quarta-feira, 13 de junho de 2018

QUINTA-FEIRA - X SEMANA – QUINTA-FEIRA – TEMPO COMUM – ANOS PARES - 14 JUNHO 2018


QUINTA-FEIRA - X SEMANA – QUINTA-FEIRA – TEMPO COMUM – ANOS PARES - 14 JUNHO 2018
Primeira leitura: 1 Reis 18, 41-46
O profeta Elias anuncia a Acab o fim da seca, e o fim do jejum ordenado para obter a chuva: «Vai, come e bebe, pois já oiço o rumor de uma forte chuvada» (v. 41). O alimento pode também simbolizar a reconciliação entre Acab, Elias e Javé, depois da triunfal vitória do javismo sobre o baalismo. Em seguida, Elias sobe ao Carmelo e entra provavelmente na gruta onde costumava recolher-se em oração. A posição, que assume, prostrando-se e colocando a cabeça entre os joelhos, indica profunda concentração, mas também o despertar de energias interiores capazes de influenciar os próprios elementos naturais, como atestam antigas tradições egípcias e mesopotâmicas. Tiago faz essa releitura, quando recorda o episódio e escreve: «A oração fervorosa do justo tem muito poder (em grego: energuménê). Elias…rezou com fervor para que não chovesse, e durante três anos e seis meses não choveu sobre a terra. Depois voltou a rezar, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto» (Tg 5, 16-18). A formação progressiva das nuvens e a chuva, depois de sete súplicas insistentes, muito ao estilo semita, ajusta-se à topografia e à meteorologia da Palestina. Do alto do Carmelo, consegue ver-se o horizonte longínquo do Mar Mediterrâneo, único manancial de nuvens e de chuva sobre a franja sírio-palestiniana.
Evangelho: Mateus 5, 20-26
Jesus afirmou aos seus discípulos que não vinha ab-rogar a Lei, mas aperfeiçoá-la. Como vontade de Deus, devia ser aceite na sua totalidade sem a reduzir a árdua casuística, como faziam os doutores e os fariseus, tergiversando e defraudando a própria Lei. Formulado o princípio, Jesus deu seis exemplos concretos, começando sempre por «Ouvistes o que foi dito aos antigos … Eu, porém, digo-vos». A frase alude a alguma prescrição do Antigo Testamento, preparando o leitor para a nova interpretação.
A primeira antítese refere-se ao quinto mandamento (Ex 20, 13; Dt 5, 17). Jesus compara o homicídio intencional ao material. O homicídio intencional pode conhecer diversas modalidades: a ira, o desprezo (chamar rhaká, isto é, imbecil) são ofensas para as quais está previsto o «juízo» do tribunal local, a sentença do sinédrio (o supremo tribunal sedeado em Jerusalém) e, finalmente, o fogo da Geena, a proverbial depressão a sudoeste da Cidade santa considerada, a partir do Novo Testamento, lugar de maldição.
Quando alguém se deixa dominar pela ira e pelo desprezo dos outros, não está em condições para oferecer sacrifícios de acção de graças ou de expiação. Se, por qualquer razão tiverem sido iniciados nessas condições, apesar da sacralidade do culto, devem ser interrompidos para recompor a ordem social. Jesus equipara uma situação de índole moral simplesmente interior, a uma grave impureza legal, que implicava a suspensão do rito, segundo o ensinamento profético: «Quero misericórdia, e não sacrifício» (cf. Mt 9, 13; 12, 7). E nem vale a pena presumir o perdão de Deus, se não perdoarmos aos irmãos (cf. Mt 6, 12). Caso nos atrevamos a apresentar-nos diante do Senhor, a pedir misericórdia, sem antes a termos usados com os outros, teremos de pagar até ao último «cêntimo».
Elias anuncia a Acab o fim da seca, que tinha anunciado como castigo da impiedade geral, e o fim do jejum, que o rei tinha ordenado, para obter a clemência divina. Deste modo, o profeta demonstra que é Deus que actua em Acab, e em Israel, no castigo e no perdão. O castigo de Deus tem sempre uma finalidade pedagógica: levar o pecador a reconhecer os seus erros e a regressar a Deus, à vivência da Aliança, a dar-Lhe o lugar que Lhe é devido. E assim, voltará a experimentar a fidelidade e a misericórdia divinas.
O evangelho leva-nos a reflectir sobre o mandamento do amor a Deus e ao próximo, que são um só amor. Os fariseus quase que só se preocupavam com o amor a Deus, negando uma justa relação com o próximo. Jesus, pelo contrário, considerava o amor fraterno uma exigência rigorosa. Por isso, diz aos discípulos: «Se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis no Reino do Céu» (v. 20). Chegou mesmo a colocar o amor ao próximo acima das ofertas a Deus: «Se fores, portanto, apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois, volta para apresentar a tua oferta» (v. 23-24). O dom mais agradável a Deus é exactamente a caridade fraterna. Se ela faltar, tudo o resto fica sem valor. Uma explicação simples para isto, pode ser a seguinte: como Jesus vive em nós, pede-nos uma caridade perfeita, que não sufoque a sua vida em nós, com preconceitos, atitudes, palavras agressivas e maldosas.
A nossa oferta sobre
o altar significa a nossa vida posta à sua disposição. É-lhe agradável se lhe permitir viver em nós a sua vida. Caso contrário, pode dizer-nos: «A tua oferta não é sinal de amorosa disponibilidade para com o teu irmão; por isso, vai primeiro reconciliar-te com ele; depois, vem fazer a tua oferta».
Não podemos separar o amor de Deus do amor aos irmãos, porque Jesus está na charneira dos dois amores: Ele ama os irmãos porque ama o Pai, e ama o Pai amando os irmãos.
A nossa capacidade de amar o Pai e de amar os irmãos, não vem de nós, mas de «mais além do que nós mesmos» (A. Carminatti). Vem de Deus caridade: «Caríssimos – escreve S. João – amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus… Nisto consiste o amor: não fomos nós a amar a Deus por primeiro, mas foi Ele que nos amou…» (1 Jo 4, 7.10). Por isso, «enviou o Seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados» (1 Jo 4, 10) e «nos deu o Espírito» (1 Jo 4, 13), o Espírito de amor. É o Espírito de amor que nos leva a amar a Deus, mas também aos irmãos. Por isso, o amor aos irmãos é possível, mesmo em situações muito difíceis. A única condição é permanecermos no amor de Jesus Cristo: «Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros; como Eu vos amei, assim também deveis amar-vos uns aos outros» (Jo 13, 34). «Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós… Permanecei no Meu amor» (Jo 15, 4.9; cf. Jo 17, 21.23).
Senhor, Tu ensinas-me a apresentar-me diante de Ti, livre de qualquer rancor, e sem culpa por ter omitido ajuda aos irmãos, que estão em situações difíceis. Mas, – quantas vezes! -, realizo o meu «serviço sacerdotal», apresentando-te sacrifícios espirituais sobre o altar de um coração não reconciliado. Esqueço que afastas o olhar daqueles que estão separados dos irmãos. Por isso, ainda antes de me levantar para ir ao encontro dos irmãos, hei-de pôr-me em estado de benevolência e começarei a «falhar-lhes ao coração» (Jz 19, 3) para lhes oferecer estima, reconciliação e paz.
Envia sobre mim o teu Espírito Santo, que ilumine as minhas relações com os outros, para que, se for necessário, as reformule à luz dos teus ensinamentos.
FONTE: Adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia/”

Sem comentários:

Enviar um comentário