sábado, 10 de março de 2018

4º DOMINGO DO TEMPO DA QUARESMA – ANO B

4º DOMINGO DO TEMPO DA QUARESMA – ANO B -
A liturgia do 4º Domingo da Quaresma garante-nos que Deus nos oferece, de forma totalmente gratuita e incondicional, a vida eterna.
A primeira leitura 2 Cr 36,14-16.19-23, diz-nos que, quando o homem prescinde de Deus e escolhe caminhos de egoísmo e de auto-suficiência, está a construir um futuro marcado por horizontes de dor e de morte. No entanto, diz o autor do Livro das Crónicas, Deus dá sempre ao seu Povo outra possibilidade de recomeçar, de refazer o caminho da esperança e da vida nova.
O Evangelho deste domingo virá, precisamente, demonstrar os limites desta perspectiva e apresentar um Deus que, embora abominando o pecado, ama o homem para além de toda a medida e está sempre disposto a oferecer-lhe a vida e a salvação.
O Cronista recorda-nos algo que é indesmentível: quando o homem prescinde de Deus e escolhe caminhos de egoísmo e de auto-suficiência, está a construir um futuro marcado por horizontes de dor e de morte. Na verdade, a nossa experiência de todos os dias mostra como a indiferença do homem face a Deus e às suas propostas gera violência, opressão, exploração, exclusão, sofrimento. Na leitura que o Cronista faz da história do seu Povo, há um convite claro a escutar Deus e a pautar as opções que fazemos pelas propostas de Deus.
A perspectiva de que a libertação do cativeiro é comandada por Deus e de que Deus oferece ao seu Povo a oportunidade de um novo começo, aponta no sentido da esperança. Cá está: o Deus que nos é proposto é um Deus que abomina o pecado, mas que dá sempre aos seus filhos a oportunidade de recomeçar, de refazer tudo, de refazer o caminho da esperança e da vida nova. Neste tempo de Quaresma, este texto abre-nos horizontes de esperança e convida-nos a embarcar na apaixonante aventura da vida nova.
A segunda leitura (Ef 2, 4-10) ,ensina que Deus ama o homem com um amor total, incondicional, desmedido; é esse amor que levanta o homem da sua condição de finitude e debilidade e que lhe oferece esse mundo novo de vida plena e de felicidade sem fim que está no horizonte final da nossa existência.
A vida do homem sobre a terra está marcada pela debilidade, pela finitude, pelas limitações inerentes à nossa condição humana. A doença, o sofrimento, o egoísmo, o pecado são realidades que acompanham a nossa existência, que nos mantêm prisioneiros e que nos roubam a esperança. Parece que, por nós próprios, nunca conseguiremos superar os nossos limites e alcançar essa realidade de vida plena, de felicidade total com que permanentemente sonhamos. Por isso, certos filósofos contemporâneos referem-se à futilidade da existência, à náusea que acompanha a vida do homem, à inutilidade da busca da felicidade, ao fracasso que é a vida condenada à morte… Este quadro seria desesperante se não existisse o amor de Deus. É precisamente isso que o autor da Carta aos Efésios nos recorda: Deus ama-nos com um amor total, incondicional, desmedido; e é esse amor que nos levanta da nossa condição, que nos faz vencer os nossos limites, que nos oferece esse mundo novo de vida plena e de felicidade sem fim a que aspiramos. Não somos pobres criaturas derrotadas, condenadas ao fracasso, limitadas por um horizonte sem sentido, mas somos filhos amados a quem Deus oferece a vida plena, a salvação.
Na verdade, Deus introduziu na nossa realidade humana dinamismos de superação e de vida nova que apontam para o homem novo, livre das limitações, da debilidade e da fragilidade. Aqueles homens e mulheres que acolheram o dom de Deus são chamados a dar testemunho de um mundo novo, livre do sofrimento, da injustiça, do egoísmo, do pecado. Por isso, os crentes têm de anunciar e de construir um mundo mais justo, mais fraterno, mais humano. Eles são testemunhas, nesta terra, de uma realidade nova de felicidade sem fim e de vida eterna.
