segunda-feira, 26 de março de 2018

MISSA CRISMAL NA CATEDRAL DE GURÚE



III FEIRA SANTA. MISA CRISMAL NA CATEDRAL DE GURÚÈ:
 A VIDA E O MINISTÉRIO SACERDOTAL

1.-Há um número sempre a crescer de problemáticas e até abandonos que pesam neste momento histórico que nos toca a viver sore quantos exercemos o ministério de Pastores na Igreja.~
A este propósito, o Papa Francisco afirmava há pouco tempo: “ A palavra sem o exemplo da vida não serve para nada: a vida dupla é uma doença feia para a Igreja…Fomos eleitos pelo Senhor não para fazer carreira, mas para prestar este serviço” (Aos sacerdotes de Roma, 07.05.2017).
Hoje mais que nunca, a missão que nos é confiada como sacerdotes mostra-se delicada. Por este motivo devemos sentir vivamente entre nós a fraternidade sacerdotal, o espírito de família entre os presbíteros que afunda as suas raízes no próprio Deus, no próprio sacramento da Ordem que toca a nossa identidade mais profunda, não somos funcionários da Igreja, somos sacerdotes do Povo de Deus e para o seu serviço.

E o mesmo fundamento para as relações entre os sacerdotes e o Bispo: o seu fundamento mais profundo radica também no sacramento da Ordem. Dai devem surgir relações de família, de pertença, de atenção às situações de uns e do outros, de curar as feridas, de abrandar as durezas, de encorajar-se mutuamente nas provações, de corrigir as animálias, de valorizar as qualidades, sempre dentro da única família sacerdotal à qual todos nós, repito, pelo Sacramento da Ordem, formamos parte.
Nos deve distinguir um conhecimento directo e profundo e não apenas relações superficiais, como se se tratasse apenas de funcionários, ou empregados de uma empresa ou de uma ONG.

A vizinha entre os sacerdotes e entre estes e o Bispo deve contemplar a situação humana e espiritual, a situação económica e afectiva, as condições de saúde e de trabalho apostólico, a vida espiritual e sacramental. Esta vizinhança confiante entre os membros do presbitério é o núcleo irrenunciável para que nos possamos sentir entre nós irmãos e em relação com o Bispo, pai e filhos. Sem ela seremos apenas funcionários eclesiásticos para administrar alguns ritos religiosos. Se não for assim não estaremos servindo ao anúncio do Evangelho aos nossos irmãos.

Não há nada que faça sofrer tanto à Igreja, às comunidades, às nossas Paróquias e à Diocese, como os pecados dos seus Pastores, os nossos pecados. Não podemos conduzir ao erro as nossas ovelhas.
A divisão entre os sacerdotes, a falta de estima mútua e de colaboração entre todos nós, a falta de consideração para com os fiéis leigos, o escasso empenho pastoral e, por vezes,  o mau exemplo das nossa vida, reduzem a eficácia das nossas actividades pastorais, escurecem a imagem do Padre.
Qual é a imagem de Padre que os cristãos têm de nós?

Um padre funcionário e administrador das coisas sagradas ou sociais? Que tende a estabilizar a sua vida com uma vida em desarmonia com o sacerdócio?   A nossa vida se deve desenvolver entrando na verdade do sacramento que recebemos (BENTO XVI, Missa Crismal de  2009).

A santidade pessoal deve reflectir-se sobre os fiéis que são confiados ao nosso cuidado pastoral. A nossa vida de oração irriga desde dentro o nosso apostolado. Precisamos de Padres e de Bispos amantes da Eucaristia da qual recolhemos razões sólidas para a nossa pastoral. 

A nossa missão, o nosso trabalho, a nossa vida não se funda sobre razões humanas, económicas políticas ou de poder, mas sobre raízes exclusivamente sagradas (BENTO XVI, 28.05.2010).
Devemos revitalizar os nossos Retiros mensais, a direcção espiritual, a vida comum em fraternidade, a amizade e o convívio.

Que Maria Santíssima, Rainha dos Apóstolos e Mãe dos Sacerdotes, acompanhe com a sua ternura e amor filial o caminho destes seus sacerdotes e seu Bispo.
Gurúè, Missa Crismal, Terça Feira Santa, 27.03.2018

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