SEXTA-FEIRA – VIII SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES.
01 de Junho 2018
Primeira leitura: 1 Pe 4, 7-13
Dando um salto notável, chegamos à secção conclusiva
da Primeira Carta de Pedro. Depois de nos assegurar da graça com que fomos
salvos (cf. 5, 12), o Apóstolo pede-nos que permaneçamos em Cristo. A
ressurreição de Jesus introduziu-nos na última e definitiva fase da história, e
exige de nós uma nova forma de existir cujas características se pode resumir em
três palavras: amor, hospitalidade, serviço. O facto de encontrarmos estas
mesmas palavras nas Cartas de Paulo, significa que eram temas importantes na
pregação, nos primeiros tempos da Igreja. O amor, a hospitalidade e o serviço,
por sua vez, devem ser alimentados pela oração.
Quanto ao serviço, Pedro menciona concretamente o da
transmissão da Palavra de Deus e a defesa do Evangelho, bem como as diversas
formas de participação nas responsabilidades comunitárias, tais como o serviço
litúrgico e a ajuda aos pobres.
A multiforme graça de Deus, o dom peculiar de cada um,
não deve redundar em glória própria, mas na glória de Deus que, por Cristo,
enriqueceu extraordinariamente a comunidade de Cristo: «A Ele a glória e o
poder por todos os séculos dos séculos. Ámen.» (v. 11). Esta doxologia dirigida
ao Pai por Cristo, e ao próprio Cristo, é caso único no Novo Testamento.
Evangelho: Marcos 10, 1-12
Depois de uma longa viagem, durante a qual anunciou o
Reino e realizou prodígios, que manifestavam a sua presença, Jesus chega a
Jerusalém. Entra no templo, examina a situação, e retira-se para Betânia, onde
pernoita.
No dia seguinte dá-se o episódio da maldição da
figueira, um evento que tem dado aso a muitas discussões e hipóteses entre os
exegetas. Não vamos entrar nelas. Mas, encorajados pela liturgia que nos faz
ler hoje três episódios do ministério de Jesus em Jerusalém, – a maldição da
figueira (vv. 12-14), a expulsão dos profanadores do tempo (vv. 15-19), a
exortação à fé (vv. 22-25), – vamos procurar descobrir a ligação que há entre
eles. Jesus tem fome, procura figos na figueira e não os encontra.
Marcos informa que «não era tempo de figos» (v. 14).
Este evento enquadra-se no contexto da revelação que Jesus está a completar. O
tempo da fé é salvífico, e não cronológico. Jesus revela que o Pai, n´Ele, tem
fome e tem sede, não de alimento ou de bebida, mas de amor, de justiça, de rectidão;
tem fome e sede de respeito pela sua morada, e não da profanação do templo
santo, que somos cada um de nós. Para saciar esta fome e esta sede, todo o
tempo e todo o lugar são bons. Israel perdera a sua fecundidade religiosa
porque, explorando o povo simples no próprio templo de Deus, não amava a
humanidade e não podia, por conseguinte, correr o risco da maravilhosa aventura
da oração e da fé.
Pedro exorta-nos a viver segundo o dom que recebemos,
actuando como bons administradores da graça de Deus (cf. v. 10).
A fé revela-nos a imensa riqueza de graças que
recebemos. A vida, as qualidades físicas, morais e espirituais, são enormes
dons divinos. Somos dom de Deus, um dom generoso, um dom gratuito. E é
fazendo-nos dom, a Deus e aos outros, que crescemos e nos realizamos. Os dons
de Deus são para o serviço da comunidade, de cada um dos irmãos que a compõem.
Quanto mais formos dom para os outros, mais receberemos do amor divino.
Pedro dá dois exemplos: a Palavra e o serviço. «Se alguém tomar a palavra, que seja para transmitir palavras de Deus; se alguém exerce um ministério, faça-o com a força que Deus lhe concede» (v. 11). Não se fale por falar, mas para transmitir as palavras de Deus. O serviço aos irmãos faz-se com a força que vem de Deus.
Pedro dá dois exemplos: a Palavra e o serviço. «Se alguém tomar a palavra, que seja para transmitir palavras de Deus; se alguém exerce um ministério, faça-o com a força que Deus lhe concede» (v. 11). Não se fale por falar, mas para transmitir as palavras de Deus. O serviço aos irmãos faz-se com a força que vem de Deus.
A verdadeira caridade, aquela que cobre a multidão dos
pecados (v. 8), não tem origem em nós, mas em Deus. Amamos com o amor que
recebemos de Deus, com o amor com que fomos amados. Por isso, a Palavra e o
serviço hão-de ser para glória de Deus: «para que em todas as coisas Deus seja
glorificado por Jesus Cristo» (v. 11). Mas só os humildes, os agradecidos, os
generosos podem viver tão belo ideal.
O evangelho apresenta-nos importantes lições de Jesus,
na sua última ida a Jerusalém: a figueira estéril, símbolo da incredulidade
judaica, oferece-lhe o ensejo de insistir numa fé intensa; a Casa de Deus serve
para a oração e não para comércio; Deus só perdoa a quem perdoar ao seu
próximo.
Fechar-nos no nosso orgulho e ambições é, como
aconteceu a Israel, lançar-nos a um caminho que leva à esterilidade e à seca.
Fazer dos nossos templos, dos nossos santuários, lugares de oração, mas também
de comércio e exploração, não é amar e servir como Deus quer, acima de qualquer
holocausto e sacrifício. Para que a nossa oração alcance os resultados
surpreendentes da fé, é necessário que, antes, se perdoe aos inimigos.
Queremos viver para a glória de Deus, acolhendo o
Espírito, e agindo sob o influxo dos Seus dons, pondo o carisma recebido ao
serviço dos irmãos. Assim, permitimos ao mesmo Espírito produzir em nós os seus
frutos, principalmente o da caridade, o do amor oblativo (cf. Gl 5, 22). Paulo
define os sinais da caridade, do amor oblativo: a alegria, a paz: ser criaturas
de alegria e de paz; as manifestações: a paciência, a bondade, a benevolência.
Mas também lhe indica as condições: ser fiéis a Cristo, imitar a mansidão e a
humildade do Seu Coração e deixar-se guiar, não pelo nosso egoísmo, mas pelo
Espírito de Deus.
Senhor, parece-me que não tenho alternativa: ou sou
templo de oração, ou me torno espelunca de ladrões. Se não uso os talentos que
me deste, se não os ponho ao serviço dos irmãos, sendo acolhedor, compreensivo,
misericordioso, corro o risco de os desperdiçar, ainda que seja a satisfazer as
necessidades cultuais dos teus fiéis.
Se não trabalho
para que em tudo seja o Pai glorificado, corro o risco de buscar a minha
própria glorificação. Vivendo Contigo, não posso escolher entre Ti e a
humanidade, mas viver com ambos. Só alcançarei o meu próprio bem na medida em
que me ocupar das coisas do Pai Contigo, na medida em que caminhar pelos teus
caminhos.
Ensina-me a falar comigo mesmo e com os outros da Palavra que nos deste e a
realizar o serviço que me confias. E que, em tudo, sejas glorificado.
Fonte: Adaptação local de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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