Muitas vezes, a vida nova de Deus manifesta-se nas nossas palavras, nos nossos gestos de partilha e de serviço, nas nossas atitudes de tolerância e de perdão e somos sinais de esperança e de libertação para os irmãos que nos rodeiam. Convém, no entanto, não esquecer este facto essencial: o mérito não é nosso, mas sim de Deus. É Deus que age no mundo, que o transforma, que o recria; nós somos, apenas, os instrumentos frágeis através dos quais Deus manifesta ao mundo e aos homens o seu amor.
No Evangelho (Jo 3, 14-21),  João recorda-nos que Deus nos amou de tal forma que enviou o seu Filho único ao nosso encontro para nos oferecer a vida eterna. Somos convidados a olhar para Jesus, a aprender com Ele a lição do amor total, a percorrer com Ele o caminho da entrega e do dom da vida. É esse o caminho da salvação, da vida plena e definitiva.
O Evangelho deste domingo convida-nos a contemplar, com João, esta incrível história de amor e a espantar-nos com o peso que nós – seres limitados e finitos, pequenos grãos de pó na imensidão das galáxias – adquirimos nos esquemas, nos projectos e no coração de Deus.
O amor de Deus traduz-se na oferta ao homem de vida plena e definitiva. É uma oferta gratuita, incondicional, absoluta, válida para sempre e que não discrimina ninguém. Aos homens – dotados de liberdade e de capacidade de opção – compete decidir se aceitam ou se rejeitam o dom de Deus. Às vezes, os homens acusam Deus pelas guerras, pelas injustiças, pelas arbitrariedades que trazem sofrimento e morte que pintam as paredes do mundo com a cor do desespero… O nosso texto, contudo, é claro: Deus ama o homem e oferece-lhe a vida. O sofrimento e a morte não vêm de Deus, mas são o resultado das escolhas erradas feitas pelo homem que se obstina na auto-suficiência e que prescinde dos dons de Deus.
João define claramente o caminho que todo o homem deve seguir para chegar à vida eterna: trata-se de “acreditar” em Jesus. “Acreditar” em Jesus não é uma mera adesão intelectual ou teórica a certas verdades da fé; mas é escutar Jesus, acolher a sua mensagem e os seus valores, segui-l’O nesse caminho do amor e da entrega ao Pai e aos irmãos. Passa pelo ser capaz de ultrapassar a indiferença, o comodismo, os projectos pessoais e pelo empenho em concretizar, no dia a dia da vida, os apelos e os desafios de Deus; passa por despir o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência, os preconceitos, para realizar gestos concretos de dom, de entrega, de serviço que tragam alegria, vida e esperança aos irmãos que caminham lado a lado connosco. Neste tempo de caminhada para a Páscoa, somos convidados a converter-nos a Jesus e a percorrer o mesmo caminho de amor total que Ele percorreu.
Alguns cristãos vivem obcecados e assustados com esse momento final em que Deus vai julgar o homem, depois de pesar na balança as suas acções boas e as suas acções más… João garante-nos que Deus não é um contabilista, a somar os débitos e os créditos do homem para lhes pagar em conformidade… O cristão não vive no medo, pois ele sabe que Deus é esse Pai cheio de amor que oferece a todos os seus filhos a vida eterna. Não é Deus que nos condena; somos nós que escolhemos entre a vida eterna que Deus nos oferece ou a eterna infelicidade.
Fonte:
Resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”

SÁBADO – 3ª SEMANA DA QUARESMA - 10 MARÇO 2018



SÁBADO – 3ª SEMANA DA QUARESMA - 10 MARÇO 2018
Primeira leitura: Oseias 6, 1-6
São muitas as desgraças que afectam o povo de Deus. Israel e Judá estão em guerra. A aliança com a Assíria levou à perda das regiões setentrionais de Israel, no ano 732 a. C. No contexto de um acto litúrgico penitencial, o profeta avisa o povo: tudo isto se deve ao afastamento de Deus, a um culto meramente formal e vazio de amor. E clama: há que estar alerta, há que converter-se, pois já se divisa no horizonte o dia do castigo messiânico (Os 5, 9).
