sábado, 15 de setembro de 2018

15 SETEMBRO 2018 - NOSSA SENHORA DAS DORES

15 SETEMBRO 2018 - NOSSA SENHORA DAS DORES A devoção a Nossa Senhora das Dores remonta aos inícios do segundo milénio, quando se desenvolveu a compaixão para com Maria junto à cruz de Jesus, onde a Virgem vive e sente os sofrimentos do seu Filho O primeiro formulário litúrgico desta festa surgiu em Colónia, na Alemanha, no ano de 1423. Sisto IV inseriu no Missal Romano a memória da Senhora da Piedade. A atenção à “Mãe dolorosa” desenvolve-se gradualmente sob a forma das Sete Dores, representadas nas sete espadas que Lhe trespassam o peito. Os Servos de Maria, que celebravam a memória desde 1668, favoreceram a sua extensão à igreja latina, em 1727. Pio X colocou a memória no dia 15 de Setembro. Primeira leitura: Hebreus 5, 7-9 Numa memória da Virgem Maria, a liturgia oferece-nos este texto claramente cristológico retirado de um contexto em que é sublinhada a filiação divina e a identidade sacerdotal de Cristo. Mas o Filho de Deus, que foi liberto da morte e do sofrimento, através dos quais foi tornado perfeito, é também filho de Maria. Os sofrimentos e a morte fazem parte da condição humana. Maria não foi isenta deles, apesar de mãe de Deus. Como Cristo, Maria «aprendeu a obediência». Cristo obedeceu em tudo. O seu alimento era fazer a vontade do Pai. Foi a atitude fundamental da sua vida (“Eis-me aqui!”), marcada por tantas alegrias, mas também por tantos sofrimentos. Foi também a atitude fundamental de Maria (“Eis a serva do Senhor”). A vontade de Deus levou-a até ao Calvário, solidária com Jesus: “Estava a mãe dolorosa junto da Cruz lacrimosa donde pendia o Filho”. Evangelho: Lucas 2, 33-35 Este breve texto está no centro do relato da «apresentação de Jesus ao templo», onde é levado pelos pais, conforme prescrevia a Lei para os primogénitos. A «espada», que trespassa a alma e atinge o coração, preanuncia os sofrimentos e as dores que Maria havia de passar. Mas, à luz de Hebreus 4, 12, a palavra espada também representa a Palavra de Deus, que, tanto Cristo como a sua Mãe, escutaram, e à qual prestaram total Vivemos num mundo onde a compaixão faz imensa falta. A memória que hoje celebramos ensina-nos a compaixão verdadeira e consistente. Maria sofre por Jesus, mas também sofre com Ele. Por sua vez, a paixão de Cristo é participação no sofrimento humano, é compaixão solidário connosco. A carta aos hebreus faz-nos entrever os sentimentos de Jesus na sua paixão: “Nos dias da sua vida terrena, apresentou orações e súplicas àquele que o podia salvar da morte” (v. 7). A paixão de Jesus foi impressa no coração da Mãe. O clamor e as lágrimas do Filho fizeram-na sofrer de forma atroz. Como Jesus, e talvez até mais do que Ele, desejava que a morte se afastasse, e o Filho fosse salvo. Mas, ao mesmo tempo, Maria uniu-se à piedade de Jesus, submeteu-se, como Ele, à vontade do Pai. Por tudo isto, a compaixão de Maria é verdadeira: carregou realmente sobre si o sofrimento do Filho e aceitou, com Ele, a vontade do Pai, numa atitude de obediência que vence o sofrimento. A nossa compaixão, muitas vezes, é superficial. Não temos a fé de Maria. Nem sempre vemos no sofrimento dos outros a vontade de Deus, o que está certo. Mas também não sofremos com os que sofrem. As leituras de hoje fazem-nos pensar no sofrimento, que continua a ser uma realidade na história individual e coletiva da humanidade, mas que, de certo modo, também existe no mundo divino. Foi, de fato, assumido por Deus na Incarnação do Filho, e partilhado pela sua Mãe, uma mulher ao mesmo tempo comum e especial. A sua experiência de sofrimento humano, pode subtrair esse mesmo sofrimento à maldição e torná-lo mediação de vida salva e serviço de amor. Fonte: Resumo/adaptação local de um texto em “dehonianos.org/portal/liturgia”

