ANO A DOMINGO
DE RAMOS
A liturgia
do Domingo de Ramos convida-nos a contemplar Deus que, por amor, desceu ao nosso encontro,
partilhou a nossa humanidade, fez-Se servo dos homens, deixou-Se matar para que
o egoísmo e o pecado fossem vencidos.
A cruz apresenta-nos a lição suprema, o último passo desse caminho de
vida nova que, em Jesus, Deus nos propõe: a doação da vida por amor.
A primeira leitura (Is 50,4-7), apresenta-nos um profeta, chamado por Deus a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projectos de Deus. Os primeiros cristãos viram neste “servo” a figura de Jesus.
• Jesus, o
“servo” sofredor, mostra aos seus
seguidores o caminho: a vida, quando é posta ao serviço da libertação dos
pobres e dos oprimidos, não é perdida mesmo que pareça, em termos humanos,
fracassada e sem sentido.Temos consciência de que, ao escolher este caminho,
estamos a gerar vida nova, para nós e para os nossos irmãos?
• Temos
consciência de que a nossa missão profética passa por sermos Palavra viva de
Deus? Nas nossas palavras, nos nossos gestos, no nosso testemunho, a proposta
libertadora de Deus alcança o mundo e o coração dos homens?
A segunda leitura (Fil 2,6-11), apresenta-nos o exemplo de Cristo. Ele prescindiu do orgulho e da arrogância, para escolher a obediência ao Pai e o serviço aos homens, até ao dom da vida. É esse mesmo caminho de vida que a Palavra de Deus nos propõe.
• Os valores
que marcaram a existência de Cristo continuam a não ser demasiado apreciados no
nosso tempo. Os grandes “ganhadores” não são os que põem a sua vida ao serviço
dos outros, com humildade e simplicidade, mas são os que enfrentam o mundo com
agressividade, com auto-suficiência e fazem por ser os melhores, mesmo que isso
signifique não olhar a meios para passar à frente dos outros. Como podemos nós
cristãos conviver com estes valores?
• Paulo tem
consciência de que está a pedir aos seus cristãos algo realmente difícil; Também a nós é pedido um passo em frente neste
difícil caminho da humildade, do serviço, do amor: será possível que, também
aqui, sejamos as testemunhas de Deus?
• Os
acontecimentos que, nesta semana, vamos celebrar, garantem-nos que o caminho do
dom da vida não é um caminho de “perdedores” e fracassados: o caminho do dom da
vida conduz ao sepulcro vazio da manhã de Páscoa, à ressurreição. É um caminho
que garante a vitória e a vida plena.
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O Evangelho (Mt 26,14 – 27,66), convida-nos a contemplar a paixão e morte de Jesus: é
o momento supremo de uma vida feita dom e serviço, a fim de libertar os homens
de tudo aquilo que gera egoísmo e escravidão. Na cruz, revela-se o amor de Deus
– esse amor que não guarda nada para si, mas que se faz dom total.
• Celebrar a
paixão e a morte de Jesus é abismar-se na contemplação
de Deus a quem o amor tornou frágil… Por
amor, Ele veio ao nosso encontro, assumiu os nossos limites e fragilidades,
experimentou a fome, o sono, o cansaço, conheceu a mordedura das tentações,
tremeu perante a morte, suou sangue antes de aceitar a vontade do Pai; e,
estendido no chão, esmagado contra a terra, atraiçoado, abandonado,
incompreendido, continuou a amar. Desse amor resultou vida plena, que Ele
quis repartir connosco “até ao fim dos tempos”: esta é a mais espantosa
história de amor que é possível contar; ela é a boa notícia que enche de
alegria o coração dos crentes.
• Contemplar a cruz, onde se
manifesta o amor e a entrega de Jesus, significa assumir a mesma atitude e
solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que
são explorados, os que são excluídos, os que são privados de direitos e de
dignidade…
Olhar a
cruz de Jesus significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em
termos de estruturas, valores, práticas, ideologias; significa evitar que os
homens continuem a crucificar outros homens; significa aprender com Jesus a
entregar a vida por amor… Viver desta maneira pode conduzir à morte; mas o
cristão sabe que amar como Jesus …a morte não pode vencer: o amor gera vida
nova e introduz na nossa vida o germe da ressurreição.
fonte:Adaptação de Dehonianos. liturgia dominical