sábado, 5 de agosto de 2017

CATEDRAL DE GURÚÈ: TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR E ORDENAÇÃO SACERDOTAL DO DIÁCONO SILVÉRIO ERNESTO




Transfiguração do Senhor

A festa da Transfiguração do Senhor, celebrada no Oriente desde o século V, celebra-se no Ocidente desde 1457. Situada antes do anúncio da Paixão e da Morte, a Transfiguração prepara os Apóstolos para a compreensão desse mistério. Quase com o mesmo objectivo, a Igreja celebra esta festa quarenta dias antes da Exaltação da Cruz, a 14 de Setembro.
 A Transfiguração, manifestação da vida divina, que está em Jesus, é uma antecipação do esplendor, que encherá a noite da Páscoa.
 Os Apóstolos, quando virem Jesus na sua condição de Servo, não poderão esquecer a sua condição divina.

Primeira leitura: Daniel 7, 9-10.13s

« vi aproximar-se, sobre as nuvens do céu, um ser semelhante a um filho de homem».
No nosso texto já não se trata do Messias davídico que havia de restaurar o Reino de Israel, mas da sua transfiguração sobrenatural: o Filho do homem vem inaugurar um reino que, embora se insira no tempo, “não é deste mundo” (Jo 18, 36). Ele triunfará sobre as potências terrenas, conduzindo a história à sua realização escatológica. Jesus irá identificar-se muitas vezes com esta figura bíblica na sua pregação e particularmente diante do Sinédrio, que o condenará à morte.
Segunda leitura: 2 Pedro 1, 16-19: “ testemunhas oculares da sua majestade :Este é o meu Filho, o meu muito Amado”.

Evangelho: Lucas 9, 28b-36:  «Este é o meu Filho predilecto. Escutai-o.»
A Transfiguração confirma a fé dos Apóstolos, manifestada por Pedro em Cesareia de Filipe, e ajuda-os a ultrapassar a sua oposição à perspectiva da paixão anunciada por Jesus. Quem quiser Seu discípulo, terá de participar nos seus sofrimentos (Mt 16, 21-27).

 A Transfiguração é um primeiro resplendor da glória divina do Filho, chamado a ser Servo sofredor para salvação dos homens. Na oração, Jesus transfigura-se e deixa entrever a sua identidade sobrenatural. 

Moisés e Elias são protagonistas de um êxodo muito diferente nas circunstâncias, mas idêntico na motivação: a fidelidade absoluta a Deus. A luz da Transfiguração clarifica interiormente o seu caminho terreno.

 Quando a visão parece estar a terminar, Pedro como que tenta parar o tempo. É, então, envolvido com os companheiros pela nuvem. É a nuvem da presença de Deus, do mistério que se revela permanecendo incognoscível. Mas Pedro, Tiago e João recebem dele a luz mais resplandecente: a voz divina proclama a identidade Jesus, Filho e Servo sofredor (cf Is 42, 1).

Jesus manda os seus discípulos rezar. Hoje, toma à parte os seus predilectos, Pedro, Tiago e João, para os fazer rezar mais longa e intimamente. Estes três representam particularmente os pontífices, os religiosos, as almas chamadas à perfeição. Para rezar Jesus gosta da solidão, a montanha onde reina a paz, a calma, onde pode ver-se a grandeza da obra divina sob o céu estrelado durante as belas noites do Oriente.
A transfiguração é uma visão do céu. É uma graça extraordinária para os três apóstolos. Não nos devemos agarrar às graças extraordinárias que são por vezes o fruto da contemplação. Pedro agarra-se a isso. Engana-se. Queria ficar lá: «Façamos três tendas», diz. Não sabia o que dizia. A visão desaparece numa nuvem. Há aqui uma lição para nós. Entreguemo-nos à oração habitual, à contemplação. Não desejemos as graças extraordinárias. Se vierem, não nos agarremos a elas.

 Os frutos desta festa são, em primeiro lugar, o crescimento da fé.
Os apóstolos testemunham-nos que viram a glória do Salvador. «Não são fábulas que vos contamos, diz S. Pedro (2Pd 1, 16), fomos testemunhas do poder e da glória do Redentor. Ouvimos a voz do céu sobre a montanha gritando-nos no meio dos esplendores da transfiguração: É o meu Filho bem-amado, escutai-o». S. Paulo encoraja a nossa esperança recordando a lembrança da glória do salvador manifestada na transfiguração e na ascensão: «Veremos a glória face a face, diz, e seremos transfigurados à sua semelhança» (2Cor 3, 18).