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

14 SETEMBRO 2018- EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ -

14 SETEMBRO 2018- EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ - Foi na Cruz que Jesus consumou a sua oblação de amor para glória e alegria de Deus e nossa salvação. É, pois, justo que veneremos o sinal e o instrumento da Redenção. Esta festa nasceu em Jerusalém e difundiu-se por todo o Médio Oriente, onde ainda hoje é celebrada, em paralelo com a Páscoa. A 13 de Setembro foi consagrada a Basílica da Ressurreição, em Jerusalém mandada construir por Santa Helena e Constantino. No dia seguinte, foi explicado ao povo o significado profundo da igreja, mostrando-lhe o que restava da Cruz do Salvador. No século VI esta festa em honra da Santa Cruz já era conhecida em Roma. Em meados do século VII, começou a ser celebrada no dia 14 de Setembro, quando se expunham à veneração dos fiéis as relíquias da Santa Cruz. Primeira leitura: Números 21, 4b-9 Nos capítulos 20-21 dos Números são narradas as últimas peripécias dos hebreus no deserto, antes da entrada na terra prometida. O povo murmura porque não tem o que deseja; revolta-se, não suporta o cansaço do caminho (v. 2) por causa da fome e da sede (v. 5). Já não é capaz de reconhecer o poder de Deus, já não tem fé no Senhor que agora vê como Aquele que lhe envenena a vida. Deus manifesta o seu juízo de castigo em relação ao povo, mandando serpentes venenosas (v. 6). Na experiência da morte, os hebreus reconhecem o pecado cometido contra Deus e pedem perdão. E, tal como a mordedura da serpente era letal, assim, agora, a imagem de bronze erguida sobre um poste torna-se motivo de salvação física para quem for mordido. S. João reconhece na serpente de bronze erguida no deserto por Moisés a prefiguração profética da elevação do Filho do homem crucificado. Evangelho: João 3, 13-17. O texto do evangelho faz parte do longo discurso com que Jesus responde a Nicodemos, apontando a necessidade da fé para obter a vida eterna e fugir ao juízo de condenação. Jesus, o Filho do homem (v. 13), provém do seio do Pai; é aquele que «desceu do Céu» (v. 13), o único que viu a Deus e pode comunicar o seu projeto de amor, que se realiza na oblação do Filho unigénito. Jesus compara-se à serpente de bronze (cf. Nm 21, 4-9), afirmando que a plena realização do que aconteceu no deserto irá verificar-se quando Ele for elevado na cruz (v. 14) para salvação do mundo (v. 17). Quem olhar para Ele com fé, isto é, quem acreditar que Cristo crucificado é o Filho de Deus, o salvador, terá a vida eterna. Acolhendo n´Ele o dom de amor do Pai, o homem passa da morte do pecado à vida eterna. No horizonte deste texto, transparece o cântico do “Servo de Javé” (cf. Is 52, 13ss.), onde encontramos juntos os verbos “elevar” e “glorificar”. Compreende-se, portanto, que S. João quer apresentar a cruz, ponto supremo de ignomínia, como vértice da glória. Jesus veio dar cumprimento à história do povo hebreu e à nossa história. Verificamo-lo todas as vezes que lemos a palavra de Deus. De facto, como Ele mesmo afirma, não veio abolir, mas dar pleno cumprimento à Lei. Jesus é Aquele que desceu do céu, Aquele que conhece o Pai, e que está em íntima união com Ele: “Eu e o Pai somos Um” (Jo 10, 30). Jesus é enviado pelo Pai para revelar o mistério da salvação, o mistério de amor que se há-de realizar com a sua morte na cruz. Jesus crucificado é a suprema manifestação da glória de Deus. Por isso, a cruz torna-se símbolo de vitória, de dom, de salvação, de amor. Tudo o que podemos entender com a palavra “cruz” – o sofrimento, a injustiça, a perseguição, a morte – é incompreensível se for olhado apenas com olhos humanos. Mas, aos olhos da fé e do amor, tudo aparece como meio de conformidade com Aquele que nos amou por primeiro. Então, o sofrimento não é vivido como fim em si mesmo, mas como participação no mistério de Deus, caminho que leva à salvação. Só se acreditamos em Cristo crucificado, isto é, se nos dispomos a acolher o mistério de Deus que incarna e dá a vida por todos; só se nos pomos diante da vida com humildade, livres para nos deixar amar e, por nossa vez, tornar-nos dom de amor aos irmãos, saberemos receber a salvação: participaremos na vida divina de amor. Celebrar a festa da Exaltação da Santa Cruz significa tomar consciência do amor de Deus Pai, que não hesitou em enviar-nos o seu Filho, Jesus Cristo: esse Filho que, despojado do seu esplendor divino, se tornou semelhante aos homens, deu a vida na cruz por cada um dos seres humanos, crente ou não crente (cf. Fil, 2, 6-11). A Cruz torna-se o espelho em que, refletindo a nossa imagem, podemos reencontrar o verdadeiro significado da vida, as portas da esperança, o lugar da renovada comunhão com Deus. Fonte: Resumo/adaptação de um texto de F. Fonseca em “Dehonianos.org/portal/liturgia”

NOTÍCIAS DA DIOCESE: CAMINHANDO EM SETEMBRO 2018 (I)

