QUINTA-FEIRA – SEMANA SANTA
29 Março 2018
A SANTA CEIA
Enquanto
comiam, tomou Jesus o pão e, depois de pronunciar a bênção, partiu-o e deu-o
aos seus discípulos, dizendo: Tomai, comei. Isto é o meu corpo. Tomou, em
seguida, um cálice, deu graças e entregou-lhes dizendo:
Este é o meu sangue,
sangue da aliança, que vai ser derramado por muitos para a remissão dos pecados
… Ora um dos discípulos, aquele que Jesus amava, estava à mesa junto do peito
de Jesus (Mt 26, 26-28; Jo 13, 12).
Primeiro Prelúdio. O Cenáculo. Jesus está
como transfigurado no meio dos seus apóstolos. As fontes do amor vão abrir-se
para darem ao mundo a Eucaristia.
Segundo
Prelúdio. Obrigado, Senhor. Com S. João, agradeço-vos, amo-vos, dou-me todo a
vós.
PRIMEIRO PONTO:
A Eucaristia. – Ó prodígio inaudito! O Senhor supremo faz-se alimento da sua
pobre e miserável criatura!
Enquanto
comiam, nesta noite da última Ceia, Jesus estava sentado com os seus
discípulos. – Ergue os olhos para o seu Pai e recolhe-se numa ardente oração.
Está como transfigurado. – Consideremos o céu aberto acima da sua cabeça: os
Anjos admirados tremem de alegria e de temor … de alegria: a Eucaristia
inflamará e santificará tantos corações! Acenderá no seio da Igreja uma tal
fogueira de dedicação e de amor!… de temor também: a Eucaristia encontrará tantos
ingratos! Será profanada pelos Judas de todos os séculos!
Escutemos as
palavras de Jesus: «Tomai e comei, isto é o meu corpo; bebei, isto é o meu
sangue … ». – Eu vos saúdo, ó verdadeiro corpo, nascido da Virgem Maria!
Verei os
apóstolos aproximarem-se, tomarem o seu lugar nesta primeira comunhão … Maria,
a Mãe bem-amada de Jesus! Quem poderia dizer o ardor da sua caridade! É o seu
Filho que ela recebe! É a carne, é o sangue que ela lhe deu! Correntes de amor
sobem para o céu nos transportes desta casta união, destes santos
arrebatamentos.
«Fazei isto em
minha memória-, acrescenta Jesus, e os seus apóstolos são feitos sacerdotes
para a eternidade. Unamo-nos ao seu acto de fé e de amor.
SEGUNDO PONTO:
Judas! – A Paixão começa no Cenáculo, com a atitude de Judas tão cruelmente
ofensiva para o Coração de Jesus. O traidor já vendeu o seu divino Mestre.
Entretanto assiste hipocritamente à Ceia e à instituição da Eucaristia. Comunga
sem dúvida sacrilegamente.
Nosso Senhor
experimenta abatimento e piedade. Tenta ainda salvá-lo. Adverte-o: «Um de vós,
diz, que estais comigo a esta mesa, trair-me-á, Isto devia recordar ao traidor
a lamentação de David: «Se um inimigo me tivesse ofendido, tê-lo-ia suportado,
mas vó~ um amigo que vivia à minha mesa … »
Nosso Senhor
deixa manifestar a sua tristeza, não por causa de si mesmo, Ele sabe que deve
morrer: «No que diz respeito ao Filho do homem, diz, vai acontecer segundo o
que foi determinado». Mas entristece-se por causa do crime do seu discípulo:
«Ai daquele, diz, pelo qual o Filho do homem é traído: (Lc 22,22). Mas nada
toca o pecador endurecido.
Ó Coração
sagrado, vítima dos homens, peço-vos perdão pela traição de Judas e pelos
crimes que vos hão-de afligir, humilhar, e ferir até ao fim dos tempos sobre
todos os altares da terra; perdão pelos cristãos indignos, perdão pelos
sacerdotes apóstatas!
TERCEIRO PONTO:
S. João sobre o Coração de Jesus. – Entremos no Cenáculo no momento da acção de
graças desta primeira comunhão da terra. S. João repousa com abandono e ternura
sobre o Coração de Jesus. É a realização de um quadro do Cântico dos Cânticos:
«O meu Bem-Amado é para mim e eu sou para ele … Eu sou para o meu Bem-Amado e o
seu Coração volta-se para min» (Cant. 2).
Jesus compraz-se
na sua imolação eucarística. Esta Páscoa fecunda, que Ele acaba de celebrar com
os seus discípulos, renovar-se-á sobre o altar até ao fim dos tempos. É o maná
do Novo Testamento, o pão da vida, o pão dos fortes, as delícias dos santos, o
penhor da salvação e da ressurreição.
S. João, o
apóstolo virgem, o amigo do Esposo, o familiar de Cristo, extasia-se com a
comunhão que acaba de fazer, deixa cair ternamente a sua cabeça sobre o peito
do seu Mestre querido. Ele é puro, e a castidade dos sentidos e do coração
permite ao homem a intimidade com Deus. Atracção inefável que desprende o
discípulo da terra e o eleva à região superior da beatitude e do amor.
O discípulo
bem-amado apoia sobre o coração sagrado de Jesus os seus lábios donde brotarão
os rios da teologia sagrada, a sua fronte que tantos raios maravilhosos de
ciência e de sabedoria devem ornamentar, e cingir a auréola dos apóstolos, dos
profetas, das virgens, dos mártires.
Cristo reservou
a ele somente, porque é puro, escrever com a sua mão os mistérios da pureza
incriada, do Verbo de Deus feito carne pela salvação do mundo.
S. João,
discípulo bem-amado, atraí-nos convosco para o peito de Jesus quando estamos
unidos a Ele na comunhão.
Resoluções. –
Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou por eles para lhes
assinalar o seu amor! E eu que farei para lhe dar amor por amor? Irei à
Eucaristia com uma pureza e um fervor que me aproximam das disposições de S.
João.
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