3ªfeira da III Semana –– Páscoa
17 Abril 2018
Primeira leitura: Actos 7, 51 – 8, 1a
O texto que escutamos hoje contém apenas a parte final
do discurso de Estêvão. Depois narra o seu martírio. A maior parte do discurso,
com excepção de poucos versículos, é uma narração edificante da história da
salvação (vv. 2-46).
Estêvão conclui
com palavras duríssimas dirigidas aos seus ouvintes: «Homens de cerviz dura,
incircuncisos de coração e de ouvidos, sempre vos opondes ao Espírito Santo»
(v. 51).
Enquanto Pedro e os outros Apóstolos tentam, de algum
modo, desculpar os judeus pela morte de Jesus, Estêvão insinua que eles não
podiam deixar de matar Jesus, uma vez que sempre perseguiram os enviados de
Deus. A reacção dos ouvintes é naturalmente violenta.
Na descrição do martírio, o santo diácono, diante da multidão furiosa, permanece a um nível superior, donde contempla a glória de Deus e Jesus ressuscitado, à direita do Pai.
O primeiro mártir da Igreja vai sereno ao encontro da
morte, graças à morte de Jesus que, agora ressuscitado e constituído Senhor,
anima as suas testemunhas mostrando-lhes o «Céu aberto» como meta gloriosa e já
muito próxima.
Lucas descreve
a morte de Estêvão de modo semelhante à morte de Jesus. Jesus continua a morrer
nos seus mártires. Como Jesus confiou ao Pai o seu espírito, Estêvão também
confia a Jesus o seu.
Evangelho: João 6, 30-35
Jesus já realizara vários prodígios. A multiplicação
dos pães era apenas o mais recente. Mas a multidão exigia mais sinais para
acreditar em Jesus.
Se Jesus era o novo Moisés, então devia dar-lhes um
novo maná para ser reconhecido como Profeta escatológico dos tempos
messiânicos.
Jesus dá-lhes, na verdade, o novo maná, superior àquele que os pais comeram no deserto: dá a todos a vida eterna.
Mas só quem tem fé pode receber esse dom. O povo quer
novas provas sobre Jesus e a sua missão. Mas Jesus exige uma fé sem condições.
A certa altura a multidão parece ter compreendido:
«Senhor, dá-nos sempre desse pão!» (v. 34). Mas, na verdade, não sabe o que
está a pedir.
Está longe da verdadeira fé que consiste em aceitar o
dom do Filho que o Pai oferece aos homens. É Ele «o pão da vida» (v. 35). Quem
O acolher «não mais terá fome» (v. 35) e quem acreditar n´Ele «jamais terá
sede» (v. 35).
Estêvão é uma pessoa fascinante. Enfrenta os adversários
de modo corajoso e intrépido, sem se preocupar consigo mesmo. O seu único
desejo é testemunhar a fé em Jesus.
Talvez queira sacudir e acordar a própria comunidade
cristã que, amedrontada pelas primeiras perseguições, corria o risco de se
acomodar, tornando- se uma simples seita judaica, ou permanecendo mais voltada
para a tradição do que para a novidade de Cristo.
O santo diácono compreendeu a novidade cristã e a
rotura que ela implicava em relação a uma certa tradição, com a necessidade de
não se deixar aprisionar em compromissos de qualquer género. Não é por acaso
que Saulo será o seu continuador, afirmando a «diferença» cristã, acentuando a
peculiaridade da nova fé, e correndo o risco da rotura com o passado. Estêvão é
o protótipo do atrevimento cristão, sempre necessário.
Fonte:
Resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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