CAMINHANDO EM SETEMBRO 2018 (A) 31.08 – 01.09. 2018 Encontro em dos Directores dos Secretariados Diocesanos da Coordenação Pastoral da Província Eclesiástica de Nampula. Participaram os Directores das Dioceses de Nacala, Pemba, Lichinga, Nampula e Gurúè. O Encontro realizou-se em Nampula com a finalidade de preparar a Agenda do Encontros dos Bispos da referida Província. 03 – 04.09.2018 Os Bispos das Dioceses de Nacala, Pemba, Nampula, Lichinga e Gurúè, que formam parte da Província Eclesiástica de Nampula, reuniram-se no Paço Episcopal de Nampula em ordem a encontrar vias de orientação pastoral de conjunto no âmbito da Província Eclesiástica. Indicaram-se as linhas gerais para a Catequese (Anúncio), Celebração dos Sacramentos (Liturgia) e pastoral social (caridade). Ao mesmo tempo sublinharam a necessidade de criar o Tribunal Eclesiástico da Província e os Tribunais Diocesanos. 06.09.2018. Dom Francisco Lerma encontrou-se com o Sr. Núncio Apostólico, D. Edgar Peña Parra, para tratar vários assuntos sobre a vida da Diocese e, ao mesmo tempo, para o felicitar em nome da Diocese de Gurúè, pela sua nomeação como Secretário de Estado para os Assuntos Gerais da Igreja no Vaticano e saudá-lo na sua despedida de Moçambique. Na parte da tarde, D. Francisco, como Presidente da Comissão Episcopal de Seminários, reuniu com a Equipa de Formadores do Seminário Filosófico Interdiocesano S. Agostinho da Matola. Posteriormente encontrou-se com os seminaristas da Diocese de Gurúè. 07.09.2018 D. Francisco Lerma, na parte da manhã, reuniu com a Equipa de Formação do Seminário Teológico Interdiocesano S. Pio X de Maputo e com os Seminaristas de Gurúè do referido seminário. 08.09.2018 O nosso Bispo D. Francisco Lerma, acompanhado pelos Padres Rito Alberto, Ecónomo do Seminário Inter- diocesano de Teologia S. Pio X de Maputo, e Artur Bernardo, Formador do Seminário Inter-diocesano de filosofia S. Agostinho da Matola, participou na Celebração da Eucaristia, na Igreja de S. António da Polana, em Maputo, na despedida de Moçambique do Núncio Apostólico, S. E. R. Dom Edgar Peña Parra. Concelebraram o

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

QUINTA-FEIRA – XXIII SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES

QUINTA-FEIRA – XXIII SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES Primeira leitura: 1 Coríntios 8, 2-7.11-13 Paulo apresenta-nos outro caminho para atingirmos a centralidade do mistério pascal de Cristo: a caridade fraterna. Havia em Corinto cristãos, seguros de si mesmos, facilmente provocavam escândalos na comunidade, sobretudo entre os crentes mais fracos. Ostentavam comer carnes sacrificadas aos ídolos, coisa que, não sendo totalmente proibida, era muito inconveniente. Assim, na comunidade, contrapunham-se “os fortes” e “os fracos”, semeando escândalo e ruína espiritual. A uns e outros, Paulo lembra duas verdades fundamentais: os ídolos são deuses falsos e mentirosos, invejosos da nossa liberdade e déspotas em relação a nós, enquanto que «para nós, há um só é Deus, o Pai, de quem tudo procede e para quem nós somos, e um só é o Senhor Jesus Cristo, por meio do qual tudo existe e mediante o qual nós existimos (v. 6)». Não estamos perante um monoteísmo filosófico, fruto do esforço humano, mas perante a revelação de Deus como o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, de Quem nos vem, não só o mandamento do amor, mas também a capacidade para o observar. A segunda verdade é, mais uma vez, a do mistério pascal de Cristo: «Assim, pela tua ciência, vai perder¬ se quem é fraco, um irmão pelo qual Cristo morreu» (v. 11). A morte e a ressurreição de Jesus contrastam com a atitude de quem, na comunidade, pelo escândalo, provoca a morte, ainda que só espiritual, de