4ª-FEIRA III SEMANA –– PÁSCOA
Primeira leitura: Actos 8, 1b-8
Depois do martírio de Estêvão, veio a perseguição da
Igreja. Lucas conta que, à excepção dos Apóstolos, «todos se dispersaram pelas
terras da Judeia e da Samaria» (v. 1). Assim começa uma nova fase na vida da
frágil comunidade cristã: a sua difusão fora de Jerusalém.
São particularmente atingidos os seguidores de
Estêvão, os helenistas, que se dispersam pela Judeia e pela Samaria, dando
início à corrida da Palavra pelo mundo, «até aos confins da terra». Entretanto,
Saulo devasta a Igreja.
Mas ela expande-se entre aqueles que estão fora do
judaísmo: «Os que tinham sido dispersos foram de aldeia em aldeia, anunciando a
Palavra da Boa Nova» (Act 8, 4). Distingue-se outro diácono, Filipe, que, como
Estêvão, e como os Apóstolos, prega a Boa Nova e faz milagres.
Assim, enquanto a Igreja está de luto pela morte de
Estêvão, também se enche de alegria com a acção de Filipe e de outros
discípulos anónimos, que pregam o nome de Jesus na Samaria.
A fé cristã alarga-se a um novo espaço geográfico e
cultural. É o mundo que se renova, graças ao contacto com a Palavra que se
difunde.
Evangelho: João 6, 35-40
«Eu sou o pão da vida» (v. 35). À maneira sapiencial,
Jesus apresenta-se como o revelador da verdade, o mestre divino que veio para
alimentar os homens.
Jesus é personificação da revelação, ou revelação
personificada. Utiliza o simbolismo do pão e do maná para descrever a sua própria
revelação e o significado da sua pessoa.
Mas a multidão não quer entender, não reconhece Jesus
como Filho de Deus. Então Jesus denuncia-lhe a incredulidade.
A Igreja primitiva, que vivia um conflito com a
Sinagoga, manifesta, por meio do evangelista, a sua profunda ligação ao Mestre,
e a convicção de que o projecto de Deus se realiza no acolhimento que cada um
dos crentes reserva a Jesus. Ele fez-se homem, não para fazer a sua vontade,
mas a vontade d´Aquele que O enviou.
O projecto de
Deus tem em vista a salvação. Ao confiá-lo ao Filho, o Pai proclama que os
homens se salvam em Jesus, sem que algum se perca: «a vontade daquele que me
enviou é esta: que Eu não perca nenhum daqueles que Ele me deu, mas o
ressuscite no último dia» (v. 39).
A expressão «último dia», em João, indica o dia em que
termina a criação do homem e se realiza a morte de Jesus, o dia do triunfo
final do Filho sobre a morte. Nesse dia, todos poderão saborear «a água do
Espírito», dada à humanidade.
Depois da morte de Estêvão, aqueles que comungavam do
seu «extremismo», os que não aceitavam compromissos com o judaísmo, são também
perseguidos.
Por enquanto, escapam à perseguição os Apóstolos,
talvez na esperança de que fosse encontrada uma solução para os problemas com a
tradição judaica.
A perseguição ajudou a Igreja a não adormecer e a reencontrar as suas raízes missionárias, que são o segredo da sua eterna juventude. Quantas vezes, se verificou essa verdade, ao longo da história!
Quando os discípulos do Senhor parecem comodamente
instalados, quando se consideram integrados num determinado contexto social, é
o próprio Espírito a agitar o «lugar» com várias provações, incluindo a
perseguição. Se a comunidade estiver viva, como estava em Jerusalém, a
perseguição dará os seus frutos.
Jesus não despreza a vida corporal.
Jesus não despreza a vida corporal.
Quantas vezes
interveio para curar doentes e, até, ressuscitar mortos. Mas não pretende
satisfazer apenas as nossas necessidades corporais. Quer dar-nos a vida em
plenitude.
O pão da terra conserva a vida, mas não nos faz
ressuscitar. Jesus quer que participemos da sua ressurreição, porque é essa a
vontade do próprio Pai: «Esta é, pois, a vontade do meu Pai: que todo aquele
que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último
dia.» (v. 40). Jesus abre-nos um caminho através da morte até à ressurreição.
Ao dar-nos o seu Corpo na Eucaristia, Jesus comunica-nos a sua vida de ressuscitado e alimenta-a em nós. A Eucaristia é penhor de ressurreição. Jesus abriu-nos o caminho da vida eterna porque se entregou à morte por nosso amor. Na oferta de Si mesmo, venceu a morte. Na Eucaristia, Jesus renova o dom de Si mesmo: «Isto é o meu corpo, que vai ser entregue por vós…
Este cálice é a
nova Aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós» (Lc 22, 19-20).
Receber a Eucaristia é receber Aquele que se ofereceu por nós até à morte e,
portanto, receber a força para percorrer o mesmo caminho.
Glória a Ti, Senhor Jesus Cristo, que lançaste a cruz
como ponte sobre a morte para que através dela passássemos da morte à vida.
Glória a Ti, Senhor Jesus Cristo, que assumiste um
corpo de homem mortal para o transformares em manancial de vida em favor de
todos os mortais.
Enche-nos do teu Espírito para que, tornando-nos grão
de trigo lançado à terra, participemos na tua ressurreição e colaboremos no
ressurgir Contigo da multidão dos homens.
Fonte:
Resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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