11º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B
17 JUNHO 2018
A liturgia
do 11º Domingo do Tempo Comum convida-nos a olhar para a vida e para o mundo com
confiança e esperança. Deus, fiel ao seu plano de salvação, continua,
hoje como sempre, a conduzir a história humana para uma meta de vida plena e de
felicidade sem fim.
Na primeira leitura, (Ez 17, 22-24), o profeta Ezequiel assegura ao Povo de Deus, exilado na Babilónia, que Deus não esqueceu a Aliança, nem as promessas que fez no passado. Apesar das vicissitudes, dos desastres e das crises que as voltas da história comportam, Israel deve continuar a confiar nesse Deus que é fiel e que não desistirá nunca de oferecer ao seu Povo um futuro de tranquilidade, de justiça e de paz sem fim.. Esta “lição” não pode ser esquecida e essa certeza deve levar-nos a encarar os dramas e desafios do tempo actual com confiança e esperança.
Não estamos abandonados à nossa sorte; Deus não desistiu desta humanidade que
Ele ama e continua a querer salvar. É verdade que a hora actual que a humanidade
atravessa está marcada por sombras e graves inquietações; mas também é verdade
que Deus continua a acompanhar cada passo que damos e a apontar-nos caminhos de
vida. A última palavra será sempre de
Deus. Ancorados nessa certeza, temos de vencer o medo e o pessimismo que, por
vezes, nos paralisam e dar aos homens nossos irmãos um testemunho de esperança,
de serena confiança.
Deus, que se
serve do que é débil e frágil para concretizar os seus projectos de salvação,
convida-nos a mudar os nossos critérios de avaliação e a nossa atitude face ao
mundo e face aos que nos rodeiam. Por um lado, ensina-nos a valorizar aquilo e aquelas
pessoas que o mundo, por vezes, marginaliza ou despreza; ensina-nos, por outro
lado, que as grandes realizações de Deus não estão dependentes das grandes
capacidades dos homens, mas antes da vontade amorosa de Deus; ensina-nos ainda
que o fundamental, para sermos agentes de Deus, não é possuir brilhantes
qualidades humanas, mas uma atitude de disponibilidade humilde que nos leve a
acolher os apelos e desafios de Deus.
A segunda leitura (2 Cor 5, 6-10), recorda-nos que a
vida nesta terra, marcada pela finitude e pela transitoriedade, deve
ser vivida como uma peregrinação ao encontro de Deus, da vida
definitiva.
¨ A
cultura actual é uma cultura do provisório, que dá prioridade ao que é efémero
sobre as realidades perenes com a marca da eternidade: propõe que se
viva ao sabor do imediato e do momento, e subalterniza as opções definitivas e
os valores duradouros.
É também uma cultura do bem-estar material: ao seduzir
os homens com o brilho dos bens perecíveis, ao potenciar o reinado do “ter”
sobre o “ser”, escraviza o homem e relativiza a sua busca de eternidade. É ainda
uma cultura da facilidade, que ensina a evitar tudo o que exige
esforço, sofrimento e luta: produz pessoas incapazes de lutar por objectivos
exigentes e por realizar projectos que exijam esforço, fidelidade, compromisso,
sacrifício.
Neste
contexto, a palavra de Paulo aos cristãos de Corinto soa a desafio profético: é
necessário que tenhamos sempre diante dos olhos a nossa condição de
“peregrinos” nesta terra e que aprendamos a dar valor àquilo que tem a marca da
eternidade. É nos valores duradouros – e não nos valores efémeros e passageiros
– que encontramos a vida plena. O fim último da nossa existência não está nesta
terra; o nosso horizonte e as nossas apostas devem apontar sempre para o mais
além, para a vida plena e definitiva.
¨ Contudo, o
facto de vivermos a olhar para o mais além não pode levar-nos a ignorar as realidades
terrenas e os compromissos com a construção da cidade dos homens. O
Reino de Deus – que atingirá a sua plena maturação quando tivermos ultrapassado
o transitório e o efémero da vida presente – começa a ser construído nesta
terra e exige o nosso compromisso pleno com a construção de um mundo mais
justo, mais fraterno, mais verdadeiro. Não há comunhão com Cristo se nos
demitimos das nossas responsabilidades em testemunhar os gestos e os valores de
Cristo.
Evangelho – (Mc 4, 26-34), a semente é a palavra de Deus e o
semeador é Cristo: quem O encontrar permanecerá para sempre.
