SÁBADO DA III SEMANA – PÁSCOA
Primeira leitura: Actos 9, 31-42
Lucas abre esta secção dos Actos com um sumário sobre
a situação interna da Igreja e sobre o seu crescimento.
A comunidade está em paz, caminha no temor do Senhor,
e cresce com a assistência do Espírito Santo.
Pedro anda em viagens apostólicas, pregando a Palavra,
curando enfermos e exercendo a sua missão de pastor. Paulo foi acompanhado a
Tarso porque provavelmente a sua presença – discutida – causava problemas
devido ao seu temperamento combativo, semelhante ao de Estêvão.
Pedro, por sua vez, exerce a sua missão pastoral
apoiando, ajudando, encorajando os discípulos, nas várias comunidades já
evangelizadas.
A sua passagem
tem efeitos semelhantes aos da passagem de Jesus: sucedem os milagres.
De vários modos, Lucas mostra, como Jesus está vivo e actua na Igreja apostólica.
De vários modos, Lucas mostra, como Jesus está vivo e actua na Igreja apostólica.
Evangelho: João 6, 60-69
Os discípulos mostram-se incomodados com as afirmações
do seu Mestre, humanamente difíceis de aceitar.
Mas Jesus esclarece que não se deve acreditar n´Ele só
depois da visão de uma subida sua ao céu, à maneira de Elias e de Enoch.
Isso significaria não aceitar a sua origem divina, o
que não tem sentido porque Ele vem mesmo do Céu (cf. Jo 3, 13-15).
Mas a incredulidade dos discípulos em relação a Jesus
é evidenciada pelo facto de que «é o Espírito quem dá a vida; a carne não serve
de nada: as palavras que vos disse são espírito e são vida» (v. 63). Como é
real a carne de Jesus, também é real a verdade eucarística. São dois dons, para
darem a vida ao homem.
Mas muitos discípulos não quiseram confiar-se ao
Espírito e dar mais um passo em frente. Jesus não fica surpreendido, pois
conhece o homem e as suas decisões mais íntimas.
Acreditar n´Ele e na sua Palavra é um dom que ninguém
pode oferecer a si mesmo. Só o Pai o pode dar. Só quem nasceu e foi vivificado
pelo Espírito, e não actua segundo a carne, compreende a revelação de Jesus e é
introduzido na vida de Deus.
A perícopa dos Actos que hoje escutamos oferece-nos
mais um belo quadro da Igreja primitiva. Ela enfrenta dificuldades e problemas
como a doença prolongada ou a morte de alguns dos seus membros
Mas vive no santo temor de Deus, confortada pela
assistência do Espírito Santo. Os discípulos vivem sob o olhar de Deus,
cumprindo a sua vontade.
Interessam-se pelos pobres e cuidam dos enfermos. Na
docilidade ao Espírito, a Igreja expande-se e cresce interiormente.
A vida dos crentes, alegres no sofrimento, serviçais
uns para com os outros, é um excelente testemunho missionário. Por isso, a
Palavra e os milagres encontram terreno preparado e produzem frutos abundantes.
A presença dos Apóstolos, e particularmente a de
Pedro, ajudam à fidelidade e ao dinamismo missionário.
Pedro lembra certamente as palavras que um dia
pronunciou em nome da comunidade: «A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras
de vida eterna! Por isso nós cremos e sabemos que Tu é que és o Santo de Deus»
(Jo 6, 68-69).
Para nós é reconfortante escutá-las. Esta fé é o
fundamento da vida cristã, da vida religiosa, do apostolado. Pela fé, Pedro
continua a vida de Jesus e o seu ministério, os seus gestos e até os seus
milagres.
Mas a paixão de Jesus também continua em Pedro, que é
preso e atormentado, acabando por morrer mártir.
A fé realiza uma união profunda com o Senhor, que
continua em nós a sua
vida e a sua acção, como verificamos em Pedro.
vida e a sua acção, como verificamos em Pedro.
O Apóstolo está consciente disso. Sente-se simples
instrumento de Jesus. Por isso, diz a Eneias: «Eneias, Jesus Cristo vai
curar-te!» (Act 9, 34).
A nossa reparação há-de também dirigir-se a
Cristo-Eucaristia. A incompreensão, a murmuração, a incredulidade, o escândalo,
o abandono de Cristo, depois do discurso de Cafarnaúm (cf. Jo 6, 52-56)
continuam a ecoar hoje.
Quantas blasfémias, profanações, sacrilégios! A
amargura de Jesus é aliviada pela fé de Pedro: “Senhor, a quem iremos? Só Tu
tens palavras de vida eterna…!” (Jo 6, 68).
Se, com uma fé semelhante à de Pedro, formos pessoas
dóceis e simples em acolher
com gratidão o dom de Cristo, as nossas adorações
eucarísticas tornar-se-ão testemunho, oração, reparação por tantos nossos
irmãos esquecidos ou incrédulos.
Senhor, devo confessar-te que, às vezes também eu
gostava de ver milagres e
– perdoa-me! – até fazer algum, para que não julguem que ando a pregar fantasias.
– perdoa-me! – até fazer algum, para que não julguem que ando a pregar fantasias.
Mas Tu, mesmo
enviando-me alguns sinais do céu, preferes o milagre de uma vida serena,
empenhada, de uma vida que confia em Ti, que deixa nas tuas mãos as grandes
opções, que se preocupa mais em agradar a Ti que aos homens e às mulheres, que
testemunha a alegria de os poder servir, e de se sentir amado por Ti.
Perdoa a minha fraqueza e reforça em mim a convicção
de que o que realmente queres é a transformação da minha vida, a passagem do
temor ao amor, do apego ao desapego, da angústia à confiança.
Dá-me o teu Espírito Santo, para que este programa tão
exigente se torne realizável e me encha de paz.
Fonte:
Resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia/”