Com uma imagem frequente na Sagrada Escritura, o povo reconhece estar doente (Os 5, 13) e invoca a Deus como único médico capaz de curar a ferida que Ele mesmo provocou em vista da correcção (v. 1). Deus é o Senhor da história. Sabe que o arrependimento do povo é interessado (v. 3) e efémero (v. 4). Mas não se cansa de chamar à conversão. A sua palavra é uma espada que fere para curar. Pede amor e não holocaustos (v. 6), confiança e não simples actos de culto, ainda por cima praticados com hipocrisia.
Evangelho: Lucas 18, 9-14
No contexto da subida a Jerusalém, Jesus vai apresentando as exigências para a entrada no Reino. A página que hoje escutamos apresenta-nos duas personagens em oração. O seu modo de rezar revela o seu modo de viver e de se relacionar com Deus e com os outros. O fariseu realça os seus méritos e julga-se credor diante de Deus. No fundo, não precisa d ‘ Ele, ainda que formalmente lhe agradeça tê-lo feito tão perfeito. Mais ainda: a sua justiça leva-o a julgar impiedosamente os outros. O excesso de auto­estima e de autoconfiança levam-no a desprezar os outros (v. 11). O publicano, pelo contrário, consciente dos seus pecados, tudo espera da misericórdia de Deus. Vergado pelos seus pecados, está lançado para o céu. Batendo com a mão no peito, bate à porta do Reino, que lhe é aberta.
A parábola que o evangelho hoje nos apresenta é um verdadeiro dom de Deus, particularmente no tempo da Quaresma que estamos a viver. Com efeito, pode assaltar-nos a tentação de pensarmos que, com as práticas penitenciais que nos propusemos, e vamos praticando, somos melhores que os outros. Ceder a esta tentação, seria arruinar todo o bem que, com a graça do Senhor (é bom sempre lembrá-lo!), temos praticado.
«Quero a misericórdia e não os sacrifícios, o conhecimento de Deus mais que os holocaustos», diz-nos o Senhor pela boca de Oseias. Conhecer a Deus, e conhecer-nos a nós mesmos em Deus, é o caminho da sabedoria e da vida. Foi o caminho que os santos de todos os tempos percorreram: «Que Te conheça, que eu me conheça», pedia Santo Agostinho. Quem somos nós, sem Deus? Somos certamente pecadores, cheios de orgulho e cheios de desprezo pelos outros; somos prisioneiros do nosso egoísmo e do nosso pecado. Quem somos nós com Deus? Somos ainda pecadores, mas pecadores que sabem que a experiência de pecado pode tornar-se o lugar em que Deus, o Misericordioso, nos revela o seu rosto.
Um excelente exercício para a nossa Quaresma consistirá em unir-nos à misericórdia de Deus, revelada em Jesus Cristo, que aceitou ser contado entre os pecadores, que carregou sobre Si as culpas de todos, e aceitou morrer para nossa salvação. Por isso, não só não se separou dos pecadores, mas aceitou conviver com eles, para a todos revelar o amor misericordioso do Pai. Cada cristão há-de continuar a ser sinal desse amor misericordioso junto dos irmãos, particularmente daqueles que nos parecem maiores pecadores. Tudo o mais que fizermos, jejuns, orações, esmolas, ou outras penitências, deve ser oferecido pelos nossos próprios pecados. Se nos julgamos mais perto de Deus, devemos prová-lo a nós mesmos com uma proximidade maior junto dos outros, uma proximidade permeada de misericórdia e de amor fraterno, de amor oblativo.
Jesus aproxima-Se das pessoas com muita compreensão, com doçura e humildade. Ama as pessoas, como nos demonstra também na parábola do pai bom e do filho pródigo. As palavras do pai não são um sermão, não avançam queixas e muito menos acusações. Não é um debate e, muito menos, uma polémica. À humilde confissão do filho: "Pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho’ (Lc 15, 21), o pai responde beijando-o e abraçando-o; apenas fala com o seu amor: "Depressa, trazei o vestido mais belo e vesti-lho, ponde-lhe o anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo, matai-o, comamo-lo e façamos festa … " (Lc 15, 22-23).
É este o modo como também havemos de actuar com os nossos irmãos, mesmo com aqueles de quem tenhamos alguma queixa.
