SOLENIDADE DA
ASCENSÃO – ANO B - 13 MAIO 2018
A Solenidade
da Ascensão de Jesus que hoje celebramos sugere que, no final do caminho percorrido no
amor e na doação, está a vida definitiva, a comunhão com Deus. Sugere
também que Jesus nos deixou o testemunho e que somos nós, seus seguidores, que devemos
continuar a realizar o projecto libertador de Deus para os homens e
para o mundo.
Na primeira leitura, (Act 1,1-11) repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projecto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus – a mesma vida que espera todos os que percorrem o mesmo “caminho” que Jesus percorreu. Quanto aos discípulos: eles não podem ficar a olhar para o céu, numa passividade alienante; mas têm de ir para o meio dos homens continuar o projecto de Jesus.
É
relativamente frequente ouvirmos dizer que os seguidores de Jesus gostam mais
de olhar para o céu do que se comprometerem na transformação da terra. Estamos,
efectivamente, atentos aos problemas e às angústias dos homens, ou vivemos de
olhos postos no céu, num espiritualismo alienado? Sentimo-nos questionados
pelas inquietações, pelas misérias, pelos sofrimentos, pelos sonhos, pelas esperanças
que enchem o coração dos que nos rodeiam? Sentimo-nos solidários com todos os
homens, particularmente com aqueles que sofrem?
A segunda leitura ,(Ef 1,17-23), convida os discípulos a terem
consciência da esperança a que foram chamados (a vida plena de comunhão
com Deus). Devem caminhar ao encontro dessa “esperança” de mãos dadas com os
irmãos e em comunhão com Cristo. Cristo
reside no seu “corpo” que é a Igreja; e é nela que se torna hoje presente no
meio dos homens.
Dizer que
fazemos parte do “corpo de Cristo” significa que devemos viver numa comunhão total com Ele
e que nessa comunhão recebemos, a cada instante, a vida que nos alimenta.
Significa também viver em comunhão, em solidariedade total com todos os nossos irmãos,
membros do mesmo “corpo”, alimentados pela mesma vida. Estas duas coordenadas
estão presentes na nossa existência?
No Evangelho, (Mc 16,15-20), Jesus ressuscitado
aparece aos discípulos, ajuda-os a vencer a desilusão e o comodismo e envia-os
em missão, como testemunhas do projecto de salvação de Deus. De junto
do Pai, Jesus continuará a acompanhar os discípulos e, através deles, a
oferecer aos homens a vida nova e definitiva.
Jesus foi ao
encontro do Pai, depois de uma vida gasta ao serviço do “Reino”; deixou
aos seus discípulos a missão de anunciar o “Reino” e de torná-lo uma
proposta capaz de renovar e de transformar o mundo. Celebrar a ascensão de
Jesus significa, antes de mais, tomar consciência da missão que foi confiada
aos discípulos e sentir-se responsável pela presença do “Reino” na vida dos
homens. Estou consciente de que a Igreja – a comunidade dos discípulos de
Jesus, a que eu pertenço também – é hoje a presença libertadora e salvadora de
Jesus no meio dos homens? Como é que eu procuro testemunhar o “Reino” na minha
vida de todos os dias – em casa, no trabalho ou na escola, na paróquia, na comunidade
religiosa?
A missão que
Jesus confiou aos discípulos é uma missão universal: as fronteiras, as raças, a
diversidade de culturas não podem ser obstáculos para a presença da proposta
libertadora de Jesus no mundo. Tenho consciência de que sou responsável
pela vida, pela felicidade e pela liberdade de todos os meus irmãos – mesmo que
eles habitem no outro lado do mundo?
É claro que o mundo apresenta, todos os dias,
desafios novos; mas os discípulos, formados na escola de Jesus, são convidados
a ler os desafios que hoje o mundo coloca, à luz dos ensinamentos de Jesus.
É um
tremendo desafio testemunhar, hoje, no mundo os valores do “Reino” (esses
valores que, muitas vezes, estão em contradição com aquilo que o mundo defende
e que o mundo considera serem as prioridades da vida).
Com
frequência, os discípulos de Jesus são objecto da irrisão e do escárnio dos
homens, porque insistem em testemunhar que a felicidade está no amor e no dom
da vida; com frequência; porque insistem em testemunhar que a vida plena está
no perdão, no serviço, na entrega da vida.
O confronto
com o mundo gera muitas vezes, nos discípulos, desilusão, sofrimento, frustração.
Nos momentos de decepção e de desilusão convém, no entanto, recordar as
palavras de Jesus: “Eu estarei convosco até ao fim dos tempos”. Esta certeza
deve alimentar a coragem com que testemunhamos aquilo em que acreditamos.
Fonte: Resumo e adaptação local de
um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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