V FEIRA – 7ª SEMANA –PÁSCOA - 17 MAIO 2018
Primeira leitura: Actos 22, 30; 23, 6-11
A defesa de Paulo diante do Sinédrio é relatada por
Lucas de um modo que deixa supor uma profunda elaboração do texto, pois
encontramos pormenores inverosímeis e outros que se adaptam às circunstâncias
históricas.
O Apóstolo fora a Jerusalém para visitar a comunidade
e, a conselho de Tiago, tinha subido ao Templo. Descoberto pelos seus
adversários, só não perdeu a vida porque interveio o tribuno romano, que até
lhe permitiu falar à multidão. Paulo conta, mais uma vez, a história da sua
conversão.
Mas as suas palavras desencadeiam novo tumulto e o
tributo manda reconduzi-lo à fortaleza, onde Paulo se declara cidadão romano.
No dia seguinte, é levado ao sinédrio e pronuncia o
seu discurso, em que habilmente explora a controvérsia existente entre fariseus
e saduceus acerca da ressurreição. A confusão aumenta e, mais uma vez, Paulo é
salvo pelos romanos.
Mas o Senhor conforta o seu missionário e garante-lhe
que o seu testemunho vai continuar, não só em Jerusalém, mas também no centro
do próprio Império, em Roma.
Evangelho: Jo 17, 20-26
Estamos na terceira parte da «oração sacerdotal».
Jesus amplia o horizonte, fazendo referência a todos aqueles que, ao longo dos
séculos, hão-de acreditar n´Ele pela palavra dos discípulos. Depois pede por
todos os crentes (vv. 20-26). Pede especialmente, para eles, uma união e
unidade semelhantes às que existem entre o Pai e o Filho, ou melhor ainda, que
participem nessa união e nessa unidade (vv. 21-23). Pede pela salvação dos
discípulos (vv. 24-26).
Como o Pai está no Filho e o Filho está no Pai, também os crentes hão-de estar
com eles, para que o mundo creia que Jesus é o enviado do Pai. Esta unidade é
possível pelo amor, a única forma de uma pessoa estar noutra sem perder a sua
própria identidade. Mas o amor é obediência, é realização da vontade do Pai.
Jesus quis partilhar connosco a glória que o Pai Lhe
deu: «Eu dei-lhes a glória que Tu me deste, de modo que sejam um, como Nós
somos Um» (v. 22). Que quer dizer o Senhor com estas palavras? Não é certamente
a glória mundana, que tantas vezes procuramos, para satisfazer o nosso orgulho
e a nossa vaidade.
A glória de Cristo é a glória daquele que veio para
servir, que se baixou ao nosso nível, que se identificou connosco, que nos
lavou os pés. É, portanto, a puríssima glória daquele que jamais procurou a
glória e que, por isso mesmo, foi glorificado pelo Pai. É a glória daquele que
«se levantou da mesa, tirou o manto, tomou uma toalha e atou-a à cintura e,
depois, deitou água na bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a
enxugá-los com a toalha que atara à cintura» (Jo 13, 4-5) ou que, como escreve
Paulo, «se rebaixou a si mesmo, tornando-se obediente até à morte e morte de
cruz. Por isso mesmo é que Deus o elevou acima de tudo e lhe concedeu o nome
que está acima de todo o nome» e lhe deu uma glória que está acima de toda a
glória, a glória de «Senhor!».
Trata-se, pois, de uma glória que vem do amor do Pai e que tem por objectivo fazer com que todos «sejam um»: «Eu dei-lhes a glória que Tu me deste, de modo que sejam um, como Nós somos Um» (v. 22). É, pois, uma glória dada por amor, esse amor que está na base da fraternidade entre os discípulos. Essa fraternidade é testemunho seguro e autorizado da verdade da nossa fé cristã.
O cristianismo ganha credibilidade, e cresce em
credibilidade, quando os fiéis se empenham em viver como irmãos e irmãs, que se
aceitam uns aos outros como são para tender à unidade, quando não se deixam
levar por rivalidades, mas se ajudam, se apoiam, são benevolentes uns com os
outros.
Há que ter tudo isto bem presente na vida espiritual, na missão, na
pastoral, para darmos testemunho do «amor de Cristo e para colaborarmos
eficazmente na construção de uma nova civilização, a «civilização do amor», que
será, na terra, um reflexo da comunidade trinitária, conforme a oração de Jesus:
«Que todos sejam um só. Como Tu, ó Pai, estás em Mim,
e Eu em Ti, que também eles estejam em Nós, para que o mundo creia que Tu me
enviaste» (Jo 17, 21).
Nos temos a insistência de Jesus, não só sobre a unidade
no amor, mas também sobre a dimensão missionária da comunidade unida no amor. “
Fonte: Resumo e adaptação local de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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