Senhor, ajuda-me a libertar-me das máscaras com que tento esconder a pobreza do meu ser, a mesquinhez do meu coração, a dureza dos meus preconceitos. Sinto-me realmente doente, carecido de salvação. Sinto-me, também eu, fariseu. Mas não consigo esconder-Te a minha verdade: tu sabes que o meu coração não é puro, que a minha vida não é santa, que, muitas vezes, julgo, desprezo e condeno os outros, tentando justificar-me com obras que são só aparência. A tua graça faz-me, hoje, tomar consciência de tudo isso, e faz-me experimentar um enorme vazio dentro de mim. Como o publicano da parábola, dobro-me a teus pés e digo: «tem piedade de mim, que sou pecador». Sei que, também a mim, queres dar a graça de reconhecer a minha humildade, e de experimentar a tua misericórdia imensamente maior que os meus preconceitos e os meus pecados. Por isso, Te digo: Senhor, se quiseres, podes curar-me.
Fonte: Resumo e adaptação de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”

quinta-feira, 8 de março de 2018

SEXTA-FEIRA – 3ª SEMANA DA QUARESMA - 9 MARÇO 2018

SEXTA-FEIRA – 3ª SEMANA DA QUARESMA - 9 MARÇO 2018
Primeira leitura: Oseias, 14, 2-10
Oseias convida o povo a «voltar», isto é, a converter-se a Deus, reconhecendo o seu pecado, causa das actuais desgraças. O profeta sugere uma confissão lúcida e sincera das próprias culpas, porque agrada mais a Deus uma vida purificada e unida à oferta de louvor (v. 3) do que os sacrifícios de vítimas. Há que libertar-se de compromissos humanos pecaminosos, e particularmente do recurso aos ídolos. O povo pode sentir-se pobre e desprotegido. Mas é então que Deus assume cuidar dele (v. 4).
Uma vez convertido o povo, o próprio Deus Se «converte» renunciando à sua justa ira. Mais ainda: o seu amor fiel curará Israel e perdoará as suas infidelidades. O texto detém-se a descrever os efeitos do amor divino com termos e expressões de rara beleza, lembrando o Cântico dos Cânticos. Quem caminha na rectidão compreenderá esse amor e fruirá dos seus benefícios: «Os caminhos do Senhor são rectos, os justos andarão por eles, mas os pecadores tropeçarão neles» (v. 10).
Evangelho: Marcos 12, 28-34
O texto evangélico de hoje reflecte uma discussão viva entre as escolas rabínicas do tempo de Jesus. Qual é o primeiro mandamento entre os 248 apresentados pela Lei, acrescidos de 365 proibições? Provavelmente a pergunta não era de todo inocente, mas escondia uma insídia contra o jovem rabi. Mas Jesus soube encontrar uma saída airosa, indo logo ao fundo da questão, ao citar o Deuteronómio: «Escuta, Israel/» (Dt 6, 4s), texto repetido três vezes ao dia nas orações dos piedosos israelitas. A este mandamento, Jesus acrescenta outro, tirado do Levítico: «Amarás o teu próximo como a ti mesmos (Lv 19, 18). A originalidade desta resposta de Jesus está na união destes dois mandamentos. O escriba reconheceu nela uma verdadeira síntese da Lei e do culto. Jesus elogia-o e acrescenta outra novidade: a proximidade do reino de Deus, cuja lei fundamental é o amor.
Qualquer que tenha sido a intenção do escriba ao interrogar Jesus sobre qual é o primeiro de todos os mandamentos, devemos estar-lhe gratos. De facto, deu ao Senhor a oportunidade de dar uma resposta que nos interessa, que interessa a todos quantos desejam compreender bem a vontade do Senhor, para a cumprirem fielmente.
A resposta de Jesus foi muito simples: o maior dos mandamentos é o amor. Deus é amor, e pede-nos amor: «amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças … Amarás o teu próximo como a ti mesmo-, Amando como Ele nos ama, amando com o amor com que nos ama, participamos da sua vida. É a vocação de todo o homem. É a sua felicidade: amar o Deus-Amor como único Senhor, sabendo que jamais O amaremos como merece e tem direito, e que, por isso, havemos de progredir no amor, desenvolvendo todas as nossas capacidades de amar. Amar o próximo com Ele e como Ele, por causa d ‘ Ele, com o amor com que somos amados, é uma verdadeira alegria, é a suprema realização.