um irmão na fé, talvez sem esperança de ressurreição. Evangelho: Lucas 6, 27-38 Esta página evangélica é uma verdadeira ressonância das bem-aventuranças, ajudando-nos mesmo a descobrir o seu fundamento. «Amai os vossos inimigos» (vv. 27.35): o discurso não podia ser mais claro. Jesus, como mestre e guia, distancia-se de todos os rabis do seu tempo: não só contrapõe o amor ao ódio, mas exige que o amor dos seus discípulos se concentre exactamente sobre aqueles que os odeiam. Jamais um mestre usara propor um ideal de vida tão exigente e sublime. Não se trata de um amor abstracto, mas de um amor que se concretiza, dia a dia, em inúmeros pequenos gestos, que são a prova da sua autenticidade. Seria ridículo, sob o ponto de vista de Jesus, amar só aqueles que nos amam: não teríamos qualquer mérito e, sobretudo, o nosso amor não seria sinal da nossa exclusiva e inequívoca pertença a Cristo: «Os pecadores também amam aqueles que os amam» (v. 32). O ensinamento de Jesus termina com a famosa expressão em que Lucas escreve “misericórdia” onde Mateus escreve “perfeição”: «Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso» (v. 36). Segundo a lógica da espiritualidade evangélica, não há perfeição senão a do amor fraterno que revela a nossa identidade filial em relação a Deus; não há outra meta a perseguir, senão a de um amor que sabe perdoar porque experimentou o perdão; não há outro mandamento a observar, senão o de tender à imitação de Deus, que é amor misericordioso, por meio de gestos de bondade e de misericórdia. As leituras de hoje falam-nos de caridade. O Evangelho lança uma preciosa luz sobre as nossas relações interpessoais, que hão-de ser vividas na caridade, que também é misericórdia, e que é o vínculo da perfeição. «Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso», escreve Lucas; Mateus, pelo contrário, escreve: «Sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está no céu» (Mt 5, 48). Será uma contradição? Será um convite a procurar outra direcção? Esta diferença pode ter a seguinte explicação: Mateus, como bom judeu convertido, tende a apontar aos seus destinatários uma meta de perfeição correspondente às exigências da nova lei, inaugurada por Jesus. Estaria assim na linha da espiritualidade veterotestamentária… Os exegetas acham que a versão de Lucas deve ser mais próxima da palavra pronunciada pelo Jesus histórico. O terceiro evangelista gosta de recordar explicitamente uma doutrina, que até já encontramos difusa no Antigo Testamento, e que caracteriza Deus como amor misericordioso (cfr. Ex 34, 6; Dt 4, 31; Sl 78, 38; 86, 15). Ao fim e ao cabo, é essa a mensagem central de todo o ensinamento de Jesus de Nazaré. Todas as suas palavras, todos os seus gestos, evidenciam a verdade de Deus-amor, amor imenso e misericordioso, amor paciente e indulgente, amor proveniente e incondicional. Sublinhemos também que, em Deus se identificam perfeição e misericórdia e que Lucas, como bom pedagogo, quer que a perfeição do discípulo atinja o nível da do Mestre: amor até ao dom de si mesmo, sem reservas nem interesses; amor até ao limite das próprias forças, sem arrependimentos e sem desforras; amor a todos e sempre, sem excepção. Os ensinamentos de Jesus sobre o amor e a misericórdia, são recordados por João Paulo II na encíclica “Dives in misericórdia”. Esse documento pontifício indica um vasto campo onde podemos estar presentes e desenvolver a nossa missão: «A mentalidade contemporânea, talvez mais do que a do homem do passado, parece opor-se ao Deus da misericórdia e tende, por outro lado, a marginalizar da vida e a tirar do coração humano a própria ideia de misericórdia» (n. 2). Fonte: Resumo/adaptação local de um texto de F. Fonseca em “Dehonianos.org/portal/liturgia”

