sábado, 19 de maio de 2018

SÁBADO – 7ª SEMANA –PÁSCOA – 19 MAIO


SÁBADO – 7ª SEMANA –PÁSCOA – 19 MAIO

Primeira leitura: Actos 28, 16-20.30s.

Entre a leitura de ontem e a de hoje, temos a narrativa da atribulada viagem de Paulo até Roma: parte de Cesareia para a ilha de Creta, sofre uma grande tempestade durante 14 dias, demora-se em Malta, viaja até Roma e é calorosamente recebido pela comunidade cristã. Na capital do Império, o Apóstolo vive uma liberdade vigiada, que aproveita para anunciar o Reino de Deus com muita coragem.

A obra de Lucas atingiu o objectivo: nada nem ninguém pode deter o caminho da Palavra, que chega ao coração do Império e é pregada «nos extremos confins da terra». Paulo é uma das muitas testemunhas de Jesus. É um modelo, um campeão da fé e do testemunho da mesma, mas não é o único. Paulo cumpriu a sua missão com fidelidade e coragem exemplares.
Mas todo o cristão há-de ser testemunha da Ressurreição. Em todo o tempo e lugar, em todas as circunstâncias, o discípulo há-de proclamar Jesus como «Senhor» e Salvador, porque «a palavra de Deus não pode ser acorrentada» (2 Tm 2, 9).

Evangelho: João 21, 20-25

No epílogo do evangelho de João, o discípulo amado aparece, mais uma vez, com Pedro. A presença de Pedro, cuja autoridade é reconhecida, serve para acreditar a de João e, de algum modo, a autoridade do próprio quarto evangelho que, directa ou indirectamente remonta ao discípulo amado.
Quando o quarto evangelho foi escrito, os mártires eram já tidos em grande consideração. A morte de um mártir era o modo mais elevado de glorificar a Deus. Jesus tinha predito o martírio de Pedro. Mas não terá dito nada sobre o «outro discípulo»? Claro que disse: «Se Eu quiser que ele fique até Eu voltar, que tens tu com isso? Tu, segue-me!» (v. 22).

Os primeiros cristãos julgavam iminente a segunda vinda de Jesus. Embora muitos morressem, muitos outros viveriam até ao regresso do Senhor. Entre eles, João. Mas a vinda do Senhor não aconteceu como pensavam. O próprio quarto evangelho inculca seriamente a presença, a actualidade das realidades escatológicas: o juízo final, a vida eterna… têm lugar aqui e agora, ainda que isso não exclua a dimensão do futuro. A morte do discípulo amado, entretanto ocorrida, desconcertou muito gente, e foi preciso esclarecer a sentença ambígua de Cristo. 

O capítulo 21 foi acrescentado para corrigir a má interpretação das palavras de Jesus. Esclarece-se, diante do testemunho de Pedro, o testemunho do discípulo que Jesus amava, testemunho que está na base do quarto evangelho. «E nós sabemos bem que o seu testemunho é verdadeiro» (v. 24). O «nós» indica a comunidade de discípulos que surgiu à volta do testemunho de João.

Estamos na vigília do Pentecostes. As leituras deste sábado não falam directamente do Espírito Santo, mas falam de testemunho. Do testemunho de João, que «dá testemunho destas coisas e que as escreveu» (v. 24) e do testemunho de Paulo, que «recebia todos os que iam procurá-lo, anunciando o Reino de Deus e ensinando o que diz respeito ao Senhor Jesus Cristo, com o maior desassombro e sem impedimento» (vv. 30-31).

O testemunho do Evangelho é fruto da presença do Espírito Santo. É o que vemos no relato do Pentecostes (Actos 2, 1ss.): recebido o Espírito Santo, aqueles homens inconstantes e tímidos tornam-se apóstolos decididos e corajosos em Jerusalém, na Samaria, na Galileia e até aos confins da terra.
O Espírito Santo é o protagonista da evangelização: por meio d´Ele, difunde-se a boa nova do Evangelho; é Ele que indica os caminhos a seguir, e as pessoas a escolher; os Apóstolos foram escolhidos por Jesus «no Espírito Santo» (Act 1, 2); foi o Espírito que ordenou:

«Separai Barnabé e Paul para o trabalho (missão) a que Eu os chamei» (Act 13, 2); os Apóstolos afirmam: «O Espírito Santo e nós próprios resolvemos…» (Act 15, 28); o Espírito Santo proíbe a Paulo e a Timóteo «pregar a Palavra na província da Ásia» (Act 16, 6) e também na Bitínia (cf. Act 16, 7). Apenas lhes resta um caminho a percorrer, o caminho indicado pelo Espírito, que os levará à Macedónia, na Grécia e, portanto, à Europa (cf. Act 16, 9ss). «Movidos pelo Espírito Santo esses homens falaram em nome de Deus» (2 Pe 1, 21).

A Igreja sempre acolheu o testemunho dos Apóstolos como verdadeiro, porque inspirado pelo Espírito Santo. Acolheu o testemunho de Pedro e o dos outros Apóstolos, incluindo o de João, definitivamente consignado por escrito pelos seus discípulos, já em finais do século I: «nós sabemos bem que o seu testemunho é verdadeiro» (v. 24), escrevem esses discípulos. É esse testemunho verdadeiro, de João e dos outros Apóstolos, que a Igreja continua a transmitir ao longo dos séculos para acreditarmos «que Jesus é o Messias, o Filho de Deu», e, crendo, tenhamos vida n´Ele (cf. Jo 20, 31.

Senhor Jesus, perdoa as minhas curiosidades inúteis e faz-me ouvir o teu amoroso convite:
«Segue-me», como o fizeste ao teu discípulo Pedro, e dá-me a graça da fidelidade até ao fim.
Que o teu apóstolo João, seja o meu guia na descoberta do amor do teu coração, na assiduidade e na delicadeza com que quero realizar o teu serviço.
Com o teu discípulo amado, e como ele, quero seguir-Te em toda, fazendo sempre o que mais Te agrada. Infunde em mim o teu Espírito Santo. Que Ele seja a minha força, o garante da minha fidelidade.
Fonte: Resumo e adaptação de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”

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