Mas, quantas vezes, amámos outros deuses, adorando as obras das nossas mãos, a nossa realização pessoal, os nossos interesses mesquinhos … O resultado foi cairmos na escravidão, ver os outros como rivais, perder a nossa liberdade, a nossa alegria, a nossa felicidade. Por isso, rezamos com o profeta: «Perdoa todos os nossos pecados, e acolhe favoravelmente o sacrifício que oferecemos, a homenagem dos nossos lábios»’ Depois da vinda de Cristo, todo o crente pode repetir estas palavras de João:
"Nisto consiste o Seu amor: não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele, que nos amou … Amou-nos por primeiro … " (1 Jo 4, 19). Porque nos amou, podemos amá-lO. Porque nos amou, podemos amar a todos os nossos irmãos, sem fazermos acepção de pessoas. De facto, Deus ama-nos a todos. Chamou-nos à vida porque nos amou pessoalmente: "Chamei-te pelo nome … " (Is 43, 1). É esse o fundamento da dignidade da pessoa humana. Cada um de nós é um pensamento amoroso de Deus, criado à sua imagem e semelhança: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança … Deus criou o homem à Sua imagem, à imagem de Deus os criou, homem e mulher os criou’ (Gn 1, 26-27). Criado à imagem do Deus-Amor, todo o homem merece ser amado com o amor típico de Deus: o amor oblativo!
Pai santo, obrigado por todos os teus dons maravilhosos, especialmente pelo dom de um coração novo, no teu Filho Jesus. Obrigado, Pai santo, porque nos amaste por primeiro, nos criaste por amor, nos criaste à tua imagem e semelhança, nos redimiste gratuitamente e nos deste a possibilidade de corresponder ao teu amor infinito, infundindo em nós o Espírito Santo, criando em nós um coração novo, o coração do teu Filho Jesus.
Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «Cria em mim, ó Deus, um coração puro; renova e dá firmeza ao meu espírito. (SI 50, 12).
Fonte: Resumo e adaptação local de um texto de dehonianos.org/portal/liturgia”.

quarta-feira, 7 de março de 2018

V-FEIRA – 3ª SEMANA DA QUARESMA - 8 Março 2018



V-FEIRA – 3ª SEMANA DA QUARESMA - 8 Março 2018
Primeira leitura: Jeremias 7,23-28
Ao condenar o formalismo do culto, o profeta condena, sobretudo, a surdez de Israel à voz de Deus (v. 23), escutada no momento da Aliança, no monte Sinai (cf. Ex 20, 1-21). Só na escuta o povo de Israel pode conhecer o seu Deus, diferente de todas as outras divindades. Por isso, o primeiro mandamento é: «escuta, Israel. Os verdadeiros profetas apelam continuamente a essa escuta. Os falsos profetas fazem outros apelos. A opção por ouvir uns ou ouvir outros determina, para cada um, a vida ou a morte.
Não há sinal de arrependimento, de conversão. Na terceira parte, enquanto o povo recai na idolatria e volta a ser espiritualmente escravo no Egipto, o profeta permanece fiel à sua vocação. Enquanto denuncia esta situação, partilha com Deus o sofrimento de ser recusado, de ser ele mesmo acusado de impostor pelos mentirosos.
Evangelho: Lucas 11,14-23
Jesus tinha acabado de ensinar aos seus discípulos o «Pai nosso», a oração modelo de toda a oração crista, a oração que abre o coração ao Espírito Santo (v. 13). O Reino é já uma realidade presente na terra. E acontece uma cura. O povo simples enche-se de admiração. Mas há quem pense de modo diferente (v. 14s.).
