III FEIRA SANTA. MISA
CRISMAL NA CATEDRAL DE GURÚÈ:
A VIDA E O MINISTÉRIO SACERDOTAL
1.-Há um número sempre
a crescer de problemáticas e até abandonos que pesam neste momento histórico
que nos toca a viver sore quantos exercemos o ministério de Pastores na
Igreja.~
A este propósito, o
Papa Francisco afirmava há pouco tempo: “ A palavra sem o exemplo da vida não
serve para nada: a vida dupla é uma doença feia para a Igreja…Fomos eleitos
pelo Senhor não para fazer carreira, mas para prestar este serviço” (Aos sacerdotes
de Roma, 07.05.2017).
Hoje mais que nunca, a
missão que nos é confiada como sacerdotes mostra-se delicada. Por este motivo
devemos sentir vivamente entre nós a fraternidade sacerdotal, o espírito de
família entre os presbíteros que afunda as suas raízes no próprio Deus, no próprio
sacramento da Ordem que toca a nossa identidade mais profunda, não somos
funcionários da Igreja, somos sacerdotes do Povo de Deus e para o seu serviço.
E o mesmo fundamento
para as relações entre os sacerdotes e o Bispo: o seu fundamento mais profundo
radica também no sacramento da Ordem. Dai devem surgir relações de família, de
pertença, de atenção às situações de uns e do outros, de curar as feridas, de
abrandar as durezas, de encorajar-se mutuamente nas provações, de corrigir as
animálias, de valorizar as qualidades, sempre dentro da única família
sacerdotal à qual todos nós, repito, pelo Sacramento da Ordem, formamos parte.
Nos deve distinguir um
conhecimento directo e profundo e não apenas relações superficiais, como se se
tratasse apenas de funcionários, ou empregados de uma empresa ou de uma ONG.
A vizinha entre os
sacerdotes e entre estes e o Bispo deve contemplar a situação humana e
espiritual, a situação económica e afectiva, as condições de saúde e de
trabalho apostólico, a vida espiritual e sacramental. Esta vizinhança confiante
entre os membros do presbitério é o núcleo irrenunciável para que nos possamos
sentir entre nós irmãos e em relação com o Bispo, pai e filhos. Sem ela seremos
apenas funcionários eclesiásticos para administrar alguns ritos religiosos. Se
não for assim não estaremos servindo ao anúncio do Evangelho aos nossos irmãos.
Não há nada que faça
sofrer tanto à Igreja, às comunidades, às nossas Paróquias e à Diocese, como os
pecados dos seus Pastores, os nossos pecados. Não podemos conduzir ao erro as
nossas ovelhas.
A divisão entre os
sacerdotes, a falta de estima mútua e de colaboração entre todos nós, a falta
de consideração para com os fiéis leigos, o escasso empenho pastoral e, por
vezes, o mau exemplo das nossa vida,
reduzem a eficácia das nossas actividades pastorais, escurecem a imagem do
Padre.
Qual é a imagem de
Padre que os cristãos têm de nós?
Um padre funcionário e
administrador das coisas sagradas ou sociais? Que tende a estabilizar a sua
vida com uma vida em desarmonia com o sacerdócio? “A nossa vida se deve desenvolver entrando na
verdade do sacramento que recebemos (BENTO XVI, Missa Crismal
de 2009).
A santidade pessoal
deve reflectir-se sobre os fiéis que são confiados ao nosso cuidado pastoral. A
nossa vida de oração irriga desde dentro o nosso apostolado. Precisamos de
Padres e de Bispos amantes da Eucaristia da qual recolhemos razões sólidas para
a nossa pastoral.
A nossa missão, o nosso
trabalho, a nossa vida não se funda sobre razões humanas, económicas políticas
ou de poder, mas sobre raízes exclusivamente sagradas (BENTO XVI,
28.05.2010).
Devemos revitalizar os
nossos Retiros mensais, a direcção espiritual, a vida comum em fraternidade, a
amizade e o convívio.
Que Maria Santíssima,
Rainha dos Apóstolos e Mãe dos Sacerdotes, acompanhe com a sua ternura e amor
filial o caminho destes seus sacerdotes e seu Bispo.
Gurúè, Missa
Crismal, Terça Feira Santa, 27.03.2018
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