sábado, 15 de maio de 2021

Visita à Paróquia da Sé Catedral Santo António de Gurúè


No périplo do conhecimento da realidade da Diocese de Gurúè e, valendo-se da reabertura dos cultos públicos à luz do Decreto presidencial e do convite formulado pelo Digníssimo Pároco da Sé Catedral, às 17.30 horas de hoje (15 de Maio), Dom Inácio Lucas presidiu a Missa vespertina da Solenidade da Ascensão do Senhor.

Dom Inácio Lucas, chegou à Sé Catedral às 17.20 e foi acolhido em frente da Sé Catedral pelo Pároco, Vigário paroquial, padres do Seminário S. José e por um pequeno grupo de fiéis.

Às 17.30 iniciou a solene celebração eucarística. Após a invocação da Santíssima Trindade, o Reverendo Padre Paulino Nicau, Pároco da Sé Catedral de Santo António de Gurúè, dirigiu em seu nome próprio e em nome da Comunidade paroquial, na presente ocasião representada pelos animadores dos núcleos da Sé e dos movimentos apostólicos, saudações de boas vindas à Sua Excelência Reverendíssima Dom Inácio Lucas à Sé, que é a sua Paróquia. Mais adiante, Pe Paulino esclareceu as razões que motivaram ao horário da Missa vespertina e referiu na ocasião, que estavam presentes para a celebração da Eucaristia, representantes dos núcleos, Congregações Religiosas e Movimentos Apostólicos que trabalham na Sé Catedral. Tomaram parte da celebração para além do Pároco, o Vigário paroquial Pe Tonito Muananoua, o Reitor do Seminário Diocesano S. José, Pe João Ernesto Tárua e o vice reitor, Pe Adelino Mualicamo. Finda a saudação, Pe Paulino Nicau pediu à Sua Excelência Reverendíssima Dom Inácio para que continuasse com a celebração.

Na sua homilia, Dom Inácio Lucas apresentou-se à Comunidade paroquial e partilhou a sua experiência cristã e sacerdotal, até à nomeação como Bispo de Gurúè aos 02 de Fevereiro do corrente ano. Mais ainda, Dom Inácio partilhou com a Comunidade cristã, alguns pontos emergentes na Bula da sua nomeação como Bispo de Gurúè.

Comentando as leituras da Solenidade da Ascensão, Dom Inácio começou por dizer que a Solenidade da Ascensão decorre 40 dias depois da Festa da Páscoa e marca a entrada definitiva da humanidade de Jesus no domínio celeste. Mais ainda, Dom Inácio frisou que Jesus Cristo tendo entrado uma vez por todas no Céu, intercede incessantemente por nós. Ainda na sua homilia e baseando-se na II leitura do Solenidade, Dom Lucas apresentou as condições para a verdadeira comunidade cristã: proceder com humildade, mansidão e paciência, suportar uns aos outros e empenhar-se em manter a unidade do espirito pelo vínculo da paz. Dom Inácio terminou a sua homilia, vincando que a Ascensão é o início da missão universal confiada aos Apóstolos.

Dom Inácio e o Rev.mo Pe Paulino Nicau

Durante a celebração e no momento do ofertório, a comunidade cristã da Sé, manifestou a sua alegria e acolhimento oferecendo a Dom Lucas, frutos da terra e do suor do seu trabalho quotidiano.

Antes da bênção final, Padre Paulino Nicau, Pároco da Sé Catedral, reiterou a sua gratidão e da comunidade paroquial pelo facto do Bispo ter anuído o convite e tornou a convidá-lo para a Festa do Padroeiro no dia 13 de Junho.

Dom Inácio, lembrou aos fiéis presentes do caminho da IV Assembleia Nacional de Pastoral, da celebração dos 25 anos de ministério sacerdotal dos primeiros dois Padres da Diocese (Pe Daniel Alexandre Raul e Francisco Cunlela)


e falou do Dia Mundial das Comunicações Sociais que assinala no Domingo da Ascensão.

Para além da sede paroquial, estão anexadas à Paróquia de Santo António 12 comunidades cristãs distribuídas em duas zonas (Emukala e Mangone), dois Institutos Missionários nela colaboram (Filhas de Nossa Senhora da Visitação e Associação das Virgens Mãe do Redentor) e quatro Movimentos Apostólicos enriquecem a vida pastoral da Paróquia, concretamente: Legião de Maria, Família do Coração de Jesus, Franciscanos da Terceira Ordem  e Carismáticos.

