V FEIRA – 6ª
SEMANA –PÁSCOA - 10 Maio 2018
Primeira leitura: Actos 18, 1-8
Corinto era uma cidade cosmopolita, mais romana do que
grega. Com uma boa situação geográfica, era notável pelo seu comércio, mas
também pela sua corrupção. Pela Palavra que lá foi anunciada, surgiu uma das
comunidades cristãs mais florescentes. Todavia, essa mesma comunidade, também
veio a dar grandes desgostos a Paulo.
A actividade de Paulo em Corinto foi mais complicada
do que Lucas deixa supor. Neste texto, o autor do Actos revela-nos alguns
pormenores da vida quotidiana de Paulo e dos primeiros evangelizadores.
O Apóstolo sabe um ofício e exerce-o, coisa
considerada indigna de um homem culto entre os gregos, mas habitual entre os
rabis de Israel, para quem o trabalho era uma boa ocasião para estar com as
pessoas e ensinar. Paulo habita com um casal de judeus expulsos de Roma por
Cláudio, pelos anos 49-50 da nossa era.
Com a chegada de Silas e de Timóteo, Paulo dedica-se
exclusivamente à pregação. Começa sempre pelos judeus e, só depois de ser
recusado, mais uma vez, é que se volta para os pagãos.
Lucas parece continuar preocupado em justificar a
passagem aos pagãos. Mas, como sempre acontece, há alguém, mesmo entre os
judeus, que acolhe a Palavra. Desta vez é o próprio chefe da sinagoga, com a
sua família. E começa a colheita abundante entre os pagãos.
Evangelho: João 16, 16-20
Estas frases são, no mínimo, ambíguas. Como
entendê-las correctamente? Elas referem-se à morte-ressurreição de Jesus, à sua
glorificação pelo Pai, à vinda do Espírito e à nova ordem de coisas criada pelo
acontecimento de Jesus.
João recorre à incompreensão dos discípulos para
provocar um esclarecimento posterior das palavras de Jesus. A vida terrena do
Mestre está a terminar. A sua vida gloriosa vai começar na ressurreição.
O regresso de Jesus não acontecerá só com as aparições
depois da ressurreição, mas vai prolongar-se pela sua presença no coração dos
crentes. Os discípulos não entendem as palavras de Jesus. Fazem perguntas (cf.
v. 17).
Jesus responde tentando remover-lhes da alma a
tristeza que os assalta e procurando infundir-lhes confiança com uma nova
revelação: «a vossa tristeza há-de converter-se em alegria» (v. 20). Depois da
tormenta virá a acalmia. A alegria surgirá da mesma causa que provocou a
tristeza.
As palavras de Jesus, como noutras ocasiões são
susceptíveis de várias aplicações. Com uma frase enigmática, Jesus falou de um
tempo em que os discípulos não O hão-de ver e de outro tempo em que O hão-de
ver, porque Ele vai para o Pai.
Estas palavras são pronunciadas durante o «discurso de adeus» e aplicam-se, em primeiro lugar, à paixão e à morte de Jesus.
Estas palavras são pronunciadas durante o «discurso de adeus» e aplicam-se, em primeiro lugar, à paixão e à morte de Jesus.
Os discípulos vão deixar de vê-lo brevemente porque
estará no sepulcro. Será um tempo de tristeza para os amigos de Jesus, e um
tempo de triunfo para os seus inimigos: «haveis de chorar e lamentar-vos, ao
passo que o mundo há-de gozar» (v. 20).
Todavia a ausência de Jesus durará pouco: ao terceiro
dia ressuscitará. «Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor»,
anota João ao descrever a aparição de Jesus na tarde do primeiro dia da semana
(Jo 20, 20). Estas palavras também se aplicam ao mistério da Ascensão e do Pentecostes.
Ao subir ao Céu, Jesus deixa de estar visivelmente
entre os seus, mas, no Pentecostes, inaugura uma nova forma de presença no meio
deles, na Igreja.
O Espírito santo torna Jesus presente no coração dos
fiéis e na comunidade dos mesmos. Já não O vêem como durante a vida terrena,
nem sequer como nas aparições depois da Ressurreição, mas vêem-no com o olhar
do coração, onde o Espírito O torna presente. E, mais uma vez, a tristeza se transforma
em alegria.
As formas de presença de Jesus entre os seus
discípulos vão-se transformando, tornando-se cada vez menos gratificantes sob o
ponto de vista humano, mas bem mais profundas, produzindo alegria e paz cada
vez maiores.
A presença do Espírito estabelece os discípulos na
alegria, na paz e no amor.
Mas as palavras do Senhor podem aplicar-se também à
nossa vida: a ausência-presença de Cristo marca o ritmo da nossa vida
espiritual. Se é verdade que temos fases em que sentimos a sua ausência, também
é verdade que, depois de cada uma delas, voltamos a sentir a sua presença de um
modo novo. Essas fases de ausência- presença fazem crescer a nossa relação com
Ele. Quando experimentamos a tristeza da sua ausência, interrogamo-nos sobre as
razões da mesma e lançamos mão dos meios para O reencontrar.
Por outro lado, Jesus quer dar-nos a alegria de
reencontrarmos a sua presença. A tristeza da ausência produz a alegria do
reencontro: «a vossa tristeza há-de converter-se em alegria!» (v. 20).
Há que lembrar- nos deste ritmo quando estamos alegres
e quando estamos tristes. Nem a alegria nem a tristeza duram sempre. Sucedem-se
para nos fazer caminhar na união a Cristo e, por Ele, na união com o Pai. A
meta é o Pai: quando a atingirmos, então sim, a nossa alegria será total e
eternamente duradoira.
O cristão vive alegre, manifestando a alegria e a
bondade de Deus para com todos os homens, porque o Senhor está perto (cf. Fil
4, 4-5), o esposo, logo que chegue, o há-de introduzir na alegre festa das
núpcias (cf. Mt 25, 10).
A nossa alegria, e a alegria de Deus, é certamente
consequência de uma vida boa, vivida para glória de Deus, nos bons e nos maus
momentos, quando sentimos a presença do Senhor e quando sofremos com a sua
ausência.
Paulo lembra-nos a predilecção de Deus por aqueles
que, em todas as circunstâncias, são generosos e viver o amor oblativo na
relação com Ele e com os irmãos: «Deus ama quem dá com alegria» (2 Cor 9, 7).
Viver e irradiar a alegria é a nossa missão de filhos
«do Deus da esperança que nos enche de toda a alegria no Espírito Santo» (Rom
15, 13); que quer ser servido «na alegria» (Sl 100(99), 2) e espera ser
agradecido «com alegria» (Col 1, 12), porque «o Reino de Deus… não é questão de
comida ou de bebida, mas é justiça, paz e alegria no Espírito Santo» (Rom 14,
17).
Oração
- Obrigado, Senhor, pela alegria das tuas visitas. Obrigado pela tristeza das tuas ausências. Sê bendito para sempre, porque me conheces e sabes orientar a minha vida e atrair-me para Ti.
- Mas tem compaixão de mim: não me abandones
demoradamente à provação para que não desespere da tua consolação.
- Vem em meu auxílio também quando este mundo me causa
excessiva satisfação, para que não me deixe inebriar por ele.
- Ajuda-me a buscar em Ti a minha consolação e a minha
alegria, em todo o tempo e lugar.
Fonte: Resumo e adaptação local de um
texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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