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Quarta Feira -XXIII Semana – Tempo Comum – Anos Pares

Quarta Feira -XXIII Semana – Tempo Comum – Anos Pares. Primeira leitura: 1 Coríntios 7, 25-31 Paulo lembra às pessoas virgens uma verdade fundamental: «o tempo é breve» (v. 29), que poderia traduzir-se literalmente: o tempo já embrulhou as velas, lembrando uma expressão das artes náuticas dos gregos, usada ao aproximar-se de um porto. Paulo parece pensar o seguinte: qualquer que seja o tempo que falta para o regresso glorioso do Senhor, o mundo futuro já está presente no meio de nós, graças ao Ressuscitado; pela morte e ressurreição de Jesus, Deus já inaugurou em nós, e no meio de nós, a novidade do seu reino. A esta luz, a virgindade, livre e alegremente escolhida pelo Reino (cfr. Mt 19, 12), longe de ser um desprezo pelo matrimónio, constitui um sinal escatológico que tende a orientar a nossa esperança, e a dos outros, para a alegria definitiva. As exortações são consequências lógicas da verdade anunciada. Em primeiro lugar, é preciso viver a espiritualidade do «como se» (vv. 29-31). Depois vem da lógica de «o que é melhor» (cfr. 7, 9: «é melhor casar-se do que ficar abrasado»; 7, 38.40: «quem a não desposa ainda faz melhor»). Paulo pretende propor à nossa liberdade aquilo que ele, por experiência pessoal e pelo que o liga a Cristo, está convencido de que é o melhor a desejar e a realizar. Em segundo lugar – mas é apenas um conselho seu – quando alguém chega à fé em Cristo, continue a viver como casado ou como virgem, na situação em que se encontrava. Mas o mais importante – e é nisso que Paulo se apoia – é a consciência de que fomos «comprados por um alto preço» (7, 23), por Cristo Jesus, pela sua morte e ressurreição. É sempre o mistério pascal que projecta luz sobre a nossa vida. Evangelho: Lucas 6, 20-26 Lucas reduz as bem-aventuranças a quatro, acrescentando os quatro «ai de vós». Segundo os exegetas, o texto de Lucas seria mais próximo da verdade histórica das palavras de Jesus, o que lhe daria especial relevo. Mas convém recordar que as mediações dos vários evangelistas, ao referirem os ensinamentos de Jesus, não atraiçoam a verdade da mensagem. Pelo contrário, focalizam-no e relêem-na para bem das suas comunidades. Tanto as oito bem-aventuranças de Mateus, como as quatro de Lucas, podem reduzir-se a uma só: a bem-aventurança de quem acolhe a palavra de Deus na pregação de Jesus e procura adequar a vida a essa palavra. O verdadeiro discípulo de Jesus é, ao mesmo tempo, pobre, manso, misericordioso, fazedor de paz, puro de coração, etc. Pelo contrário, quem não acolhe a novidade do Evangelho merece todas as ameaças que, na boca de Jesus, correspondem a profecias de tristeza e de infelicidade. O texto de Lucas caracteriza-se pela contraposição ente o «já» e o «ainda não», entre o presente histórico e o futuro escatológico. Obviamente a comunidade para a qual Lucas escrevia precisava de ser alertada para a necessidade de traduzir a sua fé em gestos de caridade evangélica, mas também para a de manter viva a esperança, pela total adesão à doutrina, ainda que radical, das bem-aventuranças evangélicas. A Palavra de Deus oferece, hoje, um tema forte e actual para a nossa meditação: que é melhor para um cristão: o matrimónio ou a virgindade. O que é mandamento e o que é só conselho? Paulo oferece à comunidade de Corinto, e a todos nós, uma doutrina clara e equilibrada. Até que ponto a sua experiência pessoal teve influência nesta doutrina? Não sabemos. Mas sabemos que o encontro com Jesus no caminho de Damasco deu uma nova orientação à sua vida, fez nascer nele uma nova mentalidade e, portanto, uma nova capacidade de julgar. Uma doutrina clara: o Apóstolo leva-nos a considerar, tanto o matrimónio como a virgindade, duas opções de vida dignas da pessoa humana, ambas boas de acordo com a economia da criação, ambas em sintonia com a novidade de vida de quem acredita em Cristo, ambas ricas de espiritualidade, ambas “lugares” onde viver a caridade em sumo grau, ambas capazes de conduzirem os crentes aos cumes da santidade. Uma doutrina equilibrada: Paulo não impõe nada a ninguém, sabendo que se trata de uma opção pessoal livre e alegre, digna da pessoa humana. Ninguém, nem sequer Deus, pode fazer violência ao santuário da consciência humana. Pela profissão religiosa e pela prática dos conselhos evangélicos, concretamente do celibato consagrado, devemos ser as testemunhas por excelência, no meio do povo de Deus, desta exigência das bem-aventuranças na prática de uma autêntica vida cristã. ~Se reflectirmos com atenção, as bem-aventuranças, tal como as lemos no Evangelho de Mateus (cf. 5, 3-13), ultrapassam o campo moral, para envolverem toda a nossa vida: damos espaço a Jesus para que seja pobre em espírito na nossa pobreza, manso na nossa mansidão, sofredor pelos males do mundo na nossa aflição, faminto e sedento de j ustiça, misericordioso, puro de coração, obreiro de paz, perseguido em nós perseguidos… Se também reflectirmos no facto de que as bem-aventuranças se vivem praticando todas as virtudes teologais e morais de modo habitual, com facilidade, sob o influxo dos dons do Espírito Santo e irradiando os seus frutos saborosos (cf. Gl 5, 22), então compreenderemos como viver as bem-aventuranças seja viver o mandamento do Senhor, a caridade: o amor de Deu