No fim da celebração, Dom Inácio junto da
capela onde jazem os restos mortais de
Dom Francisco Lerma Martínez

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Visita de Dom Inácio Lucas à Paróquia-Santuário de Nossa Senhora de Fátima de Muliquela

 

Aos treze de Maio do ano em curso, data em que recorre a Festa de Nossa Senhora de Fátima, Dom Inácio Lucas, visitou a Paróquia-Santuário de Nossa Senhora de Fátima de Muliquela, no Distrito do Ile.

Observando as medidas em vigor emanadas no Decreto presidencial, uma representação dos fiéis da Paróquia acima supracitada, acolheu Sua Excelência Reverendíssima há duzentos metros da Igreja, de onde processionalmente todos os fiéis se dirigiram à Igreja. Aqui, Dom Inácio presidiu a Eucaristia dedicada a Nossa Senhora de Fátima, padroeira da Paróquia, após as palavras de acolhimento apresentadas pelo Pároco, Pe George.

Dom Inácio à sua chegada a Muliquela ladeado pelos Padres
Poomagan à direita e George à esquerda

Antes da homilia, foi lida a Provisão do novo Vigário paroquial, Pe Poomagan Sensusslass, que veio retomar o trabalho desempenhado pelo então vigário paroquial, Pe Melkisedek Yobu, que regressou a India por motivos de estudos.

Na sua homilia, Dom Inácio, expressando-se em macua-lomwe e português, manifestou a sua satisfação por estar no meio dos representantes da Paróquia Santuário de Muliquela. Pediu a todos para que rezassem por ele, para que seja um Pastor segundo a vontade de Deus para o rebanho de Gurúè. Mais ainda, Dom Inácio exortou os fiéis a colaborarem com a equipa missionária presente naquela Paróquia Santuário, constituída por dois Missionários Fransalianos e duas Irmãs Missionárias da Consolata.

Comentando a Festa de Nossa Senhora de Fátima, exortou aos presentes para que expliquem as novas gerações as aparições de Fátima e tal como Nossa Senhora de Fátima exortou aos pastorinhos, ainda hoje, continuemos a rezar pela Paz no mundo e nas famílias.

Antes do fim da celebração, Padre Poomagan, Vigário paroquial, agradeceu a presença do Bispo na Paróquia, dos padres da Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus do Ile-sede (Pe Luís Muhilonge e Pe Pedro Esquadro), do Chanceler da Diocese (Pe Tonito Muananoua), das Irmãs Missionárias da Consolata que trabalham na Paróquia e de todos.

Dom Inácio, antes de conceder a bênção solene, apresentou o estagiário Samuel Alegria dos Santos que está a fazer a sua experiência pastoral na Paróquia de Santa Teresa do Menino Jesus do Ile e recordou aos presentes, os preparativos para a IV Assembleia Nacional de Pastoral. Mais ainda, exortou os fiéis a ter presente que no Domingo da Ascensão, celebramos o Dia Mundial das Comunicações Sociais e lembrou a todos, que no próximo dia 20 de Junho, a nossa Diocese vai viver o jubileu dos 25 anos de ordenação sacerdotal dos primeiros dois padres diocesanos de Gurúè (Pe Daniel Alexandre Raúl e Pe Francisco Cunlela) com uma celebração eucarística na Sé Catedral de Gurúè. Dom Inácio, pediu a todos para que rezem por ele.

No fim da celebração, teve lugar um almoço de confraternização servido na Casa paroquial.

Às 15 horas, Dom Inácio visitou as Irmãs da Consolata presentes na Paróquia de Muliquela. Para além de agradecer a sua valiosa colaboração na vida da Paróquia e no Centro de Saúde local, Dom Inácio manifestou a sua total abertura e pediu a sua colaboração para a edificação da Igreja diocesana de Gurúè.

Momento de confraternização



segunda-feira, 10 de maio de 2021

ENTREVISTA COM S.E.R. DOM INÁCIO LUCAS, CONCEDIDA À CEM

 

Entrevista  com Dom Inácio Lucas, Bispo de Gurúè

conduzida por Marcolino Vilanculos, Secretário das Comunicações da CEM

 

1.    Dom Lucas, quando e onde nasce a vocação sacerdotal?

Agradeço a CEM e ao secretário das comunicações por esta conversa sobre a minha vocação sacerdotal. Tudo começou entre os anos de 1985 a 1987, quando eu era aluno da Escola Industrial de Carapira, em Monapo, província de Nampula. Naquela altura não era permitido ir à Igreja mas um pequeno grupo de alunos (rapazes e meninas), às noites de sábado ou domingo, frequentávamos a catequese e encontro do grupo dos jovens da nova geração. A direcção da Escola não permitia aos alunos frequentar à casa dos padres para fins religiosos nem ir à celebração dominical da palavra de Deus. Era durante a catequese clandestina que os padres combonianos e as irmãs combonianas nos falavam das vocações para diferentes profissões. Também nos falavam da vocação para a vida consagrada e religiosa. Como nos diziam: este país também precisa de jovens corajosos que se oferecem para anunciar Jesus Cristo aos seus irmãos tornando-se padres ou irmãs...

