domingo, 25 de março de 2018

SEGUNDA FEIRA – SEMANA SANTA


SEGUNDA FEIRA – SEMANA SANTA

Primeira leitura: Isaías 42, 1-7

A liturgia apresenta-nos, hoje, a figura do Servo de Javé, que nos ajuda a entrar no mistério pascal, que celebramos com particular intensidade. A eleição, a missão e o sofrimento desta misteriosa figura, são profecia do destino de Cristo. De facto, a sua missão é de capital importância, mas extremamente difícil. Por isso, o próprio Deus o apoia. Este Servo é consagrado com o espírito profético, para levar a todas as nações «a verdadeira justiça», isto é, o conhecimento dos juízos de Deus.
A missão do Servo é descrita tendo como pano de fundo os costumes de Babilónia, onde o «arauto do grande rei» era encarregado de proclamar pelas ruas da cidade os decretos de condenação à morte. Se, ao terminar a volta, ninguém se erguesse para defender o condenado, o arauto quebrava a cana e apagava a lâmpada que levava, para indicar que a condenação se tornara irrevogável.

Mas o Servo do único verdadeiro rei, que é Deus, não quebra a cana, nem apaga a lâmpada. Sendo portador do juízo de Deus, não vai para condenar, mas para salvar. Com a força da mansidão e com a firmeza da verdade, cumpre a sua missão, levando às mais remotas paragens a Lei que todos esperam (cf. v. 4).

A figura do Servo realiza-se em Cristo, simultaneamente servo sofredor e libertador da humanidade, escolhido para realizar a salvação, iluminar os povos, e estabelecer a nova e eterna aliança (cf. v. 6), selada com o seu sangue.

Evangelho: João 12, 1-11

O cuidado de João em referir a cronologia dos acontecimentos com precisão permite-nos reviver pontualmente a graça dos últimos eventos que prepararam a páscoa de Jesus. 

O jantar de Jesus, em Betânia, é prelúdio da Última Ceia. A refeição, tomada em grupo, era um gesto sagrado porque indicava comunhão de sentimentos e de vida, e era ensejo para dar graças a Deus por todos os seus dons, a começar pela vida. 

No episódio que o evangelho de hoje refere, esse aspecto era realçado pela presença de Lázaro, «ressuscitado dos mortos- (v. 9). Mas, na cena descrita por João, tem particular realce Maria, com o seu gesto de amor adorante, sem cálculos nem medida. Essa mulher derrama sobre os pés de Jesus um perfume que podia custar o salário recebido por um trabalhador manual durante dez meses. E, anota João, «a casa encheu-se com a fragrância do perfume. (v. 3). 

Maria é imagem da Igreja-Esposa, unida ao sacrifício de Cristo-Esposo, que contrasta com a esquálida figura de Judas. O amor dilatou o coração de Maria, irmã de Lázaro, enquanto a mesquinhez fechou irremediavelmente o de Judas Iscariotes.
Contemplar Maria Madalena que «traz aos pés de Jesus o perfume simbólico do seu amor e da sua reparação». É belo deter-nos nesta cena, tão cheia de afecto e de amizade, numa página carregada de presságios e interrogações.

 O nosso seguimento de Jesus pode desenrolar-se como caminho da morte à vida, como aconteceu a Lázaro, ou como solicitude atenta e cuidadosa no serviço ao Mestre e aos seus, como aconteceu com Marta; mas pode também assemelhar-se a um caminho de amor adorante, como aconteceu com Maria, ou a um caminho de resistências e de calculismos, que acabam por sufocar quem os segue, como aconteceu com Judas.

É importante estar com Jesus, escutar a sua Palavra, partilhar a sua vida. Mas, mais importante ainda, é reconhecer e acolher o amor que Ele tem por nós, o amor que Ele é. Judas não o soube acolher. Por isso, condenou o «desperdício» de Maria, e fez cálculos, a pretexto de ajudar os pobres. Maria, pelo contrário, fez desse amor a sua vida. O Pobre, por excelência, é Jesus, que nos dá tudo quanto possui, tudo quanto é. Por isso, só Ele deve ser o centro da nossa vida, sem qualquer espécie de cálculos. O Mestre dá-nos tudo! Há que dar-lhe tudo, sem cálculos nem reservas. A nossa entrega total a Cristo acaba por beneficiar toda a Igreja: «a casa encheu-se com a fragrância do perfume>>{v. 3) .

Maria estava longe de se aperceber da profundidade do seu gesto. Mas Jesus encarregou-Se de lha revelar: era já uma homenagem pelo sacrifício que estava para realizar: «Deixa que ela o tenha guardado para o dia da minha sepultura!» (v. 7). Jesus está para dar a sua vida, para derramar o seu sangue: «Isto é o meu corpo entregue … este é o meu sangue derramado por vós> (cf. Mt 26, 26s.).
Era justo que Maria honrasse esse corpo oferecido, derramando sobre ele o perfume precioso. Participemos nessa homenagem de Maria. Vivamos esta semana em grande espírito de gratidão, de recolhimento, na emoção de sermos amados, e amados até à morte. Sejamos generosos com o Senhor que deu tudo e Se deu todo por nós. Correspondamos ao seu amor. Deixemo-nos amar. Tornemo-nos, cada vez mais, profetas desse amor.

Senhor Jesus, concede-me a graça de viver estes dias da tua Paixão perto de Ti, de ser excessivamente generoso contigo, como foi Maria que «desperdiçou» um perfume tão precioso para Te honrar. Que jamais ceda à tentação de pensar que, aquilo que faço por Ti, podia ser útil para outros fins mais ou menos «piedosos» … Dá-­me a graça de compreender, quanto é possível neste mundo, o teu amor por mim. Então compreenderei também que, tudo quanto faço por Ti, é pouco, ainda que pareça muito. 

Santa Madalena é o modelo de um amor sincero e verdadeiro, saído do mais perfeito arrependimento. Desde o momento da sua conversão, Madalena é generosa. Ela lança-se aos pés de Nosso Senhor, derrama abundantes lágrimas, afronta o respeito humano, consagra a Nosso Senhor perfumes de um grande preço. É já uma alma amante. Dá-se sem reservas a Nosso Senhor, e doravante o seguirá, fielmente o servirá.
Fonte: Resumo e adaptação de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”

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