terça-feira, 11 de setembro de 2018

TERÇA-FEIRA - TEMPO COMUM – ANOS PARES - XXIII SEMANA –

TERÇA-FEIRA - TEMPO COMUM – ANOS PARES - XXIII SEMANA – Primeira leitura: 1 Coríntios 6, 1-11 Nesta página emerge outra situação da comunidade de Corinto: alguns cristãos, na tentativa de dirimirem algumas questões surgidas entre eles, apelaram para tribunais pagãos. Paulo intervém com autoridade e clareza. Começa por usar um tom provocador (vv. 1.1-3) para levar os seus interlocutores a darem-se conta da gravidade e da delicadeza da situação de certas atitudes. Quer, sobretudo, recordar-lhes que o juízo entre irmãos na fé deveria obedecer a critérios que a própria fé sugere e é capaz de formular. Caso contrário, seria preciso concluir que a fé daquela comunidade era incapaz de orientar a vida dos crentes e de iluminar as suas opções. Depois, o Apóstolo recorre a um tom irónico: com isso, quer que os cristãos de Corinto se sintam envergonhados por não encontrarem entre eles uma pessoa sábia para arbitrar as suas questões. É uma ironia cheia de tristeza e mesmo, talvez, de uma certa raiva, semelhantes às que Paulo manifesta noutras cartas. Finalmente, passa a um discurso teológico (v. 11). O Apóstolo retoma o núcleo da sua doutrina e, referindo-se ao baptismo, lembra a novidade do dom recebido: «Vós cuidastes de vos purificar; fostes santificados, fostes justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito do nosso Deus». Da novidade do dom, depende obviamente a novidade de vida. Evangelho: Lucas 6, 12-19 Como outras vezes, Lucas refere que Jesus se retira para a montanha a fim de rezar, passando lá toda a noite (v. 12). Ainda que não haja uma referência explícita à relação entre a oração de Jesus e a escolha dos Doze, é possível, à luz da fé, estabelecer essa relação. O gesto que Jesus está para realizar tem uma enorme importância. Daí a necessidade de dialogar com o Pai. A escolha dos Doze inclui um chamamento: «convocou os discípulos e escolheu doze dentre eles». Vocação e missão são inseparáveis. Sem a vocação, a missão não é mais que profissão. Por outro lado, a vocação, sem a missão, seria um gesto incompleto. «Aos quais deu o nome de Apóstolos» (v. 13b): parece um anacronismo, pois “apóstolo” é um nome tipicamente pós-pascal. Mas é a luz da Páscoa já projectada sobre o tempo do ministério público de Jesus, como que a dizer-nos que essa luz também se projecta sobre a nossa vida e a nossa história. Finalmente, a relação de Jesus com a multidão é, mais uma vez caracterizada de duas maneiras: as multidões vêm para escutar Jesus e para ser curadas das suas doenças (v. 18). Em ambos os casos, trata-se, na perspectiva de Lucas, de uma “força” que dá autoridade à sua doutrina e eficácia aos seus gestos taumatúrgicos. A escolha dos Apóstolos é um tema central no texto evangélico que a liturgia hoje nos propõe. Por isso, parece oportuno deter-nos um pouco a meditar na apostolicidade da Igreja. Como se sabe, trata-se de uma das características da Igreja de Cristo, juntamente com a unidade, a santidade e a catolicidade. Em primeiro lugar, notemos que não se trata de notas simplesmente jurídicas. Pelo contrário, são notas espirituais, dadas à Igreja pelo Espírito de Deus e do Senhor ressuscitado. A Igreja de Cristo não se torna apostólica a certo ponto do seu caminho, mas nasce apostólica. A razão fundamental de tudo isto é que o próprio Jesus é o apóstolo por excelência, o missionário do Pai. Antes de ser o fundador da Igreja, Jesus é o seu salvador: a Igreja nasce do Lado aberto do Crucificado, no poder do “espírito” que Ele dá na cruz (cfr. Jo 19, 30). À missão que Jesus confiou aos Doze durante o seu ministério público (cfr. Mt 10, 1ss.) corresponde a missão bem mais importante que lhes confiou depois da Ressurreição (cfr. Mt 28, 16-20). É preciso não confundir a apostolicidade da Igreja com a sua missionaridade, ainda que haja entre eles uma ligação íntima e profunda. A primeira nasceu da Igreja e está ligada ao colégio dos Doze, enquanto esta é tarefa da Igreja e está ligada à pessoa de todos os seus membros. A primeira é um artigo da nossa fé: «Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica»; a segunda é objecto do nosso testemunho. Fonte: resumo/adaptação de um texto de F. Fonseca em “Dehonianos.org/portal/liturgia”