2.    De uma forma resumida pode nos contar como foi a sua experiência sacerdotal tendo em conta que assumiu vários cargos e trabalhou na Arquidiocese de Maputo e Diocese de Nacala?

Eu sou sacerdote diocesano de Nacala, isto é, ordenado sacerdote e incardinado na diocese de Nacala, em obediência ao Bispo de Nacala. Mas durante 10 anos estive a trabalhar nos dois Seminários Maiores de Filosofia e Teologia em Maputo, em obediência ao bispo de Nacala. Não fiz pedido nem concurso para trabalhar na arquidiocese de Maputo. Sendo necessário aos sábados e domingos ia colaborar nas paróquias, sem prejuízo da minha principal tarefa de servir a tempo inteiro no Seminário.

Dom Inácio Lucas

3.    Dom Lucas, como é que recebeu a notícia da sua nomeação para bispo da Diocese de Gurúè?

Do fundo do coração confesso que esta nomeação para o ministério episcopal foi para mim uma surpresa, repito, uma grande surpresa. Durante vinte e três (23) anos de sacerdócio prestei à Igreja de Moçambique os serviços que me tinham confiado. Fi-los com simplicidade e sem orgulho de inteligência nem desejo de obter reconhecimento de honra e mérito. Não fiz competição com ninguém nem ardi de inveja a ninguém. Aliás, a minha vida é surpresa do dia a dia … estudar até tornar-se sacerdote, adquirir grau académico de nível superior, ser professor e prefeito de estudos, receber a nomeação de Vigário paroquial para a Sé Catedral de Nacala, ser reitor de um Seminário Pontifício e até ser bispo, são as etapas da minha vida que me vieram como surpresa. Ainda mais esta nomeação para bispo de Gurúè é surpresa!

4.    Antes de ser nomeado pelo Santo Padre Papa Francisco como 3º Bispo da Diocese de Gurúè ocupou o cargo de Vigário Geral da Diocese de Nacala, como foi a vivência pastoral auxiliando a S. Ex.cia Rev.ma Dom Alberto Vera Aréjula no cuidado pastoral daquela diocese localizada na zona norte do nosso país?

A Diocese de Nacala é nova comparando com a maioria das dioceses do país. S. Ex.cia Rev.ma D. Germano Grachane nomeou-me para Vigário Geral da Diocese mas tendo passado à reforma, a S. Ex.cia Rev.ma D. Alberto Vera Aréjula decidiu manter-me no cargo. Por ironia de destino em Nacala fui o 3º Vigário Geral da recente história da diocese e o 3º Bispo da diocese de Gurúè. Trabalhei bem com os dois bispos e minha principal tarefa foi ajudar e facilitar ao bispo para tomar decisões acertadas para a comunhão e a unidade diocesana.

5.    Dom Lucas foi nomeado num momento atípico, em que o mundo e o nosso país é assolado com a pandemia do novo coronavírus. Quais serão as principais linhas pastorais a executar para que não falte a palavra de Deus ao santo povo de Deus de Gurúè e também tendo em conta que a Igreja em Moçambique se prepara para realizar IV Assembleia Nacional de Pastoral?

A diocese de Gurúè tem 42 mil km², tem muitos cristãos católicos e não católicos; vivem metade dos habitantes da província da Zambézia. Como linha pastoral penso visitar as equipas missionárias das paróquias, reunir com os padres, as irmãs e o conselho pastoral de cada paróquia. Tal como fizeram os bispos antecessores, considero importante conhecer a realidade de cada região pastoral e desenhar o plano pastoral das necessidades. É prematuro determinar as linhas pastorais antes de conhecer e reunir os padres diocesanos, os missionários e os conselhos paroquiais. De toda a maneira é tarefa do bispo dar assistência e animar os padres que são os principais colaboradores na missão. Depois disso pode-se começar a incentivar o serviço de pastoral de conjunto com todas as forças vivas da diocese. É minha intenção fomentar um clima de aproximação às pessoas e em conjunto traçar as linhas de acção na missão.