 – Esperamos o Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo terrestre e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso» (Fil 3, 21). Mas este mistério é sobretudo próprio para aumentar o nosso amor por Jesus. Nosso Senhor manifestou-nos naquele dia toda a sua beleza. O seu rosto era resplandecente como o sol. Os apóstolos, testemunhas da transfiguração, estavam totalmente inebriados de amor e de alegria. «Que bom é estar aqui», dizia S. Pedro. «Façamos aqui a nossa tenda». 

Nosso Senhor falava então da sua Paixão com Moisés e Elias: nova lição de amor por nós. O Coração de Jesus, mesmo na sua glória, não pensa senão em nós e nos sacrifícios que quer fazer por nós. Lições também de penitência, de reparação, de compaixão pelo Salvador. Porque teve de sofrer tanto para nos resgatar, choremos os nossos pecados, amemos o nosso Redentor, consolemo-lo.

Este é o meu Filho muito amado: Escutai-o.

– A voz do Pai celeste diz-nos: “Escutai-o”, palavra cheia de sentido, como todas as palavras divinas. Deus dá-nos o seu divino Filho por guia, por chefe, por mestre. Escutai-o, fala-nos nas leis santas do Evangelho e nos conselhos de perfeição. Têm a missão para vos dizer a vontade divina. Fala-vos pela sua graça, na oração, na união habitual com ele. A palavra de Deus nunca vos falta, é a vossa docilidade que falta habitualmente. Esta palavra divina - «Escutai-o» - espera de vós uma resposta. Não basta apenas uma promessa vaga: «hei-de escutar». É preciso uma disposição habitual: «escuto, escuto sempre; falai, Senhor, o vosso servo escuta». Escutarei no começo de cada ação, para saber o que devo fazer e como devo fazê-lo. 

Fonte: resumo e adaptação de um texto de: <dehonianos.org/portal/liturgia>

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

SÁBADO XVII SEMANA TEMPO COMUM ANO IMPAR



Sábado – XVII Semana – Tempo Comum – Anos Ímpares 


Primeira leitura: Jeremias 26, 11-16.24


A “Lei de santidade”, além das festas, elenca as normas de ordem social para os anos santos, seja o ano sabático todos os sete anos (uma semana de anos), seja o ano jubilar todos os cinquenta anos (sete semanas de anos), valorizando assim a santidade do dia de sábado e o esquema septenário da semana. Sob esta estrutura económico-social, descobrem-se elementos teológicos que realçam o desenvolvimento da revelação divina. Ao conceito de Deus criador e senhor da história e do mundo, ligam-se os temas do resgate e da remissão das dívidas.


O ano jubilar, que tem carácter social, mas com fundamento religioso, amadureceu na experiência positiva do ano sabático. Fala-se dele neste texto e em Nm 36, 4 e em Ez 46, 17. O fundamento religioso destas leis sociais encontra-se na concepção hebraica segundo a qual os bens do mundo são iguais para todos: a terra pertence a Deus, que libertou o povo da escravidão do Egipto, os homens são irmãos, e a liberdade da pessoa é um bem inalienável.

Tudo isto se realiza plenamente em Jesus, que liberta a humanidade do mal e concede o perdão dos pecados.


A primeira leitura, com a instituição do jubileu, por meio do qual Deus põe limite à escravidão, à expropriação e aos trabalhos pesados dos campos, realça a intenção de Deus em libertar e redimir os escravos e os oprimidos da sociedade. Séculos depois, em Nazaré, Jesus lê o texto de Isaías em que se anuncia e proclama um ano de remissão, um ano de jubileu (cf. Lc 4, 16,19). Deus não quer prender, nem manter prisioneiro quem quer que seja: «O espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu: enviou-me para levar a boa-nova aos que sofrem, para curar os desesperados, para anunciar a libertação aos exilados e a liberdade aos prisioneiros; para proclamar um ano da graça do Senhor» (Is 61, 1-2a). Deus quer a remissão: a remissão das dívidas, e a remissão dos pecados.


Deus quer libertar-nos, quer-nos livres. Que alegria nos dá esta certeza! Deus quer tirar da opressão as pessoas e as próprias coisas. Daí a lei do repouso jubilar da terra. A Igreja inspirou-se nesta lei do Levítico para instituir o Jubileu, que é um ano de remissão, um ano de graça, em que oferece a possibilidade de obter a remissão da pena merecida com o pecado. Para isso, propõe-nos um contacto mais fácil com o Senhor, convida-nos a aproximar-nos dele, com a certeza de que somos libertados e recebemos nova coragem para cumprir cada vez melhor o bem a que somos chamados.


