sábado, 26 de maio de 2018

Sábado – 7ª Semana –Tempo Comum – Anos Pares


Sábado – 7ª Semana –Tempo Comum – Anos Pares
Primeira leitura: Tiago 5, 13-20
Tiago termina com um pensamento final, que não se apresenta como conclusivo. Se não se deve invocar o nome de Deus em vão (cf. Tg 5, 9-12), Deus deve estar sempre presente na vida dos cristãos, que O hão invocar na oração. Toda a nossa existência, nas mais diversas situações, tristes ou alegres, pode e deve ser acompanhada pela oração. Tiago aponta concretamente a situação de doença (v. 14). O fiel doente deve dirigir-se a Deus e aos irmãos para receber a força necessária a essa situação.
O chefes da comunidade, chamados a intervir com orações e gestos precisos pela autoridade que lhes vem do Senhor, revelam uma praxe usada na primitiva igreja. A Tradição fundamenta nessa praxe o sacramento da unção dos enfermos. A intervenção de Deus, invocado na oração comum, toca o homem na sua totalidade, corpo e espírito, «ergue-o» da doença, mas também do pecado (v. 15). Tiago usa o verbo com que é indicada a ressurreição do Senhor, para sublinhar que o Senhor torna participante da sua própria vida aqueles que a Ele se confiam.
Evangelho: Marcos 10, 13-16
A renúncia ao orgulho é outra característica da comunidade messiânica. O episódio da apresentação de alguns meninos a Jesus é significativo e claro a este respeito. Os discípulos pretendiam afastar as crianças, não porque incomodavam Jesus, mas porque, como as mulheres, representavam pouco ou mesmo nada. Segundo a mentalidade comum, de que os discípulos naturalmente também partilhavam, o Reino não era para crianças, mas para adultos, capazes de opções conscientes, de obras correspondentes e de adquirir méritos. Para Jesus, era tudo ao contrário: o Reino é um dom de Deus, que é preciso receber com disponibilidade. As crianças são as pessoas mais disponíveis para acolher dons, porque são pequenos e pobres, sem seguranças a defender ou privilégios a reclamar. Assim devem ser os discípulos de Cristo (v. 15), porque o Reino não é uma conquista pessoal, mas dom gratuito de Deus a esperar e a acolher com simplicidade e confiança. Ao abraçar as crianças, Jesus elimina toda a distância entre Ele e as crianças, e torna-se modelo daquela vida a que se chama «infância espiritual». De facto, dirige-se ao Pai com a palavra «abba», submete-se à sua vontade, abandona-se nas suas mãos.
A primeira leitura faz-nos lembrar o episódio da cura do paralítico que apresentaram a Jesus: Antes de lhe dar a saúde física, Jesus perdoa-lhe os pecados: «Filho, os teus pecados estão perdoados» (Mc 2, 5). De facto, Tiago escreve: «Algum de vós está doente? Chame os presbíteros da Igreja e que estes orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o aliviará; e, se tiver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados» (vv. 14-15). Esta ligação doença-oração, perdão-cura, é significativa para nós: a doença, lida de modo cristão, é tempo de purificação. Não porque seja necessariamente causada por pecados! Quando os discípulos perguntaram a Jesus, no caso da cura do cego de nascença, se fora ele os pais a pecar, respondeu: «Nem pecou ele, nem os seus pais, mas isto aconteceu para nele se manifestarem as obras de Deus» (Jo 9, 3).
Mas não há dúvida de que a doença seja tempo de dolorosa purificação do egoísmo, e de real solidariedade com quem sofre.
O abraço de Jesus às crianças (v. 16) é simbolo do reino de Deus: é Cristo quem nos torna filhos do Pai e irmãos entre nós. Aquele abraço mostra-nos tudo quanto o nosso coração precisa e deseja. O reino de Deus é uma realidade já presente no meio de nós. Há que acolhê-lo na fé, como crianças, sem a presunção de o construirmos nós próprios. O Reino está aqui. Mas, onde estão as crianças? Onde estão os pequeninos dispostos a deixar-se amar?
Talvez nos tenhamos tornado adultos autosuficientes! Talvez tenhamos construído um «reino» à nossa medida!
Deixemos que a Palavra ecoe dentro de nós: «o Reino de Deus pertence aos que são como eles» (v. 14); «o Reino de Deus está próximo: arrependei-vos e acreditai no Evangelho» (Mc 1, 15); «quem não nascer do Alto não pode ver o Reino de Deus» (Jo 3, 3).
A Palavra revela os nossos sentimentos mais secretos, desmascara o nosso orgulho, os nossos cálculos egoístas. Mas não nos deixa desorientados. Cristo dá-se a nós, adultos renascidos, para nos fazer sentir a sua presença, que é vida verdadeira, nos nos acolhe e anima, que nos cura o coração. Cristo presente no meio de nós, aponta-nos o caminho e abre os seus braços para nos acolher, juntamente com tantos irmãos, pecadores como nós, mas que se abandonam confiadamente ao seu amplexo.
O princípio de toda a conversão é o humilde reconhecimento de que somos pequenos, de que somos pecadores: «Os meus olhares pousam sobre os humildes, e sobre os de coração contrito», diz o Senhor em Isaías (66, 2). Com muita sinceridade, no meio dos irmãos, devemos fazer nossa a atitude de Paulo, quando afirma: «Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores dos quais eu sou o primeiro» (1 Tm 1, 15).
Dos muitos convites &agrave
; conversão, que ecoam no NT, prestamos, hoje, particular atenção ao nos traz o evangelho escutado: «Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como um pequenino, não entrará nele» (v. 15; cf. Mt 18, 2-3). Ao pensar nesta conversão, realizada em cada um de nós, Jesus exultou no Espírito Santo dizendo: «Eu Te dou graças, ó Pai… porque escondeste estas coisas (os mistérios do Reino) aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque tudo isso foi do Teu agrado» (Lc 10, 21; TOB). Como é grande a misericórdia, a ternura do Coração de Jesus!
Senhor, pelo baptismo libertaste-me do pecado, deste-me o teu Espírito e entregaste-me nos braços da tua Igreja. Como é grande o teu amor, a tua misericórdia para comigo! Ajuda-me a conservar e a fazer crescer os teus dons.
Que em cada momento, em cada situação, possa dirigir-me a Ti, para saborear a tua presença. Tu és o meu refúgio, também na doença. Que eu saiba aceitá-la com fé e amor, para ser purificado do meu egoísmo.
. Guarda-me nos teus braços e saborearei a tua paz. Se acontecer esquecer-te, e tentar apoiar-me só nas minhas seguranças, ajuda-me a renascer, reconhecendo-me carecido da tua misericórdia, da comunhão contigo e com os meus irmãos.
Fonte: Adaptação local de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”

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