6.    Que experiência leva para Gurúè, tendo em conta que antes de sua nomeação, já ocupou vários cargos a nível da Igreja como Reitor do Seminário de S. Pio X, Vigário geral da Diocese de Nacala e entre outros.

Os anteriores cargos e os contextos são diferentes mas penso que o grau da responsabilidade aumenta para bem servir as pessoas. Não há regras antecipadas de experiência sobretudo quando se trata de lidar com pessoas de âmbitos diferentes. As tarefas e as responsabilidades adquiridas anteriormente podem ser elemento fundamental para começar uma nova missão mas há sempre novidades. Não penso inventar novas regras ou planos programáticos. Os serviços realizados no passado podem ajudar mas acredito que o mais importante é ser humilde e aprender no dia a dia com os padres, os missionários e os animadores das comunidades cristãs de Gurúè. É verdade que sou bispo deles mas gostaria de trabalhar com eles num clima de mútua confiança e honesta transparência. 

7.    Após a sagração e tomada de posse em ambiente restrito, Dom Lucas pensa em visitar as Paróquias quando retomarem as Missas para que o santo povo de Gurúè conheça o seu novo pastor e também para conhecer a realidade vivida em cada Paróquia da Diocese?

Dom Manuel, Dom Alberto e Dom Inácio

Obviamente é minha responsabilidade visitar as paróquias e conhecer a realidade da nossa diocese. Tenho certeza que esta fase de confinamento por causa do coronavírus vai passar e os cristãos desejam celebrar Missa com o seu novo pastor. Depois de ultrapassarmos esta situação de calamidade pública e abrirem os locais de culto, iremos retomar a catequese das crianças, jovens e adultos mas também iremos nos reunir para a celebração da palavra e da eucaristia nas comunidades cristãs.

 

8.    Com a eclosão do coronavírus e com o confinamento e sem missas públicas, alguns cristãos sentiram retraídos, desistindo de rezar, apesar das Paróquias envidarem esforços para transmissões on-line das missas e partilha da liturgia diária e entre outras iniciativas pastorais, qual é a mensagem a deixar para estes fiéis que em algum momento consideram que tudo acabou?

Apesar disto tudo de confinamento, eu acredito que o povo cristão está a rezar em família e pequenos grupos de vizinhos e está a espera ansiosamente para celebração comunitária da fé. Há sinais de esperança de que num futuro próximo os cristãos vão voltar a reunir-se para professar a fé. Não se sabe quando termina esta pandemia e por mais que dure no tempo, é mau pensar que os fiéis consideram que tudo acabou… há sempre espaço de esperança. É preciso pensar e agir positivo. É verdade que todos nós fomos apanhados desprevenidos com a COVID 19 e as medidas de confinamento para prevenção mas os cristãos alimentaram sempre a esperança de voltar às celebrações e encontros de catequese nas igrejas paroquiais e comunidades cristãs.

 

9.    Alguma coisa que gostaria de sublinhar que não foi arrolada durante a entrevista?

Dom Inácio Lucas
Sim ... Quero dizer que o bispo, os padres, as religiosas e todo o povo do Gurúè temos a esperança de retomarmos as acções de culto e outras práticas da fé. Enquanto continua a vigorar o estado de calamidade pública, as boas iniciativas de caridade aos mais desfavorecidos e aos deslocados não podemos faltar a assistência para aliviar o sofrimento deles. Também é importante fomentar entre nós a comunhão e a unidade na nossa Igreja diocesana. É preciso não se deixar cair ao desânimo nem individual ou colectivo. Através de boas práticas da caridade fraterna podemos dar o testemunho da encarnação de Cristo, princípio da humanidade reconciliada com Deus.  

 



10. Para finalizarmos e ao mesmo tempo agradecer-lhe por ter-nos concedido esta entrevista, qual é a mensagem que gostaria de deixar para os fiéis da diocese de Gurúè?

A todos o povo da diocese de Gurúè rezo para que possamos caminhar unidos para Jesus Cristo, nosso único salvador. Aos fiéis de Gurúè, católicos e não católicos, padres e religiosas dedico o lema da minha vida consagrada e espero ter cada dia a alegria de implementar quer nos bons tempos ou menos bons: «não tenho ouro nem prata, mas dou-te o que tenho – em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda». Isto tem significado para a minha consagração a Deus e a Igreja. Desça sobre a força do Espírito Santo e cada um de vós receba a bênção apostólica

A todos desejo-vos Feliz Páscoa.

De vosso,

+ Inácio Lucas

Bispo de Gurúè