Temos assim, como na primeira leitura, duas atitudes contrastantes: uns ficam admirados porque intuem uma extraordinária presença de Deus no mundo; outros acusam Jesus de blasfémia e de aliado do diabo. Jesus responde de modo incisivo, deixando os ouvintes concluírem que Satanás não combate contra si mesmo. Sendo assim, a conclusão só pode ser a dos simples: está aí o dedo de Deus. Esta expressão lembra os prodígios realizados pela mão de Moisés, no tempo do êxodo. Para que não restem dúvidas, o próprio Jesus conclui: «o Reino de Deus já chegou até vós» (v. 20). A expulsão dos demónios prova essa presença do Reino, prova o começo de uma nova época de liberdade para quem acolher a alegre notícia trazida por Jesus (v. 23).
«Ouvi a minha voz», diz-nos o Senhor. A Palavra do Senhor é caminho de intimidade com Ele: «Eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo». A Palavra do Senhor é caminho de felicidade: «Segui sempre a senda que vos indicar, a fim de que sejais felizes». Mas, desde sempre, os homens procuraram pretextos para não escutarem a Palavra de Deus: «Eles não me ouviram, não prestaram atenção, seguiram os maus conselhos dos seus corações empedernidos». Mesmo quando a Palavra se fez carne e habitou entre nós. Para não ouvirem Jesus, alguns deformaram a realidade e acusaram-no de expulsar demónios com o poder do demónio. O «pai da mentira» sugere pensamentos errados, insinua dúvidas e suspeitas. Sem acolher a Palavra de Deus, o homem não dispõe da luz necessária para não se perder e seguir com segurança a senda da felicidade. Sem a Palavra de Deus, o homem não dispõe da força necessária para vencer o homem armado que guarda a porta da sua casa, seguro de o ter vencido e encaminhado definitivamente para a perdição, o demónio. A Palavra de Deus, em última análise, é Jesus, o vencedor do demónio. Por isso, pode afirmar: «Quem não está comigo está contra mim, e quem não junta comigo, dispersa» (v. 23).
Escutemos, pois, a Palavra do Senhor, e ponhamos nela a nossa esperança, nos combates da nossa vida. Se escutarmos o Senhor, recolheremos com Ele.
Conforta-nos saber que Jesus é mais forte que o demónio, mais forte que o mundo, mais forte do que qualquer tentação. Com Ele, a vitória é certa, apesar da dureza das batalhas. Afinal: só Ele é o Senhor!
Como homens, somos criaturas frágeis, cansadas, fatigadas. Cansadas pela luta contra o mal ou porque somos vítimas do mal. Fatigadas por causa do peso da nossa carne débil, das culpas. Cristo, que vem a nós na sua Palavra e na Eucaristia, é o homem forte, com quem podemos vencer. Na sua misericordiosa bondade, convida-nos, por fracos e pecadores que sejamos, convida todos os homens, também os que O não conhecem, os que são indiferentes, e mesmo os que O odeiam: "Vinde a Mim, todos vós que vos estais cansados e oprimidos, e aliviar-vos-ei… Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração e achareis alívio para as vossas almas, pois o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve’ (Mt 11, 28-30). Vamos, pois, ao Senhor, acolhamos a sua Palavra, acolhamo-lo a Ele, que é o mais forte!
Quando não há nada num coração, que não pertença totalmente a Nosso Senhor, porque este coração mesmo se deu com os seus afectos e os seus desejos, Nosso Senhor mesmo é o Forte armado, que guarda o seu bem com um cuidado ciumento.
Em resumo, é preciso ver neste Evangelho um convite a velar pelos interesses da nossa alma. É preciso fazê-lo com solicitude, armando-nos com armas tão poderosas que nenhuma outra possa sobre ela triunfar. Não é preciso, portanto, colocar a própria confiança na própria virtude passada, na própria energia. A concupiscência e o demónio têm facilmente razão sobre estas armas que derivam da confiança em si mesmo e do orgulho. A graça é a muralha inexpugnável entre todas e não se entra na praça-forte senão pelas intenções sobrenaturais e a vida em Nosso Senhor, na submissão aos nossos superiores, às nossas regras, a toda a vontade divina. A união a Nosso Senhor é acrescida pelo laço da afeição. Quando uma alma se deu sem reservas ao Coração de Jesus, a sua causa torna-se a de Nosso Senhor. Quanto mais o dom de si mesmo for completo e generoso, mais assegura este socorro poderoso contra o qual vêm quebrar-se as paixões e os embustes do inimigo.
Fonte: resumo e adaptação de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”