quinta-feira, 19 de abril de 2018

5ª feira III Semana –– Páscoa


5ª feira  III Semana –– Páscoa
Primeira leitura: Actos 8, 26-40
Depois da Samaria, cujos habitantes eram meio judeus e meio pagãos, o Evangelho penetra em terreno vedado. O etíope personifica esta dupla conquista da Igreja nascente.
Dupla porque se trata de um eunuco que, como tal, estava excluído da assembleia de Israel (Dt 23,1); além disso, era provavelmente pagão, um dos tantos que, simpatizando com o judaísmo, aceitavam a maior parte dos seus princípios religiosos, sem todavia ser admitidos na comunidade judaica.
Se era realmente pagão, então terá sido o primeiro a converter-se ao cristianismo, embora Lucas não o afirme.
Trata-se, sem dúvida, de uma pessoa rica e influente, alguém que pode fazer uma longa viagem, devidamente equipado, e possuir um rolo manuscrito da Bíblia. Deus envia-lhe Filipe, guiado pelo Espírito.
O diácono aproveita o facto do etíope estar a ler Isaías para meter conversa com ele. E surge a grande pergunta: «De quem fala o profeta? De si mesmo ou de outra pessoa?».
 Filipe fala- lhe, então, de Jesus. O eunuco acredita e recebe o baptismo. A mediação eclesial e a graça de Deus dissiparam-lhe as dúvidas.
Evangelho: João 6, 44-51
«Eu sou o pão da vida que desceu do céu». Estas palavras soam como absurdas. A multidão protesta e torna-se hostil.
É difícil ultrapassar o obstáculo da origem humana de Jesus e reconhecê-lo como Deus.
Então Jesus, evitando a discussão com os judeus, procura ajudá-los a reflectir sobre a dureza do seu coração, enunciando as condições necessárias para acreditar n´Ele: ser atraído pelo Pai (v. 44), docilidade a Deus (v. 45ª.), escutar o Pai (v. 45b.).
Estamos diante do ensinamento interior do Pai e do ensinamento da vida de Jesus, que desemboca na fé obediente do crente à palavra do Pai e do Filho.
Escutar Jesus é ser ensinado pelo próprio Pai. Com a vinda de Jesus, a salvação está aberta a todos, desde que se deixem docilmente atrair pelo Pai.
Há uma ligação entre a fé em Jesus e a vida eterna: só quem vive em comunhão com Jesus alcança a vida eterna; só quem «come» Jesus-pão não morrerá. Jesus, pão de vida, dá a imortalidade a quem se alimenta d´Ele, a quem, na fé, interioriza a sua palavra e assimila a vida.
Esta secção já inclui o tema da eucaristia que será tratado na secção seguinte.
A evangelização é, antes de mais, plano e acção de Deus. É o que nos mostra o texto da primeira leitura. Filipe recebe ordem para se pôr a caminho, em direcção ao Sul.
Não parece ser uma boa decisão em ordem à evangelização. Mas é no caminho para o Sul que irá encontrar um etíope predisposto a acolher a Boa Nova. Segundo a tradição, é nesse encontro que começa a evangelização da África.
Impressiona-nos a disponibilidade, o entusiasmo missionário, a capacidade de interpretar a Sagrada Escritura de Filipe. É, na verdade, um evangelizador convicto e preparado. O Espírito faz o «resto» …
O texto evangélico é denso de ensinamentos profundos. Jesus começa por afirmar: «Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não atrair» (v. 44).
O Pai actua num duplo movimento, envia Jesus e atrai os homens para Jesus. Jesus mostra que o mais importante é a nossa relação com o Pai.
Sem ela, até a nossa relação com Jesus seria superficial. Por isso, o próprio Senhor acende em nós o desejo de sermos dóceis para com Deus, de nos deixarmos instruir por Ele: «Está escrito nos profetas: E todos serão ensinados por Deus» (v. 45).
Não é fácil entendermos estas palavras de Jesus. Por vezes, somos tentados a pensar que, ser dóceis a Deus, nos retira a liberdade, nos faz menos felizes. Mas a docilidade a Deus é condição para irmos a Jesus, nossa alegria, nossa felicidade: «Todo aquele que escutou o ensinamento que vem do Pai e o entendeu vem a mim» (v. 45).
O Pai, actuando, forma em nós sentimentos, que são os de Cristo. Por isso é que o encontro com Cristo se torna possível.
O Pai ensina-nos a viver no abandono, na abnegação por amor e, assim, podemos compreender a paixão e a ressurreição de Jesus.
Vemos na morte de Jesus uma grande obra de amor, cujo resultado, a ressurreição, é obra divina. Pela nossa docilidade à acção do Pai em nós, somos atraídos para Jesus e tornamo-nos semelhantes a Ele.
Deus, ao atrair-nos para Jesus, quer tornar-nos participantes de todos os tesouros do seu Coração: da sua bondade, da sua misericórdia, da sua alegria, do seu amor. Sejamos dóceis a Deus Pai, e ajudemo-nos uns aos outros nessa docilidade.
Senhor, infunde em mim o dom da docilidade, o anelo de viver em união Contigo, sem procurar satisfações superficiais fora de Ti.
Acende em mim um grande desejo de Cristo, para que o meu conhecimento de Ti, isto é, a minha relação de amor Contigo, encha a minha alma como as águas enchem o mar.
Que todos os meus irmãos, homens e mulheres, particularmente os jovens, se possam abrir a essa mesma relação Contigo, a esse conhecimento de Ti, preparando uma nova messe para o teu Reino.
Fonte:
 Resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”

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