Segunda-feira – VI Semana –Tempo
Comum – Anos Pares. 12.02.2018
Primeira leitura: Tiago 1, 1-11
A carta que
hoje começamos a ler, atribuía a Tiago, irmão do Senhor e bispo de Jerusalém, é
dirigida às Doze tribos da diáspora, tal como a Primeira Carta de Pedro. A
diáspora era formada pelos judeus que viviam fora da Palestina. Aqui o termo é
usado metaforicamente, para indicar a Igreja, novo Israel, dispersa entre os
povos.
A carta de
Tiago, para além da introdução, apresenta-se como uma homilia onde o seu autor
oferece normas práticas de vida cristã. É uma carta «católica» porque contém
verdades universalmente válidas, isto é, aplicáveis à vida de todos os crentes.
Resumidamente,
podemos indicar algumas: a devoção e a piedade só são verdadeiras quando se
reflectem na vida dos crentes. As aparências de devoção não agradam a Deus. A
verdadeira devoção não é simples aspiração da alma, nem palavreado fácil. São
as obras que revelam a autenticidade da fé proclamada.
Para além de
alertar a todos para a necessidade de uma fé que se traduza em obras, a carta
de Tiago quer também responder a duas preocupações: por um lado, revelar aos
pobres o valor da provação, das suas angústias; por outro lado, revelar aos
ricos o perigo que as riquezas encerram. O clima de sabedoria
vetero-testamentária é iluminado, ainda que não muito directamente, pela luz de
Cristo.
Hoje escutamos a introdução e parte
da exortação inicial, cujos temas serão retomados ao
longo da carta: a providencialidade da provação, a necessidade de rezar para
adquirir a sabedoria e saber orientar-se no meio das dificuldades da vida, o
carácter ilusório das riquezas.
A leitura
lembra-nos que as dificuldades e sofrimentos, põem à prova a nossa fé e revelam
em quem pomos a nossa esperança: se em Deus ou em nós mesmos. O mesmo texto
afirma que só a sabedoria, que vem de Deus, permite considerar as provações
como perfeita alegria. A sabedoria do mundo considera-a loucura. Há que pedir a
sabedoria da cruz, na certeza de que no-la dará. E essa certeza vem-nos da fé
que não hesita e se manifesta nas obras.
Bento XVI, na
encíclica Spe salvi,
lembra-nos que o sofrimento é um lugar para aprender a esperança. Devemos
certamente fazer tudo para diminuir o sofrimento; todavia «não é a fuga diante da dor que
cura o homem, mas a capacidade de aceitar a tribulação e amadurecer nela, e
encontrar sentido para ela na união com Cristo, que sofreu com infinito
amor». O Papa refere os exemplos de Santa Josefina Bakhita e o do mártir
vietnamita Paulo Le-Bao-Thin, verdadeiras testemunhas da esperança no meio dos
seus sofrimentos (cf. nn. 36-39).
Evangelho: Marcos 8, 11-13
A perícopa que
hoje escutamos situa-se na no contexto da «secção dos pães» (Mc 6, 30-8,26) e mais precisamente na reacção dos fariseus (8, 11-13) e dos discípulos (8, 14-21) à revelação cristológica. Os fariseus não
reconhecem o valor do milagre da multiplicação dos pães realizado por Jesus.
Daí a provocação: dá-nos um sinal do céu».
Jesus
apercebe-se imediatamente da intenção dos fariseus e responde-lhes
categoricamente: «sinal algum será concedido a esta geração» (v. 12).
Não há prodígio nem sinal capaz de convencer quem não quer deixar-se
convencer.
A expressão
«esta geração» (v. 12), na literatura profética, indica o povo de Israel infiel
à Aliança, que exige sempre de Deus novas manifestações do seu poder. A
expressão aparece por vezes seguida de adjectivos como «adúltera e pecadora»
(8, 38; Mt 12, 39.45;16,4) ou «infiel e perversa» (9, 19; cf. Mt 17, 17). Nesta
perícopa a expressão «esta geração» parece indicar, não só os fariseus, mas
também todos aqueles que procuram sempre novos sinais para acreditar.
O evangelho
mostra-nos os fariseus que, em tom polémico, se dirigem a Jesus que tinha
acabado de multiplicar os pães, «pedindo-lhe um sinal do céu» (v. 11). Trata-se
de uma provocação. Jesus apercebe-se das suas intenções e recusa-lhes o sinal,
porque não há sinal que convença quem
está dominado por preconceitos, quem não se quer deixar convencer. Os
fariseus dão continuidade à incredulidade e à dureza de coração do Povo de Deus
tantas vezes verberada pelos profetas. Não há sinais nem provas do amor de Deus
que os satisfaçam.
Qual é a nossa
posição? Talvez também nós sejamos vítimas da miopia religiosa que afectava os
fariseus. Jesus é o sinal dado aos homens para que acreditem. Como é a nossa
fé, a nossa adesão, a nossa confiança em Jesus? Como reagimos perante os
sofrimentos da vida?
Senhor Jesus, ensina-me a considerar perfeita alegria toda a provação, todo o sofrimento. Tu sabes que prefiro a tranquilidade, e que vejo as dificuldades como tropeços no caminho para Ti. Mas também elas são perfeita alegria porque, como ensina teu apóstolo Paulo, as provações da fé produzem a paciência e a paciência completa em nós a obra, para nos tornarmos perfeitos e íntegros, sem qualquer falta.
Senhor Jesus, ensina-me a considerar perfeita alegria toda a provação, todo o sofrimento. Tu sabes que prefiro a tranquilidade, e que vejo as dificuldades como tropeços no caminho para Ti. Mas também elas são perfeita alegria porque, como ensina teu apóstolo Paulo, as provações da fé produzem a paciência e a paciência completa em nós a obra, para nos tornarmos perfeitos e íntegros, sem qualquer falta.
Senhor, faz-me
compreender que é nas provações que produzes em mim a virtude, que não é
derrota, mas progresso no amor; faz-me compreender que é nas provações que me
unes à tua Paixão gloriosa e à tua vitória sobre o mal e sobre a morte.
Fonte: resumo e adaptação local de um texto
de “dehonianos/portal/liturgia”
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