O Evangelho apresenta uma catequese sobre o Reino de Deus. Trata-se de um projecto que, avaliado à luz da lógica humana, pode parecer condenado ao fracasso; mas ele encerra em si o dinamismo de Deus e acabará por chegar a todo o mundo e a todos os corações. Sem alarde, sem pressa, sem publicidade, a semente lançada por Jesus fará com que esta realidade velha que conhecemos vá, aos poucos, dando lugar ao novo céu e à nova terra que Deus quer oferecer a todos.
O Evangelho apresenta uma catequese sobre o Reino de Deus. Trata-se de um projecto que, avaliado à luz da lógica humana, pode parecer condenado ao fracasso; mas ele encerra em si o dinamismo de Deus e acabará por chegar a todo o mundo e a todos os corações. Sem alarde, sem pressa, sem publicidade, a semente lançada por Jesus fará com que esta realidade velha que conhecemos vá, aos poucos, dando lugar ao novo céu e à nova terra que Deus quer oferecer a todos.
O cristão deve estar consciente de que o Reino de Deus embora já presente na nossa actual caminhada pela história, só atingirá a sua plena maturação no final dos tempos, quando todos os homens e mulheres se sentarem à mesa de Deus e receberem de Deus a vida que não acaba. É para aí que devemos tender, é essa a visão que deve animar a nossa caminhada.
Antes de
mais, o Evangelho deste domingo garante-nos que Deus tem em marcha um projecto
destinado a oferecer aos homens a vida e a salvação. Pode parecer que a nossa
história caminha entregue ao acaso ou aos caprichos dos líderes; pode parecer
que a história humana entrou em derrapagem e que, no final do caminho, nos
espera o abismo; mas é Deus que conduz a história, que lhe
imprime o seu dinamismo, que está presente em todos os passos do nosso caminho.
Deus caminha connosco e, garantidamente, leva-nos pela mão ao encontro de um
final feliz. Num tempo histórico como o nosso, marcado por “sombras”, por
crises e por graves inquietações, este é um dos testemunhos mais importantes
que podemos, como crentes, oferecer aos nossos irmãos escravizados pelo
desespero e pelo medo.
¨ O projecto
de salvação que Deus tem para a humanidade revela-se no anúncio do Reino, feito
por Jesus de Nazaré. Nas suas palavras, nos seus gestos, Jesus propôs um
caminho novo, uma nova realidade; lançou a semente da transformação dos
corações, das mentes e das vontades, de forma a que a vida dos homens e das
sociedades se construa de acordo com os esquemas de Deus. Essa semente não foi
lançada em vão: está entre nós e cresce por acção de Deus. Resta-nos acolher
essa semente e deixar que Deus realize a sua acção. Resta-nos também, como
discípulos de Jesus, continuar a lançar essa semente do Reino, a fim de que ela
encontre lugar no coração de cada homem e de cada mulher.
¨ Os que,
continuando a missão de Jesus, anunciam a Palavra (que lançam a semente) não
devem preocupar-se com a forma como ela cresce e se desenvolve. Devem, apenas,
confiar na eficácia da Palavra anunciada, conformar-se com o tempo e o ritmo de
Deus, confiar na acção de Deus e no dinamismo intrínseco da Palavra semeada.
Isso equivale a respeitar o crescimento de cada pessoa, o seu processo de
maturação, a sua busca de caminhos de vida e de plenitude. Não nos compete
exigir que os outros caminhem ao nosso ritmo, que pensem como nós, que passem
pelas mesmas experiências e exigências que para nós são válidas. Há que respeitar
a consciência e o ritmo de caminhada de cada homem ou mulher – como Deus sempre
faz.
¨ A
referência à pequenez da semente (segunda parábola) convida-nos – como já o
havia feito a primeira leitura deste domingo – a rever os nossos critérios de
actuação e a nossa forma de olhar o mundo e os nossos irmãos. Por
vezes, é naquilo que é pequeno, débil e aparentemente insignificante que Deus
Se revela. Deus está nos pequenos, nos humildes, nos pobres, nos que
renunciaram a esquemas de triunfalismo e de ostentação; e é deles que Deus Se
serve para transformar o mundo. Atitudes de arrogância, de ambição desmedida,
de poder a qualquer custo, não são sinais do Reino. Sempre que nos deixamos
levar por tentações de grandeza, de orgulho, de prepotência, de vaidade, estamos
a frustrar o projecto de Deus, a impedir que o Reino de Deus se torne realidade
no mundo e nas nossas vidas.
Fonte: adaptação local
de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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