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

SEGUNDA-FEIRA – XXIII SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES

SEGUNDA-FEIRA – XXIII SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES Primeira leitura: 1 Coríntios 5, 1-8 A primeira carta de S. Paulo aos Coríntios pode ser considerada um conjunto de respostas a questões levantadas por essa comunidade. Para dar uma resposta unificada a essas questões, o Apóstolo apela para o núcleo da fé cristã, o mistério pascal de Jesus. O texto de hoje trata de um caso de imoralidade que não pode passar em claro. Um cristão de Corinto tinha cometido um grave pecado de incesto unindo-se com a «mulher de seu pai», provavelmente já viúva. A comunidade não o tinha expulsado do seu seio, correndo o grave risco de corrupção interna, e com escândalo dos próprios pagãos, uma vez que as leis romanas proibiam essas uniões conjugais. O que mais impressiona é que Paulo, em vez de amontoar proibições e recomendações mais ou menos paternalistas, apela para o evento pascal que, tendo caracterizado a vida de Jesus, deve também caracterizar a vida de todos os cristãos e a das respectivas comunidades: «Purificai-vos do velho fermento, para serdes uma nova massa, já que sois pães ázimos» (v. 7). A imagem é de fácil compreensão: temos diante de nós o binómio «velho/novo». Com ele, Paulo quer afastar, não só uma certa preguiça espiritual, mas também e sobretudo a adesão estática e nostálgica àquilo que foi definitivamente ultrapassado com a vinda de Cristo. Não se pode ficar parados, nem os cristãos, nem as comunidades. Há que acertar o passo com Jesus Cristo. «Pois Cristo, nossa Páscoa, foi imolado. Celebremos a festa» (v. 7b-8): é a motivação pascal oferecida por Paulo a uma comunidade que deve viver a fé em termos de alegre novidade, em novidade de vida, esquecendo o que está para trás. Evangelho: Lucas 6, 6-11 Lucas volta à polémica sobre o sábado. A ocasião é-lhe proporcionada por um milagre de Jesus em favor de um homem paralítico, que desencadeia críticas dos seus adversários. O choque é ainda mais forte do que fora quando os discípulos colheram e comeram espigas de trigo, ao sábado. Uma certa mentalidade farisaica queria, não só parar os discípulos de Jesus, mas também pôr fim à actividade taumatúrgica do seu Mestre. Jesus não pode aceitar a pretensão dos escribas e fariseus, e aponta-lhes, não só o criticismo, mas também a perversidade. Jesus lê o coração do homem: daquele que o escuta e segue, mas também daquele que O espia e quer apanhar em falso… Realizado o milagre, Jesus enfrenta os adversários colocando a questão do seguinte modo: «O que é preferível, ao sábado: fazer bem ou fazer mal, salvar uma vida ou perdê¬ la?» (v. 9). Jesus está tão seguro da sua certeza que nem espera a resposta. Cura o doente, e desencadeia uma reacção de fúria contra Si. A intolerância e a violência dos adversários levam Jesus à morte espiritual, ainda antes da morte física. Os cristãos correm o risco de se deixar iludir. Os da comunidade de Corinto pensavam ter atingido o cume da perfeição e orgulhavam-se disso, não se dando conta de que havia entre eles «uma imoralidade como não se encontra nem mesmo entre os pagãos» (v. 1). Havia, pois, temas a esclarecer, nomeadamente no que se refere à liberdade humana. Até que ponto obriga a própria lei divina? Todas as leis valem o mesmo? Há espaço para interpretações libertadoras? Como harmonizar no dia a dia autoridade e liberdade, norma escrita e autodeterminação? As páginas evangélicas sobre a observância do sábado oferecem-nos alguns raios de luz. Toda a lei quer ser considerada com dom de Deus ao seu povo, e a todo o homem e mulher que queira dar ouvidos à Palavra, portadora de vida. Se conseguirmos considerar a lei, toda a lei, como dom, teremos diante de nós um caminho de liberdade genuína, autêntica. A lei, toda a lei, é-nos oferecida como luz para os nossos passos, como lâmpada para o nosso caminho. Devemos confessar que precisamos de uma luz capaz de iluminar mesmo o mais recôndito da nossa vida, capaz de orientar as nossas opções no devir da história. A lei, toda a lei, é-nos oferecida como pedagogo, isto, como instituição capaz de nos educar no exercício da liberdade: a liberdade psicológica, pela qual afirmamos a nossa dignidade diante de toda a tentativa de instrumentalização; a liberdade evangélica, pela qual reconhecemos o primado de Deus e a prioridade de Cristo em todas as nossas opções. «Cristo…pela sua morte e ressurreição, abriu-nos ao dom do Espírito e à liberdade dos Filhos de Deus (cf. Rom 8,21). Ele é para nós o Primeiro e o Último, Aquele que vive (cf. Apoc 1,17-18)»). O Espírito de Cristo é um Espírito de amor e “onde está o Espírito há liberdade” (2 Cor 3, 17). Os preciosos frutos do Espírito (cf. Gal 5, 22) tornam o homem verdadeiramente livre, inclusivamente de si mesmo, pelo “auto-domínio”, quando, nos seus pensamentos, desejos, afectos, palavras, acções não se deixa guiar pelo seu eu, pelo egoísmo, mas pelo Espírito de Deus. Deus conhece-se, ama-se, goza a perfeição das suas perfeições infinitas, nada lhe falta, não tem necessidade de nenhum ser fora dele. Mas como a bondade é difusiva por natureza, Deus quis expandir-se para fora pela efusão da sua bondade. As criaturas inanimadas são como que o vestígio do seu Ser. As criaturas dotadas apenas da vida vegetal ou animal já são um reflexo da vida divina. Mas, só as criaturas inteligentes, os anjos e os homens, são verdadeiramente a imagem e a semelhança de Deus. Pela sua vida, inteligência e vontade, o homem é a imagem da santa Trindade; cada uma das três pessoas divinas imprimiu na sua alma o seu traço característico; vivendo, a nossa alma reproduz a vida divina e o poder do Pai; sendo inteligente, ela imita a inteligência do Verbo; amando, ela exprime o amor do Espírito Santo. O homem tem semelhança com família com Deus. Deus é espírito; a nossa alma é espírito. – Deus é um na natureza e triplo nas pessoas; a nossa alma é una segundo a natureza e múltipla nas suas faculdades. – Deus é eterno; o homem é imortal. – Deus é livre; o homem é livre. Por esta liberdade, nós merecemos o céu; e por isso Deus comunica-nos, na medida do possível, a mais incomunicável das suas perfeições, a sua qualidade de ser e de ter por si mesmo tudo o que Ele é e tudo o que tem. Fonte: Resumo/adaptação local de um texto de| Fernando Fonseca, scj, em “dehonianos.org/portal/liturgia” |

