem aqui novos desenvolvimentos. A primeira novidade é que Cristo é a revelação e a realização plena desse projecto. A segunda novidade é que esse projecto não se destina apenas “a Jerusalém” (ao mundo judaico), mas é para todos os povos, sem excepção. * A Igreja é o “corpo de Cristo”, isto é, a comunidade daqueles que acolheram “o mistério”. Nela, judeus e pagãos – beneficiários todos do projecto salvador de Deus – têm lugar, em igualdade de circunstâncias. Temos, verdadeiramente, consciência de que é nesta comunidade de crentes que se revela hoje ao mundo o projecto salvador de Deus? E as nossas comunidades são verdadeiras comunidades fraternas, onde todos se amam sem distinção de raça, cor ou estatuto social? As diferenças legítimas são um complemento da nossa riqueza comum, ou razões para manifestarmos indiferença e afastamento face aos irmãos? * Esta igualdade fundamental de todos os homens implica sentirmo-nos responsáveis por todos aqueles que partilham connosco o mundo (ou, quem sabe, o cosmos). Sentimo-nos responsáveis pela sorte dos nossos irmãos, mesmo por aqueles que estão separados de nós pela geografia, pela diversidade de culturas e de raças? EVANGELHO No Evangelho, vemos a concretização dessa promessa: ao encontro de Jesus vêm os “Magos”, atentos aos sinais da chegada do Messias, que O aceitam como “salvação de Deus” e O adoram. A salvação, rejeitada pelos habitantes de Jerusalém, torna-se agora uma oferta universal. * Em primeiro lugar, meditemos nas atitudes das várias personagens que Mateus nos apresenta em confronto com Jesus: os “Magos”, Herodes, os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo … Diante de Jesus, eles assumem atitudes diversas que vão desde a adoração (os “Magos”) até à rejeição total (Herodes), passando pela indiferença (os sacerdotes e os escribas: nenhum deles se preocupou em ir ao encontro desse Messias que eles conheciam bem das Escrituras). Identificamo-nos com algum destes grupos? Não é fácil “conhecer as Escrituras”, como profissionais da religião e, depois, deixar que as propostas e os valores de Jesus nos passem ao lado? * Os “Magos” são apresentados como os “homens dos sinais”, que sabem ver na “estrela” o sinal da chegada da libertação. Somos pessoas atentas aos “sinais” – isto é, somos capazes de ler os acontecimentos da nossa vida e da história do mundo à luz de Deus? Procuramos perceber nos “sinais” a vontade de Deus? * Impressiona também, no relato de Mateus, a “desinstalação” dos “Magos”: viram a “estreia”, deixaram tudo, arriscaram tudo e vieram procurar Jesus. Somos capazes da mesma atitude de desinstalação, ou estamos demasiado agarrados ao nosso sofá, ao nosso colchão, à nossa televisão, à nossa aparelhagem, à nossa internet? Somos capazes de deixar tudo para responder aos apelos que Jesus faz através dos irmãos? * Os “Magos” representam os homens de todo o mundo que vão ao encontro de Cristo e que se prostram diante d’Ele. É a imagem da Igreja, essa família de irmãos, constituída por gente de muitas cores e raças, que aderem a Jesus e que O reconhecem como “o Senhor”.