segunda-feira, 5 de março de 2018

Terça-feira – 3ª Semana da Quaresma



Terça-feira – 3ª Semana da Quaresma
Primeira leitura: Daniel 3, 25.34-43
A oração de Azarias começa com um pedido que nos faz lembrar o «Pai nosso»: «Cobre de glória o teu nome, Senhor (v. 43; cf. Mt 6, 9). Azarias apenas teme que o nome de Deus não seja glorificado. Ainda que o sofrimento seja enorme, que o povo esteja reduzido a um «resto», e seja humilhado, Deus deve continuar a ser glorificado. Nem a profanação do templo, nem a helenização com a destituição dos chefes religiosos e do culto oficial hão-de impedir a fidelidade a Deus e a consequente glorificação do seu nome. O profeta lê todos esses acontecimentos como purificação providencial. Na provação, o povo reencontra o coração contrito e humilhado que agrada ao Senhor como um verdadeiro sacrifício (vv. 40s.) que dá glória a Deus. E, então, renasce a esperança (vv. 42s.). Deus é fiel às promessas feitas aos patriarcas (vv. 35s.). A grandeza da sua misericórdia pode ainda transbordar em benevolência e bênçãos para o povo da Aliança (v. 42). Por isso, de salmo penitencial, a súplica de Azarias transforma-se em hino de louvor cantado em coro pelos três jovens da fornalha ardente (vv. 52-90). E Deus é glorificado pelos seus fiéis e por aqueles que se dão conta do seu poder (v. 95).
Evangelho: Mateus 18, 21-35
A segunda parte do discurso eclesial (Mt 18), é particularmente dedicada ao perdão das ofensas pessoais. Pedro, sempre impulsivo, julga escapar à rede da vingança ilimitada dizendo-se disposto a perdoar «até sete vezes» (v. 21). Mas Jesus aponta para um horizonte mais amplo, ilimitado, afirmando que é preciso perdoar «até setenta vezes sete» (v. 22), sempre. O cristão é chamado a assumir uma mentalidade completamente nova.
Jesus ilustra o seu ensinamento com uma parábola em três actos contrastantes mas complementares: encontro do servo devedor com o senhor, encontro do servo libertado com outro servo que lhe é devedor, e novo encontro entre o servo e o senhor. Desta parábola, os discípulos hão aprender o que significa ser imitadores do Pai celeste (v. 35). A dívida do servo é enorme, mas o senhor tem compaixão por ele e perdoa-o de modo completamente gratuito. O servo insolvente, mas perdoado, encontra outro que lhe deve uma quantia irrisória, e não lhe perdoa (vv. 28-30). A graça recebida não lhe transformou o coração. Por isso, atraiu sobre si o inevitável juízo e o castigo divino. O perdão ao irmão condiciona o perdão do Pai que está no céu: «Perdoai-nos as nossas ofensas, como nós perdoamos … ).
Azarias dá-nos exemplo de como se reza na desolação. Tudo fora perdido, e Deus parecia distante e inacessível. O risco do desespero, da perda da fé, ou da queda na blasfémia, espreita. Mas Azarias resiste, pede perdão para o seu povo e pede que o nome de Deus continue a ser glorificado, usando mais uma vez de doçura e misericórdia para com o seu povo: «Cobre de glória o teu nome, Senhor». E Deus escuta a oração do seu servo.
A misericórdia de Deus para connosco há-de modelar o nosso de agir em relação aos outros, deve fazer de nós portadores da misericórdia divina. O nosso Deus tem um coração de Pai cheio de bondade e de misericórdia, lento para a ira e grande no amor. Santo Ambrósio escreveu que Deus criou o homem para ter alguém a quem perdoar. Por vezes, somos muito rudes e mesquinhos diante de tanta magnanimidade.
É o que nos revela a parábola que hoje escutamos. Deus ama-nos e está sempre disponível para nos perdoar, ainda que sejam grandes os nossos pecados. Nós, muitas vezes, não sabemos perdoar coisas quase insignificantes. Assim somos causa de escândalo para os nossos irmãos. Experimentámos a misericórdia de Deus, mas não a deixamos transparecer na relação com os outros. Mas, desse modo, não reconhecemos a grandeza do nosso pecado, nem mostramos gratidão para com Deus, que nos perdoou. Assim, impedimos que cresça em nós a imagem e
semelhança com Deus, «lento para a ira e cheio de bondade. (Nm 14, 18).
Diante de Deus, somos todos devedores insolventes. Ele perdoa-nos gratuitamente. E é também assim que havemos de comportar-nos com todos quanto tem alguma dívida para connosco, perdoando para além de qualquer limite: «setenta vezes sete». Mais uma vez, Deus quer dar-nos, para além de tudo, a felicidade de darmos sem nada querermos receber, a felicidade de participarmos na festa da reconciliação, na glória dos filhos de Deus comprados com o sangue do Filho, derramado para remissão dos pecados.
Pedro permanece o canal único e sagrado, por onde desce do céu e se multiplica na Igreja, o poder de ligar e desligar.
Prometendo assim o perdão aos pecadores, Nosso Senhor está todo emocionado de misericórdia, ratifica já no seu Coração os milhões e milhões de absolvições que os seus ministros pronunciarão ao longo dos séculos. Sobre que é que poderia conversar com os seus discípulos neste momento, senão acerca do perdão das injúrias? O seu Coração transborda deste espírito de perdão, e está cheio dele como de um abismo. Fala sobre este tema, escutemo-lo.
«Senhor, diz Pedro aproximando-se de Jesus, se o meu irmão pecar contra mim, quantas vezes lhe perdoarei? Será até sete vezes! (S. Pedro julgava ser muito generoso). – Não digo até sete vezes, respondeu-lhe Jesus, mas até setenta vezes sete (Isto é ao infinito). – Depois o bom Mestre expõe a parábola do perdão das dívidas: «Um rei quis regular as contas com os seus servos. Apresentaram-lhe um que lhe devia dez mil talentos (vários milhões de francos). Este homem não tendo com que lhe pagar, o rei ordenou que fosse vendido, ele, a sua mulher, os seus filhos e tudo o que tinha para pagar as suas dívidas. O infeliz pediu graça, o rei teve piedade dele, mandou-o embora livre e perdoou-lhe a dívida.
«Mas eis que este se mostra intratável a seguir para com um amigo que lhe devia uma pequena soma de cem dinheiros. O rei manda-o chamar e diz-lhe: «Servo mau, a teu pedido, perdoei-te toda a tua dívida, não deverias tu ser indulgente também para com o teu companheiro?». E condenou-o.
Fonte:
Resumo e adaptação de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”

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