Evangelho: Mateus 14, 1-12


O relato de Mateus sobre o martírio de João Baptista, baseia-se na história, pois se trata de um acontecimento datado no tempo de Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande, a quem os romanos reconheceram jurisdição sobre a Galileia e a Pereia, no norte da Palestina.


A decapitação do Baptista é motivada pela sua intransigência moral e pela sua forte personalidade. O profeta não se amedrontava diante de nada nem de ninguém, quando se tratava de denunciar a imoralidade. Não se amedrontou sequer diante de Herodes, que tendo repudiado a consorte, tomou por esposa a mulher de seu irmão. Herodes continha a sua vontade de vingança, porque temia uma rebelião popular. Mas Herodíades não se preocupava com isso. Assim, quando Herodes jurou dar à filha de Herodíades o que quer que lhe pedisse, a adúltera não hesitou em sugerir a cabeça de João (vv. 6-11). E obteve-a! Com o seu martírio, João Baptista terminou a missão de precursor. E Jesus compreendeu que era chamado a percorrer o mesmo caminho.


O pecado, que até pode parecer um acto de libertação da lei de Deus, lança-nos na mais dura escravidão. Jesus disse-o claramente: «aquele que comete o pecado é servo do pecado» (Jo 8, 34), e comete pecados cada vez mais graves. Foi o que sucedeu com Herodes: começou por prender João Baptista e chegou a mandá-lo matar, pois era escravo de um juramento feito publicamente, e era sobretudo escravo do seu pecado.


Senhor Jesus, dá-nos tranquilidade diante do imenso campo de trabalho que nos espera. Faz-nos compreender e assumir a espiritualidade do jubileu, para defendermos a vida e a dignidade dos nossos irmãos e irmãs, sem qualquer excepção. Torna-nos solidários com os teus pobres, com aqueles cujo sangue não é julgado precioso pelos tiranos e cobardes deste mundo, mas que é precioso aos teus olhos. 


Dá-nos a coragem de João Baptista para denunciarmos os abusos dos poderosos. Dá-nos a coragem da caridade na verdade, ainda que isso nos venha a custar caro, como custou a João Baptista, como custou a Ti.

NOVA CASA DE FORMAÇÃO DAS IRMÃS VITÓRIANAS EM LIOMA e RENOVAÇÃOS DOS VOTOS DAS IRMAS ELISA MARTINHO E TRANZINA BRITO.



NOVA  CASA DE FORMAÇÃO DAS IRMÃS VITÓRIANAS EM LIOMA e RENOVAÇÃOS DOS VOTOS DAS IRMAS ELISA MARTINHO E TRANZINA BRITO.


No passado dia 29 de Julho do corrente ano de 2017, no Posto Administrativo de Lioma-Sede, Distrito de Gurúè, foi inaugurada a nova Casa de Formação das Irmãs Franciscanas De N. S. das Vitórias numa cerimónia presidida pelo Bispo da Diocese, D. Francisco Lerma Martínez, acompanhado pelos Padres Agostinho Vasconcelos, Chanceler da Diocese e Director do Secretariado Diocesano da Coordenação Pastoral, Tomás Junqueiro, Pároco da Paróquia de S. José de Lioma, e Luís Macuinja, Vigário Paroquial.


Participaram a Superiora Provincial  da referida Congregação, várias Irmãs das comunidades de Maputo, Beira, Quelimane e Nampula; representantes do movimento Amigos da Madre Wilson, o Chefe do Posto e mais outras autoridades locais. Também esteve presente uma delegação dos bem-feitores vindos da Suíça e da empresa construtora.


À seguir à bênção da nova Casa de Formação, D. Francisco presidiu à Celebração da Eucaristia durante a qual as Irmãs Elisa Martinho e Tranzina da Silva Brito renovaram os Votos de Vida Consagrada.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

SUBSÍDIO PARA A REFLEXÃO NA VI FEIRA DA XVII SEMANA. TEMPO COMUM. ANO IMPAR



Sexta-feira – XVII Semana –  Parte superior do formulário
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Tempo Comum – Anos Ímpares 

Primeira leitura: Levítico 23, 1.4-11.15-16.34b-37

O texto refere-se ao ciclo litúrgico das diversas festas anuais, ligado ao ambiente de Jerusalém e enquadrado na «Lei de santidade». As festas hebraicas são vistas como assembleia do povo no lugar santo, na presença do Deus três vezes santo, e lembram a sua sequência no ciclo anual. A digna celebração das festas deve levar os indivíduos a sair da sua auto-suficiência, inserindo-os numa vida com dimensão comunitária. Cada homem pertence ao povo e é sua expressão e, por meio dele, pertence a Deus.
Os elementos fundamentais das festas de Israel são especialmente dois: 

a). O primeiro -a convocação da santa assembleia do povo- cadência a vida do povo e faz-lhe reviver, particularmente na celebração litúrgica, as maravilhas operadas por Deus na sua história; 

b).o segundo - o repouso do trabalho-  afasta o povo das coisas materiais e quotidianas para o introduzir no tempo forte de Deus, onde toma conta do passar da vida e do seu significado de salvação. 