domingo, 9 de setembro de 2018

23º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B

A liturgia do 23º Domingo do Tempo Comum Deus comprometido com a vida e a felicidade do homem, continuamente apostado em renovar, em transformar, em recriar o homem, de modo a fazê-lo atingir a vida plena do Homem Novo. Na primeira leitura –Is 35, 4-7ª- , um profeta da época do exílio na Babilónia garante aos exilados, afogados na dor e no desespero, que Jahwéh está prestes a vir ao encontro do seu Povo para o libertar e para o conduzir à sua terra. Nas imagens dos cegos que voltam a contemplar a luz, dos surdos que voltam a ouvir, dos coxos que saltarão como veados e dos mudos a cantar com alegria, o profeta representa essa vida nova, excessiva, abundante, transformadora, que Deus vai oferecer a Judá. Para os optimistas, o nosso tempo é um tempo de grandes realizações, de grandes descobertas, em que se abre todo um mundo de possibilidades ao homem. Para os pessimistas, o nosso tempo é um tempo de sobreaquecimento do planeta, de subida do nível do mar, de destruição da camada do ozono, de eliminação das florestas, de risco de holocausto nuclear… Para uns e para outros, é um tempo de desafios, de interpelações, de procura, de risco… Como é que nós nos relacionamos com este mundo? Vemo-lo com os olhos da esperança, ou com os óculos negros do desespero? O profeta é o homem que rema contra a maré… Quando todos cruzam os braços e se afundam no desespero, o profeta é capaz de olhar para o futuro com os olhos de Deus e ver, para lá do horizonte do sol poente, um amanhã novo. Ele vai então gritar aos quatro ventos a esperança, fazer com que o desespero se transforme em alegria e que o imobilismo se transforme em luta empenhada por um mundo melhor A segunda leitura – Tg 2.1-5- dirige-se àqueles que acolheram a proposta de Jesus e se comprometeram a segui-l’O no caminho do amor, da partilha, da doação. Convida-os a não discriminar ou marginalizar qualquer irmão e a acolher com especial bondade os pequenos e os pobres. Jesus Cristo nunca discriminou nem nunca marginalizou ninguém; sentou-se à mesa com os desclassificados, acolheu os doentes, estendeu a mão aos leprosos, chamou um publicano para fazer parte do seu grupo, teve gestos de bondade e de misericórdia para com os pecadores, disse que os pobres eram os filhos queridos de Deus, amou aqueles que a sociedade religiosa do tempo considerava amaldiçoados e condenados… Tratamos com a mesma delicadeza e com o mesmo respeito quem é rico e quem é pobre, quem tem uma posição social relevante e quem a não tem, quem tem um título universitário e quem é analfabeto, quem tem um comportamento religiosamente correcto e quem tem um estilo de vida que não se coaduna com as nossas perspectivas, quem se dá bem com o padre e quem tem uma atitude crítica diante de certas opções dos responsáveis da comunidade? Evangelho – Mc 7, 31 – 37 -, Jesus abre os ouvidos e solta a língua de um surdo-mudo… Jesus, revela-se esse Deus que não Se conforma quando o homem se fecha no egoísmo e na auto-suficiência, rejeitando o amor, a partilha, a comunhão. O encontro com Cristo leva o homem a sair do seu isolamento e a estabelecer laços familiares com Deus e com todos os irmãos, sem excepção. O Deus em quem acreditamos é um Deus comprometido connosco, continuamente apostado em renovar o homem, em transformá-lo, em recriá-lo, em fazê-lo chegar à vida plena do Homem Novo Deus que abre os ouvidos dos surdos e solta a língua dos mudos é um Deus cheio de amor, que não abandona os homens à sua sorte nem os deixa adormecer em esquemas de comodismo e de instalação; mas, a cada instante, vem ao seu encontro, desafia-os a ir mais além, convida-os a atingir a plenitude das suas possibilidades e das suas potencialidades. Não esqueçamos esta realidade: na nossa viagem pela vida, não caminhamos sozinhos, arrastando sem objectivo a nossa pequenez, a nossa miséria, a nossa debilidade; mas ao longo de todo o nosso percurso pela história, o nosso Deus vai ao nosso lado, apontando-nos, com amor, os caminhos que nos conduzem à felicidade e à vida verdadeira. O surdo-mudo, incapaz de escutar a Palavra de Deus, representa esses homens que vivem fechados aos projectos e aos desafios de Deus. O surdo-mudo representa também aqueles que não se preocupam em comunicar, em partilhar a vida, em dialogar, em deixar-se interpelar pelos outros… Define a atitude de quem não precisa dos irmãos para nada, de quem vive instalado nas suas certezas e nos seus preconceitos, convencido de que é dono absoluto da verdade. Define a atitude daquele que não tem tempo nem disponibilidade para o irmão; define a atitude de quem não é tolerante, de quem não consegue compreender os erros e as falhas dos outros e não sabe perdoar. Uma vida de “surdez” é uma vida vazia, estéril, triste, egoísta, fechada, sem amor. felicidade… Somos surdos quando escutamos os gritos dos injustiçados e lavamos as nossas mãos; somos surdos quando toleramos estruturas que geram injustiça, miséria, sofrimento e morte; somos surdos quando pactuamos com valores que tornam o homem mais escravo e mais dependente; somos surdos quando encolhemos os ombros, indiferentes, face à guerra, à fome, à injustiça, à doença, ao analfabetismo; somos surdos quando temos vergonha de testemunhar os valores em que acreditamos; somos surdos quando nos demitimos das nossas responsabilidades e deixamos que sejam os outros a comprometer-se e a arriscar; somos surdos quando calamos a nossa revolta por medo, cobardia ou calculismo; Fonte: Resumo/adaptação local de um texto de :”dehonianos.org/portal/liturgia”