quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

QUINTA FEIRA DEPOIS DAS CINZAS



Primeira leitura: Deuteronómio 30,15-20
Os desterrados de Israel são convidados a reflectir sobre as causas da sua sorte, a acolher novamente a aliança do Senhor com todas as suas exigências e a abrir-se à esperança.
Para ser mais incisivo, o autor sagrado recorre à contraposição dizendo que se trata de uma escolha entre a vida e a morte, entre o bem e o mal, entre a bênção e a maldição. Há que fazer uma opção responsável, com todas as suas consequências. O céu e a terra são testemunhas dessa opção (v. 19).
A vida é um dom de Deus, mas também é participação no seu ser (c. 20). Deus é Aquele que vive e faz viver. Há que estar unidos a Ele no amor e na obediência aos seus preceitos. Esses preceitos não têm outra finalidade que não seja a de nos ajudar a percorrer os seus caminhos (v. 16) e a alcançar a sua promessa (v. 20) de vida e de bênção.
A primeira leitura apresenta-nos Deus que, com afecto paterno, respeitando-nos e querendo o nosso bem, nos apresenta dois caminhos, aconselhando-nos a escolher o bom: «Coloco hoje diante de ti a vida e o bem, a morte e o mal… Ordeno-te hoje que ames o SENHOR… que andes nos seus caminhos, que guardes os seus mandamentos, preceitos e sentenças. Assim viverás, multiplicar-te-ás e o SENHOR, teu Deus, te abençoará na terra em que vais entrar para dela tomar posse» (w. 15-16).
A vida consiste em amar o Senhor, em observar os seus preceitos, em ser dócil à sua palavra. O mal consiste em seguir os caprichos do coração … E leva à morte: «Se o teu coração se desviar e não escutares, se te deixares arrastar e adorares deuses estranhos e os servires, declaro-vos hoje que morrereis … » (VII. 16- 17).
Deus avisa-nos, mas não nos obriga a obedecer-lhe. Ninguém, como Ele, respeita a liberdade que nos deu. Quero que O sirvamos, mas por amor e, por isso, livremente: «Escolhe» (v. 19). Mas, como deseja o nosso bem, quase nos suplica: «Escolhe a vida para viveres, tu e a tua descendência, 20amando o SENHOR, teu Deus, escutando a sua voz e apegando-te a Ele» (v. 19).

Evangelho: Lucas 9, 22-25
Jesus anuncia, pela primeira vez, a necessidade da sua paixão aos discípulos, que acabavam de Lhe referir a opinião do povo sobre Ele e de proclamar a sua fé. Jesus reserva este ensinamento a um pequeno grupo de discípulos, os mais íntimos. Mas a todos ensina o caminho a seguir por quem pretende tornar-se seu discípulo. De acordo com os costumes de então, quem decidia tornar-se discípulo de um rabi, caminhava seguindo os seus passos.
Àqueles que o querem seguir, Jesus apresenta o caminho da abnegação, do sofrimento e da morte, o caminho da cruz. Era frequente, sob a dominação romana, que um condenado carregasse o braço transversal da cruz desde o lugar da condenação ao lugar da execução.
Tratava-se, pois, de uma imagem tremendamente realista: seguir a Cristo era viver como condenados à morte pelo mundo, prontos a enfrentar o desprezo de todos. Mas é a morte de Jesus, a sua cruz, que nos dá a vida verdadeira. Por isso, há que estar prontos a perder tudo, que de nada serve, se não alcançarmos a vida.
A escolha da vida não é óbvia, porque encerra um paradoxo: Jesus diz que se alcança a vida segundo Deus, que é Deus, renunciando a nós mesmos, carregando a cruz de cada dia, aceitando perder a vida presente por causa d ‘ Ele. É seguindo Cristo, de modo radical, até ao fim, que se chega à vida. O seguimento de Cristo implica passar pelo Calvário, pela cruz. Mas é por aí que se chega à ressurreição, que se salva a vida.
O ensinamento de Jesus deita por terra os modelos das velhas religiões. A grandeza do homem não consiste em transcender a finitude da matéria, subindo à altura do ser do divino (mística oriental), nem consiste em identificar-nos sacramentalmente com as forças da vida latentes na profundidade radical do cosmos (religião dos mistérios), nem é perfeito quem cumpre a lei até ao fim (farisaísmo), nem o que pretende escapar da miséria do mundo, na esperança da meta que se aproxima (apocalíptica) … Diante de todos os possíveis caminhos da história do homens, Jesus apresenta-nos o seu caminho: «Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-me».
A vida de oblação, no concreto, no humilde dia a dia, consiste em aceitar com serenidade, dando graças, as cruzes e canseiras; consiste em irradiar com espontaneidade simples os frutos do Espírito. Assim realizamos o convite de Jesus: Quem quiser ser Meu discípulo "tome a sua cruz, dia a dia, e siga-Mé’ (Lc 9, 23). Sequi-lO na mansidão e na humildade do coração: "Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração’ (Mt 11, 29). Irradiar alegria, paz, bondade, para alívio, não só nosso, mas também dos nossos irmãos. Assim, como "Sacerdotes do Coração de Jesus, vivemos hoje no nosso Instituto a herança do Padre Dehon" (Cst. 26).
Fonte: Resumo e adaptação de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”

Sem comentários:

Enviar um comentário