SÁBADO –
VIII SEMANA –TEMPO COMUM –
ANOS PARES- 02.06.2018-
Primeira leitura: Judas 17.20-25
O autor deste escrito, de que hoje meditamos a
conclusão, apresenta-se como Judas «servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago» (v.
1). Deseja paz aos eleitos que vivem no amor de Deus Pai e foram preservados
por Jesus Cristo (vv. 1s.).
Judas está preocupado em salvaguardar a integridade e
a beleza da fé (v. 3) e recorda àqueles a quem se dirige, provavelmente
cristãos provenientes do paganismo, «as coisas preditas pelos Apóstolos de
Nosso Senhor Jesus Cristo» (v. 17), incita-os a edificar-se uns aos sobre sobre
o fundamento da fé (cf. v. 20) e a manter-se no amor de Deus (cf. v.21).
Judas tem presente os perigos do gnosticismo. Havia
que apoiar os vacilantes e ser misericordiosos e firmes com os que corriam o
risco de se deixar envolver pelos seus erros.
O autor termina com uma solene doxologia, certamente
de matriz litúrgica, para louvar a Deus, único salvador, por meio de Jesus
Cristo, nosso Senhor. E conclui afirmando que só Deus tem poder para preservar
das quedas e fazer comparecer na sua presença sem defeitos e cheios de alegria.
Evangelho: Marcos 11, 27-33
A atitude «subversiva» de Jesus no templo inquietou os
chefes, que resolveram interrogá-lo. Dir-se-ia que se trata de um inquérito à
margem do processo oficial.
A resposta positiva de Jesus, à pergunta que lhe
faziam, equivalia a declarar-se Messias, pois só Messias tem autoridade para
tomar tais atitudes. E nada mais seria preciso para um processo oficial contra
Ele.
Com grande habilidade, Jesus responde com outra
pergunta, que lança a confusão entre os seus adversários. Como não tiveram
coragem para responder, e se escudaram num lacónico «não sabemos», Jesus
despediu-os com uma expressão seca: «Nem Eu vos digo com que autoridade faço
estas coisas» (v. 33).
Talvez nos espante esta atitude de Jesus, tão
atencioso e compassivo com Bartimeu. Mas o Senhor detesta a arrogância e a má
vontade. É puro, mas não ingénuo.
Além disso, a sua dureza podia levar os adversários a
rever posições ou, pelo menos, a reconhecer que não procuravam a verdade, mas
só desembaraçar-se dele.
Jesus dá-nos exemplo de «ética profética». A sua
autoridade está na linha da de João Baptista. Se os adversários de Jesus reconhecessem
a autoridade de João, a sua resistência a Jesus seria menos grave. Mas não o
fizeram. Acabaram por recusar Jesus, mas também por atraiçoar o Baptista,
ignorando a confiança que o povo tinha nele, pois o considerava um verdadeiro
profeta.
A Carta de Judas apresenta-nos uma preciosa exortação
sobre dois pólos da vida recta: a santidade de vida e a solicitude pelas
pessoas cuja fé corre perigo.
A santidade cresce na relação com as Pessoas divinas
cultivada na oração, na docilidade ao Espírito Santo, no amor a Deus Pai e na
esperança na misericórdia de Jesus: «Edificando-vos uns aos outros sobre o
fundamento da vossa santíssima fé e orando ao Espírito Santo, mantende-vos no
amor de Deus, esperando que a misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo vos
conceda a vida eterna» (vv. 20-21).
Quanto à solicitude com os que correm perigo de
vacilar na fé, há que ser misericordioso, mas também firme, sem descer a
compromissos: «Tratai com misericórdia aqueles que vacilam; a uns, procurai
salvá-los, arrancando-os do fogo; a outros, tratai-os com misericórdia, mas com
cautela» (vv. 22-23).
Judas apresenta, pois, um verdadeiro programa de vida,
assente na rocha viva que é Jesus Cristo. Há que construir tudo sobre a fé, com
simplicidade, correspondendo à graça de Deus, sem nos fiarmos no que é
simplesmente humano, nem sequer em nós mesmos. O importante é praticar «a
verdade na caridade» (Ef 4, 15).
Os sumos-sacerdotes, os doutores da Lei e os anciãos
de que nos fala o evangelho não agiam nem falavam com rectidão. É por isso que
Jesus não responde à pergunta que Lhe fazem, mas, por sua vez, também os
interroga acerca de João Baptista. A pergunta de Jesus visa fazê-los pensar e…
converter-se. Mas, em vez de se deixarem tocar pela graça, entram em cálculos
humanos:
«Começaram a discorrer entre si, dizendo: «Se
dissermos ‘do Céu’, dirá: ‘Então porque não acreditastes nele?’ Se, porém,
dissermos ‘dos homens’, tememos a multidão» (vv. 31-32).
Não lhes convinha dizer que o baptismo de João vinha
«do céu»; mas também temeram dizer que vinha «dos homens». Escudaram-se no:
«Não sabemos.». E assim se fecharam à fé.
Também nós corremos o risco de dar respostas
semelhantes quando resistimos às inspirações do Espírito Santo, ou deslizamos
para soluções mais cómodas, menos empenhativas. Nos nossos exames de
consciência havemos de nos interrogar: «Estes pensamentos, estes projectos,
estas opções são motivadas pela minha fé, ou por outras razões mais ou menos
conscientes?»
Quais motivações me fazem falar, agir, caminhar?
Certamente reconheceremos, com humildade e confiança, diante de Deus, que, nem
sempre é por Ele que falamos, agi
mos, optamos. Mas, reconhecê-lo, pedir perdão, e procurar emenda, é salvaguardar a nossa fé.
mos, optamos. Mas, reconhecê-lo, pedir perdão, e procurar emenda, é salvaguardar a nossa fé.
Senhor, Jesus Cristo, não olhes para os nossos pecados,
mas para a fé da tua Igreja. Dá-nos a graça de construirmos o nosso edifício
espiritual sobre os fundamentos da fé e dos apóstolos. Perdoa as nossas
hesitações e medos.
Põe nos nossos caminhos pessoas compassivas, mas
exigentes, que nos ajudem e superar as nossas misérias, mas não sejam
coniventes com os nossos erros. Por vezes refilamos com as intervenções
daqueles que, na tua Igreja, tem o serviço de vigiar pela integridade da fé e
pela sã moral.
A recordação de erros, ou de situações menos lineares
e claras do passado, dão-nos ânimo para presumir respostas e rejeitar as
intervenções e orientações dos nossos pastores.
Dá-nos o teu Espírito Santo, Espírito de Conselho,
para sabermos discernir as situações e ver quando é oportuno fazer-nos voz
daqueles que não têm voz e quando, pelo contrário, as nossas recriminações são
apenas fruto da nossa impiedade, e da dureza do nosso coração.
Que sempre e em toda a parte, sejamos missionários misericordiosos da tua
Verdade.
Fonte: Adaptação local de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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