SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR
A Ascensão de Jesus lembra-nos que no final do caminho percorrido no amor e na
doação, está a vida definitiva, a comunhão com Deus. Jesus nos deixou o testemunho e somos nós, seus seguidores, que devemos continuar
a realizar o projecto de Deus para os homens e para o mundo.
Na
primeira leitura (Actos 1,1-11) repete-se a mensagem
essencial: Jesus, depois de ter
apresentado ao mundo o projecto do Pai, entrou
na vida definitiva da comunhão com Deus – a mesma vida que espera todos os que percorrem o mesmo “caminho” que
Jesus percorreu. Quanto aos discípulos:
eles não podem ficar a olhar para o céu,
numa passividade alienante; mas têm de ir para o meio dos homens, continuar o projecto de Jesus.
A Ascensão de Jesus
garante-nos que quem percorre o mesmo
“caminho” de Jesus subirá, como Ele, à vida plena.
A ascensão de Jesus
recorda-nos que Ele nos encarregou de continuar a tornar
realidade o seu projecto libertador no meio dos homens nossos irmãos.
O
nosso testemunho tem transformado e libertado a
realidade que nos rodeia? Qual o real impacto desse testemunho na nossa família, no local onde
desenvolvemos a nossa actividade profissional, na nossa comunidade cristã ou
religiosa?
Estamos
atentos aos problemas e às angústias dos homens, ou
vivemos de olhos postos no céu, num espiritualismo alienado? Sentimo-nos
questionados pelas inquietações, pelas misérias, pelos sofrimentos, pelos
sonhos, pelas esperanças que enchem o coração dos que nos rodeiam? Sentimo-nos solidários com todos os homens, particularmente
com aqueles que sofrem?
A
segunda leitura (Ef 1,17-23), convida os discípulos a terem consciência da esperança a que foram
chamados. Devem caminhar ao
encontro dessa “esperança” de mãos dadas com
os irmãos – membros do mesmo “corpo” – e
em comunhão com Cristo, a “cabeça” desse “corpo”. Cristo reside no seu
“corpo” que é a Igreja; e é nela que Se torna, hoje, presente no meio dos
homens.
• Na nossa
peregrinação pelo mundo, convém termos sempre presente “a esperança a que fomos
chamados”. A glorificação de Jesus é a garantia da nossa própria glorificação.
Formamos com Ele um “corpo” destinado à vida plena.
• Dizer que fazemos
parte do “corpo de Cristo” significa que devemos viver numa comunhão total com Ele e que nessa comunhão recebemos, a
cada instante, a vida que nos alimenta. Significa, também, viver em comunhão, em solidariedade total com todos os nossos irmãos,
membros do mesmo “corpo”, alimentados pela mesma vida. Estas duas coordenadas
estão presentes na nossa existência?
O
Evangelho (Mt 28,16-20), apresenta o encontro final de Jesus ressuscitado com
os seus discípulos, num monte da Galileia. A comunidade dos discípulos, reunida à volta de Jesus ressuscitado,
reconhece-O como o seu Senhor, adora-O e
recebe d’Ele a missão de continuar no mundo o testemunho do “Reino”.
Jesus foi ao encontro
do Pai, depois de uma vida gasta ao serviço do “Reino”; deixou aos seus
discípulos a missão de anunciar o “Reino” e de torná-lo uma proposta capaz de
renovar e de transformar o mundo. Celebrar a ascensão de Jesus significa, antes
de mais, tomar consciência da missão que
foi confiada aos discípulos e sentir-se responsável pela presença do “Reino” na
vida dos homens.
A missão que Jesus
confiou aos discípulos é uma missão universal: Tenho consciência de que Jesus
me envia a todos os homens – sem distinção de raças, de etnias, de diferenças
religiosas, sociais ou económicas – a anunciar-lhes a libertação, a salvação, a
vida definitiva?
No
dia em que fui baptizado, comprometi-me com Jesus e
vinculei-me com a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A minha vida
tem sido coerente com esse compromisso?
É um tremendo desafio testemunhar, hoje, no mundo os valores do “Reino”.
Com frequência, os discípulos de Jesus são objecto da irrisão e do escárnio dos
homens, porque insistem em testemunhar que a felicidade está no amor e no dom
da vida; com frequência, os discípulos de Jesus são apresentados como vítimas
de uma máquina de escravidão, que produz escravos, alienados, vítimas do
obscurantismo, porque insistem em testemunhar que a vida plena está no perdão,
no serviço, na entrega da vida. O confronto com o mundo gera muitas vezes, nos
discípulos, desilusão, sofrimento, frustração… Nos momentos de decepção e de
desilusão convém, no entanto, recordar as palavras de Jesus: “Eu estarei
convosco até ao fim dos tempos”. Esta certeza deve alimentar a coragem com que
testemunhamos aquilo em que acreditamos.Fonte: resumo adaptação de um texto de :<dehonianos.org/liturgia>