sábado, 21 de abril de 2018

SÁBADO DA III SEMANA – PÁSCOA


SÁBADO DA III SEMANA – PÁSCOA

Primeira leitura: Actos 9, 31-42

Lucas abre esta secção dos Actos com um sumário sobre a situação interna da Igreja e sobre o seu crescimento.
A comunidade está em paz, caminha no temor do Senhor, e cresce com a assistência do Espírito Santo.
Pedro anda em viagens apostólicas, pregando a Palavra, curando enfermos e exercendo a sua missão de pastor. Paulo foi acompanhado a Tarso porque provavelmente a sua presença – discutida – causava problemas devido ao seu temperamento combativo, semelhante ao de Estêvão.
Pedro, por sua vez, exerce a sua missão pastoral apoiando, ajudando, encorajando os discípulos, nas várias comunidades já evangelizadas.
 A sua passagem tem efeitos semelhantes aos da passagem de Jesus: sucedem os milagres.
De vários modos, Lucas mostra, como Jesus está vivo e actua na Igreja apostólica.
Evangelho: João 6, 60-69
Os discípulos mostram-se incomodados com as afirmações do seu Mestre, humanamente difíceis de aceitar.
Mas Jesus esclarece que não se deve acreditar n´Ele só depois da visão de uma subida sua ao céu, à maneira de Elias e de Enoch.
Isso significaria não aceitar a sua origem divina, o que não tem sentido porque Ele vem mesmo do Céu (cf. Jo 3, 13-15).
Mas a incredulidade dos discípulos em relação a Jesus é evidenciada pelo facto de que «é o Espírito quem dá a vida; a carne não serve de nada: as palavras que vos disse são espírito e são vida» (v. 63). Como é real a carne de Jesus, também é real a verdade eucarística. São dois dons, para darem a vida ao homem.
Mas muitos discípulos não quiseram confiar-se ao Espírito e dar mais um passo em frente. Jesus não fica surpreendido, pois conhece o homem e as suas decisões mais íntimas.
Acreditar n´Ele e na sua Palavra é um dom que ninguém pode oferecer a si mesmo. Só o Pai o pode dar. Só quem nasceu e foi vivificado pelo Espírito, e não actua segundo a carne, compreende a revelação de Jesus e é introduzido na vida de Deus.
A perícopa dos Actos que hoje escutamos oferece-nos mais um belo quadro da Igreja primitiva. Ela enfrenta dificuldades e problemas como a doença prolongada ou a morte de alguns dos seus membros
Mas vive no santo temor de Deus, confortada pela assistência do Espírito Santo. Os discípulos vivem sob o olhar de Deus, cumprindo a sua vontade.
Interessam-se pelos pobres e cuidam dos enfermos. Na docilidade ao Espírito, a Igreja expande-se e cresce interiormente.
A vida dos crentes, alegres no sofrimento, serviçais uns para com os outros, é um excelente testemunho missionário. Por isso, a Palavra e os milagres encontram terreno preparado e produzem frutos abundantes.
A presença dos Apóstolos, e particularmente a de Pedro, ajudam à fidelidade e ao dinamismo missionário.
Pedro lembra certamente as palavras que um dia pronunciou em nome da comunidade: «A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna! Por isso nós cremos e sabemos que Tu é que és o Santo de Deus» (Jo 6, 68-69).
Para nós é reconfortante escutá-las. Esta fé é o fundamento da vida cristã, da vida religiosa, do apostolado. Pela fé, Pedro continua a vida de Jesus e o seu ministério, os seus gestos e até os seus milagres.
Mas a paixão de Jesus também continua em Pedro, que é preso e atormentado, acabando por morrer mártir.
A fé realiza uma união profunda com o Senhor, que continua em nós a sua
vida e a sua acção, como verificamos em Pedro.
O Apóstolo está consciente disso. Sente-se simples instrumento de Jesus. Por isso, diz a Eneias: «Eneias, Jesus Cristo vai curar-te!» (Act 9, 34).
A nossa reparação há-de também dirigir-se a Cristo-Eucaristia. A incompreensão, a murmuração, a incredulidade, o escândalo, o abandono de Cristo, depois do discurso de Cafarnaúm (cf. Jo 6, 52-56) continuam a ecoar hoje.
Quantas blasfémias, profanações, sacrilégios! A amargura de Jesus é aliviada pela fé de Pedro: “Senhor, a quem iremos? Só Tu tens palavras de vida eterna…!” (Jo 6, 68).
Se, com uma fé semelhante à de Pedro, formos pessoas dóceis e simples em acolher
com gratidão o dom de Cristo, as nossas adorações eucarísticas tornar-se-ão testemunho, oração, reparação por tantos nossos irmãos esquecidos ou incrédulos.
Senhor, devo confessar-te que, às vezes também eu gostava de ver milagres e
– perdoa-me! – até fazer algum, para que não julguem que ando a pregar fantasias.
 Mas Tu, mesmo enviando-me alguns sinais do céu, preferes o milagre de uma vida serena, empenhada, de uma vida que confia em Ti, que deixa nas tuas mãos as grandes opções, que se preocupa mais em agradar a Ti que aos homens e às mulheres, que testemunha a alegria de os poder servir, e de se sentir amado por Ti.
Perdoa a minha fraqueza e reforça em mim a convicção de que o que realmente queres é a transformação da minha vida, a passagem do temor ao amor, do apego ao desapego, da angústia à confiança.
Dá-me o teu Espírito Santo, para que este programa tão exigente se torne realizável e me encha de paz.
Fonte: Resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia/”

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