A páscoa ocupa um lugar especial entre as festas: o Senhor, que, todos os anos, oferece os frutos da terra e os animais, é o mesmo que manifestou o seu poder salvador para libertar Israel. A festa da páscoa funde-se com a dos ázimos para recordar a libertação da escravidão e a posse da terra fértil. 

A festa das semanas ou do Pentecostes celebra a colheita do trigo e o dom da Lei. 

A festa dos tabernáculos recorda a vindima e ao mesmo tempo a passagem de Israel pelo deserto. 

As festas cristãs inspiram-se nas festas hebraicas, mas enriquecidas com o novo conteúdo cristão.

A primeira leitura insiste em falar das «festas do Senhor». Fazer festa é importante para nós. Não fomos feitos para viver sempre de modo banal, rotineiro. Fomos feitos para gozar da alegria do Senhor. Também não fomos criados para ser escravos, mas livres. Mas devemos reconhecer que o trabalho, com frequência, assume um aspecto servil, isto é, de escravidão. Noutros tempos, havia escravos e homens livres. Infelizmente, ainda hoje, em alguns lugares e situações, continua a haver escravos e pessoas livres. Muitas «festas do Senhor» continuam subordinadas a certas necessidades escravizantes do nosso mundo contemporâneo. A muitos cristãos não é reconhecido o direito de praticar publicamente a sua religião, de celebrar as «festas do Senhor».

Mas Deus quer que os seus filhos possam viver, em alegria e liberdade, dias de festa ao longo do ano. Já Moisés, a convite de Deus, ordenou ao povo que não fizesse qualquer trabalho servil nas solenidades do Senhor, para, na alegria, se encontrar com Ele e com os outros. No dia da festa do Senhor, da «santa assembleia», é possível acolher-nos reciprocamente, em relações abençoadas pelo Senhor e orientadas para a comunhão com Ele. Estas relações, que orientam para o Senhor, são profundas, sinceras, verdadeiras, e permitem amar-nos generosamente uns aos outros no Senhor.

As festas tornam-nos livres para darmos tempo ao Senhor, para estarmos mais unidos a Ele na oração, no louvor, na exultação, e fazem-nos mais disponíveis para com os outros, mais atentos a todos, mais prontos a escutá-los, a partilhar na alegria, na liberdade e no amor.

A Igreja assumiu este desejo de Deus, e instituiu muitas festas, para nos ajudar a criar um clima de alegria na novidade de vida que Cristo nos deu com a sua morte e ressurreição. Todas as solenidades da Igreja estão ligadas ao Mistério Pascal, para evidenciar que Cristo é centro, princípio e fim de toda a realidade.

Evangelho: Mateus 13, 54-58.

Acabado o discurso das parábolas, Mateus introduz, no seu evangelho, outro material narrativo que marca a progressiva separação entre Jesus e Israel, e evidencia a formação específica dada ao grupo dos discípulos (cf. Mt 13, 54-17,27). 

O episódio de hoje refere-se à rejeição de Jesus pelos seus conterrâneos. A apresentação “oficial” de Jesus na sinagoga da sua terra redunda em completo fracasso. Após o assombro inicial, os seus conterrâneos interrogam-se sobre a identidade de Jesus. A frase mais significativa de toda a perícopa é: «estavam escandalizados por causa dele» (v. 57). O evangelho introduz-nos, deste modo, no mistério de Jesus. 

A atitude dos nazarenos é significativa de todos aqueles que procuram compreender Jesus, partindo unicamente do que pode saber-se sobre Ele: é da nossa terra, filho do carpinteiro, conhecemos a sua família, estudou na nossa sinagoga… 

Jesus foi incompreendido e desprezado, tal como o foram os profetas… O mesmo sucederá com os seus discípulos. Paulo falará do escândalo da cruz (Mc 14, 27.29; 1 Cor 1, 23). A sorte dos profetas, de Jesus, dos discípulos é sempre a mesma: ser recusados, ser objecto de troça, de desprezo, de perseguição e, muitas vezes, de morte violenta.
Fonte: resumo e adaptação local de um texto de: <dehonianos.org/portal/liturgia>