14 Fevereiro 2018 - Quarta-feira de
Cinzas.
Primeira leitura: Joel 2, 12-18
Joel, fiel ao serviço da Casa de Deus, exorta
o povo, que passa por uma grave carestia, (1, 2-2, 10), à oração e à conversão
.. O próprio culto, no templo, tinha cessado (1, 13.16). O profeta, que sabe
ler os sinais dos tempos, anuncia a proximidade do «dia do sennot», e convida o
povo ao jejum, à súplica e à penitência (2, 12.15-17). «Convertei-vos», grita o profeta.
O termo hebraico significa arrepiar caminho, regressar … O povo que virara
costas a Deus, devia voltar novamente o coração para Ele, e retomar o
culto no templo, um culto autêntico, que manifestasse a conversão interior. O
povo pode voltar novamente para Deus, porque Ele é misericordioso (v.
13), e também pode mudar de ideia e voltar atrás (v. 14).
Um amor
sincero a Deus, uma fé consistente, e uma esperança que se torna oração
coral e penitente, darão ao profeta e aos sacerdotes as devidas condições para
implorarem a compaixão de Deus para com o seu povo.
Segunda leitura: 2 Coríntios 5, 20 – 6,2
«Reconciliai-vos com Deus», é o
apelo de Paulo. A reconciliação é possível, porque essa é a vontade
do Pai, manifestada na obra redentora do Filho e no poder do Espírito que apoia
o serviço dos apóstolos. O v. 21 é o ponto alto do texto, pois proclama o juízo
de Deus sobre o pecado e o seu incomensurável amor pelos pecadores, pelos quais
não poupou o seu próprio Filho (cf. Rm 5, 8; 8, 32). Cristo carregou sobre si o
pecado do mundo e expiou-o na sua própria carne. Assim, podemos apropriar-nos
da sua justiça-santidade. O Inocente tornou-se pecado para nos pudéssemos
tornar justiça de Deus. E, agora, o tempo favorável para aproveitar essa graça:
deixemo-nos reconciliar com Deus. O
termo grego indica a transformação da nossa relação com Deus e, por consequência, da nossa
relação com os outros homens. Acolhendo o amor de Deus, que nos leva a
vivermos, não já para nós mesmos, mas para Aquele que morreu e ressuscitou por
nós (w. 14s.), podemos tornar-nos nova criação em Cristo (5, 18).
Evangelho: Mateus 6, 1-6.16-18
Jesus pede aos
seus discípulos uma justiça superior à dos escribas e fariseus, mesmo quando
praticam as mesmas obras que eles.: «Guardai-vos de fazer as vossas boas obras
diante dos homens, para vos tornardes notados por eles». Agora aplica esse
princípio a algumas práticas religiosas do seu tempo: a esmola, o jejum e a oração.
Há que estar atentos às motivações que nos levam a dar esmola, a orar, a
jejuar, porque o Pai vê o que está oculto, os sentimentos profundos do coração.
Se buscamos o aplauso dos homens, a vanglória, Deus nada tem para nos dar. Mas
se buscamos a relação íntima e pessoal com Ele, a comunhão com Ele, seremos
recompensados. Se não fizermos as boas obras com recta intenção somos
hypokritoi, isto é, comediantes, e mesmo ímpios, de acordo com o uso hebraico
do termo.
A Liturgia da Palavra dá-nos, hoje,
a orientação correcta para vivermos frutuosa mente a Quaresma, tempo favorável de graça, dia de salvação. Penitência e arrependimento
não são caminho de tristeza, de depressão, mas caminho de luz e de alegria, porque,
se nos levam a reconhecer a nossa verdade de pecadores, também nos abrem ao
amor e à misericórdia de Deus.
O profeta, em
nome de Deus, convida o povo a percorrer o caminho da esperança, fazendo
penitência; os apóstolos recebem de Deus o ministério da reconciliação; a
Igreja repete a boa nova: «É este o tempo favorável~ é este o dia da salvação»
(2 Cor 6, 2). Com todo o povo de Deus, somos convidados a arrepiar caminho, a
voltar-nos para o Senhor, a deixar-nos reconciliar, a d
ar a Cristo ocasião de tomar sobre Si o nosso pecado, porque só Ele o conhece e pode expiar.
ar a Cristo ocasião de tomar sobre Si o nosso pecado, porque só Ele o conhece e pode expiar.
Renovados pelo
amor, podemos viver alegre e confiadamente na presença de Deus, nosso Pai,
cumprindo humildemente tudo quanto Lhe agrada e é útil para os irmãos. E a
presença do Pai, no mais íntimo de nós mesmos, garante-nos a verdadeira
alegria.
Jesus, no
evangelho, mostra-nos qual deve ser a nossa atitude quando praticamos obras de
penitência (tais como a esmola, a oração, o jejum), e insiste na rectidão
interior, garantida pela intimidade com o Pai. Era essa a atitude e a
orientação do próprio Jesus em todas as suas palavras e obras. Nada fazia para
ser admirado pelos homens. Nós podemos ser tentados a fazer o bem para obtermos
a admiração dos outros. Mas essa atitude, por um lado, fecha-nos em nós mesmos,
por outro lado projecta-nos para fora de nós, tornando-nos dependentes da
opinião dos outros.
Há, pois, que
fazer o bem porque é bem, e porque Deus é Deus, e nos dá oportunidade de
vivermos em intimidade e solidariedade com Ele, para bem dos nossos irmãos.
Estar cheios de Deus, viver na sua presença, é a máxima alegria neste mundo, e
garante-nos essa mesma situação, levada à perfeição, no outro.
Converter-se
"ao Evangelho"! O Evangelho para nós, mais do que um livro, é uma
pessoa, Jesus Cristo. É necessária a "conversão" ao verdadeiro
conhecimento de Cristo. Não um conhecimento intelectual, como aquele que se
obtém nas aulas de teologia. É preciso um conhecimento de fé, uma experiência
viva, como aquela de fala S. Paulo: "Na verdade, em tudo isso só vejo
dano, comparado com o supremo conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor. Põe Ele
tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de ganhar Cristo … Assim poderei
conhecê-I’ o, a Ele, à força da Sua Ressurreição e à comunhão nos seus
sofrimentos, configurando-me à Sua morte, para ver se posso chegar à
ressurreição. Não que eu já tenha alcançado a meta, ou que já seja perfeito,
mas prossigo a minha carreira para ver se de algum modo a poderei alcançar,
visto quejá fui alcançado por Jesus Cristd’ (Fil 3, 8.10-13).
Façamos nesta
Quaresma as obras de penitência que pudermos. Mas façamo-Ias na intimidade e na
presença do Senhor, que havemos de procurar na oração, na Eucaristia, na
comunidade… Não esqueçamos a ascese, especialmente a que nos é exigida pelo
fiel cumprimento dos nossos compromissos com Deus e com os irmãos.
Fonte: resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”
Sem comentários:
Enviar um comentário