terça-feira, 15 de maio de 2018


TERÇA-FEIRA – 7ª SEMANA –PÁSCOA – 15 MAIO 2018

Primeira leitura: Actos 20,17-27

Ao terminar a sua actividade evangelizadora em Mileto, Paulo faz um comovente discurso de adeus, onde se revela como missionário ideal e dirigente excepcional da comunidade cristã. 

Trata-se de um discurso cheio de densidade humana e inteligência espiritual. Emerge a figura de um homem totalmente dedicado ao serviço do Senhor, um serviço prestado com humildade, coragem e desinteresse. Espera-o um futuro onde não faltarão cadeias e tribulações. Mas conforta-o a presença iluminadora do Espírito por quem se sente seduzido. Nada o detém na corrida para a meta, porque o testemunho do «Evangelho da graça de Deus» (v. 24) é urgente.

Neste discurso, Lucas acentua a exemplaridade de Paulo. Esta exemplaridade tem fundamento real na vida do apóstolo (cf. 1 Cor 4, 16; 11, 1; Gál 4, 12; 2 Cor 3, 1), mas o evangelista parece carregar as tintas para o apresentar como modelo e exemplo de missionário e pastor para as gerações futuras.

Evangelho: João 17, 1-11a

Começamos, hoje, a escutar a chamada «oração sacerdotal» de Jesus. João contextualiza-a no Cenáculo. Depois dela, Jesus começa o caminho da paixão e da morte.

A primeira parte desta oração é composta por dois textos (vv. 1-5 e 6-11ª), ligados entre si pelo tema do dom de todos os homens feito a Jesus pelo Pai. Os vv. 1-5 concentram-se no pedido da glória pela Filho. Estamos no momento mais solene do colóquio de Jesus com os discípulos. Jesus sabe que a sua hora está a chegar, e que a sua missão está próxima do fim. E, «levantando os olhos ao céu» (v. 1), dá início à sua oração.

Em primeiro lugar, Jesus pede que a sua missão atinja o seu mais elevado objectivo: a sua glorificação, para que o Pai seja glorificado (v. 1-2). O Pai tinha colocado nas mãos do seu Filho Jesus todo o poder, até o de dar a própria vida por aqueles que Lhe confiou. A vida eterna consiste em conhecer o único verdadeiro Deus e Aquele que por Ele foi enviado aos homens, o Filho (v. 3). Esta vida eterna não é a contemplação de Deus, mas aquela que se adquire pela fé. 

Ao concluir a sua missão na terra, Jesus declara ter glorificado o Pai, realizando a missão que Ele Lhe confiou. Aqueles que acolheram o Filho, e cumprem a sua palavra, também O glorificam.

A liturgia oferece-nos, a partir de hoje, a escuta da «oração sacerdotal» que Jesus rezou antes da sua paixão. Essa oração deixa-nos entrever algo da unidade que existe entre Ele e o Pai: «Pai, manifesta a glória do teu Filho… manifesta a minha glória junto de ti…» (v. 1). 

Jesus pede ao Pai que O glorifique. Está consciente de que «chegou a hora», isto é, o tempo da sua paixão, que é também o tempo da sua glorificação, porque é a suprema manifestação do amor do Pai, que «entregou o Filho» (cf. Jo 3, 15), e do Filho que nos amou e se entregou por nós (cf. Ef 5, 1).

Noutro capítulo do evangelho de João, lemos: «Agora a minha alma está perturbada. E que hei-de Eu dizer? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente para esta hora é que Eu vim! Pai, manifesta a tua glória!» (Jo 12, 27-28). 

Manifestar a glória do Pai é manifestar o Filho, para que o Filho possa glorificar o Pai: «Manifesta a glória do teu Filho, de modo que o Filho manifeste a tua glória» (v. 1). O Pai não pode ser glorificado, se o Filho o não for. Por isso, quando Jesus pede ao Pai que O glorifique, não está a manifestar qualquer espécie de orgulho, mas, sim, o seu infinito amor pelo Pai. Essa manifestação acontece na sua paixão e morte, em que o Pai intervém para dar a vitória ao Filho, que assume, então, o poder sobre toda a criatura humana e lhe comunica a vida eterna.

Podemos perguntar: que é a vida eterna? Jesus responde: «Esta é a vida eterna: que te conheçam a ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem Tu enviaste» (v. 3). 

Conhecer o Deus de Jesus Cristo, conhecer o Filho e o Espírito Santo, conhecê-los não só com a mente, mas também com o coração, conhecê-los estando em comunhão com Eles, conhecê-los esquecendo tudo o mais, esta é a «vida eterna». O resto pertence ao mundo das coisas que passam, à infinita vaidade de tudo, ao que não tem consistência, ao que tem vida efémera, ao que não vale a pena apegar-se. 

A vida do cristão há-de ser um contínuo progresso no conhecimento de Deus, um perene crescimento na ciência de Cristo, um permanente caminhar no Espírito. Isto também é a vida eterna… desde já!
A glorificação do Filho acontece particularmente no Pentecostes, quando o Espírito Santo renova os Apóstolos e toda a Igreja.

 A relação entre o Pai e o Filho não é uma relação fechada, mas aberta, fecunda, tendente a transformar toda a criatura.

A nossa vocação leva-nos a unirmos ao amor oblativo com que Jesus Cristo se entregou por nós, fazendo-nos novas criaturas, animadas pelo Espírito, levando-nos a entregar-nos também, de corpo e alma, ao serviço da glória de Deus e à salvação dos irmãos. 

Senhor Jesus, que pela tua oblação reparadora, me fizeste nova criatura, animada pelo teu Espírito, na comunidade de amor que é a Igreja, dá-me a graça de participar no teu mistério de sofrimento e de alegria, no teu mistério de caridade, para que, em mim e por mim, se manifeste a glória do Pai e a tua glória.

Infunde no meu coração os dons da ciência e da sapiência, para que possa conhecer-te, saborear-te, amar-te e possuir-te cada vez mais. 

Infunde em mim o dom do conselho, para que Te procure e conheça no meio das ocupações e preocupações, que enchem a minha vida. 

Infunde em mim o dom do discernimento, para que possa escolher-Te, no meio de tudo quanto me envolve. 

Faz-me ver a luz do teu rosto em cada rosto humano, para que sempre busque e encontre a Ti. 

Que sejas glorificado e conhecido, primeiro e acima de quanto eu mesmo possa ser glorificado.
Fonte: Resumo e adaptação de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”

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