QUARTA-FEIRA – 3ª SEMANA DA QUARESMA
7 MARÇO 2018
Primeira leitura: Deuteronómio 4, 1.5-9
Depois de ter
evocado a história, para recordar ao povo a fidelidade de Deus (Dt 1 a 3),
Moisés tira algumas consequências, nomeadamente a necessidade de corresponder
com a observância fiel das leis e preceitos. Esta observância, mais do
que uma condição para entrar na terra prometida (v. 1), é uma vocação a realizar
(v. 5b). Com efeito, a vida segundo as leis e preceitos do Senhor fará de
Israel um povo admirado pelos outros povos, que apreciarão a sua sabedoria e a
proximidade do seu Deus. Israel será, desse modo, testemunha do Deus vivo e
verdadeiro, diante dos outros povos. O cumprimento dos mandamentos será, assim,
uma resposta de amor a Deus libertador. Por isso, é conveniente
recordar a história da salvação e as maravilhas operadas por Deus ao longo
dela. Isso ajudará o povo a crescer na gratidão para com Deus e na observância
das suas leis, de geração em geração.
Evangelho: Mateus, 5, 17-19
Os ensinamentos
de Jesus são uma novidade radical que desconcerta os seus ouvintes. O texto que
hoje escutamos faz-nos entrever as interrogações que suscitava, e a delicada
posição dos primeiros cristãos diante do judaísmo.
Mateus, que
escreve para uma comunidade judeo-cristã, apresenta Jesus como um novo Moisés
que promulga a nova lei, as Bem-aventuranças. Mas isso não significa que a Lei
e os Profetas são abolidos. Pelo contrário, atingem, em Cristo, o pleno
cumprimento. Durante séculos, ajudaram Israel a preparar-se para a comunhão com
Deus. Agora, essa comunhão é oferecida, por graça e em plenitude, porque, em
Jesus, Deus se faz Emanuel, Deus-connosco. Mas os velhos preceitos permanecerão
como norma perene. É o que Jesus afirma, com autoridade, com a expressão «em
verdade-, Nem os mais pequenos sinais da Lei serão invalidados. Pelo contrário,
da sua observância ou não observância dependerá a sorte definitiva de cada um.
De facto, na lógica oriental, ser considerado mínimo significa ser excluído.
O homem é o
eterno peregrino da liberdade e da felicidade. Para isso foi criado. Mas pode
entender mal a liberdade e a felicidade e, em vez delas, encontrar a escravidão
e a infelicidade. Por isso, Jesus deu uma preciosa orientação aos seus
discípulos: «Se permanecerdes fiéis à minha palavra, sereis verdadeiramente
meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres» (Jo 8,
31-32). Portanto, o ponto de partida e o caminho para a liberdade e felicidade
é a escuta da Palavra e o cumprimento humilde e obediente dela. O encontro com
a Palavra e a obediência à mesma levam-nos à verdade do amor, à liberdade, à
felicidade. De facto, o encontro com a Palavra é encontro com Jesus, que é o
Caminho, a Verdade e a Vida, a suprema Felicidade. Não se trata, pois, de
cumprir muitas leis e preceitos, mas de seguir Jesus. Com Jesus, e como Ele,
aprendemos o amor oblativo, o amor que sempre procura e encontra novas formas
para se dar. É esta atitude que nos revela como homens novos, em Cristo. Jesus
está connosco e, n ‘ Ele, encontramos a plena liberdade e felicidade, na
obediência aos preceitos antigos e novos, que se resumem no amor a Deus e ao
próximo, um amor que se faz dom gratuito e livre, em todas as circunstâncias.
A
espiritualidade do amor oblativo, coloca-nos "no coração do
Evangelho" especialmente no centro de Cristo sacerdote e vítima (cf. Heb
5, 7-10; 10, 5-7.14) e impele-nos a inserir-nos "no coração do mundo"
sedento de amor, de paz, de alegria, de fraternidade, que só a descoberta de
Cristo pode satisfazer plenamente: "Ele é o homem perfeito … Pela Sua
Encarnação … o próprio Filho de Deus uniu-se de certo modo a cada homem.
Trabalhou com mãos de homem, pensou com mente de homem, actuou com vontade de
homem, amou com coração de homem … Ele é o Redentor do homem!" (Redemptor
Hominis, n. 8).
Senhor Jesus,
ensina-me, mais uma vez, que a liberdade verdadeira, e a felicidade duradoira,
consistem na vivência do amor, que se faz dom generoso e incondicional, que se
faz obediência humilde e alegre. Infunde em mim a tua força, o teu santo
Espírito, para que cumpra a Lei Antiga e Nova, não em atitude de escravo, mas de
filho, em atitude de homem verdadeiramente livre. Assim, a vontade do Pai
tornar-se-é para mim, como foi para Ti, alimento saboroso que me fará progredir
na liberdade e na felicidade. Ajuda-me a ser livre e fazer livremente aquilo
para que me criaste, para que jamais volte a cair na escravidão e na
infelicidade. Não se faça o que eu quero, mas o que o Pai quer de mim.
Fonte:
Resumo e
adaptação local de um texto de “dehonianos.org.portal/liturgia”
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