SEXTA-FEIRA – 3ª SEMANA DA QUARESMA - 9 MARÇO 2018
Primeira leitura: Oseias, 14, 2-10
Oseias convida
o povo a «voltar», isto é, a converter-se a Deus, reconhecendo o seu pecado,
causa das actuais desgraças. O profeta sugere uma confissão lúcida e sincera
das próprias culpas, porque agrada mais a Deus uma vida purificada e
unida à oferta de louvor (v. 3) do que os sacrifícios de vítimas. Há que
libertar-se de compromissos humanos pecaminosos, e particularmente do recurso
aos ídolos. O povo pode sentir-se pobre e desprotegido. Mas é então que Deus
assume cuidar dele (v. 4).
Uma vez
convertido o povo, o próprio Deus Se «converte» renunciando à sua justa ira.
Mais ainda: o seu amor fiel curará Israel e perdoará as suas infidelidades. O
texto detém-se a descrever os efeitos do amor divino com termos e expressões de
rara beleza, lembrando o Cântico dos Cânticos. Quem caminha na rectidão
compreenderá esse amor e fruirá dos seus benefícios: «Os caminhos do Senhor são
rectos, os justos andarão por eles, mas os pecadores tropeçarão neles» (v. 10).
Evangelho: Marcos 12, 28-34
O texto
evangélico de hoje reflecte uma discussão viva entre as escolas rabínicas do
tempo de Jesus. Qual é o primeiro mandamento entre os 248 apresentados pela
Lei, acrescidos de 365 proibições? Provavelmente a pergunta não era de todo
inocente, mas escondia uma insídia contra o jovem rabi. Mas Jesus soube
encontrar uma saída airosa, indo logo ao fundo da questão, ao citar o
Deuteronómio: «Escuta, Israel/» (Dt 6, 4s), texto repetido três vezes ao dia
nas orações dos piedosos israelitas. A este mandamento, Jesus acrescenta outro,
tirado do Levítico: «Amarás o teu próximo como a ti mesmos (Lv 19, 18). A
originalidade desta resposta de Jesus está na união destes dois mandamentos. O
escriba reconheceu nela uma verdadeira síntese da Lei e do culto. Jesus
elogia-o e acrescenta outra novidade: a proximidade do reino de Deus, cuja lei
fundamental é o amor.
Qualquer que
tenha sido a intenção do escriba ao interrogar Jesus sobre qual é o primeiro de
todos os mandamentos, devemos estar-lhe gratos. De facto, deu ao Senhor a
oportunidade de dar uma resposta que nos interessa, que interessa a todos
quantos desejam compreender bem a vontade do Senhor, para a cumprirem
fielmente.
A resposta de
Jesus foi muito simples: o maior dos mandamentos é o amor. Deus é amor, e
pede-nos amor: «amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a
tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças … Amarás o teu
próximo como a ti mesmo-, Amando como Ele nos ama, amando com o amor com que
nos ama, participamos da sua vida. É a vocação de todo o homem. É a sua
felicidade: amar o Deus-Amor como único Senhor, sabendo que jamais O amaremos
como merece e tem direito, e que, por isso, havemos de progredir no amor,
desenvolvendo todas as nossas capacidades de amar. Amar o próximo com Ele e
como Ele, por causa d ‘ Ele, com o amor com que somos amados, é uma verdadeira
alegria, é a suprema realização.
Mas, quantas
vezes, amámos outros deuses, adorando as obras das nossas mãos, a nossa
realização pessoal, os nossos interesses mesquinhos … O resultado foi
cairmos na escravidão, ver os outros como rivais, perder a nossa liberdade, a
nossa alegria, a nossa felicidade. Por isso, rezamos com o profeta: «Perdoa
todos os nossos pecados, e acolhe favoravelmente o sacrifício que oferecemos, a
homenagem dos nossos lábios»’ Depois da vinda de Cristo, todo o crente pode
repetir estas palavras de João:
"Nisto
consiste o Seu amor: não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele, que nos amou
… Amou-nos por primeiro … " (1 Jo 4, 19). Porque nos amou, podemos amá-lO.
Porque nos amou, podemos amar a todos os nossos irmãos, sem fazermos acepção de
pessoas. De facto, Deus ama-nos a todos. Chamou-nos à vida porque nos amou
pessoalmente: "Chamei-te pelo nome … " (Is 43, 1). É esse o
fundamento da dignidade da pessoa humana. Cada um de nós é um pensamento
amoroso de Deus, criado à sua imagem e semelhança: "Façamos o homem à
nossa imagem e semelhança … Deus criou o homem à Sua imagem, à imagem de Deus os
criou, homem e mulher os criou’ (Gn 1, 26-27). Criado à imagem do Deus-Amor,
todo o homem merece ser amado com o amor típico de Deus: o amor oblativo!
Pai santo,
obrigado por todos os teus dons maravilhosos, especialmente pelo dom de um
coração novo, no teu Filho Jesus. Obrigado, Pai santo, porque nos amaste por
primeiro, nos criaste por amor, nos criaste à tua imagem e semelhança, nos
redimiste gratuitamente e nos deste a possibilidade de corresponder ao teu amor
infinito, infundindo em nós o Espírito Santo, criando em nós um coração novo, o
coração do teu Filho Jesus.
Repete
frequentemente e vive hoje a palavra: «Cria em mim, ó Deus, um coração puro; renova
e dá firmeza ao meu espírito. (SI 50, 12).
Fonte: Resumo e adaptação local de um texto de
dehonianos.org/portal/liturgia”.
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